Mikhail Makialov

Desde que fui nomeado como ajudante do Consigliere, as coisas pioraram na Bratva, como se a minha promoção tivesse disperto a ira do delator. Eu não sei o porquê de Aleksander confiar tanto em mim, mas ele confia tanto que me enviou em uma missão secreta, para investigar a Yakuza de perto. Quando recebi a missão de vigiar a Yakuza, eu pensei que o meu irmão só me quisesse longe dele, para poder me investigar, mas não existe nada sobre mim. Eu fiz questão de apagar qualquer registo sobre a minha pessoa, para vários radares do mundo, eu sou simplismente um fantasma e em outros eu já estou morto. Não existe uma mísera possibilidade de ele encontrar alguma informação sobre mim, ele tem que ser muito bom para isso.

Faz só cinco minutos que voltei do Japão e desde, estou procurando a melhor de forma de informar ao meu irmão que, a família da esposa dele está envolvida nos ataques aos nossos navios. Talvez até seja ela a informante, até porquê eles não se amam, o casamento deles é só uma fachada. Eu não sei se no mês em que fiquei fora eles melhoraram o relacionamento deles, mas em todo caso, eu preciso falar para ele, o que está acontecendo.

Estou de frente a porta do escritório dele, meu irmão está vindo com cara de poucos amigos, parece que o casamento dele não melhorou em nada. Ele entra em seu escritório e faz sinal para que eu entre.

— Senhor, tenho novidades e elas não são boas — faço todo o possível, para que a minha voz saia neutra.

Não posso deixar claro que a saúde da Bratva não me interessa em nada, ele precisa olhar para mim como um soldado qualquer. Eu já vi as fotos de Nikolai Petrov e por mais incrível que seja, nós somos muito parecidos, eu posso até dizer que sou a cara dele.

— São boas ou más? Estou precisando de boas notícias — Aleksander faz uma piada de mau gosto, não sei se é para me testar ou algo parecido, mas está ridículo.

Eu não acho que fazer piadas, seja algo que um líder de máfia deve fazer, ele deve transmitir seriedade e respeito. Ele está tentando ser meu amigo ou o quê?

— Sinto muito senhor, elas não são boas, na verdade são péssimas — tento parecer um pouco triste, mesmo não sentido absolutamente nada.

— O que pode ser tão horrível que o ataque dos japoneses?  — questiona com cara de poucos amigos.

Ele finalmente assumiu sua postura de líder da maior máfia do mundo. Ele voltou a vestir a máscara de diabo. Quem está a minha frente, não é mais o meu irmão mais velho, é o diabo,  meu líder implacável.

— Bom! O Tanaka, não é mais o chefe da Yakuza, ele sofreu um golpe e parece estar preso na sede da Yakuza — dou os primeiros detalhes da minha viagem.

Estou começando pelas notícias leves, só para preparar o terreno, se eu começar com as notícias péssimas é bem provável que eu saia morto daqui, as acusações que farei são realmente gravis.

— Mas que porra, como assim, merda — Aleksander chuta sua cadeira e dá voltas pelo quarto.

Isso  é realmente péssimo para os dois lados, Aleksander e Tanaka não tinham uma relação de parceiros de negócios, mas existia respeito entre os dois. Esse novo líder provavelmente seja o alguém grotesco que não tem o menor respeito por ninguém, ele não se importou de trair o próprio cunhado, o desgraçado sempre quis o lugar dele. Quando cheguei ao Japão, a primeira notícia que recebi, foi que o rato traidor do cunhado do líder da Yakuza, tinha tomado o lugar dele.

— Ainda tem mais senhor, a péssima notícia não é essa — interrompo o momento de lamentação do meu irmão, preciso dar a verdadeira péssima notícia.

Eu não sei como é que ele vai receber isso, talvez ele mate a esposa por causa do que eu vou falar ou talvez no final, eu vá perder a minha vida.

— O que é agora? — Aleksander questiona irritado, ele está tão frustrado que é possível ver a fumaça saindo de sua cabeça.

Ele realmente anda muito estressado, talvez o casamento dele não tenha melhorado, o que me garante talvez alguma chance de escapar da morte eminente.

— Bom! A notícia é realmente péssima, nem sei como fazer isso — falo com um pouco de recio, não sei qual será a reacção dele.

O meu irmão não tem uma boa fama e sinceramente, qualquer passo em falso com ele é morte certa. Ele é conhecido por toda a Rússia, como o senhor do submundo, o diabo engravatado. De dia ele é um milionário bem sucedido e nas sombras, ele é o chefe da maior organização criminosa do mundo.

— Fala de uma vez Mikhail — Aleksander berra, sua mão b**e com extrema força na mesa ele está realmente puto.

Se a Yakuza decidir se unir a Cosa Nostra, nós estaremos fodidos, as duas máfias têm um bom arsenal de armas perigosas, o que pode gerar muito tumulto no conselho.

— A família da sua esposa está nisso — Murmuro bem baixo, talvez eu esteja realmente com medo dele.

Quando cheguei ao Japão e descobri sobre o como a família Constantine , está envolvida nos ataques, eu investiguei mais a fundo sobre quem realmente faz isso. Eu encontrei a mãe da minha cunhada como principal intermediária. Se a mãe está envolvida nos esquemas, o que impede a filha de também participar nos negócios da família? Exatamente, ninguém.

A expressão no rosto de Aleksander me pega de surpresa, ele não está chocado, nem furioso com o que falei. É como se ele já soubesse de tudo. Ele tem razão em receber o título de diabo. Ele sempre sabe de tudo, sempre está a um passo de nós meros mortais, caramba! Se ele sabe que a sogra dele está do outro lado, então, ele deve muito bem saber que eu sou o irmão dele. Porra! Eu preciso me cuidar ou se não, o meu plano, vai por água abaixo.

— Eu já esperava por isso, não me surpreende em nada, Giana Constantine é fria e muito ardilosa — retruca voltando a se sentar na cadeira. Ele parece mais tranquilo em saber que é a sogra dele.

É como se ele estivesse suspeitando há muito tempo, mas só precisava de uma prova concreta, ele já esperava por isso. Mas eu não terminei ainda, eu ainda suspeito da minha cunhada.

— Pode falar Mikhail, parece que não acabou ainda — Aleksander incentiva.

Coço a minha cabeça, tento acalmar a minha mente, se ele já suspeita da sogra dele, talvez sinta o mesmo sobre a esposa dele, afinal de contas, eles não se amam nem nada parecido. Poxa! Ele me incentiva a falar algo que pode causar a minha morte.

— Espero que o senhor não fique ofendido, mas o senhor não acha estranho os japoneses saberem exatamente quando e onde os nossos navios estam? — dou o meu primeiro palpite, só para chamar a atenção dele.

Os japoneses sempre estão a um passo de nós, para ter esse tipo de informação, só alguém muito próximo do meu irmão para tirar. Os soldados de baixo escalão não têm esse tipo de informação, então só os de alto escalão e alguém que tem passe livre para entrar na casa dele. Eu quero que o meu irmão comece a pensar, nas pessoas que estão a volta dele, as pessoas que cercam ele, eu quero que ele elimine seus suspeitos para cinco.

— Também achei Mikhail, alguém de dentro está tiran informações e precisamos encontrar logo essa pessoa — Aleksander fica alguns segundos pensando no que eu falei, depois de um tempo, ele concorda comigo.

Coitado, se ele soubesse o que eu vou falar, com certeza, ele ignoraria a minha opinião.

— Bom! Se o senhor me permite dizer, eu acho que é sua esposa — falo sem um pingo de medo.

Os olhos de Aleksander arregalam-se de raiva, ele está respirando pesado, com certeza vai me matar.

Bom! Acho que é o meu fim.