Peguei o meu notebook para tentar, pela milésima vez, escrever o novo capítulo do meu livro:

Ela estava se sentindo a princesinha na Starbucks, em seu ipod estava tocando The velvet underground e nada poderia estragar a sua felicidade. Esperava seu namorado voltar o sanitário, seu primeiro namorado em quinze anos de vida...

Fechei o meu notebook, frustrada, e me deitei na cama.

Esse, com toda certeza do mundo, seria mais um dos meus milhares de livros inacabados.

Já se passou o tempo em que eu ainda tinha sonhos, os destruí.

Cada livro que eu começo acaba tomando esse rumo, fora da realidade, e eu temo terminar de escrevê-los e alguém acabar lendo e se iludir.

Coloquei Skyscraper no meu Ipod, a música que eu já estou ouvindo a dois meses, desde que ele me magoou sem nem saber.

Deixei de acreditar no romance, nos finais felizes iguais aos contos da Disney. 

Conforme os minutos se passavam eu sentia as lágrimas lavando o meu rosto.

Minha família percebera que eu não estava normal e tentaram descobrir de todas as formas, até que finalmente desistiram.

A única forma de aliviar essa dor será esperar, deixar o tempo passar e às vezes eu acho que eles não entendem. 

Um dia eu vou voltar e muito mais forte, como uma borboleta quando sai do casulo, como uma cidade reconstruída após um terremoto.