Kalie deixou a sala com passos pesados, seu rosto ainda molhado pelas lágrimas que teimavam em escorrer. O que acabara de descobrir era como um soco no estômago, uma verdade tão amarga que mal conseguia processar. Como poderia seu próprio pai ter tramado algo tão cruel? Enquanto seus pensamentos tumultuados ecoavam em sua mente, ela se viu subitamente tomada por uma mistura avassaladora de emoções: raiva, tristeza, confusão.Caminhando em direção ao quarto, Kalie mal conseguia manter o equilíbrio. Tonturas a assaltavam, e uma sensação de náusea começava a se instalar em seu estômago. Cada passo parecia pesado demais, como se carregasse não apenas o peso de seu corpo, mas também o fardo de toda a verdade que acabara de descobrir. Seu coração batia descompassado em seu peito, como um tambor ensurdecedor que ecoava o tumulto de suas emoções.O corredor parecia se estender infinitamente diante dela, um labirinto sombrio que refletia a confusão em sua mente. Ela se viu desejando desesperad
Elas seguiram em silêncio até o andar superior da casa, onde entraram em um quarto que era completamente diferente do que Kalie havia visto anteriormente. O espaço era imenso, com uma cama king size coberta por uma colcha ricamente bordada que quase tocava o chão. Kalie observou com curiosidade o ambiente ao seu redor: havia uma estante repleta de livros, sofás confortáveis e as paredes do banheiro eram feitas de vidro, proporcionando uma sensação de amplitude e luminosidade. Enquanto Kalie ainda absorvia a beleza do lugar, a governanta que a acompanhava quebrou o silêncio:— Este será seu quarto a partir de agora. Sinta-se à vontade para tomar um banho. Do outro lado está o closet, o senhor Mattia providenciou roupas para você. Se precisar de alguma coisa, basta me chamar. Há um interfone ao lado da cama. Meu nome é Felicia.Kalie olhou para a bondosa senhora com gratidão e surpresa, e então comentou:— Eu não sabia que você falava a minha língua.Felicia respondeu com um sorriso cal
A presença de Mattia ao seu lado continuava a ser uma fonte de desconforto para Kalie, mas por ora, ela se concentrou em suas próprias necessidades imediatas: descansar, recuperar-se e, eventualmente, encontrar uma maneira de compreender e confrontar a situação em que se encontrava.Apesar de sentir-se fraca e ainda um tanto atordoada, Kalie ergueu-se da cama com determinação, decidida a confrontar Mattia com sua recusa em aceitar sua suposta condição de esposa. Seus olhos faiscavam de indignação enquanto ela encarava o homem à sua frente.— Eu não preciso dos seus cuidados. Sua voz soava firme, embora um leve tremor denunciasse sua fragilidade física. — Não estaria assim se você simplesmente me deixasse ir embora.Mattia, por sua vez, parecia se divertir com a resistência de Kalie, emitindo uma risada sarcástica que ecoava pelo quarto.— Você ainda não entendeu, Kalie. Seus olhos brilhavam com uma mistura de desdém e determinação. — Não vai a lugar algum. Você é minha esposa. Aceite
Após a saída de Parganno, Kalie sentiu seu corpo ainda tremendo, uma mistura de emoções a dominava. Com passos hesitantes, dirigiu-se ao banheiro, onde a água quente do chuveiro parecia convidá-la para um refúgio temporário. Com gestos lentos, retirou sua roupa, permitindo que a água quente lavasse não apenas seu corpo, mas também sua mente turbulenta.Sob o chuveiro, enquanto as gotas de água caíam sobre sua pele, Kalie permitiu-se um instante de alívio, uma pausa no turbilhão de pensamentos que a assolava. No entanto, sua mente não tardou em voltar à realidade cruel que enfrentava. Enquanto a água a envolvia, sua mente trabalhava freneticamente, traçando planos de fuga daquela casa opressora. Sabia que não seria uma tarefa fácil, mas a determinação ardente em seu peito alimentava sua vontade de escapar.Após o banho revigorante, Kalie envolveu seu corpo nu em uma toalha macia e felpuda, sentindo-se momentaneamente reconfortada. Com passos decididos, dirigiu-se ao amplo closet, onde
Enquanto desciam as escadas rumo à sala de jantar, Kalie e Felicia avançavam em um ritmo lento, como se cada degrau representasse uma barreira a ser superada. Ao chegarem, encontraram uma refeição pronta para Kalie, disposta cuidadosamente à mesa. Enquanto ela começava a comer, Mattia surgiu, sua presença imponente preenchendo o ambiente. Ele se aproximou sorrateiramente, apoiando-se no encosto da cadeira de Kalie. Seu perfume envolvente preenchia o ar, mas Kalie se recusava a reconhecer sua presença. Ignorando-o, ela continuou a comer, mas Mattia quebrou o silêncio com uma pergunta:- Como se sente?Kalie interrompeu sua refeição, erguendo-se lentamente da cadeira. Encarando Mattia com desprezo, ela declarou:- Já que serei obrigada a viver aqui, quero meu celular.Sem esperar por uma resposta, ela virou-se e começou a se afastar, deixando clara sua determinação. Seu desejo por independência transparecia em suas palavras, enquanto ela prosseguia:- Quero minhas roupas também. Não gos
Quando Mattia deixou o quarto, Kalie finalmente permitiu-se olhar na direção dele. No entanto, seus olhos não encontraram os dele; em vez disso, ela esperou até que ele estivesse fora de vista antes de começar a agir.Minutos depois, Kalie estava pronta para dar o próximo passo. Com a determinação como sua aliada, ela saiu do quarto sorrateiramente, movendo-se com cuidado para não fazer barulho. Seu coração batia forte no peito, uma mistura de nervosismo e excitação diante da perspectiva da liberdade iminente.Ao descer as escadas, Kalie encontrou os corredores envoltos em silêncio, um presságio encorajador para sua fuga. No entanto, sua esperança foi momentaneamente abalada ao ouvir vozes se aproximando. Com rapidez e determinação, ela entrou na primeira porta que avistou, encontrando-se em uma sala espaçosa e pouco iluminada.Escondida na penumbra, Kalie aguardou até que os seguranças passassem, mantendo-se completamente imóvel para não chamar a atenção. Assim que se sentiu segura,
Naquela manhã de domingo, o sol brilhava intensamente lá fora, sinalizando mais um dia quente no verão de Toscana. Julho e agosto eram os meses mais quentes na região, com temperaturas que poderiam facilmente ultrapassar os 30 graus Celsius. Quando Kalie se espreguiçou na cama e abriu os olhos, deparou-se com Mattia em pé à sua frente, observando-a com uma expressão contemplativa enquanto ela dormia. Um sorriso se formou em seus lábios quando a viu acordar, e ele falou com gentileza:- Bom dia, minha bela dama! Parece que dormiu muito bem.Enquanto Mattia sorria e lhe desejava bom dia, Kalie, sem proferir uma palavra, virou-se para o outro lado da cama e levantou-se em silêncio. Seus passos eram lentos e determinados enquanto ela se dirigia ao banheiro, mas podia sentir os olhos de Mattia a acompanhando atentamente. Dentro do banheiro, ela trocou de roupa, buscando uma forma de se sentir mais confortável e preparada para o que estava por vir. Ao retornar para o quarto, Kalie notou que
Mattia estendeu a mão em direção a Kalie, num gesto que buscava ser reconfortante, mas ela reagiu imediatamente, puxando o braço para evitar o contato. A expressão de Mattia mudou, tornando-se séria, e ele segurou o braço dela com firmeza, o que fez Kalie erguer o olhar para confrontá-lo. — O que há de errado com você? Questionou ele, enquanto mantinha o olhar fixo nela. Mas antes que Kalie pudesse responder, Mattia prosseguiu, sua voz soando autoritária: — Já soube da sua fuga fracassada de ontem à noite. Não tente fazer isso de novo, senão serei obrigado a castigá-la. A tensão no ar era palpável, enquanto Kalie processava as palavras dele. Ela sentia uma mistura de raiva, medo e determinação. Por um lado, estava indignada com a forma como Mattia a tratava, como se fosse uma prisioneira. Por outro lado, sentia-se desafiada a encontrar uma maneira de escapar daquela situação opressora, mesmo diante das ameaças de Mattia. Eles entraram na biblioteca através da imponente porta de ma