Eu ainda não acredito em tudo que ouvi. Parece mentira que Helena não é o que eu sempre pensei. Por um momento, achei que estava sonhando e que a qualquer momento iria acordar, mas não, tudo é real mesmo. Após o término da reunião, que serviu mais para discutir a relação com Helena, tudo ficou esclarecido, menos meu sentimento, pois ela ainda acha que quero apenas enganar ela. O bom da reunião foi saber que o namoro de Helena com aquele garoto é falso, e amei ainda mais quando seus pais disseram que ela teria que ficar na minha casa por segurança. Fico aflito quando penso que algo pode acontecer com a minha ômegazinha. Eu daria minha vida primeiro só para mantê-la segura, longe daquele monstro. Agora estou aqui no carro com Henry. Ele está muito calado, então decido quebrar o silêncio. — Por que você está tão silencioso? — pergunta Henry. — Sei lá, cara, é tudo tão louco. Essa história da Helena ser filha da Deusa é surreal. — Eu que o diga, nunca passaria pela minha cabeça isso
Estamos no carro de Theo, ele ao meu lado e Henry está dirigindo, rindo da forma como estou tratando o amigo dele. Finjo que estou dormindo, mas só estou mesmo com os olhos fechados e tentando não rir das brincadeiras deles. Sinto Theo chegar mais perto de mim e segurar minha mão; esse homem ama contato. Toda hora que pode, ele está me agarrado. Eu sei que estou sendo dura com ele e jogando em sua cara toda hora sobre a rejeição, mas se ele está realmente afim de mim, isso não fará ele desistir de mim. Eles começam um assunto sobre a companheira de Henry e eu não resisto, abro os olhos e Theo me olha rindo. — Eu sabia que você não estava dormindo, estava só fingindo, né? — Só não queria olhar para a tua cara, só isso. Então, Beta, você já conheceu sua companheira? — Já sim! Mas creio que ela não sabe que é minha companheira e pode me chamar de Henry. Helena, somos todos amigos. — Tá, bom, e realmente, se for quem estou pensando, ela não sabe mesmo. Nessa hora, ele para o carro
Chegamos à casa da alcateia e, após falar com todos, eu subo com Helena para mostrar o quarto dela. E claro que dei ordens para que seu quarto ficasse ao lado do meu. Achei que ela iria reclamar e dizer que queria outro, mas até que ela aceitou bem. Logo, ela me disse que queria chamar Ana e aquele fulaninho para vê-la. No início, não quis aceitar, mas minha oncinha colocou as garras para fora e disse que não estava me pedindo, e sim me informando. Eu aceitei, o que poderia fazer? Além disso, ela que não se engane, porque vou ficar de olho naquele amiguinho dela desde a entrada até a saída. Pedi para ela deixar para desfazer as malas depois, para descermos e irmos almoçar, que todos estão nos esperando. Só não contava que, quando estivesse chegando à cozinha, sentiria o cheiro que está me causando raiva só de senti-lo. Ela para na porta e aposto que já sabe que Vanessa está aqui. Não acredito que essa garota vai atrapalhar meu primeiro almoço em família com minha companheira ao meu la
Estou há quase meia hora trancada nesse banheiro, fugindo de Theo. Ele, por um lado, tem razão: não posso me descontrolar e deixar a raiva me dominar. Mas aquela garota é muito sem noção; ela queria nos tratar como se eu fosse a amante, como se eu estivesse tomando o lugar dela de companheira, quando, na verdade, é o contrário: ela quer tomar o lugar que é meu por direito. Só espero não ter que ver a cara dela diariamente enquanto estiver aqui. Já não basta eu estar aqui contra minha vontade, ainda tenho que aguentar as crises de ciúmes sem fundamento dela. Eu só não quero ela perto de Theo, pois sou capaz de arrancar a cabeça dos dois. — Acho que quem não quer ela por perto é ele mesmo. Tu não viste a forma como ele nos defendeu dela e ainda afirmou nosso lugar ao lado dele — diz minha loba. — Verdade, e ela faltou soltar fogo pelo nariz. — Achei que foi pouco o que fizemos com ela. Eu cheguei até a salivar com vontade de colocar minhas mãos no pescoço dela e quebrar aquele pes
Parece que estou até sonhando, aqui deitado abraçado com a minha companheira. Sem contar que hoje foi ela quem teve a atitude de me beijar e ainda tirou seu anel para eu sentir seu cheiro. Se me perguntarem qual foi o meu momento preferido desses meus 18 anos, eu diria com toda certeza que é esse momento. O momento em que minha ômegazinha me deu um pouco de carinho e, se pudesse, eu pararia o tempo só para continuar aqui deitado, sentindo o cheiro dela. Ainda me pergunto como pude ter sido tão idiota a ponto de quase perder essa garota, que quanto mais conheço, mais apaixonado fico. Olho no meu relógio e já se passaram uma hora e meia que ela está dormindo agarrada em mim. Tento trazê-la um pouco para o lado, porque estamos de mau jeito na cama, mas ela acorda e eu me culpo. Podia ter deixado ela do jeito que estava. Ela se espreguiça e me olha. — Por isso que estava achando esse travesseiro tão confortável. — Pode aproveitar mais então, sou todo teu. Ela tenta se afastar, mas sou m
Tentei de todas as formas me controlar. Vanessa, como sempre, sentada na cadeira que fica ao lado de Theo. A questão aqui não é nem pela cadeira, e sim pela forma como Vanessa o chamou; nem mesmo eu o chamei de amor ainda. O ódio me cegou nessa hora. Rania queria ter feito muito mais do que apenas derrubá-la. Ela até tentou avançar em mim, mas Theo a impediu e, como consequência, ela rasgou o braço dele. Ela passou de todos os limites, mas, por muita sorte dela, a irmã de Theo a levou para longe de nós. Só espero nunca mais ver essa garota. Não vou negar que ver ele me defender balançou o muro que ainda está entre nós dois. Ele só está demonstrando a cada dia que realmente está arrependido, e não vou mais negar: eu amo esse garoto. Mas não irei me entregar por completo, pois ele ainda tem que aprender muito. A forma como trata os outros... sei que comigo ele mudou, mas tem muitas pessoas que ele ainda acha que é melhor. E eu vim para mudar essa hierarquia; vim para mostrar que todos s
Entramos no quarto e Helena está rindo, mas, do nada, ela para e observa tudo em silêncio. Ao passar pela porta, vejo o porquê do seu silêncio: o quarto está destruído, parece que passou um ciclone, deixando rastro de destruição por todo lado, e eu tenho uma ideia de quem aprontou isso. Faço uma ligação mental com Henry e Artur e digo para eles virem ao quarto de Helena. Vejo que os olhos de Helena mudaram de tom e isso é sinal de que sua loba está querendo controle. Chego perto dela e a abraço forte. — Foi ela, não foi? — Ela diz, tentando recuperar o controle do seu corpo. — Sim, meu amor, já chamei Henry e Artur e vou mandá-los pegá-la e dar um castigo. — Não faça isso, apenas mantenha-a bem longe de mim e fique aqui perto de mim, porque minha loba quer ir atrás dela e, se ela sair, não conseguirei controlar. — Estou aqui, meu amor, não sairei de perto de você. Escuto os passos deles e, quando eles chegam à porta que está aberta, Artur comenta. — Por que o quarto de Helena est
Como ele pode dizer para eu assistir algo como se eu fosse conseguir assistir sabendo que ele está a alguns metros de distância de mim, e vamos ter que dormir no mesmo quarto, na mesma cama? Eu sei que à tarde dormimos juntos, mas isso é totalmente diferente, pois dividir o mesmo quarto é para quem tem bastante intimidade com a outra pessoa. — Calma, Helena, difere porque estamos no quarto do nosso companheiro, então é o mesmo que ser nosso! — Eu sei que ele é nosso companheiro, mas ainda assim não dá para ficar confortável em ter que dividir o mesmo quarto. — Verdade, Helena, tudo ainda é novo, mas vamos nos adaptando aos poucos. — É verdade, só que nunca tive que dividir espaço com ninguém. Agora tudo está virando de cabeça para baixo, não podemos nem dar uma volta pela alcateia sem correr o risco de ser descobertas. — É, e se saímos, tem que ser com ele, pois ele consegue nos acalmar. Ultimamente, estou sentindo que nosso poder está à flor da pele. Temos que encontrar uma forma