Capítulo 3

NOITE DE CRIME

JULIA

— Parece que todo mundo resolveu vir para a balada hoje.

— Fica sempre assim, Nath, na nossa cidade não temos muitas opções de lugares como esse, por isso, ficam sempre lotados, o dia que você puder ir em São Paulo ou no Rio de Janeiro, ficará louca com tantas opções.

— Agora que caiu a ficha, de quanto tempo não venho a uma balada, prima, e quanto tempo não saio contigo. Desde que conheci Luigi, meus dias se resumem em nossa casa, a dele, cinema, shopping e restaurante.

— Demorou, mas você acordou, esquece esse traste e vamos dançar.

Nath e eu nos acabamos de dançar, encontramos alguns amigos e, eu, alguns caras que já dei uns beijinhos, mas hoje meu foco é alegrar minha prima, tenho certeza de que Luigi a trai e não é de hoje, ele a mantém distante de todos, inclusive, de mim, para que ela não descubra suas traições. Tentei alertá-la diversas vezes, mas ela confia nele. O que posso fazer se ela não enxerga o óbvio?

— Ju, você está tão gostosa.

— Eu sou gostosa, Jorge — falo, jogando meu cabelo. — Nem vem cheio de charme, porque meu objetivo hoje é a Nath.

— Ela e o Luigi terminaram?

— Que eu saiba não, por quê?

— Olha para o bar. — Faço o que o Jorge me pediu, e vejo o safado do Luigi cantando uma garota. Pelo o que vejo, a dor de cabeça do filho da puta passou.

— O que vocês tanto olham? — Não dá tempo de responder, Nath segue a direção dos nossos olhos e vê Luigi beijando a garota. Ela corre em direção ao banheiro e eu vou atrás dela.

— Nath, meu amor, não chora, se eu soubesse não tinha inventado de virmos aqui hoje.

— Você sempre teve razão, Ju, ele não me merece. Não se culpe.  Fui uma idiota, estava bem debaixo do meu nariz, foi necessário que eu visse para acreditar no óbvio. Dor de cabeça. Burra, burra, Nath, como você é burra. — Ela chora em meu ombro por um bom tempo

— Agora chega, Nath, enquanto você está se desmanchando em lágrimas, o safado está aproveitando, vamos refazer essa maquiagem e aproveitar a noite, tem um monte de gatinho louco para dar uns beijos em uma loira gostosa como você, aproveite a noite, mostre a ele que ele não é o único homem na face da terra. Rafa sempre foi afim de você, dá uma oportunidade. Aproveite e se esbalde, gata.

Saímos do banheiro e chamamos nossos amigos para a pista. Nath ficou o tempo todo perto do Rafa, aproveitei que ela estava pronta para o crime e dei uns beijinhos no Jorge, não sou de ferro, meninas, ele é um negro lindo, como diz a marrom Alcione, um negão de tirar o chapéu. Seus dentes são branquíssimos, olhos cor de mel, faz aquele estilo careca, oh cara gostoso.

— Nath, o que significa isso? — Ouço Luigi gritar.

— Oi, Luigi, tudo bem? Pensei que você estava com dor de cabeça.

— Não estou de brincadeira, Nath, o que você está fazendo aqui? — ele grita mais alto, se não fosse o som, todos ouviriam.

— O mesmo que você, gato. Esse aqui é o Rafa, eu e ele estamos nos pegando, se é isso que você quer saber.

— Nath, você só pode estar bêbada, você é minha namorada.

— Eu era, Luigi, agora estou com um cara mais gato e mais gostoso que você. — Ela pega na mão do Rafa e sai da pista, em direção à saída. Jorge e eu a seguimos.

Do lado de fora da boate, Nath começou a rir, nós todos caímos na gargalhada, essa menina é meu orgulho.

— Que tal a gente terminar nossa festinha lá em casa — sugere Nath, ela está impossível, nós concordamos.

No caminho Rafa, parou para comprar algumas cervejas. Nath e ele adoram cerveja, o Jorge faz mais meu estilo, ambos gostamos de vinho. Jorge é um cara bem-nascido e extremamente educado, ele é formado em Gestão Empresarial, sua família tem uma rede de imobiliária e ele é o braço direito do seu pai. Muitos de nossos amigos perguntam por que nunca namoramos, já que somos ótimos juntos e nos damos muito bem, mas apesar de gostar muito do Jorge, de ele ser um cara bom de papo, gostarmos das mesmas coisas, e ele ser bom de cama, meu sentimento é de amizade e tesão, para me comprometer com uma pessoa tem que ter um algo a mais.

Nunca amei ninguém, tive aquelas paixonites na adolescência que toda menina tem, me apaixonei pelo professor de inglês, que naquela época eu o achava lindo, depois de anos que fui entender que o amor é cego, o cara é feio. Me apaixonei pelo vizinho, primo da minha amiga, meus olhos e meu coração sempre foram atraídos por caras mais velhos. Fora essas paixonites da adolescência, nunca amei de verdade, sabe aquele amor descrito nos livros, aquele amor que vemos nas cenas de uma novela ou de um filme, nunca nem vi.

Algumas amigas depois de conhecerem o amor, ficaram meio que abobalhadas, suspirando pelos cantos, não falavam em outra coisa que não fosse sobre seu relacionamento, isso às vezes me assustava. Sou tão independente, não me vejo em um relacionamento como o da Nath, que se anulava por causa do Luigi, minha prima abdicava de suas preferências por causa dele, se amar for isso, estou fora.

O restante da noite transcorre bem animada, Rafa inventou de brincar de jogo da verdade, as perguntas não são nada inocentes, antes da terceira garrafa de cerveja Nath já está morrendo de vergonha das minhas respostas, depois de estar altinha, por causa do álcool, ela entrou na brincadeira, responde às perguntas dos meninos e as minhas, sem pudor. Quando Jorge perguntou qual a parte do corpo dele que eu mais gosto, e eu respondi a língua, eles ficam me olhando com um ponto de interrogação na testa, inclusive, Jorge, que diz que tem um corpo perfeito, nada modesto o rapaz. Me explico, dizendo que gosto mais da língua dele porque ela me faz gozar. Nath cuspiu longe sua cerveja, Rafa e Jorge caíram na gargalhada, depois disso, Jorge se levanta, estávamos sentados no chão, rodando a garrafa na mesa de centro. Ele segura minha mão e solta:

— Vamos, Ju, que vou fazer você gozar até você não se aguentar mais.

— É pra já — respondo, imediatamente.

Vamos para meu quarto, quem em sã consciência, recusaria uma proposta dessa vindo de um homem gostoso como ele? Apesar que depois de tanto vinho, eu não estou tão sã, mesmo assim, a proposta é irrecusável.

Pela manhã, acordo e Jorge não está, ao meu lado, há uma bandeja com café da manhã e um bilhete nela. Nele, Jorge diz que não queria me acordar, precisou sair, pois tinha uma visita a um imóvel. Tomo meu café, levanto e vou tomar banho, estou satisfeita e toda gozada.

Hoje meu dia terá uma nova rotina, passei muitos sábados viajando com o senhor Muniz, outros o acompanhando nos canteiros de obras e muitos no escritório. Vou aproveitar as minhas férias não planejadas para descansar, meu corpo está todo dolorido, o negão me pegou de jeito, pensei que não sobreviveria essa noite, brincadeira, amo o jeito que ele me fode, o segundo nome do Jorge deveria ser disposição, aquele ali não tem tempo ruim. Adorooo.

Ando pela sala, catando os vestígios da nossa madrugada alcoólica. Assim que termino de limpar, alguém toca desesperadamente a campainha. Para subir sem ser anunciado é alguém conhecido, abro a porta apressada e me assusto com a figura do safado do Luigi.

— Você só pode estar maluco, o que você quer aqui, Luigi?

— Eu quero falar com a traidora da sua prima, cadê a Nath?

Boa pergunta, a última vez que a vi foi antes de ir para o quarto com o Jorge, será que ela e o Rafa passaram a noite juntos? Conhecendo bem a Nath, acho meio difícil, mas quem sabe, depois de umas cervejas, ela não liberou a sua florzinha. Nath levou meses para liberar para esse idiota, tomara que ela não tenha feito doce para o Rafa.

— Ela deve estar dormindo, Luigi, ninguém te dá o direito de invadir minha casa.

— Eu só quero falar com a minha mulher. — Ele nem espera minha resposta e vai invadindo minha casa, indo em direção ao quarto da Nath.                          

Ops! Isso me lembra de uma coisa, e se ela estiver com o Rafa? Sinceramente, vou adorar.

— Sua vagabunda — Luigi grita, assim que vê a Nath dormindo nos braços do Rafa. Vejo que a noite foi boa, minha prima arrasou. Nath acorda, assustada, e o Rafa também.

— O que você está fazendo aqui, Luigi? Nós dois não temos mais nada, a partir do momento que você mentia para mim, me traiu, não sou mais nada sua, sei que ontem não foi a primeira vez.

— Você é uma piranha. — Não o deixo continuar a xingar a Nath, voo em cima dele, batendo com muita raiva.

Rafa levantou e deu um soco em seu nariz, Luigi cambaleou, e Rafa deu uma gravata nele e o arrastou para fora do apartamento, Nath ligou para o porteiro, que mandou o segurança acompanhar Luigi até a rua, deixamos ordens para que ele não entre mais no condomínio.

Entro em casa e me sento no sofá, alguns minutos depois começo a rir, minha prima sempre teve uma vida tão sem emoção e, em apenas um dia, tudo mudou.

— De que você tanto ri, Ju?

— Do idiota do Luigi e, de mim, com um e setenta de altura, agarrada no pescoço de um jogador de basquete como o Luigi, do soco que o Rafa deu nele, de tudo, prima, de como sua vida de monótona, mudou de um dia para o outro.

— Verdade — ela se senta ao meu lado —, não tinha pensado por esse ângulo, aliás, até ontem não tinha percebido como minha vida era sem graça.

— Arrasou prima, sua safadinha, dois homens brigando por sua causa, essa florzinha deve ser boa de foder, por falar nisso, como foi a experiência com outro cara sem ser o Luigi? — falo baixinho para ela, caso o Rafa saísse do banho.

— Maravilhosa, gozei muito.

— Arrasamos, prima, deixamos nossas florzinhas felizes.

— Nem fala, Ju, faz tempo que não me sinto leve, mesmo apaixonada pelo traste, às vezes me sentia um pouco oprimida.

— Esquece esse traste, o importante é que nossas rosas choraram a madrugada toda.

— Arrasamos. — Batemos as mãos e rimos

— Possa saber de que tanto vocês riem? — Olhamos para o Rafa, que seca seus cabelos, olhamos uma para a outra e rimos, ainda mais

— Nada, Rafa — Nath responde, entre as gargalhadas.

Nossa noite de crime foi perfeita.

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