Se descobrindo

Eu ficava andando pra lá e pra cá no quarto de Murilo, tentando achar uma solução para não ver ele morto, oque iríamos fazer.

- Me desculpa mano por ter te colocado nessa, era por isso que eu não queria te contar. - Ele me olhava parecendo aqueles cachorros que caíram da mudança.

-  E você acha que sozinho irá conseguir pagar esses 10 mil? - Eu estava bravo com ele - Você praticamente é um homem morto.

- Também não precisa falar assim Hiago! - Ele se entristece.

- Eu vou falar como?.

- Vou ir tomar um banho, esfriar minha cabeça, não quero ficar ouvindo seus sermão. - Ele se levanta - A merda já está feita mesmo.

- Tá. - Eu sento.

Eu poderia estar pegando meio pesado na bronca, mas Murilo é muito cabeça dura não escuta ninguém. Agora como eu vou ajudar ele a resolver esse problema. Eu escuto o barulho do chuveiro.

- Eu ja sei! - Dei um grito.

Ele sai do banheiro pelado, para na porta e me olha

- Oque? Escutei um grito! - Ele estava com os olhos arregalados.

- Você é maluco? - Comecei a percorrer o corpo dele com os olhos - Percebeu que você está pelado?

- Idai? Você é meu melhor amigo e somos homens.

Era a primeira vez que eu via ele completamente nu na minha frente, meu coração estava acelerado, que vontade de agarrar ele ali mesmo.

- Então, eu acho que posso resolver o seu problema. - Sorri.

- Você é foda Hiago - Ele vem até mim e me abraça.

Ele estava me abraçando, pelado? Pelado? Pelado?

- Murilo, por favor, volte para o banheiro. - Eu estava começando a ficar excitado e seria estranho se ele percebesse. - Eu vou embora, depois te ligo.

- Beleza mano, depois você passa um fio explicando melhor ai essa sua ideia. - Ele estava feliz.

- Ok!

Eu corri daquele quarto o mais rápido possível, como eu estava ficando excitado pelo meu melhor amigo? Oque está acontecendo com o meu corpo? Porque eu sinto essas coisas? Eu não gosto de sentir isso. Eu estava desesperado, mas esse não é o momento de ficar pensando nisso, eu tinha que dar um jeito de conseguir o dinheiro para que ele não morra, fui pedalando de vagar para casa. Droga a cena dele completamente pelado na minha frente não sai da minha cabeça. Cheguei em casa e fui correndo para o quarto para o meu quarto.

- Filho? - Minha mãe me para ao ver eu entrando no quarto.

- Oi mãe!

- Está acontecendo alguma coisa? - Ela me olhava preocupada.

- Depois eu explico mãe! - Sorri desanimado.

- Hiago de Andrade. - Ela fala brava - Não minta pra mim.

- Mãe, depois eu te explico, me deixa ficar sozinho um pouco. - implorei.

- A janta está pronta, não vai comer?

- Estou sem fome - Falo entrando no quarto - Obrigado mãe.

Eu fechei a porta do quarto, me deitei na cama e fiquei pensando, eu acho que estou apaixonado pelo meu melhor amigo. Porque tinha que acontecer isso? Logo ele? Murilo é do tipo mulherengo, é um gostar perdido, eu me odeio por ter esse sentimento.

- Hiago! - Minha mãe bate na porta.

- Me deixa ficar sozinho mãe, por favor! - Gritei.

- Abre essa porta! - Ela insiste.

Eu vou até a porta e abro, ela estava com uma marmitinha de comida na mão.

- Eu estou sem fome mãe! - Falei ao ver.

- Você está passando por problemas e isso é amor, se você não quer me contar quem é tudo bem, mas não pode ficar sem comer. - Ela me olhava com um sorriso..

- Como a senhora sabe? - Eu achei estranho.

- Eu ja tive essa fase, tudo mundo tem filho, um amor não correspondido. - Ela me entrega a marmita.

- Obrigado mãe. - Dei um beijo na sua bochecha.

-Vê se come ta bom?

- Tá. - Sorri para ela.

Depois que meu pai morreu, minha mãe se dedica muito a mim e a Alice. Eu comi um pouco daquela comida, depois tomei um banho e me deitei. Eu acordo de manhã com o celular tocando, quando eu vejo tem mais de dez ligações perdidas, nossa eu realmente tenho o sono pesado. Era Murilo, eu retornei a ligação.

Fala mano? - pergunto.

- Vai ir pra escola hoje? - Ele estava com um ar Alegre.

- Vou claro, porque? - Não entendi  tanta alegria.

- Quero que você me fale da ideia que teve mano.

- Ah! Verdade. - Dei um sorriso. - A gente sê vê lá.

- Ok mano.

Desliguei o celular, tomei um banho e fui para a cozinha tomar café.

- Está melhor filho? - Minha mãe fala ao me ver sentando na mesa.

- Eu estou mãe. - Sorri para ela.

- A magrela ai está se sentindo mal? - Minha irmã debocha.

- Não é da sua conta - Retruco.

- O seu namoradinho Murilo está pegando outra e você está com ciúme? - Ela da uma gargalhada.

- Cala a boca! - Aumentei o tom da voz - Murilo é só meu amigo.

- Eu não quero ninguém brigando na hora do café. - Minha mãe fica brava.

- Eu perdi a vontade - Falei olhando para Alice - Bom dia mãe.

Me retirei, fui para a escola de bicicleta. Ao entrar vejo Murilo se atracando com Larissa, aquilo me deu um aperto no coração. Fui para a sala de aula, não queria interromper os dois pombinhos, quando vou entrar na sala de aula avisto aquele garoto que eu havia conversado ontem na diretoria ele estava conversando com outras duas meninas. Fui até ele.

- Posso falar com você. - Falei meio sem graça.

- Pode falar! - Ele ri.

- Eu queria conversar com você a sós. - Sorri sem graça.

- Com licença meninas. - Ele se despede - Eu sei um lugar onde podemos conversar sem ninguém nos incomodar.

- Obrigado. - Agradeço.

Fomos em direção a biblioteca, ele me leva para o fundo atrás das estantes de livros, tinha uma mesa, nos sentamos.

- Pode falar - Ele sorri para mim.

- Primeiramente, prazer Hiago - Eu estendo a mão.

- Roberto. - Ele me cumprimenta.

Eu estava um pouco nervoso, minha mão estava suada.

- Queria falar sobre aquele assunto de ontem. - Falei muito sem graça.

- Você contou para ele? - Perguntou.

- Não, eu ainda nem sei se é isso que eu quero, eu nem sei se sou gay mesmo. - Eu estava nervoso, desesperado.

- Você está na fase de negação, todos nós chegamos a essa parte, não é fácil lidar com isso. - Ele parecia entender muito do assunto.

- Por que isso agora? - Eu queria explicação.

- Agora não! - exclamou - Você não virá gay, você nasce. Puxa na memória outros momentos em que você se sentiu atraído por rapazes.

- Eu sempre senti isso pelo Murilo, mas eu achava que era amor de amigo, mas agora parece estar mais forte o sentimento, ainda mais depois que eu vi ele beijando outra pessoa. - Eu me entristeço.

- É normal. - Ele sorri

- Não, não é normal, eu não quero isso, não quero ser gay. - Comecei a chorar.

- Não é uma opção sua Hiago, você não escolhe, você nasce assim. - Ele segura minha mão.

- Oque eu faço? - Eu estava confuso.

- Conte para ele é a melhor coisa que você pode fazer agora.

- Eu tenho medo dele se afastar de mim.

- Se ele fizer isso, é porque ele não merece sua amizade. - Seus olhos brilhavam.

Roberto era assumidamente gay na escola, era um garoto bonito.

- Não, eu não sou gay. - Me levantei.

- Quer fazer um teste? - Ele se levanta.

- Que teste? - Achei estranho.

Ele se aproxima de mim, olha em meus olhos, aproxima seu rosto do meu e me beija. Aquilo realmente estava acontecendo? Eu estava beijando outro cara e era bom, eu estava gostando de beijar ele, eu sou gay mesmo?

- Bem que eu sempre desconfiei, a boneca ai é um viadão. - Kaic batia palmas.

Merda, Kaic tinha que ter visto? O cara que mais me odeia na escola me viu beijando outro cara, eu estou ferrado, minha vida acabou literalmente...

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