Tentei respirar, mas a fumaça dificultava tudo, o fogo se espalhava por todos os lados e meu primeiro pensamento foi Carson.
Ele havia descido todo o barranco atrás de mim após eu cair, ao ver que não conseguiríamos subir a tempo o empurrei morro abaixo tentando ir o mais longe possível das flechas de fogo.Minhas roupas estavam rasgadas e sujas, ao meu redor vi transmorfos correndo em sua forma humana completamente em chamas, vários outros corriam desesperados para longe do foco do fogo, corpos jaziam no chão queimados, com feridas terríveis que me chocaram, me levantei do chão com dificuldade, estava ferido em várias partes do corpo mas precisava achar Carson.Caminhei com dificuldade e tentei desviar dos corpos ao meu redor, toda aquela morte por causa de uma coroa, um corpo no chão se debateu quando passei por ele, o ouvi gemer e agonizar com boa parte do corpo queimado.
Eu não sentia nenhum tipo de alegria agoraCarson era carregado para cima, com cuidado sobre meu olhar atento, os guardas de Mina não questionaram o que fiz ao companheiro deles, o corpo dele sem vida ainda estava no mesmo lugar com os olhos arregalados e parados, o buraco no peito oco onde uma vez esteve seu coração.Olhei para minhas mãos manchadas de sangue, o sangue dele.Eu já havia lutado e matado antes, mas em uma batalha onde minha vida estava em jogo, isso havia sido uma demonstração de falta de controle, dominado pelo ódio.Quem eu estava me tornando?Carson passou perto de mim em cima de uma maca, corri para seu encontro mas seus olhos estavam fechados.- Só está inconsciente, está vivo.- disse o mesmo transmorfo que havia avisado Ozu sobre mim, eu não havia reparado mas ele possuía uma cicatriz branca no lábio superior e seus olhos eram de um tom escuro.Não me olhava com raiva por minha atitude antes, mas seu olhar era de cautel
O pátio estava sendo uma ala médica improvisada e as servas de Oujo Mina estava deslocando todos os guardas mais feridos para o interior do castelo para a enfermaria, Carson já havia sido removido para lá e eu estava indo para lá para vê-lo após ajudar com os feridos mas antes que eu atravessasse a porta Nakamura me chamou, me virei para encara-lo parado nos degraus ainda como eu sujo da batalha que enfrentamos, seus olhos estavam fixos em mim mas ele não dava sinal de que subiria os degraus. - Akira precisamos conversar.- anunciou e suspeitei que a urgência em seus olhos não era um bom sinal, mas nesse momento minha maior urgência não era discutir assuntos de guerra com ele e sim ver meu Kyoudai, meu irmão que estava ferido por minha causa. - Depois, vou ver Carson.- respondi já me virando para a entrada. - Não pode esperar o que tenho a dizer, e além do mais a Kitsune está com ele.- rebateu ele e subiu os degraus atrás de mim, ao falar Kitsune eu pude ver um desconforto por assim
"Triunfam aqueles que sabem quando lutar e quando esperar."(Sun Tzu)Era cedo, apesar disso o sol batia forte.Cinco anos de treinamento haviam se passado desde a cerimônia da lua de sangue.Eu tinha 15 anos na época.A cada cinco anos o poderoso deus Tsukuyomi, deus lunar surgia no céu como uma lua de sangue e reivindicava seus samurais de sangue, todas as pessoas de todas as províncias do Império iam para as ruas esperarem, até mesmo o imperador Takezo o poderoso e seus herdeiros.Esperavam para comtemplar a escolha de Tsukuyomi.No instante que a lua de sangue surgia ao céu todos os samurais de sangue eram cobertos por uma aura luminosa e intensa, naquele momento tudo mudava, ficávamos mais fortes, resistentes...Toda nossa vida mudava, uma nova vida começava.Naquele momento um juramento era feito a Tsukuyomi, aquela dádiva de poder era para ser utilizada no combate aos Youkais malignos que atormentavam os humanos
Quem, em prol da sua boa reputação, não se sacrificou já uma vez - a si próprio?Friedrich Nietzsche- Não precisava me segurar daquela forma. - reclamou Carson enquanto nos misturávamos as fileiras organizadas no pátio do Castelo.- Você estava surtado, o ancião só queria abençoar você. - me justifiquei.- Abençoar? Aquele velho sinistro devia estar em casa! Eu vi como você ficou ao deixar ele tocar em você, e não minta para mim- retrucou ele.Ao nosso lado Takeo Hiroshi surgiu e Carson o cumprimentou.Este não respondeu.- Ei estou falando com você! - reclamou Carson.Hiroshi permanecia sério com seu olhar azul gelado.- Esqueceram do voto de silêncio dele?- Takeo Iori , irmão gêmeo idêntico (exceto pela cor dos olhos Iori exibia olhos Verdes brilhantes)responde
Não é preciso ter olhos abertos para ver o sol, nem é preciso ter ouvidos afiados para ouvir o trovão. Para ser vitorioso você precisa ver o que não está visível.Sun TzuDias depois às cinco da manhã.Estávamos todos reunidos na sala de estratégias do castelo.Éramos cinco guerreiros novatos,os melhores dos treinos, sendo assim ganhamos o privilégio de observar o conselho de estratégias, claro e dez guerreiros experientes contando com o daymio do forte Takeshi.Uma enorme mesa exibia o mapa de toda a província de Nara.Takeshi e os demais experientes estavam debruçados sobre ele discutindo fervorosamente sobre como iríamos atrair os lobisomens onde era mais propício e vantajoso para nós.- Vamos fazer o que sempre fazemos todos os anos em que eles acordam! - gritava Katsuo, era um famoso guerreiro e braço direito de Takeda Takeshi, esse que o havia treinado.Todos comentavam
"Quem pensa pouco, erra muito."(Leonardo da Vinci)Tudo parecia se passar lento demais o, barulho de espadas sendo afiadas, escudos sendo carregados, lâminas batendo uma contra a outra em treinamentos de última hora. Tudo isso ressoava em meus ouvidos de forma muito lenta.Eu observava rostos suados de antecipação, medrosos, expressões prepotentes.Eu observava garotos da minha idade escrevendo na maioria suas últimas cartas, ..despedidas ao portão..- Vamos carreguem esse baú de flechas! - Ordenava Katsuo.Seu olhar pairou sobre mim enquanto eu afiava calmamente minha katana, feita pelo meu sensei Kinoshita.- Vamos garoto! o que faz sentado ai, alisando essa katana que nunca usou?!- exclamou impaciente.Me coloquei de pé e guardei rapidamente a katana, e me dirigi para um dos baús de flechas de prata carregando-o sozinho até a carroça que aguardava no pátio.- Akira!Carson me
O ser capaz mora perto da necessidade.Pitágoras- O que você está fazendo? - Carson perguntou enquanto assistia Akira golpear a parede violentamente.- Encontrando uma saída!- exclamei e continuei golpeando as paredes, meu braço quebrado ainda tentava se curar, mas o outro estava bom o suficiente para que eu esmurrasse a pedra.- O que você pensa que vai conseguir esmurrando a parede?! - perguntou Kane incrédulo.Eram para estarem procurando uma saída dali, e não delirando.- Você está delirando pela dor do seu braço. - murmurou Carson para mim.Continuei fazendo buracos na paredes e tentando subir por eles em direção ao alçapão.Carson me observava incrédulo,eu me sentia em um tipo de frenesi louco, tentando a todo custo fugir, me segurei nos buracos tentando subir, mas caindo logo em seguida.O teto onde estava a única saída começava a tremer e a soltar pequenos lascas de pedras para o desespero de Carson.- Pare você v
Seja rápido como um trovão que retumba antes que se tenha podido tapar os ouvidos e veloz como o relâmpago que brilha antes de ter podido piscar.Sun Tzu-Morra!- Akira berrou e o decapitou, sua cabeça voando no céu escuro.Akira girou sua espada em direção a outro monstro que avançava com olhos vermelhos vidrados, o decapitou e ofereceu sua mão erguendo Carson.Correram para longe do óleo quente se deparando com Takeshi girando sua katana e outra lâmina menor juntas se chamavam daisho e cortavam com precisão os membros de quem se atrevia a subir, era muito ágil e rápido, quase imperceptível, era como um fantasma..Se abaixaram quando uma das daisho passou sibilando por suas cabeças.Raiden lutava de forma preocupante, muito no meio deles sozinho e os estocava com uma lâmina curta e outra longa, daishô lutava sorrindo.- Jogue o óleo!! - berrava Takeshi a Katsuo mas este seguia correndo para fora