CAPÍTULO SETE

Amanda Collins

Assim que fechei a porta da sala daquele ogro arrogante, andei em passos firmes até a recepção, por algum motivo aquele homem me dá nos nervos. Ao passar por Natália vi que seu olhar mantinha uma expressão de puro ódio, pensei em colocar a limpo toda essa situação, pois exceto pelo demônio que me persegue,, nunca tive medo de ninguém e não será uma secretária esnobe que se acha importante  apenas por ter um cargo que ao meu ver não a faz melhor  que ninguém dentro da empresa. 

Quando iria me aproximar, uma outra funcionária apareceu e ficou conversando com a mesma, resolvi seguir meu caminho, pois não faltará oportunidade para eu ter a conversa que pretendo ter com ela, ao chegar próximo ao elevador, no instante em que apertei o botão as gargalhadas da Natália ecoaram pelo ambiente, o que acabou me distraindo, ao me mover esbarrei em uma muralha a minha frente, que fez com que os  meus óculos caíssem  do meu rosto, me abaixei para pegar e ainda atordoada ouvi uma  voz que me trouxe a realidade.

— Precisa de ajuda?

Levantei-me rapidamente erguendo o olhar me deparando com um homem alto com aparência jovial, ele possuía cabelos loiros, olhos verdes e vestia-se com um terno impecável, resolvi responder a sua pergunta.

— Não só estava distraída, mas obrigada pela sua atenção — o homem abriu um sorriso mostrando todos os seus dentes brancos perfeitamente alinhados, estendeu a mão e voltou a falar.

— Prazer, Matheus Aguiar.

— Amanda Collins.

— Então você é a famosa designer que nos presenteou com peças magnificas? Devido a um pequeno imprevisto não pude comparecer ao evento, mas soube o quanto seu trabalho foi elogiado por todos.

Após responder sua pergunta, ele soltou a minha mão, em uma postura galanteadora e um sorriso enorme na face ele continuou fazendo vários elogios, confesso que seu jeito me agradou muito, porém fomos interrompidos por uma voz que fez todo o meu corpo se arrepiar.

— Estou atrapalhando?

A perguntar fria de Erick me fez virar em sua direção e o encará-lo, quando eu iria abrir a boca para responder o homem ao meu lado em um tom irônico lhe dirigiu a palavra.

— Você costumava receber melhor seus clientes.

Seus olhos azuis estavam em mais tom escuro, ele por sua vez pediu ao Matheus que o acompanhasse, o mesmo pegou novamente em minha mão e me deixou admirada com sua atitude, e a levou até os lábios.

— Espero ter o prazer de revê-la novamente, pois diante de tamanha beleza já ganhei o meu dia.

Engoli em seco suas palavras, porém a voz do ser arrogante ao nosso lado me despertou de meus pensamentos.

— Acredito que a senhorita Collins tenha muito trabalho a fazer, o qual ela já deveria ter começado.

Voltei a minha atenção ao Erick e vi como ele me encarava com frieza, dei um sorriso para Matheus e me despedir dele. Assim que cheguei ao meu ambiente de trabalho encontrei Ramón que logo me arrastou para o restaurante da empresa, como sempre os momentos ao lado do meu amigo são sempre os mais agradáveis, após o almoço voltei  às minhas atividades, duas horas depois o telefone da sala começou a tocar,  Alicia como sempre ao ver que era do andar da presidência foi atender, depois de dar algumas gargalhadas me chamou e falou que Natalia tinha um recado do senhor ogro,  o que achei estranho pois há três horas atrás estive em sua sala.

Para aumentar  ainda mais a minha raiva daquele homem, faltando 2  horas para terminar o meu expediente ele pediu à Natália que me avisasse para fazer alguns ajustes nos desenhos que a mesma tinha acabado de enviar em meu e-mail e tudo deveria estar pronto até a reunião que aconteceria amanhã às  8 horas. Minha vontade era deixar tudo e ir embora desse lugar, mas como sempre as imagens da minha mãe sempre vinham em minha mente, é por ela que tenho que suportar todos os obstáculos.

As horas se passaram voando, todos já haviam terminado o expediente e me deixaram sozinha na sala, depois de três horas consegui concluir tudo, olhei para o relógio e já estava bem tarde, e se não me apressasse perderia o último ônibus. Assim que saí da empresa fiquei no ponto de ônibus não tinha ninguém e nem os veículos passavam mais na rua,  eu já estava nervosa e percebi que logo começaria a chover .Sou tirada dos meus devaneios por uma limusine preta  escoltada por vários outros veículos escuros parados   em  minha frente, o vidro é tão escuro que esconde até o assento do motorista, entrei em pânico, meu coração começou a bater mais forte  não pode ser,  ele me encontrou, quando pensei em sair correndo o vidro começou a descer e lá estava  o ser que ultimamente vive me irritando,  nunca pensei que algum dia iria ficar tão feliz ao vê-lo na minha frente . Meus pensamentos são interrompidos com o som da sua voz.

— Não deveria fica sozinha nesse lugar a uma hora dessa senhorita Collins.

A raiva percorreu por todo o meu corpo ao ponto de querer avançar em cima desse idiota.

— Se você não tivesse me pedido para fazer aqueles ajustes faltando duas horas para o termino do meu expediente, a essa hora já estaria em minha casa. — Ele me olhava como se estivesse surpreso com minhas palavras

— Acho que novamente você está equivocada, assim que iniciei a reunião com Aguiar pedi a Natália que enviasse o e-mail, e que lhe daria mais de seis horas para concluir tudo.

Não acredito que ela foi capaz de fazer isso, talvez esse era o motivo das gargalhadas da Alicia, mas logo ela terá o troco. Um forte estrondo de trovão faz com que eu pare de pensar em Natália e perceba que a porta do automóvel foi aberta.

— Vamos lhe darei uma carona até a sua residência. — Já iria recusar sua oferta, quando alguns pingos de água começaram a cair.

— Não seja teimosa daqui a pouco tudo ficará completamente deserto, ainda mais com essa tempestade que se aproxima.

Mesmo contra a minha vontade tive que reconhecer que ele estava certo, e depois do susto que levei ao pensar que fosse Nikolai não queria fica sozinha aqui, sem pestanejar resolvi aceitar a sua oferta. Assim que entrei no carro, falei o endereço e tratei de ficar bem distante do Erick, o ambiente estava impregnado pelo aroma intoxicante dele, o silêncio que durou alguns minutos logo foi quebrado.

— Mesmo querendo esconder sua beleza e com essa cara de quem comeu e não gostou, você continua linda.

Esse homem só pode ser bipolar como pode tecer elogios se o mesmo nem foi me dar às boas-vindas na empresa por me considerar tão insignificante, mas já está na hora de colocar tudo em pratos limpos.

— Você não precisar fala algo para agradar alguém se pensa totalmente ao contrário, até onde sei me considerou tão insignificante ao ponto de incumbir à outra pessoa a função de me recepcionar em sua empresa.

— Senhorita Collins não deveria levar em consideração fofocas que ouviu de terceiros, meus funcionários não são contratados por aparência e sim pela competência.

Engoli em seco suas palavras, realmente a não ser pelo dia do elevador Erick até agora me tratou até que razoavelmente bem para um arrogante, fiquei em silêncio e rezando para chegar logo ao meu destino.

Depois do que parecia ser horas de condução, com apenas o barulho da nossa respiração, fiquei aliviada ao ouvir o barulho sutil da porta do carro sendo aberta, quando ia sair do veículo percebi que a chuva ainda estava forte, ele por sua vez saiu do carro com um guarda-chuva e caminhou até o lado que eu estava, falei que não precisava, porém ele insistiu que me acompanharia até a entrada. Um vento frio percorreu todo o meu corpo me fazendo estremecer, ele vendo minha reação tirou seu paletó e acabou reiterando que deveria usar para me proteger.

Caminhamos até a entrada do condomínio, após agradecer pela carona quando ia entrar ele começou a falar.

— Acho que depois de fazer a gentileza de trazer a princesa até seu castelo, mereço pelo menos um sorriso.

Não me aguentei e dei uma baita gargalhada, esse realmente é um Erick diferente do ogro que encontrei no elevador.

— Sr. Lassiter, não sabia que meu chefe era assim tão comediante — fiquei encantada ao vê-lo sorrir, nem de longe parecia o homem de expressão fria da empresa, não demorou muito ele caminhou até seu carro, entrei antes que a tempestade aumentasse.

Assim que abri a porta, minha mãe ficou me encarando com uma expressão brava e bem preocupada, olhando fixamente para o meu corpo, só nesse momento percebi que acabei esquecendo de devolver o paletó do senhor arrogante. Depois de ouvir um sermão da minha mãe, que fez questão de me lembrar os vários motivos pelo quais eu  não posso jamais cogitar a ideia de ter um relacionamento com ninguém, pois, com o meu passado nossa permanência nesse lugar pode ser algo passageiro, tomei um banho e acabei caindo em um sono profundo.

Acordo em um sobressalto com os gritos da minha mãe, levanto-me rapidamente e quando me deparo com ela em minha frente, levanto o olhar e fico estarrecida com o objeto em suas mãos.

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