- Como assim o que estou fazendo? Eu pretendo dormir.
- Aqui? Ela perguntou aparentemente assustada.
- Sim, tu tá vendo alguma outra cama aqui nesse lugar?
- Ma-ma-mas... Ela parecia não encontrar palavras pra dizer o que estava pensando em Latim e apelou para outro idioma que eu não entendi nadinha de nada.
- Numero um, não entendi nada do que tu disse agora, número dois, se quiser usar travesseiros pra fazer uma parede, tudo bem, só me deixe dormir. Essa cama tem espaço de sobra pra três pessoas obesas, o que aparentemente não somos.
Eu virei pro lado e dormi. Não que não tenha pensado em coisas antes disso, mas não muitas. Só que aparentemente aquela menina era estranha, e medrosa, sem aquele uniforme militar e aquela máscara de metal, que dei um jeito de fazer desaparecer na lixeira do restaurante do hotel quando desci pra mandar o recado pro tio do
Eu atendi a porta. Aquela menina ainda dormia, o que era bom considerando que ela ainda estava machucada. O hoteleiro me entregou algo em nome da Franchesca. A tia Fran não esquecia as dívidas, independente da distância ela conseguia resolver o que quer que fosse. E agora eu tinha pelo menos como ficar longe desse lugar, desaparecer em meio às pessoas e encontrar um meio de voltar pra casa sem ter que passar pelo visto do governo.- Acorde, nós vamos sair daqui agora. Eu disse quando ela parecia mais ou menos acordada.Isso demorou tempo suficiente pra que eu pudesse ir de táxi até a cidade vizinha para fazer pelo menos uma mala de viajante normal com duas mudas de roupa e um par de sapatos que já estava nos meus pés. Jeans nesse lugar parecia tão ruim quanto em qualquer outro, e aparentemente eles só tinham coisas “bonitas”, nada de coisas rasgadas e tênis velhos, afinal, ess
- Vamos lá, até a Mari, a minha amiga mais estranha, sabe fazer compras... – eu tentei ajudar, mas realmente, eu não sou a melhor pessoa do mundo pra mostrar o mundo pra alguém tão diferente, pelo menos eu tento – Escolha as roupas que quiser.- As roupas que eu quiser?- Sim, meninas geralmente compram pilhas e pilhas de roupas em lojas... E sapatos, e outras coisas fofinhas e bobas que eu não tenho a mínima ideia de pra que servem, mas que elas gostam...As pessoas pareciam achar estranho que conversássemos em algo diferente de italiano, e diferente de inglês, como aparentes turistas ali, mas o único idioma que era comum entre nós no momento era o Latim, então não tinha muito o que fazer. Aliás, nem mesmo eu sabia que eu tinha tanto vocabulário nesse idioma até me ver obrigado a u
Eu disse e abri a porta. Entrei, e estranhei que àquela hora da madrugada as luzes de casa estivessem acesas. Não sei o que aconteceu nos últimos tempos, mas eu sentia de novo os meus amigos, preocupados, todos eles, provavelmente era a proximidade. Eu estava a quase dois oceanos de distância antes.Vi que tinha alguém conversando com a minha mãe, e não estava a fim de dar explicações naquele momento, até porque seria complicado, então decidi fingir que tudo estava normal e rezar pra que funcionasse.Passei pela porta dando um “oi mãe” à distância, dei uns dois passos, olhei pro cara loiro de olhos cinzentos como os meus, e resmunguei algo sobre eu ter trazido visitas continuando.- Ei, mãe, veja se esse namorado não morre como o último, disse eu passando e falando alto pra cozinha, onde ela deveria estar, e ignorando o cara sentado no
Eu acordei. Seria somente mais um dia normal. Eu iria para as minhas aulas, rezaria para que meus professores não estivessem de mau humor, pegaria minhas notas, faria algumas provas, e logo o semestre terminaria. Foi o que eu pensei quando abri os olhos naquela manhã cinzenta.Resmunguei algo sobre o fato de que iria chover quando vi as nuvens no céu pela janela, olhei para o calendário, e percebi que eu estava dormindo esse tempo todo. Os dias não passaram, e as coisas não aconteceram. Olhei para mim mesmo, eu estava com as roupas da viagem do dia anterior.Mas, o calendário não me dizia isso. Eu não queria pensar nesse momento em quantas mesas de pôquer eu teria que ganhar pra agradar a Tia Fran depois do favor que ela me fez, se aquilo tudo não foi um péssimo sonho, e não queria pensar nas encrencas que me esperavam. Eu não en
- Não finja que entende algo desse tipo e que eu sou má só porque estou pensando na sobrevivência do nosso lar.- Mãe, eu não estou criando uma guerra contigo, não estou dizendo pra adotar a Ângela e nem nada assim, só que enquanto ela não se adaptar com a sociedade daqui e não souber falar um pouco do nosso idioma ela poderia ficar no quarto de hóspedes.Eu escutei um barulho vindo da escada. Olhei para lá e minha mãe também olhou. Eu podia ver lentamente o fato de que ela parecia ter entendido o que nós falávamos, embora eu não entenda como ela poderia entender, e logo depois, que quando ela se moveu, perdeu o pé na escada e caiu. E eu também via que pelo olhar da minha mãe, isso não era acidental.Eu consegui segurá-la à distância, e ela parecia mais assustada com a barreira azul royal lumi
- Que bom, não estou interessado. Eu disse, decidindo que tudo o mais que viesse dessa conversa seria problemático e que eu deveria me ocupar de coisas menos estressantes, como o novo piano que estava no saguão da loja de instrumentos musicais em exposição. E puxei-a para dentro da loja, ignorei o garoto que trabalhava ali, que já me conhecia de quando eu queria tocar um piano novo, e sentei-me diante do piano deixando-a do meu lado e começando a tocar.Surpreendi-me levemente quando ela começou a tocar também, mas pela expressão que eu via, aparentemente ela gostou da melodia, e sobretudo, ela tocava muito bem. Foi uma melodia estranha, duas sinfonias diferentes que eu nunca vi antes juntas, e a certo ponto, eu nem mesmo sabia se aquilo existia em termos musicais.Quando parei de tocar por um momento escutando o silêncio, senti duas mãos nos meus ombros, eu sabia quem era sem precisar o
A Família de Dalian faria um baile a rigor, o baile mais elegante da cidade. Eles não eram os anfitriões do clube a pelo menos dez anos, agora, a menina de ouro da família Berluccini, teria que fazer acontecer o evento mais belo da cidade, de dois em dois anos. Eu realmente detestava o maldito Baile de Máscaras, mas a minha mãe gostava, ela ia todas as vezes e sempre tinha a aparência mais divina. Não teve uma vez que eu tenha encontrado alguém mais linda que ela naquele lugar.Eu sempre tinha que ir nessas coisas idiotas, mas no fim das contas, considerando a mãe que eu tinha, era uma obrigação moral eu ir da forma mais bela possível, embora eu nunca tenha sido o mais imponente daquele lugar nem de perto.E como sempre, eu me sentia ofuscado, minha mãe também, apesar de ser bela, tinha perdido o lugar de Rainha do Baile para a filha dos Berluccini, Dalian. Ela realm
Eu tinha me transformado em um demônio. Eu não sentia mais, eu só queria destruir aquela fonte de desobediência.Tudo que eu precisava era de mais um golpe, e mais um, descarregar a minha raiva, ver aquela mulher ardendo em chamas. Era somente uma ordem, e Berith se engalfinharia com aquela mulher de preto, e logo aqueles cabelos brancos e aquela máscara de metal estariam cobertos de sangue.Mas uma voz me chamava ao fundo... Eu escutava. Eu sentia... Sentir, era estranho... Do jeito que eu estava agora...Eu via uma cena, daquele lugar, momentoa antes. Minha mãe discutia com Berith, por causa de mim... Eu não entendia boa parte da discussão.- O que pretende fazer com o meu filho, Berith? Ela dizia.- Libertá-lo dessas amarras mortais que você colocou sobre ele no pretexto falho de protegê-lo, Amy.- Tu não tens este direito, Duquesa Berith. Disse ela para a mul