- O que está procurando? Eu escutei distraído com as etiquetas das pastas, a voz da Dalian, mas ela não estava ali.
- Uma pasta... Eu respondi, esquecendo que eu estava dentro da mente dela, de tão acostumado que eu já estava com arquivos nessa vida de acadêmico.
- Uma pasta, dentro da minha cabeça? Já que eu estou acordada porque não pergunta pra mim qual é? Ela disse.
- Ah... Desculpe... Eu não devia...
- Tudo bem, eu achei que fosse aparecer hoje. O que está te preocupando? Ela perguntou como se fosse natural poder falar com as pessoas dentro da cabeça dela, e eu me senti meio deslocado, afinal, eu nunca consegui fazer isso com outra pessoa antes.
- Antes... Quando vocês falaram de material radioativo... Eu não tinha pensado nisso, mas... Como vocês estão se protegendo da radiação?
- O material radioativo n&ati
Eu sabia que isso poderia ser um problema, mas aparentemente, não tive como fugir disso com a boca grande da Dalian. Não teve como inventar uma desculpa pra Mari e pra Júlia de onde nós iriamos nessa sexta-feira. Então, aparentemente, essa era a primeira vez em que nós todos estávamos visitando o bordel da Tia Fran.Não que ela reclamasse, vendia bebidas, mas isso não compensava o fato de que com as nossas meninas as “suas garotinhas” ficariam “entediadas”, como ela dizia com um sotaque muito característico. No fim das contas, depois de fugir de um ou dois convites indecentes e piadinhas típicas graças ao meu nome, embora até hoje eu me pergunte como aquelas mulheres conseguem ser tão criativas em cantadas de mau gosto, consegui chegar até o sagrado jogo no fundo do salão.Continuava como sempre, uma sala velha, com lâmpadas que
Eu não sabia bem onde estava, mas era escuro. Pelo menos, eu senti que minhas pernas e braços estavam no lugar, e que eu não estava embaixo d’água, porque conseguia respirar. O cheiro de mofo era familiar, mas eu tive certeza que eram paredes de pedra, e não um barco.Eu escutava vozes, mas não sabia direito o que era aquilo. Sabia somente que eu estava de mãos amarradas, literalmente falando, em um lugar um tanto antiquado, com uma porta de madeira, que tinha uma janelinha que iluminava parcamente o interior do lugar onde eu estava, e pelo menos fiquei feliz por saber que havia sol por perto, e que ali não havia ratos fazendo barulhinhos estranhos.Aparentemente, eu conseguia me acostumar rápido com situações ruins. Apesar de que, eu me via meio que sem opções, afinal, tudo que eu poderia fazer era curar pessoas, e criar escudos de proteção. Isso era o m&aacu
- Ei... A tua mãe não está preocupada contigo longe por tanto tempo? Eu perguntei.- O que isso tem a ver com a história da sua vida, que não paras de recitar a dias?- A minha mãe deve estar sozinha agora... Esperando por mim... Tu não sente “saudade” da tua mãe aqui nesse lugar escuro? Eu usei a palavra saudade, em português, essa palavra só existe nesse idioma. Em qualquer outro eles usam algo similar a “sentir falta de” ou algo como “nostalgia” pra tentar explicar, mas não é a mesma coisa.- O que é “saudade”? Essa foi a primeira pergunta dessa pessoa, o primeiro demonstrativo de interesse no que eu estava dizendo até então.- É algo como sentir muito a falta de alguém que se ama, ao mesmo tempo, é a vontade
Era por isso... Que aquele cara era a face de titânio? O casaco preto comprido, o cabelo branco, uma espada que rebateu as balas, uma ficou presa no canto da sua máscara de metal, e ele a tirou normalmente, como um inseto do rosto, deixando a máscara como era, exceto por um amassado no canto.Como ele tinha me seguido até ali?- Como eu o segui até aqui? Perguntou ele em latim, com a voz abafada pelo metal, e eu entendi agora porque aquela voz parecia tão metalizada naquele cara de costas pra mim.Os homens da mesa do canto eram da máfia, o tio do bar também, afinal, ele era parente da tia Fran, mas ele não parecia disposto a competir com aquele cara que apareceu.Eu não entendi porque aquele cara estava de luvas. Não entendia também porque usava uma máscara tão assustadora. Lisa, com vazados retos para poder ver, respirar, e valar tenuemente, embora a parte d
Eu tinha conseguido chegar até onde o tio do bar indicou, e estava finalmente descansando um pouco depois de correr muito e brigar mais ainda.- Me trouxeste como refém? Para que o meu pelotão decida não matá-lo? Ela perguntou, enquanto eu via o que tinha na caixinha de primeiros socorros do quarto.- Não. Eu não sei por quê. Eu disse ignorando o fato de que ela, mesmo sem poder se mexer direito, estava tentando evitar que eu cuidasse dos ferimentos que eu tinha causado.- Como assim não sabes?- Não sei... Eu só não poderia deixar que ficasse lá com todos esses ferimentos. Provavelmente tu iria decidir que isso não é importante, cuidar mais desse cargo idiota em um departamento que não existe e se machucar mais me procurando. Então é mais fácil que n&
Ela não parecia nem um pouco feliz por ver a proteção que tinha contra o mundo longe dela.Aparentemente, assim como algumas pessoas criam barreiras de personalidade contra as pessoas e o mundo, o que mantinha a barreira dela era aquela máscara, era algo que dava confiança para a sua personalidade existir no meio daquilo que ela conhecia como vida.Não que isso fosse lá muito bom, afinal, vai lá se saber que tipo de tecnologias medievais eles tinham, mas aparentemente, foi o jeito dela de lidar com o mundo. No fim das contas, não posso dizer que sou muito diferente, afinal eu me escondi atrás da classe na hora da chamada na escola por muito tempo.- O que estás olhando? Ela perguntou como um raio, e eu percebi que tinha parado pra pensar olhando pro rosto dela, que ela tentava inutilmente esconder entre as mechas de cabelo e as mãos meio que sem saber o que fazer.- Como c
- Como assim o que estou fazendo? Eu pretendo dormir.- Aqui? Ela perguntou aparentemente assustada.- Sim, tu tá vendo alguma outra cama aqui nesse lugar?- Ma-ma-mas... Ela parecia não encontrar palavras pra dizer o que estava pensando em Latim e apelou para outro idioma que eu não entendi nadinha de nada.- Numero um, não entendi nada do que tu disse agora, número dois, se quiser usar travesseiros pra fazer uma parede, tudo bem, só me deixe dormir. Essa cama tem espaço de sobra pra três pessoas obesas, o que aparentemente não somos.Eu virei pro lado e dormi. Não que não tenha pensado em coisas antes disso, mas não muitas. Só que aparentemente aquela menina era estranha, e medrosa, sem aquele uniforme militar e aquela máscara de metal, que dei um jeito de fazer desaparecer na lixeira do restaurante do hotel quando desci pra mandar o recado pro tio do
Eu atendi a porta. Aquela menina ainda dormia, o que era bom considerando que ela ainda estava machucada. O hoteleiro me entregou algo em nome da Franchesca. A tia Fran não esquecia as dívidas, independente da distância ela conseguia resolver o que quer que fosse. E agora eu tinha pelo menos como ficar longe desse lugar, desaparecer em meio às pessoas e encontrar um meio de voltar pra casa sem ter que passar pelo visto do governo.- Acorde, nós vamos sair daqui agora. Eu disse quando ela parecia mais ou menos acordada.Isso demorou tempo suficiente pra que eu pudesse ir de táxi até a cidade vizinha para fazer pelo menos uma mala de viajante normal com duas mudas de roupa e um par de sapatos que já estava nos meus pés. Jeans nesse lugar parecia tão ruim quanto em qualquer outro, e aparentemente eles só tinham coisas “bonitas”, nada de coisas rasgadas e tênis velhos, afinal, ess