CAPITULO 3

Vicente Cooper.

Chego no hospital na segunda feira com uma ansiedade estranha, passei o final de semana inteiro agoniado para que a segunda chegasse o mais rápido possível, talvez devesse ao fato de que hoje não ficarei enfurnado dentro desse escritório, irei trabalhar no que eu realmente amo.

- Bom dia, Doutor Cooper – Émile fala entrando na minha sala e comprimento com um aceno de cabeça - A Doutora Ross já chegou, posso pedir que entre?

- Doutora Ross?

- Angélica Ross, a nova assistente - esclarece e então me lembro do nome de anjo, quase sorrio.

- Ah sim, pode pedir que entre por favor.

- Doutora Ross foi ótimo, Émile - escuto uma voz suave vindo de fora - Me chame assim mais vezes, me sinto muito poderosa - a voz pede e depois ouço gargalhadas.

Endireito minha postura quando ouço batidas na porta e autorizo a entrada, quando Angélica entra em minha sala eu levanto os olhos da minha mesa e a encaro.

Seu cabelo preto, cortado na altura do ombro a deixava muito sexy e absurdamente tentadora, balanço a cabeça tentando afastar esse pensamento.

Seu cabelo é liso, volumoso e aparentemente macio e a deixa ainda mais bonita do que eu conseguia ver naquela maquiagem discreta. Sua pele é clara e me vejo acariciando para saber qual a sua textura, os olhos castanho claro me hipnotizam, me deixando sem rumo, nunca me encantei por uma mulher assim tão rápido.

- Bom dia, Doutora Ross - me levanto e estico a mão para cumprimentá-la.

- Bom dia, Doutor Cooper - ela fala com a voz baixa, nosso simples toque dispara uma onda de calor por todo o meu corpo e sou obrigado a me afastar rapidamente - É um prazer conhecê-lo pessoalmente, darei o meu melhor para fazer por merecer essa oportunidade.

- Tenho certeza que sim - digo avaliando o seu rosto angelical.

- Eu estudei com o Doutor Bruno Jones, ele foi seu professor.

- Não sabia que ele ainda lecionava em Harvard - comento surpreso - Tem muitos anos que me formei e ele já era um senhor de idade.

- Ele é um amor, ainda mantenho contato com ele - diz - E ele me falou do senhor.

- Espero que tenha falado bem - sorrio - O que ele disse de mim? - questiono - E por favor, pode me chamar de você, trabalhará diretamente comigo e não precisa dessas formalidades.

- Ta bom - ela morde o lábio inferior e meu olhar se prende naquela boca em formato de coração, me remexo na poltrona um pouco inquieto - Tenho permissão para falar? - questiona indecisa.

- Toda - autorizo curioso.

- Bruno me disse que você é muito simpático, paciente, explica muito bem e com calma, ouve as pessoas com muita atenção - ela esconde o sorriso ao falar tudo ao contrário do que realmente sou.

- Ou o Bruno ficou doido com a idade ou você tem um ótimo senso de humor - constato, ela solta uma gargalhada e em seguida me olha com seus olhos castanhos vivos como se quisesse desvendar tudo em mim.

- Talvez ele te admire tanto que os defeitos ficam pequenos diante de todas as qualidades e talentos - ela diz dando de ombros e não sei se me ofendo ou tomo como elogio.

- Por que você quis ser cirurgiã? - pergunto curioso.

- Eu não quero ter que ver as pessoas acordadas - diz fazendo uma careta.

- Você parece ser tão comunicativa.

- A dor das pessoas mexe muito comigo - diz estralando os dedos - Não deveria, mas sinto demais e isso poderia me prejudicar em algum momento, por isso prefiro me dedicar em salvar vidas dentro da sala de cirurgia.

- Ainda não comandou nenhuma - constato.

- Já presenciei muitas, Doutor. No meu currículo mostra que fiz estágio em outro hospital, o professor Bruno foi meu residente e ele cobrava muito, me colocou a prova várias vezes - diz firme.

- Desculpe - falo sincero - Não quis te ofender.

- Ah Doutor, para me ofender vai precisar mais do que isso - diz sorrindo de lado.

- A julgar pelo pouco tempo que se formou e pela idade achei que nunca havia operado - comento.

- Nunca fui cirurgiã chefe - avisa - Mas já cortei e costurei muitos corpos.

- Então seremos uma ótima dupla.

- Com certeza - ela sorri largamente, ela não temia falar comigo e nem gaguejava.

Angelica parecia ser uma mulher encantadora, eu estava começando a gostar dela e isso era meio perigoso, apesar de ninguém nunca ter mexido muito com o meu coração. O que eu sentia pela Kate era paixão, mas amor, isso nunca sentir e julgar pela forma como aquela ordinária me deixou quando me traiu sendo uma simples paixão não quero saber o que pode acontecer se eu amar alguém e esse alguém fizer comigo o mesmo que a minha ex esposa.

- Seja bem-vinda Angélica - saboreio seu nome - Vou lhe mostrar o hospital.

- Que honra - pisca longamente e respiro fundo tentando controlar os meus pensamentos, essa mulher é uma tentação ambulante e eu preciso manter uma distância segura.

- Como falei, você vai trabalhar diretamente comigo menos nos dias em que eu vier trabalhar aqui no escritório.

- Você é CEO também - comenta - Não sei como consegue conciliar.

- Com muito esforço - garanto - Não é nada fácil dirigir esse hospital e ainda fazer o que amo.

Angelica se levanta quando indico o caminho, ela passa na minha frente me dando visão do seu enorme traseiro, desvio o olhar em sinal de respeito. Sua cintura era de violão e as curvas deverias ser esplêndidas por baixo daquele jaleco.

"Você é broxante, nenhuma mulher vai ser capaz de te aturar e se satisfazer com esse seu p.a.u mole e sem serventia. Se quiser gozar vai ter que pagar uma mulher que finja bem ou se virar na punheta. Eu tenho muita pena de você, Doutor Cooper".

Kate grita na minha mente e imagens de todas as ofensas que aturei antes da separação voltam com tudo para me atormentar. Fecho os olhos e respiro fundo ao repetir para mim mesmo diversas vezes que aquilo é passado, que eu já havia superado o divórcio.

Era uma técnica que adquirir para lembrar que todas as acusações que ouvi eram mentiras, mesmo que tudo esteja gravado na minha mente por tanto tempo. Esse terror psicológico era frustrante e sempre mexia comigo de uma forma absurda.

- Esta se sentindo bem, Doutor Cooper - volto a realidade ao sentir a mão quente de Angélica em meu ombro e sua voz preocupada.

- Sim - minha voz sai baixa e então noto que estamos parados no meio do corredor - Desculpe por isso - falo envergonhado.

- Não por isso - diz tranquila - Todos nós temos demônios que precisamos exorcizar.

- Você parece saber muito sobre exorcizar demônios - comento.

- Se você soubesse pelas coisas que já passei - comenta cabisbaixa - Ou você luta contra eles ou se deixa ser levada para o fundo do poço e se tem uma coisa que eu sou é dura na queda.

- Mas as vezes eles são fortes demais - digo olhando para um ponto qualquer a nossa frente.

- A gente não deve dá essa força a eles - eu a encaro - Seja lá o que te incomoda, não deixe que te abale. Seja forte Doutor - ela pisca um olho - Usa essas mãos grandes e fortes para cortar pela raiz esses pensamentos ruins.

- Você é muito sábia - comento sorrindo - Não parece ter a idade que tem.

- Espero que isso seja porque sou muito madura e decidida e não porque pareço velha - fala ofendia.

- Você é muito bonita, não se preocupe com isso - falo apressado - Me referia ao quanto é madura.

- Obrigado pelo bonita, Doutor - ela pisca um olho novamente e aquilo é tão sexy, se ela soubesse o que esse simples gesto faz comigo ela não repetiria - Você também é bonito - sinto minhas bochechas ficarem quentes e quando foi que eu corei na vida? - Somos a dupla de médicos mais bonitos do hospital - brinca.

- Você é bem modesta - digo sem olhá-la - Vou gostar de trabalhar com você Angélica, você deixa o ambiente leve.

- Não gosto de tristeza, ela me incomoda. Nunca perco muito tempo pensando em algo que me deixa triste.

- Inteligente da sua parte - gostaria de ter essa capacidade também.

O máximo que posso fazer é jurar que nunca mais vou ter um relacionamento com alguém e deixar que essa pessoa entre na minha intimidade, me cobre tudo o que a Kate cobrava e me destrua de vez.

"Sabe porque eu transava loucamente com o Brandon? Porque ele é grande, se é que me entende, ele fazia amor comigo igual um cavalo no cio e você é um idiota que envelheceu antes do tempo, só vive para aquele maldito hospital e não dá atenção para essa mulher gostosa e fogosa que tem dentro de casa".

Maldito seja o dia que eu conheci aquela mulher, eu não sabia a furada que estava me metendo até os problemas começarem a surgir. Mas nenhuma mulher irá me machucar novamente, isso é uma certeza.

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