“Nem todas as histórias de amor começam da mesma maneira. Às vezes, elas só precisam coincidir no mesmo tempo e espaço”.
Anna BarkleySara se levantou rapidamente da cadeira, foi até o balcão, pagou o café com algumas moedas e se dirigiu à porta. Faltavam só alguns minutos para a hora de entrar na empresa onde começaria seu estágio como assistente administrativa. Com uma das mãos, ela tentou abrir a porta lentamente, segurando o copo de café com a outra e tentando não derramar o conteúdo. De repente, sem perceber, ela tropeçou e derramou o café no elegante e caro terno do belo homem que estava entrando ao mesmo tempo em que ela saía.-Oh, meu Deus!- Ela disse com a boca aberta quando viu o que tinha acabado de acontecer.- Desculpe-me, senhor, por favor! Desculpou-se a jovem, repetidas vezes, arrependida pelo que tinha acontecido.A reação do homem foi inesperada e surpreendente para ela. -Você é uma idiota. Veja o que fez!- ele a agarrou pelo braço e a sacudiu. -Você é uma idiota mesmo!- Calme-se, Ben, foi apenas um inconveniente!- disse Davis tentando acalmar a situação.- O olhar de desprezo que Ben lhe dirigiu foi suficiente para que ele ficasse mudo.- Você é uma garota desajeitada demais! Não sei onde está a sua cabeça!Ela abriu os grandes olhos verdes como se quisesse atirar neles. – O que você espera que eu faça, comprar um terno novo para você ou que lave o que você está usando?- respondeu ela de modo irreverente.- Ah! Você gostaria mesmo de ter dinheiro suficiente para comprar um igual a este para mim.- respondeu ele zombeteiraente, tentando humilhar a jovem.- Eu posso ser pobre, mas você é um velho amargo e rude!- respondeu ela, sem nenhum traço de escrúpulo.Ben olhou para ela com espanto. Ninguém jamais havia ousado falar com ele daquela maneira.- Insolente! -ele disse violentamente, enquanto ouvia seu amigo murmurar para ele:-Deixe-a em paz, todos estão nos observando.- Ele pegou um lenço e o entregou a Ben.- Não dou a mínima!- respondeu ele com raiva, pegou o lenço e esfregou-o na mancha de café.Sara aproveitou a oportunidade para sair do local e correr em direção à empresa, que, para sua sorte, ficava a apenas alguns metros da cafeteria. Ela finalmente chegou ao prédio e olhou para o imponente letreiro dourado “Virtual Reality”. Sim, era ali, exatamente onde ela começaria essa nova etapa de sua vida; ela passou a mão, ainda molhada de café, sobre a jaqueta escura de seu uniforme azul. Ajeitou a gola da camisa e se preparou para entrar no local. O vigia a interceptou antes mesmo de ela colocar os pés lá dentro:- Aonde você vai, senhorita?- Ela olhou para o nome do homem bordado em sua camisa e disse com astúcia:- Sr. Carlos, sou uma das novas estagiárias, estou um pouco atrasada, você poderia me deixar entrar, por favor?- Ela olhou para ele com ar de súplica; o homem confirmou o nome dela no cartão que estava pendurado em seu peito.- Entre, Srta. Clark!- Sara acenou com as mãos em sinal de agradecimento.- Obrigada, obrigada!- ela caminhou rapidamente até a recepção e pediu para falar com o chefe da administração.- Você pode subir, é a sala 5ª. O Sr. Anderson ainda não chegou. Mas o restante dos estagiários já está lá.- A mulher respondeu gentilmente.Sara fez o sinal da cruz. Pelo menos não seria repreendida por chegar cinco minutos atrasada. Ela entrou no elevador, apertou o botão e cobriu o rosto com as duas mãos, pois em seu primeiro dia tudo estava indo de mal a pior.Naquela manhã, como nunca antes, ela dormiu demais; o despertador não tocou no horário que ela havia programado, então ela teve que se vestir e se arrumar rapidamente. Procurou na escrivaninha o cartão da escola que a credenciava como estagiária, verificou as gavetas e teve de se ajoelhar para procurá-lo debaixo da cama, a meia de náilon ficou presa na perna da cama e ela teve de tirá-la. Saiu de casa com tanta pressa que deixou para tras a sacola com o almoço que sua mãe havia preparado. Correu para chegar à estação de metrô a tempo, o que quase a deixou na mão, o que mais poderia acontecer com ela?- pregunta para si mesma na curta viagem de elevador.As portas do elevador se abr”ram, ela colocou o pé para fora do elevador, levantou a cabeça e todos os seus colegas olharam para ela com surpresa; geralmente Sara era a mais pontual, estava sempre impecável e bem arrumada, mas naquela manhã ela parecia ser outra pessoa.- Sara!- sua amiga Ann chamou bem baixinho. Ela caminhou apressadamente em direção a ela e a cumprimentou com um beijo no rosto:- O que aconteceu com você? Parece que você foi levada por um furacão.- Aconteceu todo tipo de coisa comigo, na cafeteria encontrei um ogro que me tratou como um mendigo de passagem.- Bem, ele estava quase certo, você parece uma pobre mesmo! Arrume seu cabelo! Meu Deus! Você está cheirando a café.- Ele disse com nojo e prendendo a respiração.- Eu tomei banho de café, Ann, que outro cheiro eu poderia ter?As duas moças ficaram sem palavras quando ouviram os passos da assistente-chefe do Davis Anderson, o diretor financeiro da empresa.-Bom dia, jovens. Eu sou Eliza Ferrer, supervisora direta de vocês e assistente do Sr. Davis Anderson. Sejam bem-vindos à empresa! Vocês me seguirão por este corredor até a sala da diretoria- disse ela cordialmente,- o Sr. Anderson e o Sr. Collins chegarão em alguns minutos. Lá vocês se apresentarão e serão informados sobre o departamento em que trabalharão.Os cinco jovens caminharam atrás da elegante loira.- Uau, eu vou dar uma olhada nela- murmurou Frank, enquanto olhava as curvas da elegante mulher.- Bem, por mais sortudo que eu seja, talvez seja a minha vez!- Richard respondeu sarcasticamente.O atendente abriu caminho e os cinco jovens entraram. Cada um deles ficou de pé ao lado dos assentos que ladeavam a elegante mesa de vidro.-Vocês podem ficar sentados, rapazes, mas assim que os chefes entrarem por aquela porta, serão recebidos de pé. Lembrem-se de ser respeitosos e muito tolerantes com eles. É importante que entendam que a primeira impressão que eles tiverem de cada um de vocês permitirá que os recomendem a outras empresas e, com sorte, se tornem parte da Virtual Reality.Sara suspirou profundamente, esse era seu sonho: trabalhar em uma empresa com o prestígio que a “Virtual Reality” tinha, mas sua ideia mudaria muito em breve.Ben entrou em seu escritório, ainda irritado, com o cheiro de café acentuado pelo ar condicionado.- Foda-se!- disse ele, segurando a lapela do paletó. - Acalme-se, pelo amor de Deus, parece que esse é o único terno que você usa. - Não, não é o único, mas você sabe que eu gosto de estar sempre apresentável. É a única coisa que devo à Erika.- Vinte anos de casamento e a única coisa que minha exmulher fazia bem era me ensinar sobre moda e elegância.- Para que mais serve a esposa de um designer de roupas masculinas?- Davis disse sarcasticamente. - Sim, você não precisa me lembrar que essa foi a minha pior decisão!- Eu não disse isso. Se fosse a pior, vocês não estariam juntos há vinte anos, nem teriam uma família linda. Ele deu a você três filhos lindos!- Sim, é claro. O que mais você poderia pedir? Andrew, um designer de ternos femininos, como a mãe dele; Jaspe, sem uma profissão honesta, blogando na Internet, viajando pelo mundo e gastando meu dinheiro suado; e o Michael,
Na hora marcada, todos os chefes saíram para almoçar. Sara pôde ver quando Davis saiu acompanhado do insuportável CEO e de um homem mais jovem. Ela andava distraída, verificando as mensagens da mãe, desejando-lhe “um ótimo dia”.- Sim, é claro! -resmungou por entre os dentes. Quando olhou para cima, deu de cara com Ann, que estava saindo do escritório de Ben Colling com uma caixa de papéis.-Desculpe-me!- Ela disse nervosa:- Você vai almoçar?- perguntou à amiga.-Não, não tenho tempo. Tenho que terminar de organizar isso. Parece que não há um assistente aquí há pelo menos uma década!- respondeu ela, enxugando o rosto.- Se você quiser, eu te ajudo. Saí tão rápido hoje de manhã que esqueci meu almoço na mesa, e também não vou sair para almoçar. - Você realmente me ajudaria?- perguntou ela com entusiasmo.- Claro que sim, é por isso que somos amigas!- sorriu Sara.Ann ficou sem palavras e, de certa forma, sentiu que havia sido injusta com a amiga. Durante o horário de trabalho,
Davis voltou do almoço e, quando entrou em seu escritório, Sara estava terminando de limpar seu ferimento.- Senhorita Clark, o que aconteceu com você? - Não foi nada, apenas um pequeño ferimento.- Você tem certeza? – Ele foi até ela para se certificar de que não era grave.- Sim, não se preocupe, está tudo bem.- Ela se levantou do sofá e foi até sua mesa.- Você consegue andar sem problemas? – insistiu ele, visivelmente preocupado.- Sim, não foi nada, sério!- Bem, você poderia ir ao escritório da minha assistente pessoal e pedir esses documentos?- Ele lhe entregou um pedaço de papel com os números do registro de que precisava.- Eu os trarei para você imediatamente.- Ela caminhou com certo desconforto, seu ferimento começando a latejar como um coração. Ela saiu para o corredor, o papel que estava segurando na mão caiu quando ele tentou fechar a porta do escritório do chefe, e ele pensou duas vezes em como se abaixar sem se machucar. Então, agarrou-se à parede e levantou
Sara foi para o quarto e se jogou de costas na cama. Ela não conseguia entender por que sua mãe estava disposta a esquecer seu pai. Ele era um homem maravilhoso, ela se lembrava dele assim, amoroso, atencioso e muito preocupado com sua mãe e com ela. Como sua mãe não se lembrava dele também?Cinco anos se passaram desde aquele momento terrível em que sua mãe saiu do quarto do casal, ela estava apoiada no corrimão da escada e, quando viu o rosto de sua mãe, soube imediatamente que algo terrível havia acontecido, Amanda anunciou a terrível notícia:-Meu amor, não havia nada que eles pudessem fazer, Anthony morreu. Lágrimas surgiram em seu rosto, como em todos os outros momentos, pois lhe doía não ver o sorriso gentil dele, não sentir seu abraço e apoio. Não que Sara não amasse sua mãe, mas ela era diferente de seu pai, era uma mulher distante e enigmática. E algo no fundo lhe dizia que seu pai havia tomado a decisão de desaparecer da vida deles por causa de sua mãe. Enquanto iss
Ben chegou à sua mansão, depois de um dia cheio de inconveniências e problemas. Primeiro, o choque com aquela garota na lanchonete, depois o inconveniente com Davis e, em terceiro lugar, as ligações de sua ex, às quais ele não se dignou a atender. Ele foi para o quarto, tirou a jaqueta e a deixou sobre a cama, ainda sentia o cheiro de café em suas roupas, por mais que tentasse tirar o cheiro com gel e perfume, não conseguia se livrar dele e também não conseguia tirar o culpado desse cheiro de sua mente. Ele sorri com satisfação ao se lembrar do corpo trêmulo e dos lábios molhados da nova estagiária quando ele a pegou pelos dois braços. Embora estivesse com raiva dela, ele não podia negar que gostava da ideia de sentir controle sobre ela.Ben sempre foi um homem obcecado por controlar tudo ao seu redor, mas a vida o fez perceber que isso era impossível. Seu casamento perfeito desmoronou quando ele descobriu que sua esposa o havia traído com seu próprio motorista. Enquanto ele esta
Uma hora depois, após convencerem Erika de que ela não poderia ficar naquele lugar, Ben e Erika voltaram para a mansão. - Eu não quero ir para casa e ficar sozinha- disse ela em meio às lágrimas. -Você pode, se quiser ficar em casa. Não tenho nenhum problema com isso.- Obrigado, Ben, pelo menos sei que meus filhos estarão lá. - Michael, sim. Andrew, não o vejo há dias, desde que você teve a brilhante ideia de cada um deles se tornar independente, só tenho notícias dele quando ele tem um problema de dinheiro.- Você não está querendo me culpar pelo que aconteceu com a nossa filha, não é?- Eu não disse isso, mas se eles estivessem em casa, tudo seria diferente. Você deveria pelo menos ter esperado até que eles estivessem um pouco mais conscientes. - Não foi você quem teve de lidar com eles. Era mais fácil para você fugir para o seu escritório. Você vive me culpando pela minha traição, mas não vê as razões pelas quais eu me cansei de esperar por você. Ben teve de cerrar os
Sara se levantou e foi ao banheiro, pois precisava acalmar o fogo que crescia dentro dela como lava ardente em erupção do Vesúvio. Quando sentiu a água fria do chuveiro, ela voltou à realidade. Minutos depois, ela se preparou para pegar o metrô, tinha tempo de sobra, o mesmo tempo que no dia anterior transformou sua manhã em um caos. Ela passou uma maquiagem leve, um pouco de blush, brilho labial e perfume. Ela queria estar bonita naquela manhã, queria parecer como sempre, bem arrumada. Pegou sua bolsa, colocou o almoço que sua mãe havia preparado para ela e saiu para o metrô. Quando chegou, não demorou nem cinco minutos para embarcar, ela se sentiu confiante e com poder naquela manhã. Tudo estava acontecendo do jeito que ela queria. Finalmente, ela desceu na estação e caminhou em direção à empresa. Parou para tomar um café no restaurante, talvez seu chefe insuportável estivesse lá, ela até pensou: - Vou até pagar um café para ele- Mas, ao entrar, olhou ao redor do local, Ben
- Eu sabia que algo havia acontecido com minha irmã, eu senti isso, senti um aperto no peito, mamãe. Não acredito que ela está… - A mãe o interrompe, pois não quer imaginar nem por um momento que sua filha poderia….- Não, Andrew, minha filha vai ficar bem, nada vai acontecer com ela. Sua irmã vai superar isso. - Sr. Collins, é verdade que a situação da sua filha é muito séria?- pregunta o repórter. Um olhar severo do CEO deixa a mulher um tanto desnorteada. - Vocês são todos escória! Só querem saber de manter o público satisfeito com notícias de tabloides. Vocês não se importam com a saúde da minha filha, saiam agora ou eu mesmo os expulsarei! – ele rosna.Andrew tenta acalmar o pai e interceder na frente dos cinegrafistas e blogueiros que continuam fotografando e registrando a cena, para eles, grotesca e agressiva. - Pai, acalme-se. Eles estão gravando tudo. - Não estou nem aí, Andrew. Tire esses desgraçados daqui. A equipe de vigilância da clínica assume o controle da d