Gabriel estava irritado na tarde de quarta-feira.
No dia anterior logo após se despedir de Sadie e Milles, Gabriel seguira o seu rotineiro caminho de casa com um olhar vazio. Em sua cabeça matutava que em algum lugar estaria Theodore junto daquela garota baixinha bonitinha.
Ora essa, Theodore não era gay? Então por que raios estava de mãos dadas com uma garota beta? Nunca o vira ao lado de uma garota em todos aqueles primeiros meses de aula, e de repente aparecia uma. O sentimento tão estranho que se apossara de si no instante em que os vira no corredor, o fizera marchar para separá-los imediatamente.
Já não bastava o grande empecilho que era seu capitão do time de vôlei, agora surgiria mais uma pessoa para roubar Theodore de si?
Imediatamente Gabriel parara de andar.
Roubá-lo de si?
Quem?
O Theodore?
Por quê?
Ele era seu amigo, pode
—Cansado, senhor representante?O toque da garrafa gelada em seu pescoço quente assustara Gabriel, virando a cabeça para trás encontrando aquelas presas à mostra em um sorriso angelical. Segurando a garrafa para beber um gole, o moreno suspirava pesado ao se levantar do chão.—Só arrumam pra minha cabeça.—Pode ser divertido, não acha?—Participar de um concurso? Milles também vai participar, provavelmente 70% dos votos vão pra ele.Theodore rira concordando com a cabeça.—Vale a pena tentar do mesmo jeito. Até eu vou participar.Bebendo um gole da água, Gabriel o cuspira imediatamente quase se engasgando. Sua reação divertira Theodore, que ria baixo.—Você? Por quê? Mas como?—Fui requisitado para participar. Talvez por se
“Sadie diz:Aconteceu alguma coisa no treino de hoje?Meu irmão está estranho e fedendo”Gabriel olhava para a tela do computador soltando um suspiro pesado. De sua mente não saía a lembrança do beijo que Nicolas dera em Milles para provocá-lo.Fora a primeira vez que vira dois garotos se beijando, e por algum motivo isso o deixava estranho.Muito estranho.O seu colega de time havia dito momentos antes da catástrofe que Nicolas também era gay. Sua cabeça maquinou a hipótese do capitão ter algum sentimento por Theodore, e o fato de ele ter beijado Milles sem pestanejar comprovava que o baix
Na quinta de manhã, Gabriel não fora para a fonte como era de costume. Na verdade, ficara perto do muro dos fundos da escola onde esperara por seu amigo loiro. Enquanto aguardava mergulhado no silêncio, o moreno olhava para o céu claro suspirando pesado.Já fazia um bom tempo que sempre se questionava o que raios estaria acontecendo consigo. Estranhava cada comportamento seu quando o assunto envolvia Theodore, e nos últimos dias parecia piorar. Piscando lentamente, repetira para si mesmo que não lidaria com seus pensamentos insanos agora.— Eaí.A voz baixa cautelosa não condizia com o Milles de sempre. Nem o seu cheiro, que parecia diferente. Virando a cabeça para o amigo, Gabriel sorrira gentilmente deixando as mãos no bolso das calças.— Bom dia! Que cara de acabado.O atleta erguera um sorriso ladino, jogando a mochila no
Após sair do banho quente e vestir o seu pijama, Gabriel ligara o computador ansiando pela distração. Nunca se sentira tão cansado na vida como se sentia naquele momento.Tudo graças a um beijo.Milles e Nicolas não se falaram durante o treino, porém Gabriel percebera uma tensão odiosa entre os dois. Assim como no dia anterior, os dois ficaram em times opostos dando continuidade à disputa pessoal deles. Um querendo fazer mais pontos que o outro. Um querendo ser mais forte que o outro.Até mesmo o treinador percebera que algo havia acontecido. Pois, era costumeiro que Milles falasse bobagens ao ponto de irritar seu capitão. Porém, ele levara a partida treino com tanta seriedade, que permanecia em silêncio.
Quando um amigo com gosto diferente do seu resolve ler algo que você gosta, não tem como não ficar nervoso e ansioso por sua reação. Theodore adorava ler romances para sonhar acordado, imaginando que alguma delas poderia acontecer consigo. Ou apenas para se divertir com as aventuras surreais.Entretanto, fora a primeira vez que alguém pedira para ler um dos romances que acompanhava online.Não fora qualquer pessoa que pedira.Fora Gabriel.O cara pelo qual Theodore havia se apaixonado.Tentara de todas as formas possíveis fazê-lo repensar em seu pedido repentino, lembrando-o de que era um romance gay. Uma história onde dois ga
A prova de história era a última que a classe precisava fazer naquela semana, tomando o segundo horário. Os estudantes suspiravam aliviados pelo livramento do tormento das provas, dando trabalho para o professor do terceiro horário em reunir e acalmar os estudantes.Theodore rabiscava seu caderno sem vontade em prestar atenção na aula de física. Já era difícil acompanhar a matéria, quando se faltava vontade de estudar a situação complicava. Não forçaria seu cérebro a decorar as fórmulas que seriam esquecidas na primeira oportunidade.Enquanto se perdia em pensamentos aleatórios, um pedaço de papel dobrado caíra sobre a sua carteira. Arqueando a sobrancelha, Theodore abrira o papel encontrando a caligrafia já conhecida.
Quando um ômega fica nervoso, seu corpo exala feromônios. O mesmo acontece com as demais outras emoções com diferentes hormônios sendo liberados ao mundo, como uma mensagem secreta. Todos sentiriam o seu cheiro e compreenderiam que algo está passando na mente do ômega, além de atrair alfas para si.Sendo assim, um ômega tinha que tomar muito cuidado quando ia estudar ou trabalhar. Ficar em lugares cheio de pessoas, independente de suas classes, poderia causar um verdadeiro inferno quando os feromônios fossem liberados. É indicado que a pessoa tome medicamentos supressores a fim de controlar tais hormônios.Garotas ômegas sofriam, e muito, por conta disso. Desde os abusos até o preconceito com sua vulnerabilidade.Garotos ômegas então sofriam o dobro.Theodore engolia o segundo comprimido para controlar os feromônios, pois não conseguia se ac
Sempre que dois alunos queriam ficar, era ali o ponto de encontro. Escondendo-se dos olhos curiosos, das figuras de autoridade da escola, e dando uma apimentada no primeiro beijo. Theodore já ouvira muitas garotas parecerem ansiosas quando marcavam um encontro ali, porém ele mesmo nunca tivera a sorte de ter a sua vez.Até o momento.Quando ali chegara, Theodore apertava a alça da mochila prendendo a respiração ao ver uma figura conhecida o esperando. O coração acelerara no mesmo instante em notar Gabriel encostado na parede usando o uniforme de educação física.Tão bonito quanto um príncipe encantado dos contos de fadas. Maldita fossem as camisas regatas que destacavam os músculos dos braços. Os cabelos repicados e escuros balançavam com o vento, contrastando a tez pálida. Gabriel era simplesmente a pessoa mais bonita no mundo