Nas Garras da Besta
Nas Garras da Besta
Por: André R. L
Hades

— Su… Su… Alteza, a rainha está esperando por você no salão principal — disse Aria com uma voz trêmula.

A garota de cabelos dourados como o sol se virou, ficando de frente para sua nova escrava.

— Não entendo por que você gagueja tanto — disse a princesa, enquanto se levantava e saía do quarto.

Aria caminou em silêncio atrás da princesa.

Sua garganta se apertou diante do comentário da princesa; ela não era capaz de se defender, pois vivia com medo desde que foi capturada e escravizada.

Aria era uma pessoa livre que costumava viver com sua mãe no vilarejo do norte, no território do reino de Orión, mas sua paz e felicidade não duraram para sempre, infelizmente.

A guerra eclodiu entre os dois reinos.

Sua mãe foi assassinada pelos soldados de Acasio.

Ela foi atingida por uma flecha direto no peito. Respirou pela última vez nos braços de Aria, que, além da mãe, não tinha mais ninguém neste mundo. Quando sua mãe morreu, Aria fugiu, tentando se esconder dos guerreiros de Acasio. Mas eles a encontraram na floresta e a levaram para o reino de Acasio como escrava, assim como muitos outros de seu reino.

As escravas decentes e bonitas foram escolhidas para servir no castelo. Foi assim que Aria acabou se tornando a criada pessoal da princesa Luna.

Luna, a princesa, não era uma pessoa muito falante; ela gostava de ordem e que tudo fosse do seu jeito.

Embora nunca tivesse batido em Aria nos últimos meses, às vezes ela ficava brava se as coisas não saíssem como queria. Mas a princesa sempre foi gentil com as criadas e os escravos. Ela não era como seu irmão, que torturava seus escravos pelos menores erros, ou até sem motivo algum.

Aria estremeceu ao pensar no príncipe Can, a pessoa mais cruel e maquiavélica que ela já tinha visto.

— Mãe, você me chamou? — Luna perguntou enquanto se curvava diante de sua mãe.

Aria estava um pouco distante delas, com as mãos entrelaçadas e a cabeça baixa. Ela não queria ouvir a conversa, mas, infelizmente, conseguia escutar tudo.

A rainha queria casar a princesa o mais rápido possível.

Aria as ouviu em silêncio, enquanto mal podia esperar que o dia terminasse para poder passar um tempo no jardim, já que aquele era seu lugar favorito em todo o castelo, onde ela era como um pássaro enjaulado, mas que ainda não tinha suas asas cortadas.

Pouco tempo depois, elas voltaram para o quarto da princesa, e ela estava completamente furiosa.

Aria ficou parada em um canto, em silêncio, enquanto observava a princesa jogar coisas em sua ira.

Quando a princesa entrou no banheiro para se banhar com a ajuda de outras duas criadas, Aria começou a limpar a bagunça que a princesa havia feito.

Sua vida naquele lugar era monótona. Ela acordava todas as manhãs antes mesmo que a luz do amanhecer pudesse tocar o céu. Tinha que estar com a princesa a cada segundo do dia, e só quando a noite se aproximava podia voltar para seu pequeno quarto, onde os servos dormiam.

A noite chegava lentamente, e finalmente ela pôde escapar para os jardins.

Ela respirou fundo, suspirando ao sentir o aroma que a envolvia por completo.

Aria sentou-se na grama, no meio das flores, enquanto se maravilhava com a pouca liberdade que tinha.

O reino de Acasio não era tão ruim, mas nunca deveria ter matado inocentes apenas para vencer a guerra contra Orión. Ela nunca os perdoaria por terem matado sua mãe, já que ela era tudo o que Aria tinha.

Ela estava distraída, brincando com as flores, quando ouviu rugidos. Imediatamente, levantou-se e saiu do jardim, avistando um grande número de soldados completamente preparados para a batalha, com suas espadas e armaduras, saindo pelos portões principais em seus cavalos.

Sua cabeça virou-se para a enorme torre quando ouviu o sino de alarme, que fez seu corpo inteiro arrepiar. Paralisada pelo alarme, mal conseguia ficar de pé quando o portão principal se abriu de repente e um lobo enorme apareceu. Seu tamanho era imenso. Era óbvio que não era um lobo normal.

— Dothraki! — alguém gritou, horrorizado, e todos os nervos de seu corpo começaram a tremer de medo.

Ela já tinha ouvido os mitos.

Especialmente o de Hades, mais conhecido como a Besta Negra.

As histórias perdidas há muito tempo sobre o exército dos Dothraki e seu comandante. Tão bárbaros e cruéis. Diziam que tinham poderes de transformação, já que eram conhecidos há séculos como os homens-lobo Dothraki.

Um soldado a empurrou bruscamente para dentro do castelo, e, uma vez lá dentro, a realidade da situação a atingiu.

A rainha estava no salão junto com o rei. Assim que viu Aria, seu rosto empalideceu.

— O que diabos você está fazendo aqui? Você deveria estar com minha filha. Vá! Proteja-a com sua vida! — A rainha gritou para Aria, fazendo-a estremecer.

Ela acenou com a cabeça, seu queixo ainda tremendo. Correu para o quarto da princesa, que estava vazio. Seu coração afundou, mas então sentiu uma mão em seu pulso e se virou.

Ela ofegou…

Olhou para a princesa, cujos olhos estavam cheios de medo. — Vamos! — sussurrou Luna em voz baixa, enquanto as duas saíam correndo do quarto. Aria pegou uma tocha no caminho.

A princesa a levou até a biblioteca, onde pegou um livro e puxou, fazendo com que uma porta secreta se abrisse.

— Entre — disse Luna, entregando a tocha a Aria, que entrou e começou a caminhar pelo túnel escuro.

A princesa também entrou, e Aria a ajudou a fechar a porta.

— P… Princesa, devíamos salvar a rainha — gaguejou Aria, sentindo o medo lentamente a envolver.

— É tarde demais. Não posso comprometer minha segurança — disse Luna com uma expressão estoica no rosto. — Comece a andar — ela ordenou, e Aria seguiu adiante na escuridão, apesar de seus medos e do choque das palavras da princesa.

Elas caminharam por Deus sabe quanto tempo até que o túnel finalmente chegou ao fim.

Luna pegou a tocha e indicou que Aria empurrasse para abrir a porta do túnel.

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