Hanna Cooper.Tento não pensar no que Angel falou, mas o fato dele não ter conseguido dormir com outra não sai da minha cabeça, assim como sua tentativa de tentar consertar as coisas. Eu sei que tenho que ficar longe dele, mas é reconfortante saber que ainda existe uma parte do Murilo que eu conheço. Acho que quem desperta o lado ruim dele sou eu e era por isso que tenho que me manter longe. Nós sempre acabaríamos nos magoando e sempre por minha culpa.Nós não nos magoávamos quando eu era mais nova, na verdade, ele sempre tinha sido uma espécie de porto seguro. Foi ele que me reconfortou quando Bibiu, meu gato, morreu. Lembro que eu nem conseguia comer. Bibiu havia morrido quando eu estava na escola. Ele era meu meu melhor amigo. Foi Murilo que levou comida no meu quarto e explicou que os gatos viviam menos do que a gente e pela simples razão de saberem amar mais do que o ser humano, eu não acreditei muito nisso e me recusei a comer.Mas ele foi paciente e disse que se eu comesse me e
Hanna Cooper.Vitor tem sido um bom amigo, ele é cavalheiro, atencioso tem me ajudado a não pensar tanto no Murilo. Ele me contou várias histórias de sua infância no decorrer dos nossos almoços. Sim, saímos para almoçar várias vezes durante a semana.Ele nunca demonstrou segundas intenções, ele é aquele tipo de pessoa que ajudava os outros sem intenção, só por ajudar mesmo, e está sendo tão legal ter alguém gentil para conversar. Não é que minha cunhada seja gentil, mas ela anda tão ocupada com o Vince e os gêmeos e todas as coisas que envolvia a viagem deles e nesse momento eu estou me distanciando de coisas que envolvam romance ou familia.Para falar a verdade, faz muito tempo que eu não fantasio coisas românticas, prefiro evitar subir em um precipício de expectativas para não ter de mergulhar em um mar de desilusão depois. Para uma garota de vinte e três anos, eu já tinha tido minha cota para uma vida, quer dizer, eu tinha ficado bastante tempo apaixonada por alguém e já tinha perd
Hanna Cooper.- Hanna - Vitor estrala os dedos, me trazendo de volta a realidade - Você ouviu o que eu perguntei?- Ouvi e não tem nada me incomodando - termino meu almoço e me levanto.- Você está sendo um bom amigo e eu sinto muito por deixar você almoçando sozinho, mas eu realmente preciso ir.- Está tudo bem - ele sorri.Sorri e coloco a cadeira de volta no lugar. Saio do refeitório e volto para a minha sala.Na última semana do mês, minha mãe, meu irmão, minha cunhada estavam meio doidos. Todos estavam se preparando para viajar. Miguel já estava longe, mas todos dos dias me ligava para perguntar como eu estou. Me aproximei muito dos meus irmãos, falo com eles todos os dias também.Eu até tentei achar algo para fazer, mas na quinta-feira já estava conformada de passar o feriado em meu apartamento, com chocolate quente, livros de romance e muitas cobertas quentinhas. A meteorologista local previu chuva e ventos fortes para o dia seguinte e eu não queria estar em nenhum outro local
Hanna Cooper.Consigo sentir o desespero crescer cada vez mais, fazendo minha respiração ficar presa na garganta. Não que eu tenha medo de chuva, mas estar no meio de uma chuva de vento forte e sem a possibilidade de se esconder é assustador. Em um ato de total desespero, balanço a bolsa de cabeça para baixo mais uma vez, mas tudo o que cai dela foi uma cartela de dipirona vazia.Meus lábios começam a tremer. Está fazendo muito frio e o fato de eu estar cada vez mais molhada só piora a situação. Comecei a jogar minhas coisas novamente na bolsa com raiva.- O que você está fazendo no meio dessa chuva? - ergo a cabeça ao ouvir a voz familiar e tomo um susto.- Mu...rilo - gaguejo sem saber se é foi devido ao frio ou porque ele está parado a minha frente, me vendo ajoelhada como uma maluca no meio do aguaceiro.- Eu mesmo – ele se ajoelha em minha frente e eu desvio o rosto - Por que está parada nessa chuva?- Perdi a chave - conto começando a tossir.- Vem comigo - ele se levanta e me p
Hanna Cooper.Paro de acariciar a cachorra e me ergo. Olhei para Murilo e notei que ele está tão molhado quanto eu. Seus cabelos grudam na testa e o casaco preto pinga, assim como a calça jeans que se agarra em seu corpo de uma maneira que fazia a imaginação começar a ficar desenfreada. Evito olhar para o rosto dele.- Nós dois sabemos que você não vai me querer aqui terça - sussurro olhando para o chão.Eu não estou sendo infantil, ou fazendo drama, na verdade eu estou sendo realista.- Acho que nós dois não sabemos - ele discorda, o que me fez olhar para seu rosto - O que eu sei é que você está tremendo de frio e que precisa tomar um banho quente.Arregalo os olhos. Ele está sendo legal comigo? - Cadê a Mila e dona Maria, Kaila? - pergunto notando o silencio no apartamento.- Estão fora - responde - Agora vamos ursinha - ele coloca o braço em minhas costas e me empurra - Você precisa tirar essa roupa.– Para onde está me empurrando? - pergunto quando ele me conduz até a porta do se
Hanna Cooper.Acordo com o barulho da chuva, dos trovões para ser mais exata. Demoro alguns segundos para lembrar onde estou. A noite anterior voltou em minha memória. Murilo sendo legal, me dando chá e dividindo a cama comigo. Olho para o espaço vazio ao meu lado e toco o travesseiro com a ponta dos dedos. Está gelado.Passo a mão no rosto, penso em voltar a dormir, mas minha bexiga não deixa e tenho que me levantar para ir ao banheiro. Só acordo completamente quando me olho no espelho e tomo um susto. Meus cabelos parecem um monte de ninhos de pombo e meu rosto está com a marca do travesseiro.Pego a escova de dente e o creme dental no nécessaire.Após escovar os dentes, tento dar um jeito em meu cabelo. O penteio e faço um nó, já que não tenho nada para prendê-lo. Respiro fundo algumas vezes e saio do banheiro.Quando chego no quarto, resolvo arrumar a cama e enrolar mais um pouco. Dobro o cobertor e tiro o edredom, estico o lençol e o aliso com as mãos mais vezes do que o necessár
Hanna Cooper.- Nada demais, só achei engraçado você dispensar o cara do almoço - responde dando de ombros.Reviro os olhos e volto para a mesa, guardo as travessas seguida o deixo me olhando e vou para a sala, sento no sofá e coloco Nita no meu colo. Ela lambe meu rosto e depois deita em minhas pernas.- Quer chocolate? - Murilo pergunta sentando ao meu lado.- Acabei de almoçar.- Você que sabe - ele sacode os ombros e pega o controle da TV em cima do sofá.Murilo começa a escolher algum filme, por fim decide assistir passando um filme que eu já havia visto. As Branquelas.Tento me concentrar no filme, mas não tem como. Murilo está concentrado, mas come uma barra de chocolate e eu não consigo parar de pensar que os lábios dele devem ter o gosto do doce, penso também que passar a tarde sentada ao lado dele no sofá estava sendo bom, mesmo que estivéssemos em silêncio, parece melhor do que ir ao cinema.Em um certo momento, quando Latrel aparece de sunga na frente de Tiffany/Marcus, eu
Hanna Cooper.Eu sabia que não deveria ter dado o sinal verde, soube disso quando os lábios dele tocaram os meus e eu tive a certeza quando meu coração acelerou a ponto de quase sair de meu peito.Eu deveria resistir, manter o foco que não me envolver com ele novamente, para salvar a amizade dele com meu irmão. Mas uma parte de mim quer isso, quer estar aqui, nos braços dele.Passo os braços ao redor do pescoço do Murilo e entreabro os lábios, o deixando passar a ponta da língua em meu lábio inferior, para então mordicá-lo e invadir minha boca, tornando o beijo algo avassalador a ponto de arrancar meu fôlego e fazer com que eu deixe a necessidade de respirar em segundo plano. Eu preciso dele, preciso de uma maneira que não gosto de admitir, mas que ao mesmo tempo não consigo impedir de sentir.Quando eu achei que poderia me perder nos conflitos causados pelo beijo, Murilo se afasta e encosta a testa na minha. Abro os olhos lentamente, tentando normalizar minha respiração ruidosa.- Eu