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Capítulo 5 (Mãe por acaso)

# Natalie

Os dias passaram rapidamente e a semana praticamente voou. Dulcie se recuperou da intoxicação alimentar, mas para evitar problemas com meu patrão, decidi não ir visitar minha avó em San Antônio neste final de semana.

Os dias são sempre a mesma rotina: preparo o café da manhã de Dulcie, ajudo ela a se arrumar, levo e busco na escola na companhia do motorista da família e dou toda a atenção que uma mãe de verdade deveria dar. Faço tudo com o maior prazer. Meu patrão arrogante sempre toma café conosco e na frente dela, ele finge gostar de mim.

Estava distraída ouvindo música em meus fones de ouvido enquanto dançava animada quando senti a pequena Dulcie me abraçando por trás. Não dei dois segundos para que ela pulasse em meus braços.

Logo atrás dela entrou meu patrão com sua namorada, que aliás era uma mulher muito linda. Ela era loira, alta, magra e tinha o corpo semelhante ao de uma modelo. Pelo que entendi, ela era atriz, mas o que tinha de bonita, ela tinha de nojenta. Lembro-me do dia em que ela ficou falando sobre coisas íntimas com meu patrão, bem na minha frente. Não entendi o propósito e se foi para me provocar ciúmes, ela se deu mal pois não demonstrei nenhuma reação.

— Bom dia James — Falei.

Na frente de Dulcie eu tinha que chamar meu patrão pelo primeiro nome.

Ele me cumprimentou com um beijo no rosto a pedido de Dulcie e Dafne logo me lançou seu olhar de reprovação. Ela tinha uma voz irritante que me provocava um embrulho no estômago, pois me lembrava vagamente a da minha madrasta.

— Senhorita Jones, eu não como ovos e muito menos bacon! — Cruzei os braços e a encarei, debochada — Isso é gordura pura e faz mal para minha pele. Não tem caviar e torradas francesas? Quero também uma geleia de damasco e um suco verde.

James logo se manifestou e a repreendeu:

— Não está satisfeita com o café da manhã que a Senhorita Jones preparou? Pois vá comer em uma confeitaria de Los Angeles ou faça você mesma!

A loira aguada abriu a boca em forma de um "O" e o encarou, assustada. Depois de dividir a atenção entre nós dois e perceber que a guerra estava perdida, ela se levantou da mesa rapidamente e foi embora como um relâmpago.

Dulcie comemorou batendo palmas.

Mais tarde já estava me preparando para dormir, era meu dia de folga e tudo o que eu precisava era de um bom descanso. Assim que botei os pés sob a cama, meu celular tocou e encarei o nome da minha amiga apitando na tela. A saudade era tanta que atendi com entusiasmo.

— Oi boa noite amiga, estou com muita saudade de você!

— Estou em Austin na inauguração de uma boate — Gaby gritou do outro lado da linha, tentando sobressair sua voz do som alto — A festa está linda, animada… Vem amiga, vou te mandar a localização e não aceito não como resposta!

Como já era tarde e Dulcie estava dormindo, decidi sair para me distrair um pouco. Coloquei um vestido preto básico, uma sandália de salto alto e fiz uma leve maquiagem. Estava de folga, então decidi não procurar meu patrão para pedir permissão, somente avisei uma das empregadas que iria sair e que voltaria antes do amanhecer. Pedi um táxi e em menos de 20 minutos ele já estava no local.

Gaby estava me esperando do lado de fora e como ela já tinha pago minha entrada, não enfrentamos fila. Fomos para a área VIP e alguns minutos depois, começamos a dançar animadas. Bebi algumas doses de tequila e reparei ao meu redor: havia muitos homens elegantes e ricos que me encaravam, mas eu não estava afim de flertar com ninguém. Gaby desapareceu e eu fiquei sozinha. Nesse momento esbarrei em um homem alto e quando ele se virou, percebi que se tratava do meu patrão James Dylan Williams. Pisquei os olhos algumas vezes, eu estava um pouco alterada por conta da bebida e comecei a gargalhar. Ele estava acompanhado de sua namorada, a senhorita Dafne, que tinha uma feição mal humorada.

Meu patrão pediu licença a ela e me chamou. Ele me guiou até um canto, perto dos banheiros.

— Senhorita Jones, seu lugar é ao lado da minha filha, não dançando seminua em uma boate para chamar atenção dos homens! Minha namorada tem razão, você é uma caça-dotes e como eu não demonstrei interesse em você, você está tentando se exibir para conquistar um milionário, dançando de forma vulgar, igual uma vagabunda.

— Senhor Williams estou aqui em um momento descontraído aproveitando a minha folga e aqui você não manda em mim!

Nesse momento perdi toda a minha paciência e comecei a gritar:

— Quem você pensa que é para falar comigo dessa maneira?

— Sou seu patrão!

— Isso mesmo, ainda bem que você sabe, pois está agindo como se fosse meu dono e pelo que eu sei o tempo da escravidão já passou!

Esbravejei em seu ouvido, bem próxima do corpo dele. Ele desviou o rosto irritado e, para minha surpresa, colou a sua boca na minha. Suas mãos desceram pelo meu corpo apertando minha cintura, atiçando ainda mais a vontade de me perder em sua boca deliciosa. Mas eu precisava ser forte, então desviei e dei três passos para trás. Lembro-me que ele saiu comigo da boate, deixando a sua namorada para trás. Assim que cheguei em sua casa, tomei um banho frio, um café amargo e fui dormir.

Não me lembro de muitas coisas daquela noite. Na verdade, tudo parece um grande borrão em minha cabeça que agora parecia estar mais pesada do que uma bola de boliche. Acordei com uma enxaqueca terrível e assim que abri os olhos, tentando me acostumar com a luz do local, encontrei o meu patrão sentado na cama com um copo de suco de laranja e um comprimido na mão.

— Senhorita Jones, eu não acreditei quando vi o seu comportamento de uma vagabunda, dançando bêbada de forma sensual em uma boate!

— Senhor Williams, eu estou de folga, uma amiga me chamou para dançar — Expliquei perdendo o pouco de paciência que me restava — Que mal tem isso?

— Tem tudo! A senhorita está fazendo o papel de mãe da minha filha e não pega bem sair em um tabloide por causa de algum escândalo!

— Eu não estou entendendo nada, isso está me parecendo uma crise de ciúmes de um namorado ciumento e possessivo!

Ele se aproximou do meu corpo e me encarou. Seus olhos saíram dos meus e pousaram em minha boca e, ao invés de falar, ele me beijou, um beijo intenso que acabou me deixando com as pernas mais moles do que as de uma gelatina. Passei as mãos em seus cabelos, puxando-o para mais perto, uma atitude que nem eu mesma entendi. Antes que as coisas ficassem mais sérias entre nós, ele me soltou e eu quase caí sentada na cama.

Ele saiu transtornado do quarto e gritou:

— Isso não pode acontecer!

Fiquei surpresa, sem reação nenhuma e depois de alguns minutos parada, resolvi ir atrás dele para tirar satisfação.

Bati em sua porta e, como ele não atendeu, entrei em seu quarto sem permissão. Assim que botei os pés no cômodo, ouvi gemidos vindo do banheiro, que se misturavam ao barulho da água do chuveiro: ele estava com a mão em seu membro e fazia movimentos rápidos enquanto clamava pelo meu nome. Fiquei em choque com a cena e, ao me afastar, acabei esbarrando em um jarro. A peça balançou e, assim que caiu no chão, se partiu em mil pedacinhos, fazendo um barulho estrondoso.

Em poucos segundos ele estava na minha frente, enrolado em uma toalha, todo molhado e com os cabelos pingando. Não consegui olhar em seus olhos, então logo abaixei o meu olhar para o chão.

— Senhorita Jones, ou melhor, Natalie, o que você veio fazer aqui sem permissão?

Aquele era um quarto à parte da casa e ele era usado somente quando o meu patrão estava com a namorada. Dormíamos em outro, com a Dulcie, com uma estética totalmente diferente daquela em que estávamos. A decoração era escura, sombria e cheia de objetos estranhos. Nunca fui a um motel, mas pelo que a minha amiga já me contou, deduzi que esse quarto era uma réplica fiel aos de um motel de luxo.

— Eu vim aqui para pedir demissão. Eu não admito que o senhor ignorante me falte com respeito! O senhor já me insultou ao extremo, me chamando de vagabunda várias vezes sem nem ao menos me conhecer.

Ele pegou meu queixo com delicadeza e o levantou. Nossos olhos se encontraram e eu senti uma vontade absurda de ser beijada novamente por ele, quando ele suspirou e falou:

— Natalie Jones, isso está fora de questão. Eu não vou te demitir, pois a sua demissão não está em discussão, a multa rescisória é absurda e você nunca conseguirá pagar, minha filha precisa muito de você!

Ele não me pediu desculpas. Grosso!

— Senhor Williams, eu aprendi quando criança que quando a gente erra, no mínimo devemos pedir desculpas! O senhor foi intransigente, me agrediu com palavras desnecessárias e me beijou sem permissão.

Ele engoliu seco e respondeu:

— Natalie Jones, você não é tão inocente assim, você viu o que eu estava fazendo e você sabe muito bem que está mexendo com os meus sentidos!

— Senhor Williams, nossa relação tem que ser extremamente profissional — respondi, tentando ser firme — Eu sou uma mãe por contrato, uma babá que está sendo paga para cuidar da sua filha e nada mais que isso! Sentimentos entre nós dois estão fora de cogitação.

Ele assentiu.

— Certo, a senhorita tem razão, isso não vai mais acontecer!

Eu virei as costas e saí do quarto. Em nenhum momento ele me pediu desculpas por ter agido de forma tão grotesca! Apesar de ser lindo, cheiroso, atraente e realmente mexer com os meus sentidos, ele não vai conseguir mexer com os meus sentimentos.

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