Parte 1...Não era fácil como ele pensou que seria. Ficar ao lado de Camila o fez mais coisas que não via antes porque sua atenção estava focada em outros assuntos. Agora, ali dentro de casa, ele podia ver melhor seu comportamento, ouvir o que ela gostava, suas ideias. E isso tudo batia com o que ele também gostava.Assim ficava difícil. Ele já tinha a ideia de que realmente precisava ficar com ele. Seu corpo lhe pedia isso, seu coração também e mais ainda sua mente. Ele tinha uma coisa que o cutucava, como uma pulga atrás da orelha, como se diz na velha frase.Era como se algo lhe dissesse que tinha que ir devagar, mas não lento, ou poderia perder o momento certo e isso se devia também ao fato de que ele não sabia muito sobre sua doença.Tinha lido em suas pesquisas, mas sobre o estado atual dela ele pouco sabia, só o que ela lhe mostrava. Resolveu perguntar.— Não quero que se chateie... Mas... Eu queria saber um pouco mais sobre como você está... Agora, quero dizer - mexia a colh
Parte 1...Camila percebeu que havia algo mais no pedido de Mike. Ele vinha se interessando mais por ela, dava para notar. E isso lhe causava uma sensação boa e outra ruim ao mesmo tempo.O que fazer diante do sentimento que ela desenvolvia por ele?E era fácil gostar dele. Mike tinha um sorriso franco, aberto, divertido. E toda vez que ficavam juntos, conversando sobre qualquer assunto, dava para passar horas assim, sem nem perceber.E era comum que ele a tocasse. Nem que fosse algo leve, sutil, um toque na ponta dos dedos, um simples cutucar no braço. Era íntimo sem ser invasivo.Como não gostar disso?E depois de tanto tempo sem ter contato com um homem que a desejasse, ao invés de sentir pena, era como um sopro fresco de esperança em seus dias.E o melhor é que isso tinha acontecido sem que ela procurasse, apenas a vida lhe trouxe até ali. No caso dela, a tia e a mãe dele. Sorriu pensando no começo quando eles ficaram até com raiva delas terem forçado a aproximação.Mas a vida é
Parte 2...Mike notou que ela tinha tido um certo entendimento de sua intenção para com ela e notou também que ficou feliz, o que dizia que ela também gostava dele, mas logo seu rosto foi mudando de expressão e era como se ela tivesse ficado triste com os pensamentos.Talvez estivesse achando que ele não seria capaz de ter algo com ela que fosse duradouro. E isso o deixava um pouco deprimido, pois estava reprimindo sua sexualidade para não ser muito ousado nesse momento em que eles começavam a se conhecer mais.Ele queria aproveitar e muito mais, seu tempo junto com ela, mas ficava com medo de que ela o rejeitasse por causa de seu problema com a afasia e tudo mais.E ele queria que ela soubesse que a achava uma mulher maravilhosa em todos os sentidos e que atração física foi a coisa que menos o impactou quando a conheceu de início.Ao saírem do hospital ele segurou sua mão e atravessaram a avenida de mãos dadas. Quando ela entrou ele teve uma ideia diferente de tudo o que ele já tinha
Parte 3...— Agora eu fico nervoso quando você está perto de mim, fico com raiva quando tentam diminuir sua capacidade... Tenho ódio dessa doença que quer te levar - apertou sua mão — E tenho medo que você não queira ficar comigo porque eu não entendo sua doença direito, eu não sei te ajudar... Eu... - esfregou a testa — Eu quero que você me ame também e que me deixe cuidar de você... Quando a hora chegar.Esse final ele disse com emoção, sentindo que ela precisava entender que ele não tinha medo, apesar de não saber todas as dificuldades que isso iria acarretar em sua vida. Ele só queria que soubesse que tinha amor de verdade e que era uma surpresa até para ele.Camila segurou o rosto entre as mãos, impactada por essa revelação. Sentia pequenos choques em seu corpo todo. — Mike... Sabe que eu t-tenho uma lesão cere...— Cerebral - ele completou e a puxou para o colo — E isso é muito difícil, eu sei, mas de verdade, não me assusta.— Mas deveria - ela segurou o choro — Eu sei que min
Parte 1...Apesar dela se sentir um tanto tímida com a situação, dava para se perceber que ele também estava tenso e se reprimia um pouco, talvez com medo de lhe causar algum desconforto, mas lhe assegurou que estava tudo bem, era apenas um nervosismo normal de uma aproximação nova.Ele segurou sua nuca e desceu o rosto sobre o dela, unindo as bocas em outro beijo, que foi ficando mais forte, mais exigente e entregue, onde as respirações deles ficaram na mesma medida.A atmosfera que caiu sobre eles naquela cama era leve e terna, diferente de outros encontros que eles já tiveram antes. E não havia cobrança, apenas entrega dos dois.Os minutos foram se passando e as emoções aflorando. Nas pontas dos dedos delicados e trêmulos de Camila, ele entendeu que fazia tempo que esperava um encontro como esse. Alguém como ela.Foi uma união certa de corações que agora iria se fechar com a entrega de seus corpos. E o melhor de tudo isso, foi que apenas aconteceu, foi se encaminhado para isso, sem
Parte 2...Mike acordou de madrugada e foi tomar um banho. Saiu do quarto de fininho para não acordar Camila e entrou no banheiro. Parou em frente ao espelho respirando fundo e mexendo no cabelo em desalinho.Para quem dizia que não tinha interesse em ter uma parceira, ele tinha mudado rápido demais, mas isso tudo era culpa de Camila. E de sua mãe, por assim dizer, que a colocou em seu caminho.Se apoiou na pia rindo para o reflexo. E agora ele teria que de novo lhe dar razão e sabia que ela ficaria cheia de si, como sempre. Seu pai que aguentasse depois o ego da mulher.Ele abriu o box e ligou a ducha, sentindo com a palma da mão a temperatura, mas antes que entrasse, tomou um susto ao sentir uma mão em seu ombro e se virou rápido, batendo o cotovelo em algo macio.— Au... - Camila se encolheu segurando a barriga.— Deus meu... Me desculpe, desculpe...Ele ficou assustado e acabou machucando-a com o cotovelo, mas a cara dela era de riso e não de dor realmente. Lhe deu um tapinha.—
Parte 1...Mesmo já sendo amiga da família dele, era diferente ser apresentada agora como uma namorada e até mesmo como sua futura esposa.A cara dos pais dele de surpresa até que foi boa, sem falar na cara de felicidade de Henrieta, mas Camila achou que Derek estava um tanto indeciso se era bom ou ruim para o irmão.Aproveitando um momento em que estavam sozinhos na cozinha, ela perguntou o que ele achava realmente.— Não me leve a mal, Camila - ele disse coçando a testa — É que meu irmão é sempre assim, ele demora para ter uma atitude, mas quando tem vai até o fim.— Não entendi - apertou as mãos.— Bom, é que... Me desculpe... - a olhou meio sem jeito — É que você tem um problema grave e que uma hora vai te levar... Sei que o Mike vai sofrer muito... - mordeu o lábio de lado — Parece que sou frio, mas de verdade, me preocupo por vocês dois.Ela assentiu com a cabeça. Ele queria dizer que quando sua doença se agravasse o irmão seria responsável por ela e que isso seria um grande inc
Parte 2...Derek contou o que havia acontecido antes, logo após a chegada de Camila na clínica, mas que ele tinha certeza agora de que nunca tinha sido nada por culpa dela e que alguém estava querendo incriminá-la.O policial pediu então que fossem até a sala onde as gravações ficavam, mas ainda faltaria entrar em contato com a equipe que cuidava da segurança para que eles também enviassem tudo o que tinham filmado desde que Mike havia acrescentado mais câmeras nos locais distintos da clínica sem que mais ninguém soubesse.Ligaram para Rosely que estava de folga e ela logo disse que ajudaria no que fosse preciso. Nesse meio tempo enquanto eles arrumavam as coisas para seguir com o processo, Camila começou a se sentir mal e suas pernas travaram, ela não conseguia mais andar. Para Mike foi horrível ver sua expressão de medo e dor e ficou nervoso também, precisando que Derek o acalmasse antes que falasse alguma bobagem para os policiais.Era um momento difícil. Ele explicou sobre a doen