Sílvia sentiu suas costas se enrijecerem.Ela ergueu as pálpebras para olhar para Marcos, contendo o desconforto ao explicar:- Este é meu amigo.Marcos, contudo, desviou o olhar, demonstrando desinteresse:- É mesmo?Era evidente que ele não acreditava.Instintivamente, Sílvia não queria que Enrico fosse injustamente caluniado, mas também percebia que discutir isso com Marcos era desnecessário.Ela apertou os dedos para se acalmar e, com paciência, disse:- O contrato já foi concluído, e enviarei a você o restante dos documentos. Posso ir embora agora?Marcos a olhou por um momento, seu olhar repleto de escárnio, como se tentasse decifrar os verdadeiros pensamentos de Sílvia.No entanto, isso durou apenas um instante.Logo, ele retomou sua expressão neutra e disse, sem emoção:- Não.Sílvia franziu a testa, pensando que Marcos estava apenas tentando dificultar as coisas para ela.Ela respondeu, friamente:- Ainda não tirei minhas férias anuais. Não deveria haver problema em usá-las ag
Dois jogavam golfe juntos; Marcos tinha que abraçá-la por trás. As costas de Sílvia pressionavam contra o peito quente de Marcos, sentindo o bater do coração dele através de uma fina camada de tecido. Quando Marcos inclinava a cabeça, sua respiração quente e suave caía sobre a orelha de Sílvia, fazendoel ela sentir cócegas.- Presidente Marcos, você está viciado em abraçar belas mulheres, não está? Não vai mover o taco nem um pouco? - Cláudio brincou, provocando risadas dos que estavam ao redor.Sílvia apertou o grip do taco de golfe, admitindo para si mesma que realmente não tinha talento para o esporte.Marcos colocou a mão sobre o pulso dela, ajustando sua postura. Sua voz era calma:- Não fique nervosa, eu já te ensinei antes.Sílvia não pôde evitar que seus olhos tremessem. Sua mão segurando o taco ficou ainda mais rígida.Marcos não percebeu, mas o tom de sua voz era exatamente o mesmo de quando a ensinou anos atrás.Confusão se espalhou pela mente de Sílvia. Ela apertou o ta
Sílvia havia bebido além da conta; sua mente estava confusa, e sua mão, que segurava a ponta da roupa de Marcos, tremia.O olhar de Marcos se fixou na ponta da roupa que ela segurava, e ele disse, com uma voz desprovida de emoção:- Parece que você exagerou na bebida, não é?Os olhos de Sílvia estavam avermelhados nas bordas, e brilhavam com lágrimas, perdendo completamente sua habitual calma e paz.Ela piscou levemente os cílios e então disse, lentamente:- Você não é aquele que mais detesta esse tipo de socialização?Marcos tinha suas manias, especialmente no que se referia à limpeza; ele não fumava e, exceto quando necessário, também evitava bebidas alcoólicas.Sílvia, que havia compartilhado tantos anos ao seu lado, conhecia muito bem suas preferências.As sobrancelhas de Marcos se franziram levemente, mas ele não se incomodou com o fato de Sílvia ainda estar segurando sua roupa e ironizou:- Agora você está assim tão entregue?A garganta de Sílvia estava um tanto desconfortável, s
Eles realmente apostaram alto. Sílvia perdeu uma quantia de quatro dígitos nesta rodada, e Marcos pagou sem hesitar.Mas a sorte de Sílvia não estava ao seu favor esta noite, e ela continuou perdendo nas rodadas seguintes.Ao final de uma rodada, Jorge lançou suas cartas sobre a mesa e disse para Marcos:- Sílvia está fazendo isso de propósito, não está?Sílvia estava constantemente perdendo e seu humor não era dos melhores:- Eu disse que não sabia jogar.Cláudio, que observava a cena, era o maior vencedor da noite e se divertia imensamente.Ele disse para Jorge:- Ela perdeu, mas tem o Presidente Marcos para pagar por ela. Por que a preocupação?O que ele disse era verdade, mas para Sílvia, soou como uma insinuação, como se sugerisse que ela era amante de Marcos e que, por isso, Marcos a sustentava, então ela não precisava se preocupar em pagar.Ela hesitou por um momento e estava prestes a se levantar quando Marcos se sentou ao seu lado, dizendo casualmente:- Pegue as cartas.Com
Provavelmente por causa da bebida, Sílvia teve uma noite de sono muito inquieta, cheia de pesadelos dos quais parecia não conseguir despertar.Quando finalmente abriu os olhos pesados, o dia já se encontrava claro.Permaneceu sentada na cama por um momento, abraçada ao cobertor, até se lembrar de pegar o celular ao lado da cama; eram mais de dez horas.Não restava mais nada pendente na Cidade C, então Sílvia se levantou para se lavar, ainda com o odor de álcool impregnado no corpo desde a noite anterior.Após se arrumar, mal havia saído do banheiro, o celular que deixara sobre o criado-mudo começou a tocar; era Geraldo, da filial, ao telefone.- Sílvia, quando você vem para cá?Ela hesitou:- Há mais alguma coisa?- Precisamos que você revise um documento; o Presidente Marcos teve um compromisso e já partiu, me pediu para entrar em contato com você.Ao ouvir isso, Sílvia ficou momentaneamente atônita.“Marcos já tinha ido embora?”Depois de encerrar a chamada, hesitou por um momento e
Isabelly ficou paralisada com as palavras de Sílvia, puxando inconfortavelmente a barra da roupa de Bianca.Ao perceber sua reação, Sílvia mordeu o canto do lábio e perguntou:- Ele bateu em você e na Bianca?Observando o ferimento no rosto de Isabelly, ela notou um hematoma quase imperceptível no pescoço de Bianca, parcialmente oculto pela gola da roupa.Isabelly, inicialmente relutante em falar, ao captar o olhar suplicante de Bianca, não conseguiu evitar que seus olhos se enchessem de lágrimas.Ela os enxugou desajeitadamente com a manga, dizendo:- Não é sempre assim. Acontece que ele tinha bebido naquele dia e me acertou sem querer.Sílvia franzia a testa, fixando o olhar nela:- Foi ele que te obrigou a dar o dinheiro, ou você entregou por vontade própria?Isabelly fechou os olhos, lutando para manter a postura, e após um momento, falou com a voz embargada:- A Bianca ainda é tão pequena.Sílvia observou em silêncio, enquanto a postura inicialmente firme de Isabelly começava a se
Marcos parou de andar e lançou um olhar indiferente para Félix.Félix ficou surpreso:- Por que você está me olhando assim?- Vamos para o quarto do hospital. - Disse Marcos, desviando o olhar, sem expressão.Após dizer isso, ele desviou o olhar e, em seguida, lentamente, voltou a fixá-lo em Sílvia, com um brilho leve nos olhos:- Você veio hoje?Ao ouvi-lo perguntar, Sílvia apertou a bolsa que segurava:- Cheguei ontem à noite.Marcos riu de leve:- Está mesmo com pressa.Sílvia baixou os olhos e, depois de um momento, perguntou com uma voz o mais estável possível:- Como você está em Cidade H?Ela tentava manter a calma, mas por dentro estava um caos.Sílvia não esperava encontrar Marcos em Cidade H, e muito menos que ele ouvisse sua conversa com Isabelly.Se sentindo completamente exposta, Sílvia estava, de fato, muito relutante em deixar que outros vissem esse lado ruim dela.Ela só havia apresentado Marcos ao seu avô, mencionando raramente assuntos sobre seus pais.Portanto, quand
No momento em que Sílvia se sentiu como se estivesse pregada no chão, ela queria se mover, mas não conseguia. Ao final, só pôde ouvir Isabelly chamando seu nome com uma voz rouca.- Sílvia, rápido, afaste Bianca!Yago, que estava a desferir socos em Isabelly, parou de repente ao ouvir sua voz, se virando para olhar para Sílvia com um olhar feroz em seus olhos turvos.Ele falou maliciosamente para Sílvia:- Você é a filha dessa desgraçada, não é?Sílvia, já tendo recuperado a consciência, recuou discretamente alguns passos, mas Yago já havia soltado Isabelly e vinha em sua direção.Yago não era muito alto, mas era forte e muito bravo.Ele cuspiu no chão duas vezes:- Da última vez você teve sorte, não te encontrei, mas agora que veio para a Cidade H, é melhor me pagar logo!Sua voz era alta, e com os gritos de Isabelly, muitas pessoas que vieram assistir à confusão cercavam Sílvia, que quase não tinha como escapar, apenas podendo ver Yago se aproximando.Ela falou com a voz trêmula, te