Naquela noite de sábado, cujo ar gélido se infiltrava pelas janelas entreabertas, Kalie e Rani se encontravam em meio aos preparativos para o jantar, mas suas mentes estavam imersas em reflexões sobre o rumo de suas vidas. Enquanto Kalie, com sua inclinação mais conservadora, buscava segurança e consolo em seguir algumas tradições que lhe foram incutidas desde a infância, Rani, por outro lado, abraçava sua liberdade com fervor, negando-se a ser enclausurada por padrões pré-estabelecidos.Para Kalie, a adesão a tradições era uma fonte de estabilidade e conforto. Ela encontrava segurança nas rotinas familiares e nos valores transmitidos ao longo das gerações. Desde pequena, aprendera a valorizar os costumes que moldaram sua identidade e guiaram suas escolhas. Assim, para ela, seguir as tradições não eram uma imposição, mas sim uma escolha consciente de permanecer conectada às raízes que a sustentavam emocionalmente.Por outro lado, Rani via as tradições como grilhões que aprisionavam a
Enquanto continuavam a conversar sobre seus cursos universitários e planos, as horas pareciam voar, e mal perceberam quando Badu se aproximou para interromper o momento.— Enzo, precisamos ir. Informou Badu, indicando que era hora de partir. Enzo se despediu e partiu com sua família, seguido por Jacob, enquanto Kalie e Rani retornaram para o quarto, onde finalmente puderam conversar a sós.Assim que Rani fechou a porta, suspirou e dirigiu-se à amiga.— O que achou do Enzo, amiga? Perguntou, demonstrando curiosidade.Kalie hesitou por um momento antes de responder.— Ele é bonitinho. Admitiu timidamente.Rani revirou os olhos com um sorriso travesso.— Ele é lindo! E está a fim de você. Precisa dar uns beijinhos nele. Provocou, encorajando Kalie.Kalie riu, mas não descartou a ideia.— Pode parar, Rani. Respondeu com um leve rubor nas bochechas.Rani, porém, estava determinada a encorajar a amiga.— Não estamos na Índia, Kalie. Você precisa beijar alguém. Insistiu Rani, incentivando-a
Naquela manhã de sexta-feira, Kalie seguiu para o escritório, com um misto de empolgação e curiosidade pelo que o dia reservava. Seu sonho de ser ao menos sócia de uma galeria de arte estava se tornando realidade a cada dia, e ela estava satisfeita com o rumo que sua vida tomava. Ao entrar na sala, foi surpreendida ao ver sua amiga Rani tão cedo no escritório. — Bom dia, querida! Que milagre é esse? Saudou Kalie, admirada. Rani, com um sorriso largo no rosto, respondeu animada: — Tenho uma surpresa maravilhosa para você. Rani, estendendo um envelope para a amiga, continuou: — Pegue e leia. Kalie pegou o envelope, um misto de expectativa e curiosidade se misturando em seus pensamentos. Ao abrir o envelope e retirar os papéis de dentro, seus olhos percorreram as palavras impressas, e aos poucos, seu sorriso se desfez, substituído por lágrimas que embaçavam sua visão. Ela parou de ler por um momento e olhou para a amiga, que ainda a observava com um sorriso no rosto. — Verdade? Kali
Rani, com entusiasmo palpável, exclamou: — Pessoal, temos uma surpresa incrível! Alguns amigos chegaram e estão nos esperando lá em cima, na área vip, eles liberaram nossa entrada. Vamos nos juntar a eles e tornar essa noite ainda mais memorável! Inspirada pela perspectiva de conhecer novas pessoas e compartilhar momentos especiais, Kalie seguiu-os com entusiasmo, ansiosa por explorar todas as possibilidades que aquela noite prometia oferecer. Enquanto a música pulsava no fundo, Enzo, com um sorriso no rosto, interrompeu sua dança. — Preciso de um minuto, vou ao banheiro. Disse ele, desaparecendo na multidão. Kalie e Rani, por outro lado, sentiram a garganta seca. — Vamos ao bar, estou morrendo de sede. Sugeriu Kalie, seus olhos brilhando com a perspectiva de uma bebida refrescante. Rani, sempre a amiga preocupada, concordou. — Claro, vamos lá. Não quero que você desmaie de desidratação. Disse ela, sorrindo. Jacob, vendo as duas se afastarem, decidiu esperar. Ele acenou para
Voltando ao início...Pietro, com uma expressão séria no rosto, conduziu Kalie de volta ao quarto. Ela estava tão confusa que mal conseguia resistir ou entender o que estava acontecendo. Assim que a porta se fechou atrás deles, ela se deixou cair na cama, tentando reunir seus pensamentos.Ela tentou lembrar do dia anterior, mas tudo parecia um borrão. Ela só conseguia se lembrar de sair de casa para a galeria. Levantando-se da cama, ela começou a andar pelo quarto, uma expressão pensativa em seu rosto. "Será que fui sequestrada? Por que estou aqui? E quem é aquele homem lindo e arrogante?", ela se perguntava, enquanto uma enxurrada de perguntas sem respostas inundava sua mente.Conforme as horas passavam, ela começou a se sentir enjoada. Sem ter certeza do que tinha acontecido na noite anterior, ela decidiu que precisava beber água, ou arriscava vomitar naquele quarto luxuoso e impecável. Ela caminhou até a porta e bateu, chamando:— Oi, tem alguém aí?Sentindo-se mal-humorada, enjoad
Kalie finalmente pegou o papel de forma ríspida e começou a ler. Seus olhos percorreram rapidamente as linhas do contrato de casamento que continha informações afirmando que ela estava casada com aquele homem à sua frente. Um sorriso sarcástico se formou brevemente em seus lábios antes de sua expressão se tornar séria novamente. — Você não acha que se eu tivesse feito isso, eu me lembraria? Sua incredulidade era palpável enquanto ela olhava diretamente nos olhos de Mattia. No entanto, ele não demonstrou surpresa nem hesitação em sua resposta. — Vejo que seu pai não lhe contou nada. Mas vou te explicar, se você ficar mais calma e se sentar. Ela permaneceu em pé, encarando Mattia com firmeza, recusando-se a ceder à sua tentativa de intimidação. No entanto, Mattia estava determinado a impor sua autoridade sobre ela. Com uma expressão séria, ele se levantou e se posicionou de frente para Kalie, aumentando a pressão sobre ela. Sua voz soou grave e autoritária quando ele ordenou: — Eu
Kalie deixou a sala com passos pesados, seu rosto ainda molhado pelas lágrimas que teimavam em escorrer. O que acabara de descobrir era como um soco no estômago, uma verdade tão amarga que mal conseguia processar. Como poderia seu próprio pai ter tramado algo tão cruel? Enquanto seus pensamentos tumultuados ecoavam em sua mente, ela se viu subitamente tomada por uma mistura avassaladora de emoções: raiva, tristeza, confusão.Caminhando em direção ao quarto, Kalie mal conseguia manter o equilíbrio. Tonturas a assaltavam, e uma sensação de náusea começava a se instalar em seu estômago. Cada passo parecia pesado demais, como se carregasse não apenas o peso de seu corpo, mas também o fardo de toda a verdade que acabara de descobrir. Seu coração batia descompassado em seu peito, como um tambor ensurdecedor que ecoava o tumulto de suas emoções.O corredor parecia se estender infinitamente diante dela, um labirinto sombrio que refletia a confusão em sua mente. Ela se viu desejando desesperad
Elas seguiram em silêncio até o andar superior da casa, onde entraram em um quarto que era completamente diferente do que Kalie havia visto anteriormente. O espaço era imenso, com uma cama king size coberta por uma colcha ricamente bordada que quase tocava o chão. Kalie observou com curiosidade o ambiente ao seu redor: havia uma estante repleta de livros, sofás confortáveis e as paredes do banheiro eram feitas de vidro, proporcionando uma sensação de amplitude e luminosidade. Enquanto Kalie ainda absorvia a beleza do lugar, a governanta que a acompanhava quebrou o silêncio:— Este será seu quarto a partir de agora. Sinta-se à vontade para tomar um banho. Do outro lado está o closet, o senhor Mattia providenciou roupas para você. Se precisar de alguma coisa, basta me chamar. Há um interfone ao lado da cama. Meu nome é Felicia.Kalie olhou para a bondosa senhora com gratidão e surpresa, e então comentou:— Eu não sabia que você falava a minha língua.Felicia respondeu com um sorriso cal