Eu abri minha boca para lhe dizer que eu não era Jane, mas de repente me lembrei do que Jane tinha dito sobre este negócio. Se eu o corrigisse e ele pedisse para falar com a minha irmã, eu teria que admitir que ela não estava aqui e isso poderia ser mal interpretado. Com a Sra. Breashears foi diferente. Ela era a contratante e sabia que se Jane não estava aqui era por algum motivo compreensível. Não sabia o que esse homem pensaria.
— É bom ver você também. — Eu apertei sua mão estendida. — Espero que tudo o tenha agradado esta noite.— Bastante. — Ele deu um aperto de mão amigável antes de soltar minha mão. —Tenha uma noite maravilhosa.— Você também. — Eu continuei sorrindo mesmo quando ele se afastou.Eu só esperava que ele não falasse com ninguém que realmente saberia que eu não era Jane. Andei em torno do perímetro da sala, dando acenos e sorrisos para quem olhava para mim, tentando parecer ocupada demais para parar e falar com qualquer um. Felizmente, as pessoas acharam que eu realmente era minha irmã, e os que não caíram nessa, pareceram entender que ela tinha me enviado em seu lugar porque estava em outro lugar ocupada.Eu estava terminando de fazer um círculo completo quando alguém entrou no meu caminho. Parei abruptamente, quase tropeçando, mas uma mão me pegou pelo cotovelo, me firmando no chão. O calor me inundou, tanto de constrangimento na quase colisão como pelo toque do estranho.Eu olhei para um homem vários centímetros mais alto que eu e encontrei um par de olhos cinza ardósia. Ele tinha um rosto de beleza clássica, com a combinação certa de bonito e robusto, com um queixo forte e apenas um traço de barba tão bela que era quase invisível. Seu cabelo era meio loiro meio castanho, não soube dizer, do tipo que eu imediatamente associei a praias e surfistas. O smoking caro que ele usava, no entanto, era muito elegante e não tinha nada a ver com quem curte pegar ondas por aí.— Sinto muito. — Disse ele com a voz baixa. — Eu não queria assustá-la.Eu quis dar um passo adiante, deixar sua mão envolver minha cintura e me jogar em cima dele. Mas ao invés disso, e de forma muito mais sensata, eu me afastei.— Eu estava distraída. — Eu disse com a boca seca. — Tentando me certificar de que tudo está perfeito.Ele sorriu e uma covinha apareceu em sua bochecha. É claro que ele tinha uma covinha também. Tinha que ter. Mas que porra, ele era lindo demais.— Eu não esperaria nada menos, senhorita Hunter. Esta empresa tem uma boa reputação a defender.Eu balancei a cabeça e tentei pensar em algo que não me faria soar como uma idiota. Felizmente, ele me impediu de precisar falar.— Reputação significa muito para mim. — Ele enfiou a mão no bolso e tirou um cartão de visita. — Eu tenho uma proposta de experiência para você. — Ele estendeu a mão, e eu automaticamente estendi a minha para pegar o seu cartão. — Uma experiência para saber se você pode ser... bem... digamos, submissa.Eu olhei para ele com descrença. Ele acha que eu não posso seguir ordens? Por acaso ele acha que eu estou aqui e não estou cumprindo meu dever? Eu sou subordinada à minha irmã, ora essa. Eu posso ser uma ótima submissa.Ao ver minha cara, ele riu e ficou absurdamente mais bonito.— Pelo menos considere. Poderia ser muito benéfico para você.Fiquei olhando enquanto ele se afastava, tentando imaginar do que ele estava falando. Seria possível que aquele homem maravilhoso de ombros largos e corpo musculoso, usando um smoking com um corte perfeito tivesse me oferecido um emprego?Eu olhei para o cartão. Apollo Hendrix. Havia um número de telefone e um endereço de e-mail, mas nada que explicasse quem era esse homem ou o que ele estava me oferecendo. Ou por que no mundo ele iria até uma pessoa aleatória e ofereceria um trabalho com ele. A menos que essa fosse a forma como as coisas eram feitas aqui.Talvez ele tivesse falado com Kimberly e ela tivesse mencionado que eu só estava nessa posição de gerente de negócios da Jane temporariamente. Isso fazia sentido de alguma forma, especialmente se Kimberly, realmente, queria este trabalho. O que não fazia sentido era que um homem tão bonito e rico quisesse ter uma gerente de negócios que mal tinha largado a faculdade. Mas, ele disse que era uma proposta de experiência, certo? Talvez ele soubesse que eu era uma recém-formada, afinal, só porque ele parecia ser podre de rico, não significava que deixasse as coisas nas mãos dos outros, levianamente.Um ruído vindo da cozinha me fez sacudir a cabeça, lembrando-me da verdadeira razão de eu estar aqui. Não era para receber ofertas de emprego de homens bonitos. Eu já tinha um trabalho, e agora, isso significava descobrir o que aconteceu na cozinha.Eu pensaria sobre Apollo Hendrix mais tarde.Talvez, enquanto saboreasse um copo de vinho e um banho quente. Ele era lindo demais para não pensar nele enquanto estivesse nua.Mas esse não era o momento para isso.Corri para a cozinha, esperando que minha sorte não tivesse acabado e que não tivesse acontecido nada demais por ali.Eu estava exausta, realmente exausta.Eu estava acostumada ao trabalho duro. Desde crianças, todos na minha família trabalhavam no nosso negócio de autopeças; eu trabalhei meio período quando fazia faculdade e mesmo assim mantinha minhas notas em alta. Não era incomum ter apenas algumas horas de sono por dia, especialmente na fase final da faculdade.Mas esta noite... Balancei minha cabeça enquanto observava o último dos funcionários sair. Jane estava a caminho, finalmente, tinha conseguido que as coisas dessem certo. Ela me pediu para esperar no restaurante para que pudéssemos voltar para o apartamento juntas. E enquanto eu esperava, encostei-me ao balcão e tirei os sapatos com um suspiro de alívio. Eu tinha sido inteligente e escolhido sapatos confortáveis, mas nem mesmo eles evitaram que meus pés estivessem pedindo socorro desesperadamente.Enfiei a mão na minha bolsa e tirei o cartão de visita que Apollo Hendrix tinha me dado. O que ele poderia querer que eu fizesse? Eu tinha que admitir, mesmo que tivesse adorado a última semana de trabalho com a Jane, eu estava tentada a aceitar sua oferta de emprego. Mas eu também tinha que admitir que era menos porque eu queria um trabalho diferente, e muito mais, porque eu queria conhecer o homem que o ofereceu.Fazia tempo que eu tinha conhecido um cara interessante.— Como foram as coisas? — Jane perguntou assim que entrou. Sua expressão era estranhamente contida, como se ela estivesse mantendo o que ela estava sentindo sob controle.— Correu tudo bem. — Eu respondi. Ela teve um dia ruim, e eu não conseguia me lembrar de como ela normalmente reagia ao estresse. Se esta era a sua maneira de manter seu temperamento sob controle, eu não iria dizer nada para mudar.— Já que eu não recebi nenhuma ligação da Sra. Breashears, eu assumi que significava que nada explodiu, e nós não demos a ninguém uma intoxicação alimentar. — Ela me deu um sorriso que não chegou a atingir os olhos. — O que você achou?Corri a mão pelo meu cabelo. — Hum, não é nada mau, eu acho.— Vamos. — Jane fez um gesto em direção à porta. — Você pode me contar tudo no caminho de casa.Nós pegamos um táxi mais fácil do que eu imaginava, e eu passei a curta viagem de volta para o apartamento falando sobre a noite. Ela fez algumas perguntas, mas já parecia saber as respostas. Eu queria a
Era isso mesmo. Apollo não me queria. Ele queria a Jane. Mesmo que fosse apenas para um trabalho, isso doía.— Eu acho que sim. — Jane concordou. — Então, fique longe dele.Ficamos em silêncio por um minuto, mas havia algo ainda me incomodando, e eu não podia deixar para lá.— Por que ele acha que você gostaria de trabalhar para ele? Quer dizer, o restaurante está indo bem, não é? Sabe, por mais que ele tenha dito que era algo temporário, acho que no fundo ele quisesse que fosse permanente.— Deixa para lá, Jessica.Ela parecia irritada, mas isso não me impediu de continuar.— O que está acontecendo, Jane? Você vem planejando este evento há semanas, em seguida, alguns problemas com o carro te impedem de chegar à festa. Então um cara gostoso me dá o seu cartão de visita e me oferece um trabalho e...— Ele não estava oferecendo um emprego. — Ela me cortou. — Você é muito ingênua, pelo amor de Deus. O tipo de subordinação ou submissão do qual ele falou não foi para um maldito emprego, Je
Em que inferno eu tinha me metido?Olhei para mim mesma no espelho quando me fiz a pergunta novamente. Quando eu disse a Jane que eu queria conhecer o seu mundo, não era isso o que eu tinha em mente.Ou era?Uma pequena voz na minha cabeça falou que sim. Eu estava tentando ignorá-la desde esta manhã quando Jane me acordou para me dar a resposta que ela não tinha me dado na noite passada. Ela me disse que iria me levar em um lugar que poderia me dar uma ideia melhor do seu... estilo de vida.Mas primeiro teríamos que ir às compras.Eu fiquei um pouco irritada com isso porque pareceu que ela tinha acabado de dizer que eu não tinha nada bom para sair. Então ela me mostrou o que planejava vestir, e eu percebi que ela estava mais do que certa.Eu tinha muitas roupas e já tinha ido à festas em clubes antes. Minhas roupas eram bonitas e de certa forma, sedutoras. E eu ficava bem em todas elas, de um jeito que nunca me senti deslocada. Mas com nenhuma dessas roupas eu poderia ir ao clube em q
Gostaria de saber se alguém estava notando que eu estava me esgueirando para as sombras. Não porque eu não queria ver o que estava acontecendo no palco, eu queria. Parte de mim estava envergonhada por ver algo tão íntimo em um lugar público, mas mais de mim estava constrangida pela forma como eu estava gostando. E um olhar de soslaio para Jane me disse que ela sabia exatamente como eu me sentia.Não importa o quanto eu estivesse envergonhada, porém, eu não podia olhar para outra coisa que não fosse a cena à minha frente. Jane me deu um curso intensivo durante o dia sobre o BDSM, então eu sabia o que estava acontecendo. Mas saber e entender eram coisas completamente diferentes.Um homem bonito, jovem e de traços finos, estava amarrado a um X gigante no meio do palco. Ele estava nu, exceto por duas coisas – um colar em volta do pescoço, e um anel de metal em torno da base do seu pau. Seu corpo não tinha pelos, mas eu não estava perto o suficiente para dizer se ele era assim mesmo natura
A música de fundo aumentou quando Miranda levou para Jason fora do palco, seu pau ainda estava duro como pedra, mas ninguém pareceu se importar. Virei-me para Jane.— Então ele não pode... sabe, gozar?— Não até sua dona lhe dar permissão. — Uma voz masculina respondeu à minha pergunta, e a expressão pétrea de Jane me disse exatamente a quem pertencia essa voz de barítono.Apollo estava vestido com um terno cinza carvão que, de alguma forma, o fazia parecer ainda melhor do que em seu smoking. Ele estendeu a mão para a minha irmã primeira.Claro.— Você deve ser Jane Hunter. — Disse ele, falando alto o suficiente para ser ouvido sem gritar.Ela tomou sua mão e balançou a cabeça, em seguida, me deu um olhar afiado quando Apollo virou-se para mim.— Eu devo lhe pedir desculpas. — Disse ele, dando um passo para mais perto de mim do que ele tinha feito com Jane. — Eu cometi um erro na noite passada. Me dirigi a você como Srta. Hunter, sem perceber que havia duas. Permita que eu me apresente
Nós ficamos próximos o suficiente para que eu pudesse senti-lo duro contra minha coxa, mas ele não tentou apalpar minha bunda e quando eu o peguei olhando para os meus seios, ele apenas sorriu e deu de ombros.Era disso que eu precisava. Um lugar para me soltar e me divertir um pouco. Eu podia ver agora por que a Jane amava esta cidade. Todo mundo podia ser quem era e não precisa se preocupar com o que pensavam as outras pessoas. Ninguém se importava que eu estivesse em um lugar como esses, com homens com correntes – como um cara à minha direita com quem eu dancei uma música – e vestidos com couro – igual ao homem à minha esquerda, que esperava por uma oportunidade. Cada um cuidava da sua própria vida.Em algum momento durante a noite, meu parceiro da direita saiu do meu lado e o homem da esquerda tomou seu lugar. Eu não sabia dizer se algum deles esperava algo mais de mim, mas eu também não me importava. Ninguém estava forçando nada comigo. Eu consegui pegar alguns vislumbres ocasion
Eu não entendi porque me sentia tão mal com apenas dois shots de tequila, especialmente porque eu tinha comido bastante antes de vir para cá e bebido muita água. Ainda assim, a terra girava e meu estômago estava dando votas e mais voltas. Eu tinha o pressentimento de que passaria várias péssimas horas, debruçada e enjoada, sobre o sanitário. Ainda bem que havia dois banheiros na casa da Jane, eu detestaria monopolizar o banheiro só para mim.Eu precisava desesperadamente ir para casa e me deitar. Precisava mesmo dormir. Que inferno! Minha cabeça estava girando muito. Então me levantei e comecei a sair do clube. Um segurança veio até mim e perguntou se eu estava bem, eu confirmei e recusei sua ajuda. Eu ficaria bem quando chegasse ao lado de fora. Só precisava de ar fresco. Ele ajudaria a limpar minha cabeça.Eu não tinha certeza de quantas vezes repeti esse mantra até o momento em que cheguei à porta da frente, mas tudo tinha começado a perder seu significado e rapidamente tornou-se um
Ele riu novamente. E isso fez com que ele parecesse incrivelmente mais bonito.— É uma coisa boa ou má ser eu? — Ele perguntou quando deslizou um braço em volta da minha cintura.Eu tremi, mas desta vez não foi por causa do frio. Eu gostei da sensação dele ao meu lado, a força do seu braço em volta de mim. Seu corpo quente perto do meu.— Má. — Eu respondi, apesar do quanto gostei de ser ele ali. — Minha irmã disse para eu ficar longe de você.— Oh, ela disse?A pergunta era claramente retórica, mas assim mesmo, eu respondi:— Sim, ela disse.Eu já estava no banco de trás da limusine antes que eu pudesse perceber. Em seguida, ele fechou a porta e se virou para mim com uma expressão perplexa no rosto.— Por que você estava em pé na chuva?— Eu já disse, estava tentando pegar um táxi. — Eu deslizei para longe dele.Uma expressão triste atravessou os seus olhos e, em seguida, desapareceu.— Eu não vou te machucar, Jessica.Ele afastou os olhos de mim e remexeu em um pequeno compartimento.