CAPÍTULO 03.

Meu final de semana foi um desastre só, ele ficou dividido entre chorar e vomitar. Eu ainda não acredito que estava acontecendo tudo isso comigo e pra piorar minha vida, Eric me ligava constantemente.


Sarah acabou ficando o final de semana todo comigo e eu só pude agradecer a ela, se não tivesse ficado certamente seria tudo mil vezes pior.


Agora eu estava me vestindo, uma semana nova se iniciava e eu precisava encara-la. Mais antes Sarah havia marcado uma consulta pra mim na ginecologista logo no primeiro horário antes do trabalho, ela me disse que o teste era noventa e nove por cento confiável, mais sempre tinha o zero vírgula um porcento de erro.


Eu pessoalmente estava acreditando fielmente naquele zero vírgula um porcento.


Me vesti e sai com minha amiga de casa, pegamos o carro e fomos para o hospital. Chegamos em cima da hora e esperamos cerca de uns dez minutos quando finalmente fui chamada, assim que entramos a ginecologista nos comprimentou com um aperto de mão e pediu pra que sentassemos nas cadeiras a sua frente.


Ela me fez várias perguntas e eu respondi todas com o coração na mão, mais foi Sarah quem revelou o real motivo para estarmos ali. Por que aquelas palavras eu ainda não conseguia dizer.


- Então, você deve fazer um exame de sangue senhorita Williams.


Eu apenas concordei com a cabeça e saí com ela para o tal teste, depois de feito a médica falou que por volta do meio dia já estaria pronto e que eu deveria trazer para ela o resultado. Então saímos para o trabalho.

***


O dia passou mais lento do que o normal e pra piorar eu não estava conseguindo me concentrar em nada, de cinco em cinco minutos eu olhava para o relógio para ver se já havia chegado a hora e parecia que o ponteiro nunca se movia.


Eu estava desesperada, precisava de uma vez acabar com essa inquietação e ter certeza logo ou eu juro que ficaria louca até o fim daquele dia.


- Scarlet você errou novamente a planilha -falou meu chefe a minha frente o Senhor Andrew me olhando desconfiado- o valor final não bate com os cálculos que você apresentou.


- Ai senhor me desculpe por isso por favor -falei envergonhada pegando o papel em sua mão- eu prometo que farei novamente e que isso não acontecerá de novo.


Meu chefe sorriu para mim de uma forma calorosa, ele era um homem muito bom e sempre foi generoso comigo desde o primeiro dia em que vim trabalhar aqui a três anos. Sou sua secretária e eu adoro meu trabalho, mais naquele dia eu não estava conseguindo fazer nada nem achar um grampeador.


- Não se preocupe com isso -falou de uma forma carinhosa- apenas refaça tudo bem? Mais o que houve? Você parece aflita com algo.


Seus olhos indagadores em cima de mim me deixaram com nó na garganta, eu adorava meu trabalho e tinha um carinho pelo meu chefe mais eu não sairia por ai contanto meus problemas né?!


- Não é nada senhor, só uns problemas sem importância alguma -sorri gentilmente para ele-


- Tem certeza?


- Sim claro, não se preocupe.


- Qualquer coisa sabe que pode contar comigo -falou e seu tom de voz parecia um pouco preocupado, mais preferi não prestar atenção nisso-


- Obrigada senhor, vou voltar e ajeitar a planilha. Com licença.


Me despedi com um sorriso gentil e sai de sua sala fechando a porta atrás de mim, me sentei em minha mesa e coloquei as duas mãos no rosto com os cotovelos apoiados na mesa soltando um ar pesado pela boca.


- Eu preciso saber esse resultado o quanto antes ou vou ter um colapso e cair dura no chão aqui mesmo -falei para mim mesma-


Peguei os pepeis que o Senhor Andrew havia me devolvido e li, meu Deus aquilo estava um desastre. Haviam muito mais erros do que somente os cálculos.


Então depois de respirar fundo voltei para o computador, eu precisava me concentrar e focar em outra coisa. Quem sabe assim a hora não passava mais de pressa.


E funcionou, duas horas depois eu finalmente havia acabado e faltava dez minutos para o meio dia, imprimi as planilhas e como o meu chefe estava em reunião com alguns sócios eu decidi deixar os documentos em cima de sua mesa.


Assim que saí da sala, Sarah apareceu já arrumada com sua bolsa pendurada no seu ombro direito.


- Esta pronta?


Novamente o medo começou a tomar conta de mim e senti minhas pernas bambearem, me sentei em minha cadeira e respirei fundo.


Eu precisava ser forte e corajosa, tinha que encarar as coisas de frente. Esperei a manhã toda para finalmente saber esse bendito resultado e não voltaria atrás.


- Sim claro -falei me levantando e pegando minha bolsa- vamos.


Saímos juntas pelo corredor até o elevador e tive que lutar internamente comigo mesma para não sair correndo para longe do nosso destino. Minhas pernas estavam moles como gelatina e eu sentia que poderia cair ali mesmo.


- Fique calma Scarlet -falou minha amiga ao meu lado notando meu nervosismo a flor da pele- vai ficar tudo bem.


Eu não respondi, apenas forcei um sorriso e continuei dirigindo.


Quando finalmente chegamos ao hospital eu já estava quase tendo uma parada cardíaca, fui até a recepção e contei que vinha pegar o resultado do meu exatamente de sangue.


Depois de dar o meu nome completo e apresentar minha identidade ela se levantou e saiu entrando em uma porta que ficava atras do balcão no canto direito, pouco tempo depois ela volto com um envelope na mão e disse para esperar minha vez.


Me sentei com Sarah e ficamos ali, o que eu mais queria naquele monento era rasgar aquele pedaço de papel e saber de uma vez o resultado. Minhas mãos tremiam e suavam muito, meu coração batia forte e eu sentia um frio desconfortável na barriga.


Que aflição meu Deus.


Mais de vinte minutos depois finalmente meu nome foi chamado e eu caminhei com Sarah para a sala da minha ginecologista.


Assim que entramos a médica se sentou em sua cadeira e Sarah e eu nas duas cadeiras a frente de sua mesa, entreguei o envelope a ela e a mesma abriu.


Ela ficou olhando aquele pedaço de papel por vários longos segundos e quando eu já não estava mais aguentando e quase gritando pra que ela me dissesse logo aquele bendito resultado ela olhou para mim e deixou o papel em cima de sua mesa.


- Parabéns Scarlet, não tem mais dúvidas você realmente está grávida.


Naquele momento tudo parou, prendi a respiração e eu só consegui olhar fixamente para ela esperando algo mais. Que ela risse dizendo que era uma brincadeira, mais ela não fez isso.


Sarah ao meu lado também estava surpresa, mais depois notei um sorriso em seus lábios enquanto que eu sentia meus olhos arderem com as lágrimas.


Depois de mais de um minuto em silêncio com algumas lágrimas ja escorrendo pelo meu rosto eu me forcei a falar, eu precisava saber.


- Tem... -disse fungando tentando controlar as minhas lágrimas- tem certeza? A senhora tem certeza?


- Claro que sim -repondeu ela pegando o papel novamente e o olhando- o exame de sangue e cem por cento certo, esta aqui positivo.


Peguei o papel de sua mão quase chegando até a assustar a pobre médica e olhei, embora eu não entendesse nada daquilo meus olhos se fincaram na última linha da folha.


"Resultado do examente de sangue para gravidez: Positivo"


Novamente eu havia ficado muda de novo e lá estava eu chorando como uma condenada, aquilo realmente estava acontecendo comigo.


- Podemos fazer a ultrassom pra sabermos quanto tempo você tem de gravidez e se o bebê esta bem.


- Claro, vamos querer sim -respondeu Sarah no meu lugar-


Eu estava em choque, apenas olhando para aquele papel e aquela bendita palavra "positivo".


- Venham comigo.


Então ela se levantou e Sarah segurou minha mão me forçando a me levantar também eu estava sem forças pra fazer absolutamente mais nada, caminhamos por uns corredores até uma sala enquanto eu me sentia anestesiada como se aquilo tudo não fosse real.


Eu não conseguia acreditar, a fixa ainda não tinha caído de jeito nenhum.


Havia uma espécie de cama ali com um aparelho do lado e uma televisão, entrei na sala e deixei minha bolsa em cima da cadeira fazendo tudo automaticamente.


- Scarlet deite na cama e levante a blusa por favor.


Sem dizer nada eu fiz o que ela havia pedido, me deitei na cama e desabotoei três botões da minha bluda social branca e levantei.


Senti a doutora passar um gel gelado na minha barriga e ela ligou o aparelho, depois ela precionou algo contra mim e logo uma imagem toda borrada apareceu na televisão a minha frente.


- Olha esse é o seu útero -falou a médica como se eu entedesse aquela imagem a minha frente-


- O-onde? -perguntei com a voz trêmula-


- Esse buraco vazio no meio da imagem -falou ela apontado para a tv- e esse aqui... é o seu bebê.


Ela mexeu em alguns botões dando um zoom na imagem e logo um pontinho no meio daquele vazio apareceu melhor, era tão pequeno parecia uma azeitona.


- Ele tem aproximadamente quatro semanas, o tanho esta normal -falou ela mexendo no aparelho e logo um som apareceu-


Era alto, rápido, forte e claramente davam para ser percebido. Sim, eram as batidas do coração dele, uma lágrima escorreu dos meus olhos.


Aquilo tudo realmente era real, ele estava ali dentro mesmo.


- Os batimentos cardíacos estão normais, tudo esta normal e o seu bebê esta saudável.


Ela tirou a aparelho e me entregou alguns papéis toalhas para eu limpar minha barriga, então ela me entregou algo.


Quando vi fiquei surpresa, era uma foto do meu útero e bem ali estava o pontinho de azeitona com o coração mais forte e barulhento que ja ouvi.


Eu sorri, não dava para negar e nem fingir mais. Sim! Eu estava grávida.


Depois de ouvir o que a médica tinha a dizer, que eu precisava me alimentar bem, tomar bastante líquido e comprar umas vitaminas sai do hospital com minha amiga.


- Bom -falou ela parando a minha frente já do lado de fora do hospital- o que vai fazer agora?


- Por enquanto eu só quero ir pra casa -falei sentindo meu corpo todo pesado, como se eu tivesse corrido uma maratona e agora estivesse muito cansada- preciso pensar um pouco, você vai de táxi?


- Sim claro, não se preocupe eu aviso o Senhor Andrew que você não se sentiu bem ele tem um carinho por você e sei que vai entender -ela sorriu pra mim e me abraçou- vai ficar tudo bem, você vai ver.


- Ok -sorri pra ela- obrigada Sarah.


Ela sorriu e entrou num táxi que estava estacionado ali, fui para o estacionamento do hospital e entrei no meu carro, liguei e saí dali.


Minutos depois eu ja estava em casa, entrei no estacionamento e peguei minha bolsa que estava no banco ao lado.


Subi pelo elevador e entrei em casa indo direto para o meu quarto, joguei minha bolsa em cima da cama e parei.


Olhei para o espelho em frente ao meu armário e caminhei até ele parando, levantei minha blusa e toquei minha barrigada.


Fiquei de lado e não notei nada, nenhum volume sequer. Nem dava para perceber nada ainda.


Mais ele ja estava ali, crescendo aos pouquinhos com seu coração de maratonista batendo forte e rápido.


Peguei a foto dentro da minha bolsa e colei no espelho e fiquei ali olhando para minha barriga.


- Ei -falei sorrindo sentindo meus olhos arderem e minhas lágrimas caírem- ei você ai dentro. Sou eu, er... Scarlet.


Ri de mim mesma, meu Deus que idiota falando com a minha própria barriga.


- Ei bebê sou eu, sua... sua mãe -aquela palavra, mãe... Meu Deus- não se preocupe bebê, vamos dar um jeito. Vai ser você e eu agora.


Porém, quase que imediatamente minha cabeça me levou para outro lugar. Para aquele quarto de hotel há um mês atrás que eu acordei tonta e desorientada com um homem estranho que eu nem sabia o nome do meu lado.


Querendo ou não ele era o pai, um completo estranho agora era o pai desse bebê. Mais eu ficaria calada, nunca mais vi esse homem e tenho certeza de que ele nem se lembra mais de mim e que provavelmente eu nunca mais o veria.


Agora era tudo minha responsabilidade, eu tinha que lutar. Ser forte e corajosa, por mim e... por esse bebê. Pelo meu bebê.

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