(Ethan)
Ella já dormia profundamente quando meu telefone vibrou na mesa de cabeceira. Atendi rapidamente, tomando cuidado para não acordá-la. Era um dos meus guardiões. — Alfa, precisamos que venha ao endereço. Há algo estranho acontecendo aqui. O tom de urgência na voz dele fez meu sangue gelar. Olhei para Ella, que respirava suavemente, alheia ao que se passava. — Estou a caminho — respondi, encerrando a chamada. Virei-me para Sienna, que estava encostada na parede, vigilante. — Cuide dela enquanto eu estiver fora. Qualquer coisa, me ligue imediatamente. — Não vou sair do lado dela, Alfa — Sienna garantiu, com determinação. A outra guardiã assentiu, já se posicionando perto da porta. Dei um passo em direção à cama, me inclinando para beijar a testa de Ella. — Eu volto logo — murmurei, mesmo sabe(Ella) Acordei com um sobressalto, o coração batendo tão rápido que parecia que ia sair do peito. Estava escuro ao meu redor, mas a imagem que ainda pairava na minha mente era clara como o dia. No meu pesadelo, o lobo de Ethan estava caído, ensanguentado, enquanto um lobo maior e cinza, com olhos alaranjados, rugia triunfante sobre ele. Eu sabia quem era. Lucian. O irmão de Ethan. Minhas mãos estavam geladas, meu corpo suado, e eu senti o pânico me dominar. Ethan não podia morrer. Só de pensar nessa possibilidade, meu peito apertava de um jeito insuportável. Foi então que uma mão quente tocou minha testa, me trazendo de volta para a realidade. Pisquei algumas vezes, tentando ajustar minha visão à luz baixa do abajur. Sienna estava sentada ao meu lado, com um pano úmido em mãos, pressionando minha testa. — Você está ardendo em febre — disse ela, a voz calma, mas preocupada. — Está tudo bem. Foi só um
(Ethan)Era como se eu tivesse dormido por dias, mas, ao mesmo tempo, parecia que não havia passado nem um segundo. Meu corpo estava pesado, dolorido, como se eu tivesse lutado contra o mundo inteiro. Abri os olhos devagar, e a luz fraca da madrugada revelou o local onde eu estava: um terreno baldio, cercado por destroços e silêncio.Eu não me lembrava de nada após minha transformação. Era um vazio absoluto. Tudo o que veio depois de sentir a fúria consumindo meu corpo simplesmente desapareceu da minha memória.— Finalmente acordado, alfa? — A voz calma, mas carregada de um sarcasmo quase irritante, me fez virar a cabeça.Encostado em uma batente enferrujada, Dylan White me observava com seus olhos dourados, um brilho curioso e enigmático neles. Sua postura era relaxada, mas algo no jeito como ele me olhava dizia que ele estava me analisando, talvez julgando minha fraqueza momentânea.— O que aconteceu? — perguntei, minha voz rouca.<
(Lucian)A alcateia estava inquieta naquela noite. A lua, alta no céu, parecia observar tudo com um brilho gelado. Sentado em minha cadeira de couro no salão principal da mansão, eu deixava meus dedos tamborilarem no braço do móvel enquanto observava os anciões murmurando em um canto da sala. Seus olhares de reprovação e a postura rígida só me irritavam ainda mais. O que eles sabiam sobre liderança? Sobre poder? Viviam presos em suas tradições decadentes, sempre à sombra de Ethan, como se ele fosse algum salvador divino.— Isso é insensatez, Lucian — rosnou um dos mais velhos, sua voz tremendo com a idade. — Atacar a humana... você sabe o que isso pode significar. Um erro assim pode colocar todos nós em risco.— E desde quando a opinião de vocês determina o que eu faço? — perguntei, minha voz baixa, mas carregada de desdém. — Vocês ainda não perceberam? Eu sou o alfa desta alcateia. Não vocês. Não Ethan.Os anciões trocaram olhares de preocupação,
(Ethan)O som do carro de Dylan desaparecendo na distância deixou um silêncio desconfortável ao meu redor. A noite parecia mais pesada do que antes, carregada com a tensão de tudo o que havia acontecido. Ella ainda dormia profundamente, sua respiração calma contrastando com o turbilhão de pensamentos que tomava conta de mim.Dylan havia partido, levando consigo suas palavras enigmáticas e sua presença intensa. Apesar de tudo, não podia negar que sua ajuda havia sido crucial. Mesmo assim, algo nele me incomodava. Talvez fosse o fato de que ele parecia saber mais sobre Ella do que eu gostaria. Ou talvez fosse a forma como ele me desafiava sem nem precisar levantar a voz.Eu precisava de respostas, mas sabia que elas não viriam facilmente. Peguei meu celular e disquei o número de Caelan. Ele atendeu no terceiro toque.— Alfa — sua voz veio séria, mas com uma ponta de alívio. — Você está bem?— Sim, por enquanto. Mas preciso que me diga o que
(Ethan)No dia seguinte, fomos até o hotel de Dylan, e ele já estava de saída. Ele era rápido, direto, e suas palavras tinham o peso de quem sabia mais do que dizia. Antes de partir, ele me chamou de lado, longe de Ella e das guardiãs.— Ethan, preciso que me escute com atenção. — Ele cruzou os braços, encostando-se à porta do quarto. — Pedi à minha bruxa que retardasse os ferimentos do seu lobo guardião.Franzi o cenho. Já era difícil aceitar que ele, um vampiro, tinha ajudado minha alcateia. Agora, um favor da bruxa dele? Isso me incomodava ainda mais.— Por que faria isso? — perguntei.Ele suspirou, parecendo exausto.— Porque seu problema está ligado ao meu. O veneno está adormecido por enquanto, mas você precisa ir logo para Spokane e falar com minha mulher, Bianca Bryant. Ela é a única capaz de lidar com o que está acontecendo com seu homem.Bianca Bryant. O nome dela ecoou em minha mente como um lembrete distante.
(Ella)Eu me sentia bem fisicamente, como se todas as preocupações que antes pesavam sobre meus ombros tivessem desaparecido momentaneamente. Já estávamos de volta ao chalé, mas minha mente não conseguia se livrar de um pensamento incômodo. Dália.Eu tentei afastar a ideia, mas ela voltava como uma corrente de ar frio que insiste em entrar pela fresta de uma janela fechada. Quem era ela, afinal? Por que Ethan parecia tão obcecado em salvá-la? Era impossível ignorar. Assim, enquanto ajudava Sienna a organizar algumas coisas no chalé, decidi perguntar.— Sienna, quem é Dália? — Minha voz saiu mais baixa do que eu esperava, mas o bastante para captar sua atenção. — Eu sei que você havia comentado que ela era importante, mas afinal... qual a ligação dela com o meu Ethan.Ela parou o que estava fazendo, virou-se para mim e suspirou.— Ela é a prometida que Ethan deixou para trás.Aquelas palavras me atingiram como um soco no estômago.
(Ethan)Ella estava simplesmente deslumbrante. A mulher mais linda e atraente que eu já tinha visto em toda a minha vida. Cada curva de seu corpo, cada detalhe de sua pele, cada nuance de seu cheiro me deixava insano. Mas, mais do que isso, havia algo diferente nela. Algo que me fazia sentir um desejo primitivo de protegê-la, de reivindicá-la, de tê-la completamente para mim.E eu sabia o que era.Nosso filhote.Eu podia senti-lo dentro dela. Uma nova vida, frágil e ao mesmo tempo poderosa, crescendo dentro da mulher que eu amava. Algo que nós dois criamos juntos, sem planejamento, sem intenção, mas que agora existia... e era meu. Meu e dela.Meu peito se apertou com essa constatação.Eu não queria ter afastado Ella, não queria ter sido frio ou distante. Mas o pânico tomou conta de mim no momento em que percebi que ela estava grávida. Como eu poderia protegê-la? Como eu poderia garantir que nada aconteceria com ela e com nosso fi
(Ella)Eu estava ali, comendo, e engoli em seco. Meu coração acelerou com as palavras de Ethan. Eu sabia que ele era um homem sério e direto, mas ele nem ao menos me pediu em casamento. Ele simplesmente anunciou que hoje começariam os preparativos para a nossa união. Como se fosse algo já definido. Como se eu já fosse dele.Levantei os olhos e encontrei os dele, tão intensos, tão cheios de promessas. Ele notou meu silêncio e arqueou uma sobrancelha antes de perguntar:— Por que ficou calada?Eu pisquei algumas vezes, tentando organizar meus pensamentos. Tudo estava acontecendo tão rápido. As coisas entre nós sempre foram intensas, mas eu não esperava por isso.— Mas assim, do nada, vamos nos casar? — perguntei, minha voz saindo um pouco hesitante.Ethan inclinou a cabeça para o lado, me observando como se minha pergunta fosse estranha.— Como assim “do nada”, Ella? Você é minha predestinada. Nós já temos um vínculo. Já acasalamos. Você espera o meu filhote, herdeiro da minha alcateia.