Capitulo 3

- MÃE! - Gritei tentando fechar o ziper do meu vestido nas costas. Faz bem dez minutos que eu a chamo, mas ela não vem me socorrer - Tia Shara! Alguém!

- Oi querida - Shara entrou no quarto - Sua mãe está no banheiro. Deixa eu te ajudar ai.

Ela veio até mim e fechou com cuidado o meu vestido para não correr risco de rasgar. É um vestido azul que vai até um pouco acima do joelho. Um dos meus preferidos, e combina bem com a noite de hoje.

Pelo que eu pesquisei, nesses Luais, tem comidas de todos os tipos e sabores, danças, apresentações, hula hula, histórias contadas em círculo na fogueira, entre outros. Não posso ir em um lugar que eu não conheço, e tenho certeza que Enzo não iria me ajudar em nada no quisito fazer amigos e me enturmar.

Não sei porque ele pensa que é melhor pra mim se não arranjar nenhum amigo. Quem é melhor sem amigos? Deve ser ele.

- Você está linda - Shara falou. -Eu já fui em vários Luais e adorei todos eles. Não sei, mas tem uma mágica maravilhosa e a diversão nunca acaba. -Ela sorriu e abriu a porta do quarto - Conheci o amor da minha vida em um Luau. Ele me chamou para dançar, e até hoje dançamos e estamos juntos.

Sorri com esse conto de fadas. Pena que hoje em dia a realidade é mais dura que antigamente, e não tem nenhum príncipe encantado que vai me acordar com um beijo de amor verdadeiro.

Desci as escadas depois de fazer alguns ajustes. Todos estavam na mesa de jantar devorando a comida, só depois percebi que Enzo não estava.

- Se divirta, você não tem horas pra voltar - Minha mãe falou e piscou. Já meu pai começou a tossir.

Bom, e esperava que Enzo fosse me aguardar para ir comigo, mas me anganei. Nem sei porque ainda espero que ele seja um pouquinho, um mínimo possivel que existe, gentil comigo.

Saí de casa e logo já estava caminhando pela beira da praia. Se eu não tivesse tanto medo assim, soubesse nadar e se os peixes não morassem nela, eu pularia nesse mar sem pestanejar. A noite o azul é quase transparente, e reluz o brilho das estrelas e da lua. Fica muito lindo.

Muita gente estava chegando também e caminhando na mesma direção que eu. Procurei Bruno com os olhos por todo lugar, mas não consegui acha-lo. Me sentei em uma das cadeiras do balcão que servia as bebidas.

Os graçons estavam vestidos apenas com uma bermuda toda florida e com um tipo de pulseira cheia de folhas secas nas mãos e no calcanhar. Já as garçonetes estavam de saias floridas e com a mesma pulseira de penas. Achei interessante e engraçado.

Uma música havaiana era tocada ao fundo e vi algumas pessoas dançando ao centro, em um tipo de pista de dança da areia. Pra todo lugar que eu olho, tem pessoas e tochas fincadas na areia com fogo.

- Aloha! - Uma mulher abriu um sorriso imenso e colocou um colar de flores em meu pescoço.

O pior é que sempre tive a dúvida se Aloha significa "Olá" ou "Adeus". Ou os dois?

- Aloha - Bruno sentou ao meu lado -Você está linda Liz. Um chuchu!

- Um chuchu? Por acaso um chuchu é verde e redondo? Porque me compara a um chuchu? - Perguntei curiosa.

-É só uma forma de falar, calma. Vou melhorar - Ele limpou a garganta e ficou de pé. - A senhorita está magnífica esta noite, me daria a honra de uma dança?

- O quê? - Me espantei segurando a minha gargalhada inconveniente de sempre. - Você melhorou sim, mas dançar está fora de questão.

- Certo, mas até o final da noite eu danço com você. É uma promessa - Ele piscou. Seu sorriso é tão bonito que nem reparei em sua roupa.

Aproveitei para dar aquela breve espiada enquanto ele falava com um garoto ao lado. Sua blusa estava desabotoada, mostrando o seu abdômen totalmente definido. Claro, ele surfa e tem cara de um astro de cinema, não é uma surpresa de ter esse corpo.

Tirei minha atenção dele e olhei ao redor. Vi Enzo conversando com duas garotas, e parecia bem animado, do jeito que eu nunca vi. Ele estava de bermuda e com uma camiseta branca um pouco apertada, não pude deixar de reparar em seu peitoral.

Todos os garotos daqui são assim? Pra onde eu olho, só vejo loiros e morenos bonitos por todo lado, e garotas lindas e magrinhas se divertindo. Parece até o filme da Barbie.

Enzo encontrou meu olhar no seu e tive que disfarçar, fingindo que estava procurando alguém.

- Vou procurar uma pessoa, volto rapidinho - Bruno me disse e saiu de minha vista. Me virei para o balcão a procura de algo pra beber, mas...

-Aloha - Enzo apareceu ao meu lado e se sentou.

-Mas porque é que todo mundo tem que dizer aloha? Ninguém sabe dizer olá!? - Falei em tom de brincadeira.

- O problema não é o aloha e sim da sua arrogância. Se não gosta, deveria ter ficado em casa. - Ele se sentou ao meu lado.

- Eu sou a arrogante? - Sorri sarcástica - Você nunca se olhou no espelho? Ainda não entendo como tem amigos. Todos devem ser iguais a você pra te aguentar.

- Você acha mesmo que me conhece? -Ele virou sua cadeira para mim e arqueou uma sobrancelha -bPra começo de história, nem falei com você sua mimada. Eu falei "Aloha" pra garconete. Se não me conhece, não fale do que não sabe. Vim apenas pegar uma bebida para voltar a minha diversão com meus amigos. - Se virou para o balcão - Quem é o arrogante agora?

Eu quis falar alguma coisa, mas não consegui. Ele chamou a garconete e pediu uma água de coco.

- Certo, - Me levantei da cadeira com raiva pra sair logo de perto dele - Você me odeia, eu te odeio. Estamos quites.

Me olhou e deu de ombros. Apertei o passo para talvez ir embora. Ele tem esse poder de sempre estragar tudo apenas por aparecer. Mas tudo bem, vou ter troco. Não sei quando, mas vai ter.

-Você é a Liz? - Parei de andar ao ser puxada pelo braço por uma garota.

- Sim, sou eu. Te conheço?

- Não não. -Ela sorriu e estendeu a mão - Sou amiga do Enzo. Ele me falou sobre você. Meu nome é Alice

- Ele...falou sobre mim? - Como assim? A pessoa que não me quer com amigos, falando de mim para os dele.

-Sim. Disse que você está de hóspede na casa dele. Conhece alguém por aqui a não ser esse?

-Apenas uma garoto chamado Bruno.

- Vem, vou te apresentar algumas amigas minhas - Olhei para Enzo de soslaio e ele estava sentando conversando com um homem, olhando pra mim.

- Claro, vou adorar. - Sorri. Vou arranjar amigas, do jeito que ele não quer.

Ela me puxou até onde um grupinho de garotas conversavam alegres ao lado do palco meio escondidas.

- Meninas, essa é Liz. - Alice me apresentou para as outras garotas -Essas são Jhenifer, Sophia, Isabella, Kate, Emma e Maya.

Sorri para as garotas. Todas muito bonitas. Comparando-as a mim, sou apenas um pontinho em meio a redação.

- Aloha -Disse e algumas garotas foram simpáticas em sorrir de volta.

- Sim, aloha mesmo. Pode ir indo embora, estávamos em um papinho interessante aqui. - Jhennifer me olhou torto, junto com Emma. As outras ficaram caladas como se só falassem com permissão. Tenho certeza que esse aloha foi minha deixa pra ir embora.

- Educação mandou lembranças -Sussurrei e me virei para ir embora.

-Você disse o que? - Jhennifer se levantou e veio até mim - Eu não ouvi direito.

- Não ouviu por causa da sua arrogância - Mais uma vez eu me virei para ir embora. Dessa vez ninguém veio atrás de...

- Quem é você? - Um garoto parou em minha frente parecendo assustado.

- Sou... Liz... porque?

- Você é minha heroína. Ninguém fala assim com a Alice...

- Não sou heroína de ninguém. Apenas...

- Você não é daqui não é? Com certeza não. Fique sabendo que ela é a própria vingança em pessoa, e isso não vai ficar barato.

- E porque você está me contando isso? - Perguntei e cruzei os braços. Ele tem mais ou menos minha altura e é um branquelo de cabelo loiro com o sorriso mais fofo que já vi.

- Porque no momento que você a respondeu... Eu senti pena de sua alma.

Minha nossa, eu estou rodeada de loucos. Só faltava essa agora. Uma loira querer me matar por ter dito a verdade.

- Vem, você precisa se divertir. Pela sua cara o dia não foi tão bom - Ele falou e pegou em minha mão.

- M-mas eu nem te conheço!

- Sou Fernando, tenho dezessete anos, vou fazer faculdade de direito e sou uma alma disposta a te ajudar, se você quiser é claro. - Ele parou de andar e olhou pra mim aguardando respostas. Apesar de ser um maluquinho, tem cara de ser legal e ainda me avisou que posso morrer a qualquer momento, então...

- Ta bem! - Falei me arrastando.

Ele olhava pra todo lugar procurando alguma coisa. Seus olhos castanhos se arregalaram ao ver uma garota andar em nossa direção.

- O... Oi Rose - Ele disse e acenou. Ela apenas sorriu de canto e passou direto por nós sem dar a mínima.

- O terrivel caso do plebeu que se apaixona pela princesa - Falei e revirei os olhos. O pior que era mesmo. Pelo seu olhar dar pra perceber.

- Como você sabe? Está tão claro assim? - Ele me perguntou parecendo surpreso.

- Claro? Está mais que claro. Mas se eu fosse você, já tinha desistido.

- Porque? - Ele perguntou curioso e eu lancei meu pior olhar. - Ta, eu sei o porque. Ela é daquelas que tem que ficar com o cara mais bonitão. E eu não me encaixo nisso.

- Eu não te acho feio. - Admiti. Ele não tem nenhuma espinha, nem usa óculos. É apenas um cara normal que não usa bomba e não se esforça o melhor que pode para se vestir. -Apenas não se veste bem. Se for falar com ela, tem que fazer direito.

- Como assim?

- Envez de "O... Oi Rose" com um aceno besta, diga "Lindo vestido Rose" ou "Nossa, você pode ser ainda mais bonita!" Usaram essa cantada comigo e funcionou. - Ele prestou atenção em minhas dicas e pareceu confiante.

- Certo. Quando ela passar por mim de novo, eu falo. - Ele disse e se levantou. - Então Liz, vamos fazer alguma coisa?

- Como o que?

- Vai começar a apresentação do fogo. Vamos assistir, mas cuidado pra não se queimar. - Falou. Como assim não me queimar?

Nós paramos em frente ao palco e as pessoas se amontoavam junto, deixando mais apertado. Dois homens surgiram em cima do palco, carregando duas varas curtas cada um. Uma música diferente começou a tocar com barulhos de tambores e as varas pagaram fogo nas pontas.

Me assustei e depois ri com um grito que um dos homens deu. Eles começaram a giras as varas em uma velocidade incrível! Algumas mulheres também dançavam na velocidade da batida, requebrando a cintura com suas saias havaianas. Dança da Hula!

(Imagem)

Eles passavam as varas de mão em mão sem demonstrar nenhum medo pelo o fogo. Meus olhos ganhavam brilho a cada vez que jogavam as varas para cima, bem alto, trocando de mão.

A musica parecia estar acabando, quando eles dois colocaram um liquido na boca e depois assopraram o fogo, fazendo-o aumentar e vir na direção do público, terminando a apresentação.

Todos se assustaram, mas começaram a rir logo em seguida. Foi fantástico! Os aplausos vieram em seguida, enquanto a área do palco se esvaziava.

A única vez que vi uma apresentação assim, foi no filme Lilo e Stich.

- Legal não é? - Fernando falou animado e eufórico. Nem percebi que ele ainda estava comigo.

- Muito legal. - Ouvi o ronco do meu estômago - Estou com fome. Onde compra comida aqui?

-Comprar comida? Liz minha querida, temos um banquete inteiro ali na mesa, só para você.

Olhei pra onde ele apontava e meu queixo caiu. Aquela comida não estava quando eu vi. Esculturas de melancia e melão estavam na mesa, junto com várias outras comidas.

As frutas foram as únicas coisas que eu reconheci nessa mesa. Peguei um coquetel e um tipo de taco esquisito e todo recheado, mas é uma delícia.

- Você vai dançar comigo não vai? -Fernando perguntou procurando alguma coisa que goste para comer.

- Eu dançar? Não mesmo. Já recusei o Bruno e não sei dançar.

- É uma dança louca. Quem dança ruim, dança bem - Ele piscou - Toma esse coquetel logo pra te animar. Todo mundo tem que dançar no final.

- Tudo bem. Se a dança é como você fala, talvez eu não passe vergonha - Ele sorriu e passou o braço por meu pescoço.

Nós conversamos quase a noite inteira encostados no balcão e me sinto um pouco mais solta devido aos coquetéis que tomei. Nem tinha percebido que eram com álcool, e nem Fernando me contou que era. Ele disse que eu precisava me animar mais, e um pouco de álcool ajuda com isso.

- Gente, Bruno disse que voltava rapidinho e até agora não voltou! - Disse surpresa o procurando pelo local.

- Bruno? O gostosão? - Ele perguntou com um sorriso de canto.

- Bom, de todas as maneiras, sim. Ele mesmo - Ele me olhou e começou a rir - Qual é o problema?

- Ele só quer uma coisa de você e de todas as garotas. - Não entendi até ele arquear as sobrancelhas.

- Claro que não. Ele é gentil, muito diferente de alguns que eu conheço... -Falei olhando diretamente para Enzo bem distante de mim.

- Qual seu problema com Enzo?

- Tudo! Ele é arrogante, insensível, grosso... Tudo de ruim que existe! -Falei e deixei o coquetél cair da mão só de pensar nele.

- Nós estamos falando da mesma pessoa? Por que eu conheço ele desde muito tempo, e o que você falou não bate.

- Como assim não bate? Quer dizer que ele só é assim comigo? Impossível.

- Bom, nunca vi ele destratar ninguém e nem ser arrogante. Nós estudavamos na mesma sala, isso comprova - Ele parou de falar ao ouvir a música começar a tocar - Bom, deixa esse papo pra depois, agora vamos dançar.

Fernando pegou minha mão e me arrastou até a pista de dança, ou melhor, areia de dança. As pessoas se juntaram para dancar também e como ele havia dito, uma dança louca!

A musica era louca e as pessoas estavam dançando no mesmo ritmo, sem nenhuma coreografia certa, todos dançavam do jeito que bem entendessem.

- Vai Liz, se joga! - Fernando falou e começou a dançar também. Sua dança está mais pra dança do acasalamento das gazelas. Ele gira, pula, rebola e eu só sei rir. Pegou meus braços e me obrigou a dançar junto, e lá vou eu começar a dançar.

Mesmo não sabendo o que estou fazendo, ou não pensando, a sensação é muito boa. É como estar em uma rave, mas uma rave havaiana muito melhor e louca. Pulava pra um lado e para o outro apenas curtindo o momento, sem pensar em mais nada.

Sem perceber, eu já não dançava com Fernando, e sim com Bruno. Ele estava em minha frente pulando e segurando a minha mão. Quando reparei, ja havia parado de dançar e só o observava dançar sem acreditar que isso estava acontecendo.

- Gostando? - Ele parou de dançar e me encarou. Só nós dois estávamos parados em meio a multidão que pulava e vibrava ao ritmo da música.

- Muito - Repondi. Ele continuou me encarando e fez menção de chegar mais perto de mim, mas a música animada parou e as pessoas vaiaram o Dj por ter parado.

- E... Esse luau é bem diferente do que eu pensei - Puxei assunto.

- Chame de "Luau havaiano moderno a estilo do Bruno" - Falou e piscou.

- Meio grande não acha? - Gargalhei e ele foi junto.

Outra música começou a tocar, mas era romântica e lenta. Meus olhos encontraram os seus novamente. As pessoas ao redor estavam procurando alguém para dançar, enquanto nos encarávamos sem piscar. Meu coração acelerou e um sorriso brotou de seus lábios.

Antes de mais nada ou ao menos falar alguma coisa, fui bruscamente puxada para longe dele. Bati contra o corpo de Enzo e soltei um grito abafado pelo susto. Levantei meu rosto para encara-lo e logo me perdi em uma íris azul.

- O que está fazendo? Não podia ter simplesmente chamado? - Falei e me afastei procurando ar.

- Porque você ainda está com ele? Eu disse para não...

- Para com isso! Você não vai me dizer o que fazer toda hora Enzo. Odeio quando me dão ordens e você faz isso o tempo todo! Agora eu preciso voltar para meu acompanhante. - Disse por fim virando as costas para ele. Meu pulso foi apertando no mesmo instante.

Fui virada para trás em dois rodopios perfeitos e bati de frente com ele outra vez. Meu coração palpitava e a fala não saia. Nossas respirações se misturaram devido a proximidade de seu rosto ao meu.

- Acabei de ver seu acompanhante sair com uma morena linda - Ele apontou para o lado. Virei eu rosto e vi Bruno de mãos dadas com uma garota. Franzi o cenho fingindo não ter visto. - Dança comigo Liz.

- Vou ter que recusar - Falei tentando me desgrudar de seu corpo, mas ele segurava minhas mãos ao redor de seu pescoço.

- Isso não foi um pedido - Concluiu ele. Soltou as minhas mãos em seu pescoço e segurou minha cintura, ainda sem tirar os olhos dos meus. O que ele quer com isso tudo? Aposto que Shara pediu pra ele dançar comigo em troca de dinheiro.

Não vou questionar sobre isso agora, vou apenas dançar, mesmo sem minha vontade. A música já estava tocando e os pares estavam dançando no ritmo.

Olhou em meus olhos e me puxou mais para perto dele. Sua respiração estava em minha nuca enquanto dançavamos de um lado para o outro colados. Senti uma necessidade enorme de cair no chão devido as minhas pernas bambas, mas me segurei em seus ombros largos e firme, encostando minha cabeça em seu peito.

Por um instante raro e precisoso, eu me senti confortável ao seu lado. E, a cada segundo, sentia meu peito inflar e doer por dentro, só não sei o porque.

Enzo encostou sua cabeça na minha. Fechei os olhos para me permitir sentir o meu corpo flutuar em meio as nuvens.

Ele se movimentava sem pressa, e sua respiração estava cortada em meu ouvido. Soltou um suspiro pesado que me arrepiei dos pés a cabeça, me perguntando se isso estava realmente acontecendo.

A música parou de tocar e as pessoas aplaudiram com vontade. Nós dois continuamos do mesmo jeito, só que parados. Enzo se afastou de mim e só depois abri os olhos para ver se era alguma brincadeira, mas o vi olhando pra mim com seu rosto sério, como sempre.

Ainda sentia minha cintura com o peso de suas mãos. Ele continuava a me olhar como se só existisse a mim nessa praia e como se todo esse barulho em volta tivesse cessado. Arqueou uma sobrancelha estranhando alguma coisa.

- Liz! Onde você estava? - Olhei para fernado que sorria vindo ao meu encontro.

-Oi... Eu... Eu estava aqui dançando com o... - Olhei para frente, e Enzo não estava mais aqui. Olhei ao redor o procurando, mas não o encontrei. Revirei os olhos frustada, com certeza foi pago pra isso. Toda aquela história que Shara me contou, foi apenas para deixar o campo lovre para ele. Sou muito burra mesmo.

- Tanto faz. Você não sabe o que aconteceu.

- Se você ainda não me contou, não tem como eu saber.

- Eu falei com a Rose. Eu disse o que você falou e nós conversamos por dez segundos Liz! - Ele estava surpreso explodindo felicidade e alegria.

- Nossa Fernando! Parabéns! - Elevei a voz pra ele mostrando entusiasmo. Como é besta. - Tenho que ir pra casa agora Fê.

- Mas já? - Ele muchou a cara - Tudo bem então. Nos vemos amanhã? - esticou a mão.

- Mas é claro. Quem vai te dar conselhos de como conquistar a Rose? -Falei e ele gargalhou. Apertei sua mão sorrindo e saí caminhando para casa sozinha pela praia.

Não faço a mínima idéia de que horas são agora. Só sei que está muito mais do que tarde, se é que já pode estar perto de amanhecer.

Segui andando descalça, sentindo a areia molhada e gélida abaixo dos meus pés. Até que a noite foi boa. Só não tive o tempo que eu queria pda conversar com Bruno... Mas tudo bem.

Fernando parece uma pessoa bem legal, e já considero um amigo. Se não fosse ele, eu teria entrado no banheiro dos homens, devido a plaquinha que tem o desenho indecifrável.

Olhei para trás ao ouvir passos atrás de mim. Era o Enzo a poucos metros, caminhando para casa também. Virei pra frente e logo a lembrança da dança me veio a mente.

Será que ele foi pago? Não sei e nem vou perguntar. A noite foi muito boa e confesso que quis continuar a dançar com ele, mesmo depois música parou. Ele é uma verdadeiro pé de valsa, tenho que admitir.

Cheguei em casa e fui para a cozinha beber um pouco de água já que uma tontura quase me fez cair enquanto andava.

Subi as escadas e vi Enzo fechando a porta da casa. Quando cheguei no topo, a tontura veio novamente e quase caí com tudo escada a baixo, mas Enzo segurou minhas costas com uma mão. Não é efeito do álcool, eu bebi apenas alguns coquetéis que não tinham muito álcool, suponho.

- Você bebeu muito. - Ele falou segurando meu braço até a porta de meu quarto.

- Quase nada, apenas alguns coquetéis - Falei e abri a porta do meu quarto.

- Essas bebidas aqui tem muito álcool Liz - Ele falou e me ajudou outra vez a ficar em pé. - Você não é acostumada, por isso a tontura. Deve manerar.

- Eu sei. Mas estava uma delícia. Era de abacaxi! - Entrei no meu quarto e esbarrei em uma cadeira e em tudo em minha frente. Parece que o álcool está fazendo efeito só agora, e a vontade de deitar na cama é maior do que respirar.

- Você parece uma criança! - Enzo entrou no quarto e me pegou nos braços de surpresa. Olhei pra ele que estava com os dentes trincados e mantinha olhar fixo na cama. Ele tem olhos incrivelmente azuis, e não consegui resistir a tocar em seu rosto.

Me pôs sentada na cama ao sentir meu toque. Mas o que eu estou fazendo?

- Por que você está fazendo isso? Você não é assim - Me deitei sem ligar que estava sendo observada. - Você é um bipolar Enzo! - Bocejei e já senti minhas pálpebras pesadas se fechando e vendo a imagem dele embaçada - Para de ser assim... - Falei entre suspiros pesados.

Ele se abaixou até a altura do meu rosto continuando sério e abaixou o olhar frustrado, seu rosto ficando escuro a cada segundo, até eu apagar totalmente.

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