Henrique olhava para Sílvia com preocupação, seu tom era suave:- Você pode me contar se algo está errado?Sílvia forçou um sorriso:- Você passou o dia todo aqui sem sequer jantar, não é? Me deixe convidá-lo.Ela claramente não queria falar muito sobre seu avô com Henrique, que a olhou nos olhos profundamente por um momento e não insistiu mais.Ele mudou de assunto, perguntando a Sílvia:- Você se dá bem com Enrico?Sílvia respondeu:- Ele é bastante agradável.- Você deve ser a primeira pessoa a dizer isso. - Henrique soltou uma risada. Pensando na personalidade de Enrico, ele disse. - Talvez porque vocês tenham personalidades semelhantes.Sílvia não achou que tivesse algo em comum com Enrico, pensou que era apenas um tópico que Henrique trouxera à conversa, então ela apenas continuou o diálogo por mais alguns instantes.Não havia muitos bons restaurantes perto do hospital, e como era hora do jantar, estava bastante cheio, principalmente com pacientes do hospital ou seus familiares.
Sílvia disse:- Chegamos.Marcos, porém, não se mexeu. Devido ao álcool que havia bebido, sua voz estava um pouco rouca:- Está tão ansiosa para encontrar Henrique?Seu tom era muito leve, quase sem emoção.Sílvia hesitou por um momento:- Foi Jorge quem te disse?Além de Jorge, provavelmente não havia mais ninguém que prestasse tanta atenção nela.- Parece que você está realmente interessada em Henrique. - A luz do estacionamento subterrâneo era fraca, e ainda mais escura dentro do carro.A cegueira noturna de Sílvia se tornou evidente nesse momento. Ela podia ver vagamente a direção de Marcos, mas não conseguia discernir a expressão em seu rosto.Ela ouviu Marcos clicar a língua levemente, antes de dizer indiferentemente:- Sílvia, a família Pinheiro, que valoriza muito a educação, não considera mulheres que não são puras.Sílvia ficou confusa por um momento antes de perceber que ele estava se referindo ao fato de ela já ter tido relações sexuais com outra pessoa.Ela fechou os olho
No entanto, Sílvia subestimou Juliana.Durante o intervalo do almoço, ela reapareceu na porta do escritório, segurando um caderno em suas mãos.Seus olhos ainda estavam vermelhos, claramente por ter chorado.Ela se posicionou diante de Sílvia, com uma voz nasalada e abafada:- Sílvia, me desculpe, eu não deveria ter falado daquela maneira mais cedo.Sílvia arqueou as sobrancelhas enquanto olhava para Juliana, que ostentava uma expressão sincera:- Isso não se repetirá, eu apenas queria compreender as preferências do diretor, para prevenir futuros equívocos.Não havia falhas em suas palavras, e a atitude era adequada, especialmente considerando que era hora do almoço e a maioria das pessoas ainda estava pelo escritório, deixando Sílvia sem muito o que contestar.Ela assentiu, conduzindo Juliana até o terraço externo.Juliana escutava com atenção, e Sílvia não se sentia tão perturbada por dentro.O que mais poderia ser dito?Afinal, se tratavam apenas das preferências dos pais de Marcos,
Juliana empalideceu instantaneamente ao olhar fixamente para Isabel. Desde o meio-dia, quando encontrou Isabel, ela havia interagido pouco com Juliana, que imaginou que Isabel estivesse apenas sendo reservada, mas não esperava que ela se tornasse repentinamente hostil. Contudo, com Sílvia ainda presente, Juliana não queria passar vergonha diante dela. Forçou um sorriso, tentando manifestar alguma felicidade:- Eu só queria ajudar.Isabel, contudo, parecia ignorar o desânimo nos olhos de Juliana, mantendo o queixo erguido e um olhar sarcástico, avaliando Juliana como se fosse um objeto qualquer. Juliana se sentiu intimidada sob seu olhar, mas se esforçou para se manter firme, aceitando a avaliação de Isabel. O sorriso em seu rosto quase desapareceu quando ela chamou, com voz baixa:- Isabel...- Isabel? - Isabel ecoou o modo como Juliana a chamou, depois pegou o papel que Juliana segurava, zombando. - Típico de alguém de uma família humilde, sem a menor noção.O desprezo na voz de
Ela era animada e tinha Jorge para acompanhá-la, então, naturalmente, se integrou facilmente. Sílvia ficou parada ao lado por um tempo, sem ter o que fazer, então foi para trás da churrasqueira e pegou algumas espetadas já preparadas para assar. Sílvia quase não comia churrasco e raramente cozinhava, então seu controle do fogo não era muito preciso. Foi só quando um cheiro de queimado se espalhou que ela percebeu que tinha queimado o churrasco. Jorge veio pegar alguma coisa bem na hora e sentiu o cheiro, franzindo a testa:- Que cheiro é esse?Sílvia, sem expressão alguma, colocou a comida queimada no prato e estava prestes a jogá-la fora, mas Jorge a viu com olhos atentos. Ele disse, de forma um tanto exagerada:- Sílvia, você é desastrada? Como conseguiu queimar isso?Sílvia parou com o prato na mão e olhou para Jorge, sem vontade de dizer mais nada. Jorge tinha uma expressão de desprezo no rosto. Ele havia sido repreendido por Sílvia à tarde e não tinha conseguido responder,
- Venham ajudar, a Juliana foi atingida! - Gritos caóticos soavam do lado de fora, enquanto as pessoas dentro da casa começavam a sair.Sílvia apenas sentiu a atmosfera ao redor de Marcos esfriar de imediato, e ele saiu às pressas.Sílvia ficou parada, olhando. Com tantas pessoas saindo, ela pensou que sua ausência não seria percebida.Além disso, a tempestade repentina tornou o clima sombrio, e a visibilidade estava baixa, tornando inconveniente para ela sair.O interior da casa se esvaziou rapidamente, restando apenas algumas pessoas desconhecidas por Sílvia.Justamente quando ela acabava de responder a uma mensagem de Enrico, as pessoas do lado de fora começaram a voltar.O ruído voltou a preencher o ambiente.Sílvia viu Juliana com o rosto pálido, os cabelos molhados pela chuva aderidos ao rosto, parecendo uma delicada flor branca.Ela se aconchegava ao lado de Marcos, sendo cuidada por várias pessoas, caminhando com cuidado.Sílvia pensou que ela tinha se machucado no pé, então d
Jorge olhava para Sílvia com um olhar carregado de sarcasmo. Não era somente pelas suas vestes sujas, mas também pelo fato de ela se associar a diferentes homens, e agora, a outros ainda, colocou a mão no ombro de Pietro, e com um tom pouco amigoso, disse:- Marcos ainda está lá dentro. Você não poderia se conter um pouco?Anteriormente, Sílvia teria tentado se explicar quando mal interpretada por Jorge.Porém, agora, ela simplesamente não sentia mais o desejo de se explicar. Encarou Jorge friamente e, em seguida, desviou sua atenção para Pietro:- Não foi você quem me pediu para trazer seu casaco?Pietro, ao receber o casaco, franziu a testa; ele e Jorge, na verdade, não mantinham uma proximidade grande, sendo apenas bem relacionados com Heitor, razão pela qual compareceram.Contudo, ao observar a postura de Jorge em relação a Sílvia, pôde inferir que a relação entre eles era complicada.Sendo a família de Pietro também envolvida em negócios, naturalmente, ele não desejava criar con
Juliana sorriu, com os lábios apertados, e encostou a cabeça no ombro de Marcos, falando com voz suave:- Se for verdade, Sílvia e o Sr. Henrique realmente fazem um belo par.Marcos respondeu com um leve franzir de sobrancelhas, fazendo o canto dos lábios de Juliana se elevar ainda mais.Sílvia, sentada em um canto e sem muito o que fazer, decidiu organizar os materiais que Enrico lhe enviara, aproveitando o momento de calmaria.A chuva parecia diminuir, e Sílvia, envolta no casaco de Henrique, sentia menos frio.Ao ouvir passos, levantou instintivamente os olhos.Foi quando viu Marcos se aproximar com o celular na mão, uma expressão indiferente no rosto.Ele atendia a uma ligação, com um tom de voz frio, franzindo levemente a testa, e disse apenas:- Quero ver todos os materiais na reunião de segunda-feira pela manhã.Após ouvir mais algumas palavras do interlocutor, a expressão de Marcos ficouainda mais gelada.Sílvia, sentada não muito longe, já havia desviado o olhar, continuando a