Sílvia raramente falava de maneira tão direta. Ela pegou silenciosamente suas coisas, se preparando para sair. No entanto, ouviu a voz trêmula de Juliana: - Sílvia, sei que você não gosta de mim, mas...Juliana não concluiu a frase, e Sílvia, se virando, terminou por ela com calma:- Mas eu não deveria dizer isso sobre você?Juliana não respondeu, mas a expressão em seu rosto deixou claro que ela realmente pensava assim.- Mesmo que eu não dissesse, suas habilidades profissionais seriam suficientes? - Sílvia questionou sem expressão, mantendo sua emoção estável, apenas para lembrar Juliana. - Com suas habilidades, você não pode continuar no Grupo LH.Afinal, mesmo sem habilidades, Marcos ainda a protegeria da mesma forma.Sílvia sorriu ironicamente e saiu da sala de reuniões.Após a sua saída, ela não se preocupou se Juliana vai chorar e reclamar para Marcos, se sentindo injustiçada. Ela levou os documentos de volta ao hotel, se preparando para sair e fazer a troca dos curativos no
A cena se tornou constrangedora por um momento. Juliana mordia o lábio, relutante em levantar a cabeça, ciente de que Nina era uma cliente importante da filial da Cidade C e que Marcos tinha vindo principalmente para assinar um contrato com ela.Marcos abaixava os olhos, perdido em seus pensamentos, enquanto Larissa, ostentando um sorriso leve no rosto, lançava um olhar de escárnio para Juliana, perguntando:- Juliana, há algo que você gostaria de dizer?- Eu... - De repente interpelada, Juliana ergueu os olhos para Marcos, num misto de súplica e tristeza. Marcos levantou o olhar para Larissa, que exibia uma expressão de triunfo, prestes a falar, quando foram interrompidos por uma voz clara.Sílvia, sorrindo, se levantou e ergueu sua taça de vinho, se dirigindo a Juliana com uma voz serena:- Presidente Nina, Juliana é minha assistente e, na verdade, ainda é estagiária. Nos últimos dias na Cidade C, lesionei minha mão, razão pela qual a convidei especialmente para ajudar. - Mantendo
Ao chegar ao hotel, a expressão de Sílvia ainda não era das melhores, o que a impediu de perceber a tensão ainda presente entre Marcos e Juliana. Ela disse que iria para o seu quarto, não acendeu as luzes e se sentou no escuro por um longo tempo antes de ligar para Isabelly. Isabelly, provavelmente ocupada, atendeu ofegante, sem ver quem estava ligando, e perguntou:- Quem é?- Sou eu. - Respondeu Sílvia, parada ao lado da janela, observando a chuva lá fora.Isabelly, surpresa ao reconhecer a voz, hesitou antes de perguntar:- Por que você decidiu me ligar agora?É raro uma mãe perguntar com tanta gentilza o motivo de uma ligação de sua filha.Sílvia baixou os olhos, se virou para a escuridão do quarto e disse:- Não é nada, só queria saber como vocês estão.Isabelly parou, visivelmente desconfortável, e respondeu timidamente:- Não muito bem, Bianca foi hospitalizada novamente.Ao ouvir o tom de Isabelly, Sílvia ficou em silêncio.Isabelly, tentando sondar a situação, perguntou:- E
Sílvia apertou a mão que repousava sobre suas pernas, movendo levemente os lábios, como se estivesse prestes a falar. Contudo, o veículo, de repente, balançou, fazendo ela cair descontroladamente para o lado.Ao seu lado estava Marcos.Uma aura fria a envolveu, e Sílvia acabou caindo nos braços de Marcos, com a cabeça pousando em seu ombro, o impacto fazendo ela sentir uma pontada de dor.O motorista, à frente, olhou para trás, pedindo desculpas: - Desculpe, havia um buraco na estrada. Estão bem?Sílvia, que havia caído sobre Marcos, tentou se endireitar, mas, de repente, sentiu o couro cabeludo apertar, como se seu cabelo tivesse se enredado em algo. Instintivamente, seguiu a fonte da dor com a mão, atravessando um tecido até tocar no botão em que seu cabelo havia se prendendo.- Está disposta a ter um encontro íntimo no carro só para conseguir uma folga? - Uma voz irônica soou, enquanto Marcos olhava para a mão de Sílvia, que segurava o botão da sua gola.Sílvia hesitou por um mom
Sílvia sentiu suas costas se enrijecerem.Ela ergueu as pálpebras para olhar para Marcos, contendo o desconforto ao explicar:- Este é meu amigo.Marcos, contudo, desviou o olhar, demonstrando desinteresse:- É mesmo?Era evidente que ele não acreditava.Instintivamente, Sílvia não queria que Enrico fosse injustamente caluniado, mas também percebia que discutir isso com Marcos era desnecessário.Ela apertou os dedos para se acalmar e, com paciência, disse:- O contrato já foi concluído, e enviarei a você o restante dos documentos. Posso ir embora agora?Marcos a olhou por um momento, seu olhar repleto de escárnio, como se tentasse decifrar os verdadeiros pensamentos de Sílvia.No entanto, isso durou apenas um instante.Logo, ele retomou sua expressão neutra e disse, sem emoção:- Não.Sílvia franziu a testa, pensando que Marcos estava apenas tentando dificultar as coisas para ela.Ela respondeu, friamente:- Ainda não tirei minhas férias anuais. Não deveria haver problema em usá-las ag
Dois jogavam golfe juntos; Marcos tinha que abraçá-la por trás. As costas de Sílvia pressionavam contra o peito quente de Marcos, sentindo o bater do coração dele através de uma fina camada de tecido. Quando Marcos inclinava a cabeça, sua respiração quente e suave caía sobre a orelha de Sílvia, fazendoel ela sentir cócegas.- Presidente Marcos, você está viciado em abraçar belas mulheres, não está? Não vai mover o taco nem um pouco? - Cláudio brincou, provocando risadas dos que estavam ao redor.Sílvia apertou o grip do taco de golfe, admitindo para si mesma que realmente não tinha talento para o esporte.Marcos colocou a mão sobre o pulso dela, ajustando sua postura. Sua voz era calma:- Não fique nervosa, eu já te ensinei antes.Sílvia não pôde evitar que seus olhos tremessem. Sua mão segurando o taco ficou ainda mais rígida.Marcos não percebeu, mas o tom de sua voz era exatamente o mesmo de quando a ensinou anos atrás.Confusão se espalhou pela mente de Sílvia. Ela apertou o ta
Sílvia havia bebido além da conta; sua mente estava confusa, e sua mão, que segurava a ponta da roupa de Marcos, tremia.O olhar de Marcos se fixou na ponta da roupa que ela segurava, e ele disse, com uma voz desprovida de emoção:- Parece que você exagerou na bebida, não é?Os olhos de Sílvia estavam avermelhados nas bordas, e brilhavam com lágrimas, perdendo completamente sua habitual calma e paz.Ela piscou levemente os cílios e então disse, lentamente:- Você não é aquele que mais detesta esse tipo de socialização?Marcos tinha suas manias, especialmente no que se referia à limpeza; ele não fumava e, exceto quando necessário, também evitava bebidas alcoólicas.Sílvia, que havia compartilhado tantos anos ao seu lado, conhecia muito bem suas preferências.As sobrancelhas de Marcos se franziram levemente, mas ele não se incomodou com o fato de Sílvia ainda estar segurando sua roupa e ironizou:- Agora você está assim tão entregue?A garganta de Sílvia estava um tanto desconfortável, s
Eles realmente apostaram alto. Sílvia perdeu uma quantia de quatro dígitos nesta rodada, e Marcos pagou sem hesitar.Mas a sorte de Sílvia não estava ao seu favor esta noite, e ela continuou perdendo nas rodadas seguintes.Ao final de uma rodada, Jorge lançou suas cartas sobre a mesa e disse para Marcos:- Sílvia está fazendo isso de propósito, não está?Sílvia estava constantemente perdendo e seu humor não era dos melhores:- Eu disse que não sabia jogar.Cláudio, que observava a cena, era o maior vencedor da noite e se divertia imensamente.Ele disse para Jorge:- Ela perdeu, mas tem o Presidente Marcos para pagar por ela. Por que a preocupação?O que ele disse era verdade, mas para Sílvia, soou como uma insinuação, como se sugerisse que ela era amante de Marcos e que, por isso, Marcos a sustentava, então ela não precisava se preocupar em pagar.Ela hesitou por um momento e estava prestes a se levantar quando Marcos se sentou ao seu lado, dizendo casualmente:- Pegue as cartas.Com