Li alguns comentários e fiquei chocada! As pessoas estavam divididas entre a minha versão, a do Noah e algumas só queriam a verdade mesmo.
Resolvi entrar no Twitter e, ao ver os trending topics, o meu queixo caiu umas cem vezes.
Não era só um tópico, eram todos falando sobre eu, o Noah, a briga e o meu livro! Até o nome da Marina estava entre os assuntos mais falados.
Liguei para a minha assessora e ela atendeu no primeiro toque:
- Caroline! Bom dia!
- Você viu isso? É loucura!
- Eu sei! Com essa briga o seu nome ficou em alta e você nunca vendeu tanto.
- Vendas?
- Sim! Batemos 3 milhões de vendas de ontem para hoje.
- Isso é loucura!
- Estou falando sério! Você bateu todos os recordes da editora.
Fiquei quieta pensando em tudo, eu não deveria estar feliz com uma briga, mas eu estava me sentindo radiante por saber que o meu livro estava batendo recordes.
- O que foi, mãe?- Caroline, você pirou?- Por quê?- Ficar se metendo em briguinha boba na internet? É semana de provas finais, você deveria estar sentada estudando ao invés de estar se importando do que o seu ex fala de você.- Mãe, eu tinha que responder, ele foi um ridículo fazendo aquilo!- Vocês dois foram ridículos, ele escrevendo aquilo e você respondendo ao invés de ignorar.- Mas mãe, minha assessora falou que ou eu...- Sua assessora?- Sim, a da editora, na verdade, mas ela trabalha só comigo.- Caroline, eu não te reconheço mais.Fiquei quieta, então minha mãe continuou:- Você não é mais a minha filha, se tornou uma completa estranha, daqui a pouco é capaz de você largar a faculdade e tudo o que
Eu não quero voltar pra faculdade, pelo contrário, quanto mais eu avanço no curso de direito mais eu tenho certeza que não quero me tornar uma advogada, nem grande e nem pequena.Senti a frustração tomar conta de mim depois que a minha mãe saiu do quarto.Eu estou cansada de fazer tudo o que os outros mandam, de ser uma marionete, quando eu vou poder fazer o que eu quero?Pensei em todo mundo que conheço e decidi ligar para o Ivan. No segundo toque ele atendeu:- Alô?- Ivan, dá pra gente conversar?- Claro...- Onde você tá?- Em casa, por quê?- Eu briguei feio com a minha mãe, eu preciso da sua ajuda.- No que posso te ajudar?- Eu quero sair de casa, mas eu quero sair pra valer, tipo eu vou alugar meu apartamento.- Entendi.Engoli em seco. Eu pediria pra ele essa ajuda.- Eu preciso de um lugar pra ficar até conseguir alugar
No dia seguinte eu acordei me sentindo horrível, mesmo assim a minha vida tem que seguir em frente.Se eu ficar parada lamentando eu vou acabar caindo de novo na casa da autoritária, vulgo mãe.Me levanto, faço a minha higiene matinal, tomo um café da manhã rápido e vou até a faculdade.Pego uma senha na secretaria e fico aguardando calmamente a minha vez de ser chamada.Demora mais ou menos meia hora, então o painel mostra a minha senha e o atendente grita:- NÚMERO 78! NÚMERO 78! GUICHÊ 3!Peguei minhas coisas e saí correndo até o lugar:- Boa tarde, o que a senhorita deseja?- Eu quero trancar o curso.- Por favor, passe o seu R.A.Olho na carteirinha e digo:- 756765O atendente digita e confirma comigo:- Caroline Bernardes, 2° semestre do curso de bacharelado em direito, correto?
Dois dias atrás recebi uma ligação dizendo que a proprietária do apartamento aceitou a minha proposta, então eu comecei a ir atrás de toda a parte burocrática.Ir no banco, pegar extrato, depositar seis meses de aluguel adiantados para não precisar de fiador, ir atrás de uns outros papéis, tipo certidão de antecedentes criminais e várias outras coisas chatas.Hoje é dia de escolher a mobília e eu estou na loja com a Natália e com a Laís.Estou com a planta do apartamento na mão, com todas as medidas, para escolher as melhores coisas para cada lugar de acordo com o tamanho.Já estávamos andando na loja a horas e, quando estávamos na sessão de quartos, Laís avistou uma lanchonete:- Gente, tem uma lanchonete ali. Vamos parar pra comer - ela falou toda empolgada.Nós duas olhamos para ela meio chocadas por tamanha empolgação:- Que foi? Eu tô comendo por dois e o
- Bom, o nome dele é Hugo, ele tem 20 anos e tá cursando Biologia na faculdade.Eu e Laís ficamos paradas esperando ela contar o resto, mas ao invés disso ela ficou quieta depois de contar só isso.- Que foi, gente?- Eu quero saber tudo sobre ele e sobre vocês dois - eu falei.- Sério?- Claro! Você sabe tudo sobre eu e o Ivan.- E eu posso te contar tudo sobre eu e o Miguel - Laís se ofereceu.- Ai, tudo bem gente. Eu conto.- Eu e o Hugo nos conhecemos em uma praia em Ubatuba, ele é voluntário no projeto Tamar durante as férias.Eu e a Laís estávamos entretidas demais com a história.- Eu me interessei pelo projeto e chamaram ele para conversar comigo e nós conversamos até o anoitecer. Quando saímos da praia ele me convidou para irmos num restaurante de frutos do mar e eu fui.- E comeu o que? - perguntou Laís.- Isso foi em julho - Nat falou - Eu não lembro,
7 meses depoisSaí do banho, ainda meio sonolenta, e fui caminhando até a sala, chegando lá me joguei no sofá e peguei o meu notebook da mesinha de centro.Escrever estando sozinha é diferente de tudo, dá uma paz gigante e aumenta a minha criatividade em 1000%.Essa é a parte boa da minha nova vida, apesar de toda a responsabilidade que pesa em cima de mim desde então.Nesse meio tempo aprendi que a vida pode ser complicado, mas também pode ser surpreendente algumas vezes.Me levantei do sofá e fui até o balcão da cozinha, sentei no banco, apoiei o computador na bancada e continuei escrevendo o vigésimo capítulo do meu livro.A parte ruim de ser escritora é que você não faz nada além de escrever, nunca tem uma mudança de ambiente ou um colega para compartilhar nada.Depois de chegar na metade do capítulo eu respirei fundo e coloquei a cabeça no teclado. A solidão es
- Pensa bem, Carol, a sua mãe tá péssima e com saudades.- Foi ela que escolheu assim quando me mandou abrir mão do meu sonho pra ser uma advogadazinha qualquer.- A sua mãe se preocupa com você e com a sua estabilidade, entenda isso.- Ela deveria se preocupar com a minha felicidade, ou será que ela me teve pra eu ser mais um robô na sociedade? A vida não pode ser só nascimento, estudo, trabalho, aposentadoria ridícula e morte - passei a língua pelos meus lábios - fora que a questão da estabilidade é insana. Com o que eu ganho como escritora eu ajudo o meu irmão a se manter e ajudaria a minha mãe também.- A carreira de escritora não é estável, hoje você está fazendo sucesso, mas quem sabe como será o amanhã?Me levantei da cadeira sentindo a ansiedade tomar conta de mim, caminhei até o outro lado da sala, olhei para a minha avó e disse:- Eu estou aplicando o meu dinheiro, seria estupidez ficar com tanto dinheiro assim para
Eu estava com o Ivan, o nosso relacionamento não era mais a mesma coisa e já fazia mais de um ano que estávamos nessa de amizade colorida.Porém, de amizade colorida já não tinha mais nada. Hora eu dormia na casa dele, hora ele dormia na minha.Eu e ele tínhamos escova de dente e mudas de roupas na casa um do outro. Ele me olhou e disse:- Você é incrível.- Você é que é.- Eu gosto de você, tipo de verdade.- Só gosta, é? - provoquei.- Isso não basta?- Basta, é claro que basta.Me sentei na cama e ele me puxou para um beijo. Assim que nossos lábios desgrudaram eu disse:- Estamos melosos demais para sermos amigos coloridos, não acha?- Acho sim, por isso eu comprei uma coisa.Ele abriu a gaveta do criado mudo e tirou uma caixinha de veludo de lá de dentro:- Quer ser minha namorada?Fiquei encarando o Iva