Quando Enrico entrou no quarto, Sílvia estava parada, pálida como um fantasma, na mesma posição de quem tinha acabado de falar ao telefone, só que o celular havia caído no chão.A tela do celular ainda estava acesa e vozes ainda podiam ser ouvidas."Familiares de Gustavo, por favor, venham ao hospital o mais rápido possível para tratar dos assuntos relacionados ao corpo do paciente..."Enrico ergueu bruscamente a cabeça para olhar para Sílvia, cujo rosto estava entorpecido e vazio. Ao sentir o olhar de Enrico, ela olhou vagamente para o celular caído, depois se agachou lentamente, pegou o celular e perguntou com a voz trêmula:- Você se enganou? Quando estive no hospital ontem, meu avô estava bem.- Por favor, é a Srta. Sílvia? O contato que você deixou no hospital da Cidade J é este...A voz do outro lado hesitou, Sílvia ainda parecia não ter reagido. Ela segurava o celular, agachada no chão, com um olhar perdido nos olhos.- Alô? Por favor, é a Srta. Sílvia... - A voz do celular so
- Presidente Marcos...Ana empurrou a porta do escritório e entrou, segurando o celular enquanto olhava para Marcos, que estava atrás da mesa.- É uma ligação do hospital, sobre a campanha de exames gratuitos que contratamos no mês passado. Eles estão perguntando se vamos continuar com a nova edição.Marcos, que estava lendo um contrato, prestou atenção e pegou o telefone que Ana lhe estendia.O Grupo LH, em busca de melhorar sua imagem pública, havia intensificado os esforços em causas sociais recentemente.Ele tinha acabado de pegar o telefone quando um barulho de discussão do outro lado foi seguido por uma voz:- Desculpe, Presidente Marcos, estou lidando com um problema aqui, pode estar um pouco barulhento.Marcos respondeu sem dar muita importância, mas a pessoa do outro lado suspirou:- Os conflitos entre médicos e pacientes são frequentes hoje em dia, mas é a primeira vez que vejo um conflito entre familiares a ponto de chamar a polícia. - Ele fez uma pausa e continuou - Falando
A expressão de Marcos não era boa, ele olhava para Sílvia, com as sobrancelhas ligeiramente franzidas. A expressão de Sílvia não mudou muito. Ela parecia não ter emoções ou pensamentos, como se fosse um zumbi.Mesmo quando entrou para falar com a polícia sobre a acusação contra Yago, fez isso de maneira mecânica, sem demonstrar qualquer traço de energia ou emoção.Marcos permaneceu em silêncio, Sílvia também não falou, ela apenas o observava em silêncio.Até que Enrico, ao lado, falou:- Presidente Marcos, poderia sair do caminho, por favor? Você está bloqueando a passagem.Os olhos escuros de Marcos se viraram para ele, mas logo voltaram a Sílvia.Foi Sílvia quem suspirou primeiro.Ela olhou para os próprios pés e, sua voz era tão suave que parecia flutuar, disse:- Estive tão ocupada nos últimos anos que nunca tive tempo para ele. Agora que é o fim, poderiam me deixar em paz por um momento?Marcos franziu ainda mais as sobrancelhas e Sílvia olhou para Enrico:- Você pode me ajudar
Yago explicou que agiu assim porque acreditava que Sílvia talvez não lhe desse mais dinheiro, por isso ele elaborou esse plano sórdido para levar o avô às escondidas.Dessa forma, ele poderia continuar a pedir dinheiro a Sílvia.Quando Íris relatou o ocorrido a Sílvia, não conseguiu evitar de xingar:- É tão estúpido quanto malvado, não teme o castigo que pode vir a sofrer.A expressão de Sílvia empalideceu.O motivo parecia ridículo e hilário, além de extremamente tolo.No entanto, foi justamente essa ideia tola que acabou matando o avô.Isabelly e Yago estavam agora em prisão preventiva. Henrique e Enrico estavam fazendo companhia a Sílvia, por vários dias.Sílvia emagreceu muito naqueles dias, ela já era magra, mas parecia ainda mais pele e osso, com as roupas pendendo frouxas em seu corpo.- Síl, sei que está sofrendo, mas você não pode deixar de comer. - Henrique segurava um recipiente térmico, olhando para Sílvia com um olhar cheio de compaixão. - Isso é canja que fizemos em casa
Havia muitas pessoas no culto da igreja, o que trazia uma sensação de tranquilidade.Se podia ouvir, ainda que vagamente, os sons dos cânticos lá dentro. Sílvia olhou para Enrico e perguntou:- Por que você me trouxe aqui?Enrico respondeu:- Para rezar.A igreja estava cheia, mas surpreendentemente silenciosa.Parecia que todos haviam chegado a um acordo tácito de falar e agir suavemente, temendo perturbar aquele lugar sagrado.Enrico baixou o olhar e disse:- Quando eu era criança, minha avó frequentemente me trazia aqui para rezar.Rezar requer devoção e honestidade, expressar sinceramente a Deus suas necessidades e gratidão.Sílvia apertou os lábios e se juntou a Enrico em oração.Então, uma brisa soprou e a voz grave de Enrico ressoou:- Meu avô dizia que rezar aqui pelas pessoas que sentimos falta pode guiar seu caminho.Sílvia começou a se mover lentamente.Ela juntou as mãos, com uma expressão de devoção e seriedade, rezando para que seu avô tivesse uma boa jornada.Ao voltare
Íris e Yuri precisavam ir ao departamento, Enrico também tinha que levar pessoas para ver materiais, então Sílvia só podia ir sozinha ao Grupo LH. Antes de partir, Enrico franziu a testa.- Deixe Íris ir com você.Sílvia manteve a expressão inalterada e disse:- Não é necessário, já que vocês já acertaram tudo, eu só preciso ir assinar o contrato.Enrico ainda mantinha a testa franzida, Sílvia apenas suspirou.- Não se preocupe, eu estou realmente bem.Ela disse isso e mesmo que Enrico quisesse dizer algo mais, ele não podia.Antes de Sílvia ir ao Grupo LH, ela entrou em contato direto com Ana.Ana pediu que ela esperasse na pequena sala de reuniões.Sílvia estava bem familiarizada com o Grupo LH e sabia que a pequena sala de reuniões mencionada por Ana ficava ao lado do escritório do presidente.Ela só não esperava encontrar Larissa, logo após sair do elevador.Larissa estava quase igual à última vez que se encontraram na Cidade C, vestindo um terninho e caminhando com o queixo levem
Sílvia franziu a testa. - Você vai para a Cidade H? Ao mencionar Cidade H, o primeiro pensamento de Sílvia foi Yago e Isabelly. Ela agora se sentia subconscientemente um pouco repulsiva. Marcos olhou para Ana, que, compreendendo, pegou suas coisas e saiu primeiro. Então, ele se voltou para Sílvia, falando em um tom nem leve nem pesado. - Seu padrasto me surpreendeu, minha informação foi amplamente divulgada por ele na Cidade H, me causando muitos problemas. - Ele tocou levemente a ponta dos dedos e se reclinou na cadeira. - Sílvia, você não acha que deveria lidar com isso? Ela franziu a testa. - Por que Yago teria suas informações? - Isso não deveria ser perguntado a você? - Marcos deu uma risada leve, enigmática. - Os cento e cinquenta mil fui eu que paguei, e agora quem está sendo assediado sou eu. Sílvia, seus dias têm sido muito tranquilos. O rosto de Sílvia mudou instantaneamente, sim, ela ainda devia cento e cinquenta mil a Marcos. Era um empréstimo usurário q
Para ser justo, Enrico era muito bonito.Diferentemente da distinção fria de Marcos, Enrico tinha a pele mais clara, traços faciais marcantes e olhos cor de pêssego que naturalmente transmitiam uma doçura sutil. No entanto, seu nariz bem definido não revelava nenhum traço de feminilidade.Contudo, Sílvia olhou para ele apenas uma vez antes de desviar o olhar, pois ela não tinha energia para pensar sobre essas coisas naquele momento.Sua voz era suave:- Não é que eu não confie em você, só acho que não posso mais te incomodar com essas coisas. Enrico, como amigo, você já me ajudou muito.Enrico fixou seu olhar, o entardecer de verão sempre trazia um ar seco. Ele apertou os lábios levemente, depois baixou os olhos para Sílvia:- Eu não quero...- Enrico. - Sílvia interrompeu, olhando para o horizonte. - Meu voo é amanhã de manhã. Vou voltar para arrumar minhas malas. Tentarei voltar na segunda-feira.Ela terminou de falar, sem esperar por uma resposta de Enrico, se levantou e saiu.Qua