Capítulo 8

Às pressas ele saiu na janela, gritou 

- A Olívia está passando mau. Lucca pegue o carro, rápido! 

Voltou pra perto dela a amparando

- Eu não sei o que tinha exatamente na comida, logicamente não cozinhei nada.

- Do que você tem alergia? 

Foi jogando as roupas dela em cima da cama, pegou a bolsa enquanto ela vestia calça 

- Querida, respire, fique calma!

- Do que você tem alergia?

- Eu preciso saber!

- Olívia? 

Aly e Malia entraram no quarto assustadas também, Olívia estava com urticária e nervosa

- Deve ser coco, preciso ir para o hospital.

Foram saindo às pressas, direto para o PS mais próximo, Lucca dirigindo, Justin na frente e Lola atrás cuidando de Olívia, além de preocupado Justin estava pensativo, novamente as mentiras vindo a tona, pois Daisy adorava o doce beijinho. 

Olívia foi atendida e medicada, na sala de espera começou uma discussão, Justin bateu o pé dizendo que ela era uma mentirosa, Lola a defendeu 

- Como pode ter certeza?

- Você nunca a viu, a coitada podia ter morrido e o dia todo, não está sendo dos melhores pra ela.

- Acho que você criou muitas expectativas e não está sabendo lidar com a sua frustração! 

- Essa questão da aparência e tudo, o jeitinho dela...

Lucca debochou 

- Frustração?

- Meu amor, ela não tem nem o branco do olho igual a personagem que iludiu Justin, não é preconceito. 

Justin sentou com as mãos no rosto, de cabeça baixa 

- Claro que não é.

- Eu só não entendo, qual intuito de brincar comigo dessa forma? 

- Vocês não entendem, não é que Olívia seja uma estranha, a mulher com quem eu conversei, era real, ninguém monta uma trama dessas, pra depois chegar pessoalmente e não conseguir sustentar. 

- Preciso descobrir a verdade e logo! 

A enfermeira se aproximou para dar notícias, perguntou se alguém queria entrar vê-la, Lola não deixou ele ir, pediu pra se acalmar, pensar direito para não magoar Olívia. 

Ficaram até de madrugada no hospital, quando ela recebeu alta estava sonolenta, foram para o chalé, ele se manteve distante e calado, quase não dormiu pensando em tudo e revirou a bolsa de Olívia na madrugada.

Impaciente encontrou as redes sociais dos familiares dela, só foi confirmando as mentiras, já que ela deu a entender que era órfã e tinha uma família bem grande e aparentemente unida.

Antes das sete da manhã, ele chamou o motorista, o deixou sobre aviso, acordou Olívia

- Acorde, quero conversar com você.

- Se arrume pra sair! 

Ela ainda estava indisposta, levantou confusa 

- Aconteceu alguma coisa?

Muito sério com o olhar crítico ele sentou na ponta da cama 

- Se arrume logo por favor.

- Faça a mala! 

Ela já imaginava o que estava por vir, levantou cabisbaixa foi arrumando tudo bem rápido, saiu do banheiro engolindo o choro, ele nem a olhou 

- Vamos conversar lá embaixo. 

Ela quem carregou suas coisas, foi o seguindo até o jardim, ele encostou em uma cerca de costas pra ela

- Acho que você não é quem diz ser.

- Eu quero a verdade! 

As lágrimas foram escorrendo pelo rosto corado de Olívia

- O que aconteceu?

- Porque está me dizendo isso? 

Ele se virou de frente pra ela, fulô

- O que aconteceu?

- Achou oque?

- Que eu não ia notar a diferença?

- Você não tem nada a ver comigo.

- É dinheiro que quer?

- Podia ter elaborado melhor o personagem.

- Amante da natureza, amiga dos animais, que piada.

- Não chegou nem perto do Eron, não sabe nadar e muito menos entende de trilha ou qualquer esporte.

- Anda logo, quero a verdade ou irei acionar a polícia.

- Porque com certeza honesta você não é! 

Ela se desesperou

- Não faça isso por favor, foi um mal entendido.

- Eu posso explicar.

- Não tive a intenção de te enganar ou tirar vantagem!

- É que quando eu te encontrei, estava perdida e Daisy…

Ele gritou 

- Chega de mentiras Olívia.

- Eu fui muito legal com você, até demais.

- Relevei algumas coisas, te respeitei e ajudei muito, gastei o bastante pra te mandar pra cadeia longos anos.

- Crime de falsa identidade, todo aquele que atribui a si ou a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem, cuja pena será de detenção, de três meses a um ano, ou multa. 

Ela estava aos prantos

- Eu não queria tirar dinheiro ou me aproveitar.

- Ela é a sua flor, Daisy.

- Nós moramos juntas, ela quem conversava com você.

- Eu tive medo, de não ajudar e eu vi que podia. Ela iria morrer naquele lugar! 

Perplexo ele ficou com os olhos marejados

- Daisy? 

- É ela?

- Como posso acreditar em uma palavra que você diz?

- Está aqui se divertindo enquanto sua amiga está no hospital. 

Ela pegou o celular de Daisy deu nas mãos dele desbloqueado

- Eu juro por Deus.

- Ia te contar toda a verdade no café e então você começou falar, eu só concordei.

- Não fingi ser ela, você quem acreditou, que eu era.

- Ela é órfã, não tem ninguém!

- Eu só queria ajudar minha amiga, nunca iria conseguir vir pra cá.

Ele começou olhar as conversas, fotos, foi se afastando chorando 

- Quero você fora daqui e da minha vida.

- Ou irei te denunciar!

- Como pode fazer uma coisa dessas?

- Te deixei entrar na minha casa, conhecer a minha família.

- Você não iria contar nunca, usurpadora, mal caráter! 

Passou por Mosley 

- Leve Olívia para bem longe.

- Pilar já pegou as coisas dela! 

A deixou chorando para trás, e saiu de carro cantando pneu, foi direto ver Daisy no hospital, chorou por horas, pedindo perdão pelo erro que cometeu. 

Mosley só olhou tudo calado, levou Olívia pegar as coisas na casa de Justin, Pilar estava no quintal sem entender nada, foram proibidos de conversar com a jovem, que só chorou sem pausa por muito tempo.

Olívia não tinha pra onde ir, seus pais estavam longe e sem nem saber que ela estava no Brasil. 

Preocupada com medo de ser denunciada, não conseguia nem pensar direito, sem ninguém para pedir ajuda, foi para o hospital, Mosley a deixou lá.

A impediram de entrar com malas, passou o resto da manhã sentada lá na frente no sol, depois do horário de almoço, Lucca chegou com Lola para ver Justin, já sabiam do que tinha acontecido, ao ver Olívia lá fora, Lola ficou com dó, foi conversar perguntou se ela estava bem, se fazendo de forte Olí engoliu o choro 

- Eu não sou golpista, nunca foi minha intenção roubar nada.

- Ele vai me denunciar?

- Por favor, fale com ele.

- Eu não queria fingir nada.

- Pelo amor de Deus, me ajuda.

- Eu não posso ser presa! 

Lucca estava super descontente

- Não queria enganar meu amigo?

- Olívia, o que você fez foi muito grave, isso é crime! 

Ela começou chorar 

- Eu sei que errei, devia ter falado assim que chegamos no Brasil, eu quis contar. Acredite! 

Lola perguntou se ela não ia embora pra casa, ficar com a família, ingênua Olívia foi contando tudo, sobre os pais humildes e mais de idade, falou onde moravam, o que faziam da vida, confessou estar mentindo pra eles a semanas, também a preocupava ser a única responsável por Daisy. 

Lucca entrou no hospital, solidária Lola pegou as malas, guardou no carro e passou seu endereço, dizendo que podia a receber, até resolverem tudo. 

Olívia estava na sala de espera, quando Justin passou perto a ignorando e saiu, Lola se despediu perguntou se ela precisava de qualquer coisa, dinheiro, comer, muito educada Olívia só agradeceu, decidiu ficar por lá até poder conversar com os pais e explicar melhor. 

Foi ficar no quarto de Daisy e dormiu lá no sofá, não comeu nada e só pensava na possibilidade de ser denunciada. 

No outro dia cedo, Justin chegou muito sério, com flores para Daisy, entrou no quarto ignorando Olívia, que se levantou cabisbaixa

- Vou deixar vocês a sós.

- Sinto muito pelo o que fiz, espero que possa me perdoar um dia!

Ele retrucou amargo 

- Perdoar? 

- Você não enganou e brincou só comigo.

- Minha família toda acreditou em você.

- Eu nem tenho a coragem de contar o tamanho da minha burrice. 

- Você vai se arrepender amargamente, por ter me enganado dessa forma.

Ela começou chorar sentida

- Por favor, meus pais precisam de mim.

- Eu não te pedi nada, você só ajudou a ela, sua namorada de verdade.

- Foi tudo por ela! 

- Não vou contar nada a ninguém, eu não queria nada disso. 

- Por favor, Justin!

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