Tristan Slater.
Merda. É uma garota. Uma garota de cabelos escuros preso num coque grosso no alto da cabeça , grande olhos azuis e um rosto magro de pele muito clara.
Eu acabei de ameaçar atirar em uma garota , porra!
Tudo que vi quando eu invadi a casa velha na base do chute , foi a lâmina da faca brilhando na escuridão e o movimento de um vulto tentando fugir.
Que diabos ela faz aqui sozinha nesse barraco ? Isso não importa . Ela é a única ajuda que tenho agora. Se eu não der um jeito esse sangramento logo, estou fodido.
A garota deixa a vela no chão e se afasta rapidamente para um canto , longe da luz da vela , se escondendo como ratinho assustado.
— Essa é a única luz que tenho aqui. —Ela diz quase num sussurro .
Corro meus olhos pelo espaço onde a luz pode alcançar e não vejo nada mais que um colchão velho no chão com um cobertor sobre ele e algumas caixas empilhadas num canto.
Porra fodida.
Ela não vai ter nada do que eu preciso para cuidar do ferimento . Também, eu não tenho como ligar para os meus irmãos porque eu deixei cair o meu celular durante um confronto com os homens do maldito Lourenzo num hotel de beira estrada perto daqui. Se eu não conter esse sangramento logo , vou ser um defunto daqui há algumas horas.
—Você está esperando alguém ? —Eu pergunto ,tentando entender que diabos essa garota está fazendo aqui . É uma casa velha e abandonada ,longe do bairro mais próximo e cercada por mato e árvores. E sem luz.
—Não. Não estou esperando ninguém. —Ela respondeu num tom de voz trêmulo.
—Me empreste o seu celular. Preciso fazer uma ligação e perdi o meu.
—Eu não tenho celular. —Ela responde como se estivesse se desculpando por isso.
Que diabos?
—Você está aqui sozinha e está me dizendo que não um celular? Que diabos faz aqui afinal de contas? É um lugar perigoso. Um ímã para a desgraça de uma garota sem a porra do juízo funcionando ! Tipo você. — Disparei ,
olhando na direção onde ela está e noto que está tremendo.— Eu sou uma sem teto ou , mendiga se preferir. Não tenho dinheiro nem pra comer ,imagine pra ter um celular. —dizendo isso, ela se aproximou da luz da vela. Ela está vestindo um casaco de moletom preto grande demais para o seu corpo pequeno e magro e uma calça jeans que já estiveram em dias melhores.
Oh, porra. Eu sou um idiota.
—Eu não tenho um celular, mas se quiser eu posso pedir ajuda. Você precisa de um médico. — Ela diz ,olhando assustada para a minha camiseta rasgada que deixa o meu ferimento amostra e depois para as minhas mãos sujas de sangue. Ela engole em seco ,seus lábios trêmulos e os olhos arregalados como os de corsa sobre um farol de um carro , não escondem o medo que está sentindo. É a primeira vez que o fato de alguém estar com medo de mim me incomoda.
Mas , independente disso , eu gostando ou não do medo estampado nos olhos dela ,ignoro esse sentimento confuso e vou direto ao ponto .
—Eu não posso ir pro hospital . E você não vai chamar ninguém , entendeu? —Eu digo em resposta. Ela assente, seu peito subindo e descendo num ritmo louco. Merda , ela está muito apavorada.
—Eu não vou machucar você . Sinto muito pela ameaça. —deixei a arma de lado e engolindo através da garganta seca , acrescento —Mas não posso deixar você sair daqui sem que eu faça isso primeiro ,ok ?
— Tudo bem. Eu não tenho outro lugar para ir mesmo. — disse ela ,voltando pro canto escuro.
Ficamos em silêncio depois disso ,ela encolhida no canto do cômodo com a cabeça baixa enquanto estala os dedos o que eu acho que é um tipo de tique nervoso ,e eu sentado no chão ,com as costas apoiada na parede e uma mão pressionada no corte para evitar perder mais sangue do que já perdi. Merda. Eu estou perdendo o foco.
As minhas pálpebras estão ficando pesadas e a minha visão embaçada. E isso não é nada bom , porra. Eu preciso de uma distração. Não posso me dar ao luxo de apagar agora. Não com a garota aqui.
A primeira coisa que ela fazer se eu apagar é dar no pé e dar com as línguas nos dentes assim que encontrar alguém e esse alguém pode muito bem ser uns dos homens de Lorenzo. Os que sobraram deles.
Eu despistei eles pelo caminho
, mas sei que não vão desistir tão fácil de tentar me encontrar. Não é sempre que eles têm a oportunidade de pegar um membro dos Sombrios sozinho. Principalmente aquele que eles mais anseiam para matar. Eu.Eu ferrei as coisas pra Lourenzo uma vez. De um jeito bem feio.
E fui bem pago para isso. E desde então, a minha morte se tornou um tipo de honrra pro fodido doente de merda. Ele quer a minha cabeça fora do meu corpo pra empalha-la e exibir prós seus sócios como uma demostração do seu poder. Foi o que uns dos idiotas dele disse antes de eu estourar os seus miolos.
"Boa sorte nisso ,fodido.
Eu olho para a garota e a pego me olhando ,mas rapidamente , ela desvia os olhos para os pés.
—Por que você está aqui, afinal ?—Pergunto.
Ela me olha com a testa franzida .
—Eu já disse , não tenho outro lugar melhor pra ir.
—Eu não quis dizer só aqui ,nessa casa velha e abandonada ,mas no geral. Você disse que é uma sem teto. Quero saber o porquê. Onde está a sua família ?
—Eu não tenho família. —ela responde. Noto que a voz dela está mais firme agora.
—E há quanto tempo vive desse jeito ?
— Há um ano e meio mais ou menos. — ela emite um suspiro fundo como se estivesse desconfortável com a conversa. — Posso dar uma olhada no seu ferimento ? Talvez eu possa fazer alguma coisa.
Essa garota é mesmo real ?
— Claro. Fique à vontade. —eu respondo , surpreso que mesmo depois de eu tê-la ameaçado com a arma ela ainda quer me ajudar.
Com passos hesitantes, ela se aproxima e fica de joelhos na minha frente e observa o meu ferimento.
—É muito fundo e está sangrando muito.Você pode morrer se não for para o hospital. —Ela disse , pavor moldando cada palavra da sua voz suave.
—Que seja , mas nada de hospital.
Ela levantou as sobrancelhas e apertou os lábios como se tivesse ficado irritada com o que eu disse.
— Então esse é o seu plano ? Me obrigar a assistir você sangrar até a morte ? É sério isso? Que idiota! —disse ela , se afastando bruscamente.
Porra ! Onde diabos foi parar o ratinho assustado ? Se bem que, uma pequena coisa fofa furiosa é muito mais interessante. Sorrio .
— Não se preocupe. Você não vai me assistir morrer. Eu aviso antes para poupá-la desse pesadelo.
—Isso não é nem um pouco engraçado. A minha vida já é uma merda para ter a sua morte na lista me causando pesadelos. —Ela saiu pisando duro e desapareceu por uma porta onde a luz não podia alcançar ,me deixando ali com um sentimento estranho que nunca senti antes apertando o meu peito. Seria remorso? Talvez.
Quando ela voltou ,segundos depois, tinha uma toalha úmida na mão.— Deite aqui . Vou limpar o corte e tentar conter o sangramento. —Ela puxou o colchão até deixá-lo do meu lado e ficou de joelhos ao lado dele , esperando eu fazer o que ela pediu.
Eu fiz. Me deitei no colchão.
Erguendo a minha camisa para expor o ferimento , ela passou a toalha úmida com cuidado sobre ele.
—Droga. Tem muito sangue aqui. —Ela descartou a toalha de lado e se levantou para pegar alguma coisa em uma mochila que logo vejo que se trata de mais uma toalha e uma camisa de manga longa.
—Será que você pode erguer um pouco o quadril ? Vou fazer uma compressão para conter o sangramento. —Ela perguntou ao enrolar a camiseta até fazê-la parecer uma corda.
Novamente,eu fiz o que ela pediu ,ergui o quadril e no segundo seguinte , ela passou a camiseta por baixo do meu corpo e antes de amarrar, dobrou a toalha e colocou no corte . —Agora , se puder , aperte a toalha sobre o corte com o máximo de pressão que puder para que eu possa amarrar a camiseta.
—Ela orientou concentrada e séria e eu não consigo deixar de pensar no quanto é uma garota linda. Linda , frágil e sozinha no mundo , à mercê de todos os tipos de perigo. Esse pensamento, estranhamente , me incomoda pra caralho.
—Ei , você consegue fazer o que eu pedi ? —ela perguntou me olhando com a testa franzida.
Inspirei fundo e cerrando os dentes, apertei a toalha dobrada no corte. Ela foi ágil e rápida ao fazer o nó. E depois caiu sentada ao meu lado como se a tarefa tivesse a deixado exausta.
—Obrigado. —eu disse.
Ela deu de ombros pro meu agradecimento e foi se sentar do outro lado do cômodo ,bem longe de mim.
— Então, fale sobre você. O que aconteceu pra você ter vindo parar nas ruas? —Eu pergunto e digo em seguida que só estou insistindo no assunto porque isso vai ajudar a distrair a dor e a me manter focado , mas não é toda a verdade. Eu quero saber mais dela.
— Quer que eu fale sobre mim só pra te distrair? — Ela franziu um olho, o que acabou transformando seu lindo rosto numa careta engraçada. E antes que diga algo em resposta ,ela acrescentou : — Deseja que eu cante e faça uma dancinha também ,ou só isso mesmo ?
Oh ,porra. Por essa eu não esperava.
Eu começo a rir e noto que ela também está rindo. Timidamente , mas está.
—Bom ,eu não pensei nisso, mas já que deu a ideia ... — Finjo analisar o assunto por alguns segundos e então com um olhar sério eu digo a encarando :— Claro , vá em frente. Mostre-me do que é capaz.
Ela arregalou os olhos e as suas bochechas ficaram vermelhas como fogo e então, ela balançou a cabeça se negando. —Não vou fazer isso .
Rindo eu a tranquilizei. —Tudo bem ,vou deixar passar a coisa da dança. Mas quero saber o que aconteceu com você. E não, não é só pra me distrair ,eu realmente quero saber. — digo e estou sendo sincero. Eu quero muito saber a história dela.
Algo nesta garota tirando o fato de achá-la linda , me intriga , me cativa e me atrai. E não é nada sexual. Por que de atracão sexual eu entendo muito bem porque é a única coisa que me atrai nas mulheres , e o interesse se evapora assim que a foda termina. É algo diferente. Não sei o que é , mas sei que nunca senti antes.
— Pra quem não fala nada sobre si mesmo ,você faz muitas perguntas. —disse ela,puxando os joelhos contra o corpo e os abraçando em seguida enquanto me olha meio ressabiada.
—Você não me perguntou nada. —sorrio.
Ela parece surpresa.
—Me responderia se eu perguntasse?
— Claro , porque não?
Ela assente e fica em silêncio por alguns segundos como se estivesse pensando o que perguntar primeiro.
—Você está fugindo da polícia ? É por isso que não pode ir para o hospital ?
— Não , não estou fugindo da polícia.
Ela franze a testa.
— Então , porque não quer ir pro hospital ?
— Porque certamente ,vai ser um dos primeiros lugares onde as pessoas com quem tive uma briga vão me procurar pra tentar terminar o que começaram. —respondo .
— Eles são o que ,uma gangue criminosa ?
— Quase isso. Na verdade, mais que isso. São de um grupo ligado a uma máfia poderosa.
—E você ? Também faz parte desse mundo criminoso ?
Sorri pelo fato de ela parecer envergonhada por ter feito a pergunta.
—O que você acha ?
Ela engoliu em seco ,mordeu o lábio inferior e só então respondeu num tom baixo:
— Que sim.
— Touché. —digo e noto que novamente , ela engoliu em seco.
—Você é, ..—ela hesita e olha para as mãos. E após um suspiro fundo , ela termina a pergunta.
— Matou alguém hoje ?
— Sim, mas, não me pergunte quantos matei porque eu não me lembro. Só sei que foram muitos. — eu disse e logo em seguida, perguntei :—Está com medo de mim agora?
— Não. —ela respondeu , mas ela está mentindo. Sei disso porque está tremendo. Ela tenta esconder os tremores ao abraçar os joelhos com mais força , mas os lábios trêmulos a denunciam.
O medo dela me incomoda. E saber que é de mim é pior.
Por que ?
Inferno ,eu não tenho ideia. Só sei que não gosto de vê-la ali ,encolhida e tremendo porque está com medo de mim.
Eu não devia ter dado tantos detalhes. merda. Eu não deveria ter falado nada pra começar. Eu nunca falo das minhas atividades ou qualquer assunto do clube senão com os meus irmãos. É uma umas das nossas regras não falar sobre os assuntos do clube com qualquer pessoa de fora dele.Contudo aqui estou eu,
quebrando as regras. Falando pelos cotovelos e ainda com uma garota. Eu nunca falei tanto com uma garota em toda a minha vida. Geralmente, os meus diálogos com as mulheres são curtos e breves e sempre é antes das fodas. Nada de perguntas pessoais e menos ainda de cobranças depois de foder. Simples assim.Então, porque diabos eu estou falando tanto com essa garota ? E por que diabos eu me sinto tão confortável com ela ? Isso não é bom. Ou é ?
Merda ,acho que o inferno está abrindo a passagem pra mim e é por isso que a minha mente está tão bagunçada.
—Eu esfaqueei um cara uma vez. —disse ela de repente.
Que porra ?
—Eu sei , parece meio inacreditável que eu tenha feito algo assim considerando que sou pequena e minha estrutura corporal parece delicada e frágil. Mas eu fiz. —disse ela.
—Eu não disse que duvidava. Só estou surpreso e admirado. —eu digo ,aliviado por ela estar falando comigo de novo.
Aliviado por estar falando comigo ? Mas que porra é essa ?
Eu desvio os meus olhos dela porque eu acabo de constatar que eu tenho outro poblema aqui. Eu gosto de olhar pra ela. Olhar pra ela me trás um tipo de paz do qual eu desconheço , mas é bom. E é por ser bom que isso é um poblema.—Porque está me contando isso, afinal ? —uso um tom de desinteresse.
—Sei lá, achei que se você soubesse que não é o único que saiu matando por aí , não ia se sentir mais tão desconfortável como pareceu ficar depois que me contou. Bom, eu não matei , mas queria ter matado. Acho que Isso deve contar.
Oh ,porra. Defitivamente, essa garota não é real. E estou me sentindo um idiota de novo. O arrependimento por eu ter tentado ignora-la chega a dar nó no meu estômago.
Que se foda se isso é ou não uma boa idea.
Eu olho para ela.
— É , isso conta. Me sinto melhor.
Quem era o infeliz ?— Um cara pra quem a minha mãe viciada me entregou pra ser estuprada para pagar as suas dívidas de drogas. — Um ar de dor pairou sobre o rosto dela.
Puta que pariu.
O meu sangue aqueceu subitamente a vários graus em minha veias , substituindo o cansaço que sentia por fúria.
—Ele ...— Fode -se ,eu mal consigo terminar a frase.
—Não. —Ela explicou rapidamente. —Eu consegui fugir depois que enfiei a faca no estômago dele.
Quando se tem uma mãe como a minha , viciada e negligente, que na maioria do tempo estava trocando sexo por drogas e não se lembrava que tinha uma filha , seria muito burrice da minha parte não pensar em me proteger. Então, sempre tinha uma faca comigo.Além de linda é esperta e corajosa.
—E o que aconteceu depois? —Perguntei.
—Quando sai do trailer, desesperada pedindo por socorro , eu encontrei a minha mãe sentada no capô do carro de Santiago fumando um cigarro tranquilamente como se não tivesse escutado os meus gritos.
Até então , eu não acreditava que ela teria coragem de fazer aquilo comigo.
Eu sabia que uma hora ou outra, os homens com quem ela estava envolvida e devendo drogas ,iam tentar alguma coisa comigo , mas não que seria ela que me daria pra um deles.
Mas aí vendo ela ali ,tão tranquila ,eu soube que Santiago não tinha mentido . E pra piorar , quando ela me viu e viu o sangue nas minhas mãos ,veio até mim e me deu um forte tapa.
Disse que eu era uma vadia ingrata e que não ia se ferrar por minha causa. E que estava na hora de eu recompensá-la por me sustentar.
Pegou-me pelo cabelo e começou a me arrastar para dentro do trailer de novo para Santiago ter o seu pagamento. Eu lutei com ela e fugi. Dois dias depois , eu voltei no trailer. Esperei ela sair e entrei.
Peguei algumas mudas de roupas e os meus documentos e nunca mais voltei depois disso.Então ,sem dinheiro e sem
ter qualquer pessoa para pedir ajuda, acabei ficando nas ruas mesmo.
Fode-se ,eu estou muito furioso.
—E o seu pai ?
"Onde se enfiou o seu pai de merda ? Era o que eu queria ter perguntado.
— Eu não sei dele . Eu tinha uns cinco ou seis anos quando ele nos deixou e nunca mais apareceu. E a minha mãe odiava que eu perguntasse por ele. Então ,eu parei de fazer perguntas.
— Que filhos da puta !
Ela arregalou os olhos diante do meu tom exaltado e brusco.
—Eu sinto muito. É que estou muito puto agora. Não com você. —Justifiquei a minha ira pra ela não pensar que é com ela que estou bravo. —Se eu encontrasse esse tal Santiago agora , antes de matá-lo eu cortaria o pau dele e o faria comer. E a sua mãe ... É melhor eu não dar os detalhes do que ela merece.
Ela curvou lentamente os lábios num sorriso ,e em seguida, olhou para o meu ferimento com um ar preocupado.
— Parece que o que eu fiz aí não adiantou muito coisa. Está sangrando de novo.
—Eu mesmo costuraria se você tivesse linha e agulha de costura disponível , mas você não tem , não é ?
Os olhos dela se arregalaram para mim.
—Você faria isso ? Custaria a si mesmo ?
Sorri com o espanto na voz dela.
— Sim ,e não seria a primeira vez.
Ela pensou por um momento e então disse :
—Eu não tenho ,mas se você me der dinheiro para comprar, sim. —disse ela lançando um olhar aflito na direção da porta. Quando ela percebeu o meu olhar sobre ela , rapidamente desviou os olhos para as mãos e engoliu em seco. Ela está desesperada pra dar o fora.
Quer saber? Fode-se! De qualquer maneira, se eu morrer alguém vai ficar com todo o dinheiro que eu tenho na carteira e no compartimento da minha moto mesmo. Então, que seja ela essa pessoa.
— Se eu deixar você ir , promete que não vai contar pra ninguém sobre mim ?
Os olhos dela se elevaram ,não sei se é de surpresa ou empolgação.
— Eu prometo que não vou falar nada pra ninguém e prometo que vou fazer o possível para não demorar muito pra voltar , está bem ? Enquanto isso, evite se mover para não sangrar muito.
Mas ,que porra ?Por que diabos ela está se esforçando tanto pra mentir pra mim se já conseguiu o que queria ? De qualquer maneira,finjo acreditar nela. Ela se aproxima e meio sem jeito ,joga um cobertor sobre mim.
— Vou confiar em você , pequena. E obrigado por me ajudar. —Eu segurei a mão dela e foi como se eu tivesse tocado em brasa.
Oh ,porra.
Ela livrou a mão do meu aperto com um puxão brusco , mas eu agarrei novamente. —Você está quente pra caralho . —Soltei a mão dela para sentir seu rosto que confirmou a minha suspeita. Ela estava com febre. Com muita febre.
Porra fodida ,eu sou um egoísta do caralho. Era por isso que ela estava tremendo e não porque estava com medo de mim como pensei.
—Eu estou gripada. —disse ela é neste mesmo instante, seu estômago roncou alto.
Se eu já estava me sentindo um fodido egoísta por não ter notado que ela está doente , saber que ela está com fome sabe lá desde quando só piorou a merda toda.
Tirei a carteira do bolso da minha jaqueta e dei pra ela. — Leve todo dinheiro que tiver aí com você.
Ela tirou duzentos dólares da carteira e guardou no bolso. —acho que é mais que suficiente para comprar tudo que preciso. —disse ela me devolvendo a carteira.
— Pegue tudo. —Eu disse.
Ela me olhou quase espantada.
— Porque eu pegaria tudo ? Deve ter o que aqui ? Dois mil dólares?
— Porque eu estou mandando você pegar. E sim , provavelmente deve ter isso. Eu não contei.
Ela franziu a testa e mordeu fortemente os lábios.
—Está bem. Já que insiste. — Pelo nervosismo na voz dela , eu estou certo. Uma vez que ela sair daqui não vai voltar. E eu nunca mais vou vê-la de novo.
Por que diabos isso me incomoda tanto ?
—Eu não demoro. —Ela parece tão verdadeira . Mas parecer não significa ser. Ela se levanta e se move ao redor do cômodo atrás de alguma coisa que logo vejo que se trata do tênis. Ela os calça apressada.
—Como é o seu nome? —Eu perguntei.
Ela sorriu.
—O que foi ? —Franzi a testa.
— Essa pergunta deveria ter sido a primeira que devíamos ter feito um pro outro , não é? Isso é, depois que a gente se entendeu.
Sorri , dando-me conta que não consigo resistir ao sorriso dela ,mesmo estando chateado por ela estar fazendo parecer que é não é despedida.
— Meu nome é , Alyssa. — As bochechas dela coraram lindamente.
—E o seu ?
—Tristan.
—Eu já volto ,Tristan. — Ela volta a garantir , sorrindo docemente.
—Sim , sra. Não vou sair daqui.
— Acho bom mesmo. — sorrindo ,ela
puxou o capuz sobre a cabeça , e se foi.
Adeus , doce Alyssa.
Alyssa A única farmácia do bairro, aberta por vinte quatro horas, ficava há quadras do abrigo.E pra lá que eu estou indo agora ,movida por um tipo de energia e adrenalina que eu não imaginava que um corpo tão fraco e doente como o meu fosse capaz de produzir de uma hora para a outra. O vento gelado chicoteando o meu rostoJunto com a fina e fria garoa umedecendo o meu único casaco de moletom , não me incomoda como me incomodaria em outra situação. A febre também não parece mais tão incômoda. E o meu estômago parou de protestar ,apesar de ainda doer de fome.Eu continuo andando.Tudo para salvar a vida de um estranho motoqueiro assassino.Um lindo estranho motoqueiro assassino que como um toque de mágica , me fez c
Allyssa.Ele parou no da porta porta. Semicerrou os olhos e ,em seguida ,piscou com força como se estivesse com uma certa dificuldade para distinguir se eu era real ou não.Ele não usava mais a camisa e nem a jaqueta, mas a compressão que eu fiz para conter o sangramento ainda estava no lugar. O meu coração pulou uma forte batida e um estranho friozinho deslizou pelo meu estômago por vê-lo pela primeira vez de pé.Eu tinha uma ideia que ele era alto , mas não que era tanto assim. Se ele não tivesse um e noventa e alguma coisa de altura, chegava bem perto disso. E ele é forte. Muito forte, na verdade.Os ombros largos, braços e o torso musculoso e tatuado estavam ali , bem na minha frente , pra provar o quão forte ele era.
Alyssa.— Para onde exatamente quer me levar ?— Para a minha casa. E já adianto que se está pensando em fugir de mim. —Sorriu torto—Desista, não cometo o mesmo erro duas vezes.Eu não sabia o que dizer em resposta, mas tratei de não levar a sério o que um cara sob efeito de bebida e drogas dizia. Contudo, eu não vou mentir o quanto considero a ideia de ir com ele muito tentadora. Um teto , comida de graça, e proteção era muito tentador. Tentador demais para a dizer a verdade.&
Tristan SlaterEu acordo ,mas reluto para abrir os meus olhos por alguns momentos porque receio que quando eu fizer ,a sensação tão boa de paz e um outra sensação que desconheço,mas tão boa quanto a de paz ,se evapore. Suspirando fundo ,eu me avalio.Eu estou bem. Porra ,eu realmente no meu estado quase normal.A dor fodida se foi e sensação de estar pegando fogo também. Ela fez isso. Ally. A garota que tinha todos os motivos para fugir de mim para as montanhas ,mas não fugiu. Ela ficou e cuidou de mim. Não por bajulação , por esperar algo em troca ou até mesmo para ter um crédito comigo para futuras exigências , como obviamente qualquer puta do clube faria se tivesse no lugar de Ally. Mas Ally não. Ela não sabe quem eu verdadeiramente sou
Tristan SlaterTristan— Solte-a, Miles, agora. Está assustando ela, porra ! —Tristan praticamente rosnou para o homem que estava atrás de mim, segurando -me pelos pulsos. Graças a Deus ! Eles se conhecem. Dando uma risada rouca e abafada , o homem me soltou.— Está tudo bem, pequena. —Tristan estendeu uma mão para eu pegar e eu aceitei de imediato antes de ficar de frente para o recém-chegado,um homem tão alto e forte quanto Tristan, cabelos escuros num corte baixo e olhos azuis-escuros.Notei que, assim como Tristan , ele também tinha a tatuagem da figura estranhamente sombria e assustadora da morte segurando um penado no braço esquerdo ao lado de outr
TristanEu não consigo desgrudar os meus olhos dela que está sentada num tronco de uma árvore em frente da casa. É como se eu estivesse enfeitiçado pelo seu lindo rosto de anjo . E é o que ela parece. Um lindo anjo. Um lindo anjo doce de boca atrevida , com uma boa ,pura, e generosa alma que eu não deveria sequer pensar em desvirtuar. Mas é o que estou fazendo. Eu a estou levando para o meu mundo ,onde luxúria ,mortes e muita violência são constantes. Merda. A cada segundo que passa , os planos que fiz para ajudá-la enfraquecem na minha cabeça e novos planos ganham forças, mesmo sabendo que eu não posso mudar o que prometi. Eu devia dar dinheiro o suficiente pra ela se virar e deixá-la em paz antes mesmo de irmos pro clube , mas eu estaria mentindo para mim mesmo se dissesse que eu n&
Alyssa.Droga.Eles pararam pro café da manhã no mesmo restaurante que fui expulsa pelo segurança quando fui pedir um emprego . Tudo porque ,ele viu revirando a lata de lixo uns dias antes disso e nem me deixou passar pela porta . Ele me disse coisas horríveis também.Fiquei nervosa e constrangida só de pensar em ser reconhecida pelo segurança na frente de Tristan e de seus amigos.Respirei fundo e disse a mim mesma que ia ser corajosa e enfrentar isso. Não quero parecer uma ratinha medrosa por coisas pequenas como entrar nesse restaurante por exemplo só porque o seguran&ccedi
Tristan SlaterO último olhar que Ally me lançou antes de se afastar ,me fez querer a chutar a minha bunda por ter falado com ela daquele jeito . Já é asegunda vez que ela faz eu desejar chutar a minha bunda por ela e isso me intriga . Me intriga o fato de ela me afetar tanto desse jeito. Tanto que só de pensar na possibilidade de algum filho da puta machucá-la ,eu fico louco. Foi por isso que pedi pra que ficasse no restaurante. Eu não confio neste homem. Ele disse que veio em paz , mas não tem como confiar na palavra de um homem com quem você já esteve em uma briga grande e que veio falar com você com dez homens armados até os dentes a tiracolo.—Estou sentindo o cano das armas&