Capítulo 30O avião tocou o solo inglês sob um céu nublado, mas nada poderia diminuir o entusiasmo das crianças, especialmente de Julia. Assim que descemos do avião, ela já estava com o mapa na mão, detalhando cada passo que daríamos. -Primeiro, a Plataforma 9 ¾. Depois, o Beco Diagonal. E então... a sala precisa do meu toque, claro!Ela disse, toda empolgada, enquanto Rodrigo a observava com um sorriso lindo no rosto. -Calma, bruxinha. Uma coisa de cada vez.Ele brincou, bagunçando o cabelo dela.Saímos do aeroporto direto para o hotel, uma charmosa construção no estilo vitoriano. As crianças se encantaram com os detalhes, especialmente Lívia, que ficou fascinada com o elevador antigo. -Mamãe, parece casa de filme! Ela falou, enquanto girava no lobby. -É verdade, filha. Mas o melhor ainda está por vir... -Mas agora vamos descansar que amanhã começamos bem cedo.Meio a contragosto todos se organizaram tomaram banho e foram deitar para assim que amanhecer começar com as aven
Capítulo 31 Assim que o avião pousou em São Paulo, me despedi mentalmente da tranquilidade dos últimos dias. Julia ainda falava sem parar sobre a viagem, Lívia e Luan dormiam nos braços de Rodrigo, e ele sorria, visivelmente satisfeito em nos ver tão felizes. Estava organizando nossos passaportes quando meu celular vibrou com uma notificação. Ao abrir a mensagem, senti meu coração parar por um instante: “Jean pagou a fiança e foi solto ontem à noite. Acredito que você deveria ser informada imediatamente.” Era do delegado Daniel. O sorriso desapareceu do meu rosto. Tudo ao meu redor pareceu congelar. Rodrigo percebeu na mesma hora. -Gisele meu amor? O que aconteceu? Ele perguntou, segurando minha mão. Respirei fundo, tentando organizar meus pensamentos antes de mostrar a mensagem. -Ele está solto, Rodrigo, o Jean... pagou a fiança. O semblante dele mudou instantaneamente, passando de calmo para sério. -Isso infelizmente já era esperado, meu amor... Ele come
Capítulo 32 Os meses passaram em um misto de alívio e apreensão. Conseguimos finalizar o divórcio no modo litigioso, sem que Jean precisasse assinar nada. Foi uma batalha dura e cansativa, mas quando recebi o documento oficial, senti como se uma enorme pedra fosse retirada das minhas costas. É incrível e estranho tudo que ele fez, me traiu, me abandonou com câncer fazendo quimioterapia debilitada, engravidou outra, mas quando perdeu tudo eu tinha que dividir o que é dos nossos filhos e aceitar ele de volta ainda para terminar de destruir nossas vidas? Jean havia sumido. Nenhuma ligação, mensagem ou tentativa de aproximação. Isso me trouxe um estranho tipo de paz, mas também uma desconfiança insistente. Era difícil acreditar que ele simplesmente tinha desistido, mas, ao mesmo tempo, eu estava determinada a seguir em frente com nossas vidas. Rodrigo e eu retomamos nossos planos para o casamento na praia, algo que sempre sonhamos. Um evento simples, com pessoas próximas, cheio
Capítulo 33 Gisele -Solta ela agora A voz de Rodrigo ecoou pelo quarto, forte e cheia de autoridade. Ele estava parado na porta, com o rosto tomado pela raiva, os punhos cerrados. Jean se virou lentamente, mas não soltou meu braço. -Ah, o noivo perfeito chegou. Que cena patética. -Jean, eu vou dizer isso só uma vez. Solte ela e saia daqui agora, antes que eu chame a polícia. A tensão no ar era palpável. Jean olhou para mim, depois para Rodrigo, como se estivesse decidindo o que fazer. -Isso não acabou, Gisele. Eu vou voltar, quando menos esperar eu vou acabar com tudo isso. Ele soltou meu braço e saiu, pela porta da sacada, pois estávamos no térreo, deixando a porta da sacada entreaberta. Rodrigo correu até mim, segurando meu rosto entre as mãos. -Você está bem? Ele te machucou? -Estou bem... só um pouco assustada... Rodrigo me abraçou com força, enquanto eu tentava conter as lágrimas. -Eu vou acabar com isso, Gisele. Ele não vai mais te atormentar, eu prome
Capítulo 34 – O Amanhecer perfeito para o nosso AmorO céu ainda estava pintado de azul escuro quando os primeiros convidados começaram a chegar ao local montado na praia. As luzes suaves das lanternas iluminavam o caminho até o altar, que havia sido decorado com flores brancas e ramos de eucalipto, exalando um perfume fresco e delicado assim como nós queríamos, e planejamos cada detalhe.O som das ondas quebrando ao longe parecia mais um convite para o nosso amor que enfim vai ser completo...E eu estava lá, em pé, à frente do altar. Estou usando um terno cinza claro, sem gravata, a camisa levemente aberta, e o lenço azul royal perfeitamente dobrado no bolso, os meus cabelos levemente bagunçados pelo vento litorâneo. Meus olhos fitavam o horizonte, mas meu coração, a, meu coração estava ansioso, batendo descompassado pelo momento que se aproximava, aguardando ansiosamente pela mulher que mudou minha vida.Gisele surgiu no limite da areia, deslumbrante em seu vestido branco fluido
Capítulo 35 – A Obsessão de JeanJeanO som do motor do barco quebrava o silêncio da noite que se iniciava, misturado com o som das ondas contra o casco. A cada curva, o vento frio parecia soprar mais forte, mas isso não me incomodava. Minha mente estava fervilhando, consumida pelo ódio e pela obsessão.Gisele e Rodrigo estavam ali, tão próximos, tão distraídos, confiando cegamente. Era quase irônico. Mal sabiam o que os aguardava.Enquanto eu pilotava o barco, mantinha meus olhos na escuridão à frente, mas meu coração e minha mente estavam presos no passado. Não era para ser assim. Gisele era minha. Minha. Nós tínhamos uma vida, um plano, e ela deveria ser eternamente grata por tudo que eu fiz por ela. Mas então, ela adoeceu, e tudo desmoronou.No início, eu tentei. Juro que tentei. Acompanhei algumas consultas, segurei sua mão em algumas noites em que ela chorava, aterrorizada pela possibilidade de não ver as crianças crescerem. Mas era demais, eu vi sua força se esvaindo e dia após
Capítulo 36 15 anos JuliaDois meses se passaram desde que Jean foi preso. Foi um período de reflexões intensas e, principalmente, de decisões difíceis. Coloquei alguns imóveis à venda, e parte do dinheiro foi destinada ao tratamento psicológico dele. Não foi uma decisão fácil, e muita gente poderia me julgar por isso, mas fiz o que achei certo. Apesar de tudo, ele é o pai das crianças. Não posso apagar os bons momentos que tivemos nem ignorar o fato de que ele me deu os maiores tesouros da minha vida: Júlia e Lívia.Mesmo deixando claro para dona Rute que não quero mais qualquer vínculo emocional com ele, sabia que ela não poderia enfrentar tudo sozinha. Decidi ajudá-la como pude, não por ele, mas por ela e pelas crianças, que são pequenas demais para entender o que está acontecendo.Dona Rute, sempre tão forte e orgulhosa, optou por morar sozinha, mas decidiu ficar próxima de nós. Respeitei sua escolha, e confesso que fiquei aliviada em tê-la por perto. Ela se tornou uma mais que um
Capítulo 37 – Novas DescobertasA festa de 15 anos da Júlia havia sido um sucesso absoluto. Cada sorriso dela, cada gargalhada da Lívia, e até as corridas do pequeno Luan com seu assoprador de bolhas fizeram tudo valer a pena. O cansaço do planejamento era grande, mas a felicidade superava tudo.Quando Rodrigo me entregou a taça de champanhe no final da festa, eu estava prestes a brindar com ele, mas algo me impediu. Uma ideia me atingiu como um relâmpago: meu ciclo estava atrasado. Não era algo que eu havia notado com clareza antes. Com toda a correria, não parei para pensar em mim. Mas ali, com as crianças brincando e Rodrigo ao meu lado, a possibilidade começou a se formar.“Será?”A noite seguiu normalmente. Apesar do cansaço, meu coração estava inquieto. Depois que colocamos Lívia e Luan para dormir, Rodrigo e eu nos deitamos. Ele adormeceu rapidamente, como sempre fazia após dias intensos. Eu, porém, permaneci acordada, olhando para o teto e fazendo cálculos mentais. Meu atraso