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Capítulo 3 (Mãe por acaso)

# James

Ela já tinha saído da minha sala e em poucos minutos minha secretária avisou que a senhorita Natalie tinha voltado e pediu para falar comigo, ela entrou e dessa vez fixei meu olhar nos olhos dela e não pude deixar de reparar que apesar de esta mal vestida ela e uma mulher linda.

— Senhorita Jones você esqueceu alguma coisa?

—Senhor Williams eu fiquei com algumas dúvidas e voltei para poder esclarece-las, eu lê que uma das cláusulas é dormir na mesma cama que o senhor?

Eu a observei cuidadosamente sua reação lentamente até que percebi a curiosidade estampada em seu rosto. Por fim, ela me questionou sobre dormir na mesma cama que eu e sobre a possibilidade de fingirmos ser um casal convencional na frente da minha filha.

— Senhorita Jones, uma das cláusulas mais importantes é que você terá que morar na minha casa, dormir no meu quarto e compartilhar a mesma cama que eu, por enquanto, junto com minha filha, pois ela dorme no meio.

Sua pele ficou vermelha e ela perguntou:

— Eu vou ter que ter relações sexuais com você?

A ideia não era tão ruim, porém, respondi o contrário.

— Eu tenho uma namorada com quem durmo fora de casa. Eu só preciso de você para ser mãe da minha filha.

Ela concordou, com o olhar distante. Natalie abaixou os olhos para o contrato em sua mão e, depois de um longo tempo pensativa, me respondeu:

— Então eu vou pensar sobre isso. Peço que você mande seus advogados colocarem a cláusula de não aceito ter relações sexuais eu quero isso por escrito no contrato, como uma nova condição.

Eu concordei sem problemas.

— Senhor Williams, quanto tempo eu tenho para lhe dar uma resposta?

Cruzei os braços e olhei fixamente para ela.

— Apenas 24 horas. Espero sua resposta por e-mail, o endereço está no contrato.

Ela assentiu e saiu da sala. Graças a Deus, minha filha não fez um escândalo porque estava na brinquedoteca e não viu Senhorita Jones sair.

Confesso que fiquei ansioso e checava meu e-mail a cada cinco minutos, enquanto esperava por sua resposta. Como se soubesse da angústia que estava me causando, Senhorita Jones me respondeu após seis horas, mas dessa vez foi positiva.

Passei meu número de celular por e-mail e pedi o endereço dela para que meu motorista pudesse buscá-la. Assim que ela chegou, minha filha a recebeu de maneira desesperada, doce e encantadora, pulando nos braços dela. Ela era morena, tinha olhos esverdeados, cabelos longos e possuía uma beleza rara e deslumbrante. Não sei por que, mas parece que a conheço a vida toda.

Saí de meus devaneios ao ouvir a voz da minha filha me chamando.

— Papai, vem aqui com a gente, chega mais perto, eu quero um beijo duplo de vocês nas minhas bochechas.

Eu olhei para Senhorita Jones e ela estava completamente constrangida com a situação embaraçosa que minha filha nos colocou. Para piorar as coisas, os pedidos de Dulcie não pararam por aí:

— Papai, agora abraça e beija a mamãe! — Ela pediu, batendo palminhas animadamente.

Olhei para Natalie em busca de seu consentimento e ela apenas balançou a cabeça positivamente.

Eu lhe dei um abraço leve e um beijo no rosto.

— Não, papai e mamãe, quero na boca! — Minha filha reclamou.

Para não contrariá-la, dei um leve beijo nos lábios de Senhorita Jones e saí de perto das duas. Apenas fiquei ali, admirando a cena linda enquanto elas brincavam de bonecas.

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#Natalie

Eu tive que me mudar para a casa do senhor Williams e, para isso, fui obrigada a mentir para a minha melhor amiga Gabrielle, com a qual eu divido o apartamento. Falei a ela que fui morar com o meu melhor amigo, Henry Xavier, que mora em Austin. Felizmente, ela acreditou e eu pude respirar aliviada.

Ao chegar na casa, os encontrei me esperando no andar de baixo e, assim que me viram, Dulcie veio ao meu encontro, pulou em meu colo, me abraçou e me encheu de beijos. O pior foi que ela chamou o pai para perto da gente e pediu para o homem me abraçar e me beijar. Foi uma sensação estranha e, graças a Deus, o beijo foi apenas um selinho casto.

Ele nos deixou a sós e foi para o seu escritório, enquanto Dulcie foi buscar umas bonecas no quarto para brincarmos.

— Mamãe, eu sempre sonhei em brincar com você.

Aquela criança fofa que estava na minha frente era totalmente carente do amor de mãe, e mesmo sabendo que o senhor Williams era um arrogante, insuportável e intransigente, eu tinha certeza de que ele era um pai presente e carinhoso, muito diferente do meu pai, que resolveu me abandonar por uma mulher.

Esse fato fez com que toda a grosseria e a sensação de horror que eu sentia por ele sumissem. Desde o início, achei que ele era um homem grotesco que não sabia tratar as pessoas que eram inferiores a ele, mas esse ato desesperado de contratar uma mãe falsa para sua filha me fez acreditar que até um homem como ele era capaz de amar. Confesso que não aceitei sua proposta somente pelo dinheiro, mesmo sabendo que toda aquela fortuna resolveria os meus problemas. Com ela, vou conseguir pagar a dívida do hospital particular e transferir a minha avó para cá, para um hospital que seja referência na capital. Além disso, vou poder ficar mais perto dela.

Brincamos a tarde inteira até escurecer; não vi o tempo passar. Dulcie é uma menina doce e mimada ao mesmo tempo, e seu pai faz tudo o que ela quer. Ela me pegou pela mão para mostrar o seu quarto e, no caminho, vi um homem saindo do escritório pessoal do Dr. Williams, muito parecido com o meu melhor amigo Henry Xavier. Não deu tempo de vê-lo direito, pois Dulcie logo me puxou pela mão em direção às escadas e me levou para conhecer o seu quarto, um quarto lindo digno de uma princesa.

Sua cama tinha um escorregador e seu formato era de um castelo. Ela ficou brincando de subir e descer do escorregador, e em todas as vezes me pediu para segurá-la.

Ela pulou em meu colo e me guiou para mostrar o seu closet, cheio de vestidos de festa de todas as cores. Havia também calçados variados, muitas roupas, acessórios de cabelo e brinquedos. Fiquei pensando que, mesmo tendo tudo o que ela tinha de bens materiais, nada era capaz de suprir a falta que uma mãe faz.

Ela não queria me soltar, o tempo todo ficou em meu colo e, quando não estava, segurava as minhas mãos com medo de que eu fosse embora ou saísse de perto dela.

— Princesa, seu quarto é tão lindo. Por que você não dorme em sua cama?

— Eu tenho pesadelos sempre com uma bruxa malvada que me tirou de você, mamãe! — Respondeu. — Me roubaram de você, eu sei que você nunca me deixou e nunca vai me deixar!

Aquela fala fez com que eu sentisse um aperto no peito, uma dor sufocante no coração. Uma sensação inexplicável, como uma agonia, me invadiu e eu não consegui controlar as minhas lágrimas, como se, de alguma forma, tudo o que ela disse fosse real.

Uma hora depois, enquanto brincávamos em seu quarto, uma senhora que deve ser a governanta da casa nos chamou para jantar. Dei um banho rápido na Dulcie, coloquei um pijama de ursinho e desci com ela para jantar, mas assim que nos sentamos à mesa, a menina começou uma birra.

Ela batia as mãos contra a superfície, pedindo por pizza.

— Mamãe, papai, eu não quero papa. Eu quero pizza e coca cola!

Nada foi capaz de acalmá-la. A gritaria era tanta que o pai dela tirou o celular do bolso para pedir a bendita pizza, mas eu o interrompi.

Acho que o meu radar de mãe responsável foi acionado.

— Querido, nossa filha vai jantar comida, nada de pizza. Isso não é saudável.

Ele me encarou por alguns segundos antes de aprovar minha intromissão.

O jantar foi leve: uma salada de folhas verdes, tomate, purê de batata e frango grelhado.

Dulcie não relutou para comer, precisou de ajuda com os talheres, mas não dei em sua boca. A sobremesa que seria sorvete, pedi para trocar por salada de frutas e assim que terminamos de jantar, decidimos assistir a um filme da Disney na sala de cinema, que, por sinal, era gigantesca. Sentamos nas poltronas aconchegantes, mas ela não estava contente, sentia falta do pai e por isso foi buscá-lo. Ela voltou para a sala minutos depois, arrastando-o pelas mãos e pediu para que ele se sentasse ao meu lado. Ela dormiu na metade do filme, aconchegada em meu colo. O senhor Williams a levou para o quarto e então senti meus músculos tensos: a hora mais temida daquele contrato chegou, a hora de dormir. Pedi licença para tomar banho, coloquei um pijama comportado, deitei de um lado da cama e ele do outro, com a Dulcie nos separando.

O pior de tudo foi acordar agarrada ao homem que me contratou. A Dulcie não estava mais entre nós, estava quase caindo da cama, com a cabeça virada para baixo. Minhas mãos estavam no tórax daquele homem e toda aquela proximidade dos nossos corpos me causou arrepio e um curto-circuito por todo o meu corpo. Num impulso, levantei assustada e saí correndo pela casa, com a mão no meu peito e me perguntando por que raios o meu coração estava tão acelerado.

Fui para a cozinha preparar o café da manhã deles, já que as empregadas ainda não tinham chegado. Fiz café, suco, ovos mexidos com bacon e panquecas com morangos, na expectativa de agradar a pequena. Não precisei me virar para saber que o senhor arrogante estava bem atrás de mim, pois senti a sua presença impactante emanando pelas minhas costas. Ele estava sem camisa, sua pele desnuda tocou meus braços e sua voz grossa atingiu em cheio meus ouvidos.

- Parabéns, senhorita Jones, pelo seu desempenho impecável no papel de mãe da minha filha!

— É apenas o meu trabalho - respondi.

Nosso café foi animado com a presença de Dulcie, uma criança doce, sapeca e muita mimada. Estava claro que seu objetivo era tentar juntar seu pai a mim, pois ela acredita que sou sua mãe. Ela está sempre pedindo para ele beijar minha boca e, graças a Deus, ele sempre se recusa, beijando minha bochecha ou o topo da minha cabeça.

A semana passou voando e a cada dia que passa, Dulcie está mais apegada a mim e eu a ela. Nunca me imaginei sendo mãe, entretanto, é uma missão tão importante e tão especial... Aquela criança era tão carente e, ao mesmo tempo, tão inteligente que eu tinha certeza de que, no fundo, ela sabia que eu não era sua mãe. Mas a vontade de ter uma mãe era tão grande que, no mundo da imaginação daquela criança, eu realmente era sua mãe.

Hoje era meu dia de folga e decidi ir ver minha avó no hospital de San Antonio. Foram 2 horas de viagem. Chegando lá, encontrei o médico que está cuidando do caso e ele cogitou a hipótese de desligar os aparelhos. Entrei em desespero e neguei imediatamente, pois só Deus tem o direito de levar a vida de alguém. Enquanto a observava, conversei com ela sobre Dulcie, contei tudo o que estava acontecendo na minha vida e falei até do meu chefe, o homem mais prepotente, intenso e lindo que já conheci em toda minha vida. Fiquei horas conversando com ela, pois acredito que ela ouve e entende tudo o que eu falo, mesmo estando em coma. Assim que eu receber meu primeiro salário, vou transferi-la de hospital para um hospital particular em Austin. Vou pagar a dívida que tenho lá e conseguir trazer um pouco mais de qualidade de vida para minha avó, que é o bem mais precioso que tenho.

Voltei para casa já à noite e o ônibus acabou quebrando à beira da estrada. Tive que ir para um hotel e, por falta de sinal do celular, não consegui avisar meu chefe, já imaginando que ele ia ficar uma fera.

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