CAPÍTULO 02.

UM MÊS DEPOIS.


- Scarlet vamos -disse Sarah se jogando ao meu lado na cama- podemos sair para comer alguma coisa, hoje é sabado não temos que trabalhar amanhã.


- Sarah que parte do "eu não estou me sentindo bem" você não entendeu? -falei me cobrindo ainda mais com o lençol- que coisa, se quiser peça alguma coisa pra comermos aqui mais não vou sair.


Ela soltou um grunido e se levantou saindo do quarto deixando a porta aberta, a ouvi falar no celular provavelmente pedindo comida.


Ja fazia uma semana que eu realmente não estava me sentindo bem, uma dor de cabeça que vinha e passava, uma moleza no corpo, sono e um enjoou chato que me tirava a calma. Agora eu estava na minha cama, coberta dos pés a cabeça sentindo meu corpo mole e meu estômago doer com uma ânsia que não passava.


Meu Deus como eu odiava vomitar.


Sarah voltou para o quarto e se deitou ao meu lado com os braços cruzados fingindo estar com raiva por ser contrariada, ficamos caladas assistindo uma série na Netflix enquanto nossa comida não chegava. Eu sei que precisava comer, eu não havia colocado nada no estomago desde ontem mais o fato era que eu não sentia fome alguma.


Uns quarenta minutos depois a campanhia tocou, Sarah se levantou e foi atender. Ouvi ela falando com alguém e dois minitos depois ela voltou para o quarto segurando uma sacola cheia de comida dentro.


- O rango chegou -franzi as sobrancelhas assim que ela disse isso, meu estomago já estava se revirando de novo-


Ela se sentou na cama e assim que tirou as coisas da sacola e o cheiro de frango empanado, com pure e arroz com cenoura invadiu o quarto, meu estômago embrulhou completamente.


- Meu Deus -falei colocando a mão na boca e correndo para o banheiro-


A única coisa que deu tempo de fazer foi levantar a tampa do vaso e no segundo seguinte lá estava eu, de joelhos jogando até minha alma pra fora. Não havia praticamente nada no meu estomago, só um iorgute que havia tomado mais cedo mais mesmo assim meu corpo insistia em continuar vomitando.


Percebi Sarah atrás de mim, ela segurava meu cabelo e passava a mão nas minhas costas enquanto eu estava ali jogando tudo o que eu não tinha no estômago no vaso.


Quando finalmente aquela coisa horrosa passou me levantei com cuidado e dei a descarga, peguei minha escova de dente e escovei meus dentes, passei água no rosto e me olhei no espelho. Eu estava péssima.


Estava pálida e meus olhos com olheiras, parecia que eu não dormia a uns dois dias. Que horror, uma gripe certeira havia me pegado.


Assim que voltei para o quarto o cheiro da comida invadiu meu nariz novamente e meu estômago embrulhou, mais dessa vez eu lutei para não correr para o banheiro. Eu não tinha mais nada no estômago para tacar pra fora, se eu vomitasse mais daqui a pouco eu colocaria minhas tripas pra fora.


- Sarah por favor -falei lutando contra o enjoou com a mão na boca- tira essa comida daqui por favor, o cheiro esta muito forte e embrulha meu estômago.


Sarah me olhou fixamente por uns segundos como rosto sério e sem dizer nada, ela catou todas as comidas e saiu do quarto. Eu me sentia muito fraca então me deitei na cama e ali fiquei em posição fetal esperando que aquela ânsia diminuísse.


Cinco minutos depois ela voltou com um prato e assim que ela parou na minha frente eu percebi que era caldo de galinha, imediatamente eu fiquei feliz. Pelo menos aquilo não tinha me causado repulsa.


Me sentei na cama e comecei a comer, só assim pude perceber o quanto eu estava morrendo de fome.


Sarah não falou nada, ela ficou em silêncio ao meu lado o tempo todo me observando enquanto eu comia. Seu olhar era muito estranho, eu fiquei preocupada.


- O que foi? -perguntei enquanto levava mais uma colher de sopa até a boca- por que está me olhando assim?


- Só... coma -falou séria o que eu estranhei mais ainda, Sarah nunca esteve tão seria assim em seis anos que a conheço-


Olhei para ela e vi que não estava brincando então resolvi fazer o que ela havia mandado, quando finalmente terminei ela se levantou e pegou o prato saindo do quarto novamente e voltando logo em seguida.


Seu rosto ainda continuava sério.


- Sarah o que foi? Me diga.


- Amélia quero te perguntar uma coisa -falou seria se sentando a minha frente na cama-


- Uai, pergunte.


- Faz quanto tempo que você dormiu com aquele cara da boate? -perguntou seria-


Sua pergunta me pegou de surpresa e imadiatamente senti meu rosto arder, eu preferiria nunca mais falar daquilo. É uma loucura da minha vida que eu gostaria muito de esquecer.


Mais vendo o rosto da minha amiga sério e seu olhar indagador em cima de mim, achei melhor responder.


- Tem um pouco mais de um mês eu acho -falei com o rosto franzido não entendendo a onde ela queria chegar- por que?


- E nesse mês você já menstruo?


Sua pergunta foi como um soco na minha cara, fiquei muda. Imediatamente me lembrei que isso não havia acontecido, o que era muito estranho por que eu sempre fui muito regular.


Senti minhas mãos tremerem enquanto eu segurava o lençol com força, não. Não, não, não, não, não! Isso só pode ser um engano, não tem nada aver.


Olhei para minha amiga e percebi que ela estava esperando minha resposta.


- Não -nunca uma palavra foi tão difícil de ser dita-


Então ela virou pra frente e ficou muda, nenhuma de nós duas falava.


Eu fiquei ali estática, sem nenhum tipo de reação. Isso não podia estar acontecendo, não. Não agora, eu estava doente, só isso. Era uma gripe que logo passaria.


Com certeza era isso. Tinha que ser só isso.


- Você... quer que eu vá lá? -ela falou ainda olhando para a frente-


Eu sabia do que ela estava falando, mais não pude evitar de sentir medo. Tinha medo de confirmar.


- Isso é loucura Sarah -falei dando uma risada sem nenhum pingo de humor- eu estou doente só isso.


- Sim -falou finalmente se virando para mim e me encarando- mais e se não?


Fiquei muda novamente, se não fosse isso eu estava muito ferrada.


- Vá lá Sarah por favor.


Meu pedido saiu mais como um desespero, meu coração batia tão rápido que a qualquer momento parecia que ia sair do peito.


E no mesmo segundo ela se levantou e saiu me deixando sozinha no quarto, abracei minhas pernas junto ao corpo e fiquei parada apenas rezando para todos os Deuses existentes no mundo que aquilo não fosse real.


Um deles ia ter que me ouvir.


Cinco minutos depois ouvi a porta da frente abrir e meu coração aquela altura, ja estava quase saindo pela boca. Assim que ela entrou no quarto com uma sacolinha de farmácia eu me levantei da cama e peguei.


Não dissemos nada uma pra outra, apenas tirei a caixinha com o teste de dentro da sacola segui para o banheiro.


Dois minutos depois eu já estava com o resultado na mão, saí do banheiro e Sarah apareceu na minha frente. Mais tudo o que eu via era um borrão, meus olhos estavam tomados de lágrimas.


- E então? -perguntou e eu senti o desespero em sua voz- o que deu?


Eu não consegui responder, minha língua estava grudada no céu da boca, minhas mãos tremiam e meu coração iria falhar a qualquer momento. Dava para sentir.


Então Sarah em seu total estado de impaciência arrancou e teste da minha mão e olhou ela mesma.


Me sentei na cama e ela se virou para mim.


- Positivo -ela falou em voz alta e só então eu comecei a chorar- Scarlet você está grávida.

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