Helena Hernandes Quando entrei no quarto do alojamento, Luísa ainda não havia chegado. Suspirei fundo e me deitei na cama. Ainda bem que ela não estava, se não iria ficar me enchendo de perguntas, como sempre fazia. Concentrei-me em tentar dormir um pouco mais. Estava exausta da brincadeira de ontem com Cortez. Amava estar com ele, contudo, me sentia massacrada, como se um trator tivesse passado por cima de mim. Nem percebi quando adormeci, mas acordei com Luísa me sacudindo. Me despertei lentamente. Ainda estava acabada e com muito sono. Me virei para dormir novamente e ela me sacudiu. — Helena, acorda! Já são quase sete horas. O que está acontecendo? Você é sempre tão pontual! Quando ouvi o horário, levantei maneira apressada, esfregando os olhos e disse: — Nossa, eu dormi demais! Preciso tomar um banho, te vejo no refeitório, Luísa. Entrei no banheiro depressa e fui logo procurando uma das cabines vazias. Quando senti a água gelada cair sobre meu corpo, me despertei rapidam
Fernando Cortez Ainda estava assimilando o que havia ocorrido. Não acreditava que aquilo estivesse realmente acontecendo comigo. Míriam, possessa de ciúmes, atingiu Helena com uma facada em seu abdômen. Hernandes ainda tentava registrar tudo que acontecerá ao seu redor, no entanto, minha preocupação maior era a feição em seu rosto. Estava muito pálida, mesmo a amiga tentando mantê-la acordada até que o médico chegasse, meu desespero foi maior ao ver sangue saindo de sua boca. Míriam olhou para Helena e deu várias gargalhadas. Notei que aquela mulher já não se encontrava mais em seu bom estado mental. Sabia que de certa forma aquela garota iria trazer algum problema. Klaus tentou conter o sangue que jorrava pelo uniforme de Helena. Me levantei furioso e apertei o pescoço de Míriam, a ameaçando. — Se algo acontecer a Helena, acabarei com a sua carreira militar, sua filha da puta! Deixei bem claro que jamais tive qualquer tipo de atração por uma mulher vulgar e vagabunda como você!
Luísa Spark Ver minha amiga daquela forma era inaceitável, quando toda a culpa foi daquela m*****a vaca. Miriam era uma doente, sem dúvidas. Atacou Helena pela paixão doentia que sentia por Cortez. Eu esperava que ela permanecesse presa por bastante tempo. Meu medo era que pudesse fazer algo pior com Helena no futuro, se a sua obsessão por Cortez continuasse. Observei o general andar de um lado para o outro, nervoso. Eu sabia que ele não era culpado pelas loucuras daquela filha da puta, mas ele não via assim. Desde que chegamos naquele hospital, não tiramos o pé dali por nenhum instante. Cortez olhava fixamente para o relógio na parede. Realmente observar as horas passando e não saber notícias alguma era um inferno que parecia não ter fim. Novamente o general foi até à cafeteira da sala de espera e se serviu com um café. Então, comentou, me olhando: — Essa espera por notícias é horrível! Que demora. Será que deu algo errado? Observei seus olhos azuis me fitarem preocupados e come
Helena Hernandes Abri meus olhos lentamente, tentando reconhecer o lugar onde estava, tudo indicava que era um hospital. Minha cabeça estava doendo bastante e meu corpo também não estava em um dos melhores dias. Quando tentei me levantar, senti uma dor invadir meu abdômen e soltei um gemido. — Mas que merda, isso está doendo muito. Nesse momento, vi a enfermeira entrar e resmungou, ao me ver fazendo força para levantar: — Mas você, hein?! Bem que me avisaram que era teimosa. Pode voltar agora mesmo para cama e deitar como estava. Quer que esses pontos no seu abdômen se abram? — Pontos? Como assim? Do que você está falando? — perguntei sem entender. A enfermeira se aproximou, puxando meu lençol, e levantou minha roupa hospitalar. — Você levou uma facada e quase morreu. Então, dona Helena, é bom que não se esforce se não quiser que esses pontos arrebentem e você tenha uma hemorragia interna. Olhei incrédula para a enfermeira, assim, a mesma me contou que outra soldada
Fernando Cortez Olhei para Helena mais uma vez enquanto ela ainda permanecia dormindo em cima do meu peito. A cama do hospital nem de longe era confortável, mas só de estar ao seu lado já valia muito a pena. Eu respirei aliviado em finalmente saber que ela estava bem e que nada de ruim lhe aconteceria. Não conseguiria me perdoar se algo muito grave tivesse acontecido com ela. Nos últimos meses, desde que a conheci, minha vida se tornou muito mais bonita. Mesmo que no começo nós dois tenhamos nos desentendidos, mas isso agora era diferente, estávamos mais envolvidos do que nunca. Tinha que admitir que fui muito descuidado com a soldada Míriam. Jamais pensei que fosse capaz de tal ato contra vida de Helena. Por esse motivo, decidi que tomaria todos os cuidados daquela vez, infelizmente ela preferiu tomar esse caminho. E por isso, não seria benevolente com as ações que andava praticando. Até mesmo no serviço no quartel, quando seu arquivo chegou em minhas mãos e Dona Lúcia havia me
Rebeca Lavenez Não imaginava ter que voltar novamente para Goiânia, após ter sido largada por Garcia em São Paulo, que me trocou por outra mulher. Havia descoberto recentemente uma traição dele, e quando o questionei, acabou abrindo o jogo de vez. Nem se importava se iria ferir meus sentimentos. Garcia me confessou que enjoou de mim por ser uma mulher muito pegajosa e grudenta, foi dessa maneira que me descreveu. Nosso relacionamento desandou muito depois que começou a trabalhar como general no quartel. Andava desconfiada que tinha algo com a Tenente Scarlet, pois estava sempre de risos e sorrisos com a mesma. Quando questionava sobre seu comportamento com a tenente, ele ainda ficava bravo e dizia que eu estava vendo coisa onde não tinha. Mas eu sabia muito bem como ele era, e mesmo assim, continuei me iludindo ao pensar que seria apenas coisa da minha cabeça. No entanto, ao chegar mais cedo em casa, encontrei algo que nenhuma mulher gostaria de ver. O miserável se encontrava
Helena Hernandes Assim que terminei de organizar a última fileira com os fichários selecionados por dona Lúcia, fechei a imensa gaveta feita de ferro e continuei olhando algumas anotações que Cortez havia pedido sobre o quartel. Quando o expediente finalmente chegou ao fim, me espreguicei, levantando meus braços e dei uma leve bocejada. Eu estava muito cansada, aquele dia fora muito longo. Meu trabalho não diminuiu apesar de não fazer esforços. Mesmo trabalhando apenas na administração, havia várias pastas para organizar. Desde que comecei a trabalhar novamente com dona Lúcia, já fizera muita coisa. Às vezes me perguntava como uma senhora daquela idade dava conta de tanta coisa sozinha. Após terminar de anotar as últimas informações, desliguei o computador e me levantei. Dona Lúcia me deu um sorriso e disse de maneira animada: — Ah, nossa! Finalmente irei poder ir embora. Minha filha chegará hoje do Rio de Janeiro com meu netinho. Dei um sorriso e disse, pegando as chaves p
Fernando Cortez Meu fim de semana havia sido maravilhoso, porque passei junto de Helena e não poderia reclamar de nada. E como tinha que está no quartel pela manhã, infelizmente me retirei mais cedo de sua casa e fui para minha, porque precisava pegar umas coisas. Na manhã seguinte, assim que estava saindo do meu carro para entrar no quartel, Rebeca me abordou. A olhei de maneira séria enquanto ela se pronunciava: — Cortez, bom dia! Estava te esperando. Queria saber quais são as minhas novas tarefas. Passei a mão em minha barba, a observando e disse sério: — Isso você pergunta para o Klaus, já passei suas tarefas para ele. Agora me dê licença, eu preciso ir, tenho muita coisa para fazer, não sou um desocupado. — Ei, espera, Fernando. Será que não podíamos tomar um café e conversar um pouco? Eu queria que você me ouvisse por pelo menos cinco minutos para te explicar tudo o que aconteceu. Respirei fundo, controlando a raiva. Será que Rebeca não percebia que odiava estar na sua pr