Yven Cobalt

Depois que vi o resultado daquele tratamento todo, e olhei para o relógio verificando a hora, fiquei boquiaberta, pois passamos horas no spa apenas com nossos cuidados para esta noite. O meu cabelo estava perfeitamente soltos e bem hidratados, minhas unhas da mão com uma cor em nude e as unhas do pé estavam com o estilo francesinha, já eram 16:42 da tarde quando nosso atendimento foi encerrado.

          Assim que saímos do Spa, Derek nos levou embora, e quando chegamos em casa me deparei com a sala de visitas repleta de vestidos de gala, um mais lindo que o outro.

        — Pedi para que eles trouxessem os vestidos para escolhermos tranquilamente.

 Minha mãe murmurou ao notar meu fascínio e se aproximou dos vestidos de tons mais escuros. É claro que eu estava boquiaberta com os vestidos que eu vi, havia tantos, que poderia vestir no mínimo 15 mulheres somente esta noite.

 Passeando com os dedos sobre os vários cabides, fiquei encantada com o que estava vendo mas encontrei algo que chamou minha atenção, e sobre o vestido no cabide havia uma capa preta tapando o conteúdo que havia nele, assim que tirei o cabide da arara e abri o zíper,  encontrei uma peça num tom marsala, seu tecido era fino e cheio de brilho, extremamente deslumbrante.      

         — Maravilhoso.

 Logo pensei e sorri com a expectativa alta, já com o vestido sem a capa, olhei preguiçosamente para aquela peça linda em minhas mãos, o modelo, era cruzado nas costas e na parte de cima, onde há o decote que desce até a cintura, é feito de seda, e sua saia é seda com brilho, com uma abertura até a coxa da perna direita, e para acompanhar uma sandália de saltos médios Jimmy Choo em nude maravilhoso.

         Mentalmente agradeço a minha mãe por ter me levado até o spa, minhas unhas estavam precisando urgente de atenção.       

          — Vejo que escolheu seu vestido, querida.

Minha mãe apareceu atrás de mim com um vestido no seu braço e sorrindo, confirmei com a cabeça e respondi.

       — Na verdade,  acho que foi o vestido que me escolheu.  

Minha mãe abriu um sorriso e murmurou.

        —  Então pegue logo e vá se preparar.

 Falou enquanto se aproximava de mim e tocando em meu rosto concluiu.

       —  Estou muito feliz por você estar aqui.

 E ouvindo aquelas palavras senti um sentimento de gratidão enorme tomar conta de mim,  e mais uma vez, culpada pelo distanciamento que tomou conta de mim para com meus pais. 

 Depois que abracei a minha mãe, Subi a escadaria com meu vestido, fui direto para meu quarto andando maravilhada com o quanto ele e lindo, fechei a porta atrás de mim e me aproximando da cama o deixei lá junto com a capa e fui pegar meu celular, pois assim que vi o vestido logo lembrei da minha melhor amiga.

Peguei o celular e sentei na cama e disquei o seu número, que no segundo toque foi atendido.

        — Minha nossa, finalmente. 

Amanda resmungou ao me saudar e soltando uma risada respondi.

         — Como estão as coisas por aí? 

 Suspirando alto e audivelmente, ouço um tom de voz conhecido que Amanda usava quando estava chateada e logo me preocupei.

          —  Sabe, eu acho que os pais do Carlos, não...  Não gostaram muito de mim.

Mordendo o lábio me senti me senti mal, pois não tinha o que dizer.        

          — Amiga, por que você acha isso? 

 Me vejo aflita por Amanda, pois ela sempre foi uma das pessoas mais amáveis e confiantes que eu conheço, agradeço a ela por ter me ensinado a ter a confiança que tenho em mim.

       — É que... eu não senti que ela tenha gostado do jantar, de ter me conhecido. É só um pensamento meu.

 Mordendo o lábio, cruzei as pernas e murmurei.        

        —Conversa com o Carlos, e pergunta como foi, com certeza isso vai ajudar a acabar com esse seu pensamento.

         Depois que conversei com Amanda, me senti mais tranquila, estava me sentindo inquieta, na verdade não era algo ruim, muito pelo contrário, eu estava animada sobre esse evento, como se algo fosse acontecer. Amanda já com seu bom humor de volta me recomendou que eu continuasse com o entusiasmo porque, provavelmente, algo bom poderia acontecer, e que quando a pessoa é segura de si as pessoas percebem no olhar e no sorriso e isso muda tudo.

Dito isso, resolvi levantar e me olhar no espelho, olhando para o reflexo, vi uma garota de cabelos longos e pretos parecendo mais confiante, meus olhos castanhos claros demonstravam que eu estava animada, fui em busca da minha bolsa que portava meu gloss e o retoquei em meus lábios e já me sentindo pronta para conquistar meu espaço no mundo dos negócios. Ouço batidas na porta e em seguida ela se abre revelando a figura alta e elegante do meu pai.

       — Querida, às 19:15 estaremos aguardando você para irmos juntos até o evento.

 Meu pai falou com metade do corpo para dentro do quarto em meio a um sorriso bobo que ele sempre me dava quando olhava para mim. Às vezes eu imagino o quão furioso ele ficaria caso descobrisse o que Heitan fez comigo.  Respondi em meio a um sorriso que considerei estranho.       

          — Estarei lá pontualmente, pai. 

 E confirmando com a cabeça, ele saiu  fechando a porta. Olhando meu reflexo de novo, já com o vestido em meu corpo, perfeitamente modelado a minhas curvas, falei em voz alta e bem determinada.

           — Hoje ninguém vai estragar minha noite. 

No momento em que entramos no carro, senti um frio na barriga tomar conta do meu corpo, me senti inquieta,  já ciente de que algo bom poderá acontecer, nada tirava aquele pensamento da minha cabeça, enquanto eu mordia o lábio para tentar dissipar o nervosismo e aquele desconforto familiar que eu estava sentindo, acompanhei as pessoas andando tranquilamente pelas ruas, já estava anoitecendo e estava  uma linda noite de primavera,  havia uma lua gigante e cheia que iluminava sensualmente o céu  deixando aquela sensação de que uma noite magicamente sensual paira no ar.

                Assim que nosso carro estacionou em frente ao tapete vermelho que dava acesso a entrada a uma sala aglomerada por fotógrafos, senti meu corpo ficar tenso e engoli em seco , olhando para meus pais acenei com a cabeça para que soubessem que eu estava pronta para acompanhá-los no momento em que me olharam.

Meu pai foi o primeiro a descer do carro, com toda a sua elegância abotoou seu blazer e ergueu a mão para minha mãe que logo a agarrou com toda a delicadeza de uma dama, assim que desceram, respirei fundo e fechei os olhos para aplacar um pouco o nervosismo, já fazia muito tempo que ninguém mais teve notícias sobre a herdeira dos Cobalt, sem falar pela exposição que terei caso o Heitan saiba que estou em New York,  mas assim que abri meus olhos, me senti mais confiante e desci do carro segurando a mão que meu pai ofreceu a mim, e fomos andando entre os fotógrafos, era flash por todos os lados e ouvi alguns perguntando.

       — Quem é Ela?       

       — Não sabia que eles tinham uma filha        

       — Não tivemos mais noticias dela        

        — Uauuu.

E aquilo tudo me deu um pouco de tontura, passei muito tempo me escondendo, por vergonha, e muito medo,  que descobrissem algo sobre Heitan, pois iria manchar toda a vida da minha família e isso era algo que eu não queria nem pensar.

            Atravessando todo o corredor, que parecia não ter fim, chegamos no hall de entrada de uma magnífica sala, e olhando ao redor, não consegui encontrar ninguém conhecido.  Vi um grupo de homens conversando entre si, a questão da auto-confiança que Amanda me contou deve ser verdade, pois me pareceu que o grupo de homens que conversavam  entre si sentiram minha presença ali, e então olharam para mim com toda a curiosidade.

Mas minha atenção foi para um homem que estava de costas para a entrada, ele era alto, cabelos pretos, provavelmente 1,90 de altura, porte atlético, me fazendo soltar um suspiro em apreciação, com um pequeno movimento aquele mesmo homem de cabelos escuros virou-se apenas um pouco para olhar o que estava chamando a atenção dos outros e quando seus olhos castanhos esverdeado me encontraram, engoli em seco e senti um arrepio de excitação subir atraves da minha coluna a e me direcionei a um garçom que oferecia drinks aos convidados, na tentaiva de fugir daquele transe.

Não sei por que, mas me senti um pouco intimidada com aquele olhar, mesmo não conseguindo ver o seu rosto inteiro, me senti fixada no olhar daquele homem. Senti uma tensão, que nunca havia sentido antes, engolindo em seco continuei a passear pelo salão, enquanto ainda sentia um arrepio percorrer meu corpo.

Tentando desviar a atenção daquelas sensações inapropriadas, comecei a andar pelo salão admirando cada detalhe do lugar quando sinto alguém me observando de longe e virando discretamente olhei para a porta e lá encontrei um homem alto, forte e careca, que falava com alguem atraves do seu comunicador em seu ouvido.

 Provavelmente é o segurança do local, então olhei ao redor a procura dos meus pais e os encontrei conversando com um casal elegante de aparentemente a mesma faixa de idade.

       — Karyl, está é minha filha, Yven.

Minha mãe acenou para mim no instante em que me aproximei dela e me apresentou a senhora que estava conversando animadamente com ela e sorrindo a mulher responde.

      — É um prazer finalmente conhecê-la.

  E não pude conter o sorriso pois me senti instantaneamente bem com ela.

       — Obrigada, o prazer é todo meu.

 Murmurei olhando em seus olhos e neste momento não me pareceram desconhecidos e comecei a pensar de onde me lembrava aquele olhar, e me veio à tona quando associei os olhos daquele homem com essa mulher.

  minha nossa, preciso para com isso ou não vou mais dormir a noite.

       — Querida, quero lhe apresentar um velho amigo meu.

Ouvi meu pai se aproximando de mim com um homem quase de sua idade de cabelos escuros e estendendo a mão para mim logo o cumprimentei.

           — Louis Beckham    —  Ele pausa e sorri educadammente, depois continua.    — Ouvi falar muito de você, Yven.

  Esbocei meu melhor sorriso e respondi.

       —  É um prazer conhecer o senhor também. 

 Confirmando com a cabeça o Sr Louis murmura.

      — Seu pai me disse que você é formada em administração. Gostaria de convida-la a fazer uma visita até a minha empresa. Eu tenho uma vaga para assistente administrativo para trabalhar diretamente com o meu filho na presidência da empresa.

Fiquei sem reação ao ouvir aquilo, mas imediatamente coloquei meu cérebro para funcionar e respondi.

       — Adoraria conhecer sua empresa, podemos agendar uma visita com certeza. 

Com um sorriso, Louis assente e responde.

      —  Segunda feira está bom para você?

Aparentemente estava tranquila mas por dentro estava felicíssima, e sorrindo em resposta concordei.

       — Claro, está ótimo. 

 Ele sorriu satisfeito e eu fiquei aliviada por saber que ao menos um contato do meu pai já se interessou por mim.

Depois que conversamos, me dirigi até o banheiro para ver como estava meu cabelo e maquiagem antes do jantar, deixei minha mãe na companhia adorável da senhora Karyl. Estava sentindo ansiedade, parecia que tinha borboletas passeando pelo meu estômago e aquela sensação de expectativa sobre tantas coisas que poderiam acontecer na segunda-feira, ou melhor, o que poderia acontecer ainda hoje.

Imediatamente me pego pensando naqueles olhos, apenas o que consegui enxergar na verdade, os olhos daquele homem, que me prenderam, havia um tipo de magnetismo, mesmo que por poucos segundos, me senti presa a ele.

Como deve ser o seu rosto?

Me olhando no espelho, me vejo fantasiosa pelo olhar dele, e puxei uma lufada de ar para tentar minimizar a tensão que eu estava sentindo naquele momento. Saindo do banheiro, distraída e um pouco mais  tranquila, estava olhando ao redor distraidamente, para ver as pessoas belas e elegantes se divertindo, quando a barra do meu vestido resolve prender em algo no chão, e fazendo um movimento nada delicado, puxei a barra do vestido com tamanha força que consegui desfiar um pouco na costura, e continuei andando sem dar atenção para a frente, apenas olhando o estrago que acabei de fazer, e quando ergui a cabeça para olhar para frente, já era tarde demais e perdi o fôlego no momento da colisão.

              Acabei batendo de frente em uma parede sólida que me fez voltar alguns passos trôpegos  e desequilibrar quase caindo aos seus pés e quando pensei que fosse ter  um encontro bem íntimo  com o chão,  senti mãos grandes, firmes e possessivas me segurando bem forte pela cintura, sem fazer esforço, me trouxe de volta, e me dei conta de que escapei de ser alvo de risadas graças a essa pessoa, olhei para cima, de onde veio meu equilíbrio e senti meu corpo vacilar novamente quando encontrei os olhos daquele homem diretamente nos meus, engoli em seco. 

Merda. 

Qual é a chance de uma coisas dessas acontecer? 

 Engoli em seco novamente e senti meu peito queimar de um jeito que nunca senti antes, e tentando recuperar o controle, respirei com cuidado.

Que homem é esse? Deve ser um anjo. Mas os anjos não causariam esses sentimentos de luxúria nos mortais. É o homem mais lindo que já vi em toda a minha vida. Pensei enquanto o admirava silenciosamente. Vi que apareceu em sua testa uma linha de expressão preocupada e curiosa, o que me fez desejar mais do que qualquer coisa, que ele me perguntasse algo.

Em algum lugar dentro de mim, ansiava para ele, que continuasse me dando essa atenção o resto da noite. Seus olhos percorriam lentamente por todo o meu rosto, deixando rastros quentes por onde passava. De repente soltando minha cintura, ele rapidamente se afastou e eu me senti abandonada mas consegui voltar a pensar e murmurei em um fio de voz.

      — Me desculpe, senhor.

Assentindo em silencio, ele apenas me olhou atentamente e nada respondeu. Senti meu corpo aquecer diante daqueles olhos castanhos e foi então que notei que ele também sentiu toda a tensão e magnetismo que eu estava sentido, e isso deixou claro que também causei um certo impacto nele, pois sua respiração estava acelerada.  Seu peitoral subia e descia, seus lábios estreabertos, suas mãos em punhos.

 Foi neste momento que ele se virou e saiu andando com mais um homem que surgiu ao lado dele sem eu nem perceber e observei os dois andarem em direção a uma  escadaria com 4 degraus e fechando os olhos, puxei o ar tentando me acalmar e sai andando a procura da minha mãe que estava próxima de Karyl. 

 Quando cheguei onde eles estavam, todos ficaram em silêncio e direcionaram a atenção para o palco e assim fiz o mesmo, então acabei entendendo o motivo de todo o silêncio. Aquele homem estava no palco prestes a fazer algum discurso e foi impossível não olhar para ele.

Ele era o homem mais elegante que já vi na vida, e acredito que nunca ninguém tenha chamado minha atenção apenas com o olhar, aqueles olhos castanhos me deixaram fascinada, e no momento em que ele direcionou o olhar para a plateia que o observava, fiquei encantada com a expressão firme e poderosa que ele liberava, eu estava sentindo uma tensão que nunca senti na vida, e a tensão foi intensificada quando ouvi sua voz.

       — Boa noite a todos, é um prazer estar aqui esta noite.   

Ele murmurou abotoando com agilidade seu blazer, e com certeza fez as solteiras presentes enlouquecerem silenciosamente.    

         — É com muito orgulho, que venho neste evento parabenizar a todos pela ajuda que estão oferecendo para aquelas pessoas, que hoje, são vítimas de todos os tipos de abusos existentes.  

  Olhei em volta e todos estavam vidrados em cada palavra que saia da boca dele. Aquilo estava me tocando profundamente pois o evento era para apoiar as pessoas que sofrem ou sofreram qualquer tipo de abuso,  e ouvindo aquelas palavras me senti estranhamente protegida por ele, e aquilo me deixou animada e me fez sentir algo estranho e desconhecido.

       — Particularmente, o abuso sexual, é sem dúvida o pior. É uma crueldade.  

 E erguendo a mão em direção às pessoas, ele disse.

      — Olhem para as pessoas ao seu lado, alguma delas podem ter sofrido este abuso e nunca ter contado a ninguém, e eu realmente não sei como é a sensação desta violação, mas mesmo sem nós sabermos, existem pessoas que sofrem no nosso meio. 

        Depois que ele falou isso, não consegui prestar atenção em mais nada, ele falou algo profundo e aquilo me atingiu em cheio e de repente senti seu olhar em minha direção e isso pesou em mim, olhei para minha mãe que estava vidrada nele e não suportei a vontade que estava de chorar, pois eu sabia o que era ser violada, eu sabia como era sentir na pele perder todo o direito, perder a proteção. Sentir medo de tudo. E o pior, não saber se deveria contar ou não, para alguma pessoa confiável, para receber ajuda. Meus pais eram as pessoas que mais me amavam e cuidavam de mim, e por isso não tive coragem de dizer a verdade. Quem sabe um dia, mas não agora.

Me sentindo inquieta, sai do salão andando tranquilamente para não chamar atenção, ciente de que aquele homem sabia que eu estava saindo e isso me deixou um pouco intimidada, mas estava precisando sentir um ar fresco em meu rosto, agora me sentindo tensa, amedrontada e dominada, precisava de um tempo para respirar e assim me acalmar.

          No momento em que cheguei na varanda, senti um ar puro tocando meu rosto e lágrimas descerem silenciosamente molhando minhas bochechas, estremeci quando fechei os olhos para impedir mais lágrimas a descerem, mesmo que eu esteja frágil nesse instante, não posso deixar esse sentimento tirar o brilho da noite e então ouvi alguns passos se aproximando. Respirei fundo e me acalmei para não mostrar nada a ninguém, mas conforme os passos se aproximavam, comecei a sentir uma mistura de ansiedade com expectativas e era uma mistura bem tentadora, porém eu não sabia o que esperava acontecer e foi quando ouvi algo que fez meu corpo estremecer, e um arrepio voltar a percorrer todo meu corpo.

      — Você está bem? 

Ouvi uma voz aveludada e rouca perguntar e fechando os olhos, confirmei com um gesto e abri meus olhos lentamente e olheipara trás e vi o homem que está mexendo com meus pensamentos desde a minha chegada neste evento.

 Eu sabia que ele causava coisas estranhas em mim, sensações diferentes, mas nada desagradavel, tudo era muito novo, tudo muito tentador.

 Passando a lingua pelos labios ressecados, eu o olhei e respondi em um murmúrio.

      — Estou bem Sim! Obrigada. 

 E sorri em agradecimento, pois ele parecia bem amigável e até mesmo curioso sobre algo e então continuei a falar, na tentativa de dissipar aqule nervosismot odo.

      — A noite está linda, então resolvi tomar um ar.

E assentindo, ele enfiou as mãos no bolso do smoking e sorrindo  responde.

       —  É claro, fique à vontade. 

 Sorri para ele que abaixou a cabeça e se aproximou devagar e murmurou.

       —As vezes, quando estou num ambiente desconhecido, me sinto sufocado também. 

Eu o observei se aproximar do parapeito da varanda e direcionou sua atenção para a vista e eu então respondi.

     — Eu não falei estar sufocada, apenas falei que a noite estava linda.

Após a minha resposta, vi que o peguei de surpresa, ele  arqueou uma sobrancelha e sorriu de lado, um sorriso absurdamente lindo, que fez com que eu me arrependesse por responder daquela forma.

        — Me desculpe, não foi a minha intenção ser rude, eu só… 

  Ele negou com a cabeça, e me interrompendo disse.

          — Eu mereci essa, após deixar você falando sozinha quando nos esbarramos. Eu sinto muito. 

 Eu o encarei espantada pelo fato de ele ter lembrado do esbarrão e senti minhas bochechas arderem e resolvi provocá-lo para tirar o foco de mim.      

          — Você diz que sente muito, isso é, pelo esbarrão ou por colocar palavras na minha boca? 

  Ele inclinou um pouco a cabeça para o lado e mordendo o lábio, se aproximou de mim e murmurou com os olhos seicerados.

           — Eu sinto muito pelo esbarrão. E não eram exatamente palavras que eu gostaria de colocar nessa sua boca. 

Ele pasosu a lingua pelos lábios e sorriu de modo gentil, tocou meu rosto lentamente, fazendo uma sensação quente aparecer onde ele tocava e continuou.

       — Digamos que eu esteja curioso para sentir o sabor dos seus lábios.

 Ele olhou nos meus olhos e meu rosto com certeza ficou mais vermelho ainda e ele então continuou.

       — Mas agora, se me permite, preciso voltar. 

 E após tocar e apertar a minha mão saiu andando tranquilamente, como se o que ele me disse agora, não fosse nada digno de 50 tons de cinza.

Merda, por que eu fui provocá-lo? Agora tenho certeza que não vou esquecer esse momento na minha vida.

 Tentando me recompor depois dessa conversa, resolvi voltar para o salão, seria muita grosseria da minha parte sair e não voltar mais, até porque eu pretendo preencher a vaga que o senhor Louis mencionou, e para isso, ficará melhor se eu conseguir socializar e foi isso que tomei por objetivo no momento que adentrei o salão, o que eu não esperava era que tantos olhares me notassem daquela forma, principalmente porque eu não gosto de chamar atenção, na verdade, não é nada boa a atenção que eu recebi deles, pois sei que ali eu seria um troféu, a bela filha do magnata Madson Cobalt.

Mas engoli em seco e ergui a cabeça como se aquilo não me atingisse acabei encontrando um par de olhos castanhos esverdeados que também prestava atenção em mim, perdi os meus neurônios, pois eu estava em um lado do salão onde não havia nenhum conhecido e eu estava totalmente presa no transe com aquele homem, que me olhava da mesma forma e com a mesma intensidade, acabei parando no meio do salão devido à nossa intensa troca de olhares e ao me ver ali parada, vejo que ele levanta de sua cadeira elegantemente e começa a andar onde parecia ser a minha direção, mas minha mãe acabou me encontrando e chamou minha atenção.

            — Querida, aí está você. O jantar será servido. 

Minha mãe se aproximou sorrindo e me convidando com gestos para me juntar a eles e aos Beckham e assim fiz com muito gosto, pois são pessoas espontâneas e divertidas, e têm conteúdo para conversar, porém perdi aquele homem de vista e me sinto uma idiota ao pensar que ele estaria vindo em minha direção, pior, pensar que ele iria me dar atenção.

Quem sou eu, perto do Deus grego de olhos castanhos esverdeado? Assim que encontramos nossos lugares na mesa e já acomodados, observei enquanto o senhor Louis e a senhora Karyl se dirigiam para outra mesa, e nesta mesma mesa, alguém elegantemente sentou de frente para o senhor Louis e enquanto abria o blazer para se acomodar na cadeira, consegui ver o quanto seu corpo se movimentava lindamente e com toda a elegância. 

        Depois de longos segundos engolindo aquele homem com os olhos, consegui finalmente desviar a atenção para o prato de comida que estavam servindo, e no momento em que ia pegar um garfo consegui ver o homem saindo com toda sua elegância, a passos rápidos e decididos sem que ninguém o notasse. E aquilo me atingiu como um soco, apesar de me odiar por sentir a decepção de vê-lo ir embora, sem ao menos saber o nome dele.

Odiei ver ele ir embora, não consegui nem ao menos dizer o nome. Eu espero que quando eu chegar em casa e deitar a minha cabeça no travesseiro, esqueça de tudo isso, quer dizer, não quero esquecer nada. Cada segundo desta noite quero eternizá-la, pois tudo o que senti nesta noite, foi por causa dele, foi por ele. E tudo isso me fez sentir viva, fez me sentir mulher novamente apenas com o olhar quente dele.

Não quero esquecer os olhos dele, não quero esquecer os lábios dele, não quero esquecer nem o meu tropeço nele, pois foi com isso que senti o toque firme dele.

       Minha nossa, estou ferrada.

Estou fazendo poesia e não sei nem o nome dele.

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