A morte repentina de Brad na minha frente me abalou profundamente, não só pelo seu assassinato, mas também pelas últimas palavras ditas por ele a mim: “o inimigo está próximo”.
Minha cabeça entrou em parafuso, o mataram para que ele não contasse nada a mim... Aquela van, a quem pertencia? Com certeza alguém conhecido de Brad... E meu também?
Mais uma vez, estava providenciando um velório... Quem seria o próximo? A essa altura, já pedia que fosse o meu.
Mais uma vez, me sentia muito mal com uma situação que fugia completamente ao meu controle.
Enterrei meu amigo. Brad tinha muitos defeitos, mas sempre nos demos muito bem. Éramos mais que companheiros, éramos como irmãos. O irmão que eu nunca havia tido. Não foi nada fácil superar aquele momento. Se não fosse Helen estar comigo o tempo todo, ta
Ramires foi até a sala onde ficavam as gravações das câmeras de segurança acompanhado por mim e Helen. Eu queria ver exatamente tudo o que havia acontecido. Helen tremia da cabeça aos pés e não conseguia conter as lágrimas que insistiam em rolar por seu rosto. Aquilo me deixava mais desesperado. Não tínhamos a menor ideia de quem poderia ter feito aquilo, não sabíamos as intenções da pessoa que havia levado Li daquela maneira brutal. As fitas poderiam conter algo importante que ajudasse a elucidar o caso.Enquanto os peritos e os paramédicos cuidavam da cena do crime, nós olhávamos atentamente as gravações.Era possível ver perfeitamente a van preta se aproximando do portão, com a mesma luz negra que ofuscava os números e letras da placa. Vimos dois homens descerem do veículo encapuzados e vestidos com ro
Passaram mais de quarenta e oito horas depois da última ligação... Estava me sentindo encurralado, e minha vontade era vender as ações da empresa imediatamente, a preço de banana. Mas sei bem que o assassino de meus pais não queria pouco dinheiro, com certeza devia ter ideia de quanto aquelas ações valiam... Eu não precisava daquilo, precisava de Li viva! E para isso, o dinheiro era bem alto!Helen estava em frangalhos, não comia, não dormia e não saía do lado do telefone. Conforme as horas passavam, me sentia cada vez mais acuado e inútil, mas minha decisão já havia sido tomada, independentemente do que Ramires queria. Arrumaria o dinheiro, seja de que forma fosse, e entregaria a eles.A porta se abriu, e Ramires entrou na sala como um furacão.— Bom dia, descobri algumas coisas nos documentos de Gabriel...— Pistas qu
As descobertas de Ramires me deixaram surpreso. Uma mulher? Até aquele momento, para ser bem sincero, apesar de minha desconfiança depois das declarações rasgadas de Ramires, não pensei que uma mulher teria audácia para cometer um tipo assim de crime... Era algo cruel demais para ser cometido não por um homem. Mulheres geralmente são fortes, mas doces e meigas, resolvem os problemas de uma maneira bem diferente das dos homens, que sempre preferem a violência e a força... Nascemos com instintos muito diferentes dos das mulheres. Por fim, questionei Ramires:— Então essas imagens estão relacionadas com o assassino?— Provavelmente, Matt. Como já disse, é praticamente impossível ver o rosto dessa mulher nas imagens, mas já pedi as filmagens das câmeras de segurança da rua. Com isso, quero descobrir o carro com que ela chegava ao escrit&oa
Eu e Helen assistíamos à conversa do lado de fora, por uma pequena janela de vidro espelhado. O desespero de Charlie era nítido. Ele realmente parecia não saber de nada. Ramires perguntava, e ele negava saber ou participar de qualquer um dos atos praticados supostamente por sua mãe.— Se de fato você não sabe de nada, garoto, pelo menos algum tipo de atitude suspeita de sua mãe, algo que nos leve até Lilian... Pense. Você vive com ela.— Ramires, o que você ainda não entendeu é que minha mãe tem uma vida extremamente agitada e não me dá satisfação alguma do que faz ou deixa de fazer. Sempre foi assim.— Algum hábito diferente... Sei lá! Qualquer coisa fora do comum.— Tudo com ela é fora do comum.— Pensa, menino! — Ramires estava ansioso por respostas, dava fortes tapas
Não sabia exatamente o que pensar ante as palavras de Ramires. Senti medo, afinal a fisionomia dele estava de certo modo bem mais preocupada do que o habitual.— Diga logo, Ramires. Quem mais está por trás disso?— Venha comigo. Dakota vai te contar.Foram mais alguns minutos de ansiedade até chegarmos à sala de interrogatório. Sentia minha respiração ofegante. Antes de entrar, olhei Dakota pelo vidro, estava completamente diferente das vezes que eu a tinha visto. Sua maquiagem pesada estava completamente borrada, seus olhos, perdidos no nada, estava despenteada e era nítido seu nervosismo. Entrei com Ramires e fiquei frente a frente com a mulher que havia matado meus pais, Brad, tentado me matar por mais de uma vez, e sequestrado Li. Não pude segurar o ódio:— Por que, Dakota? É a única pergunta que eu tenho pra te fazer... Por quê?
Cheguei com Charlie ao hotel, sem saber exatamente por onde começaria a conversa. Sinceramente, não gostaria de ter que falar sobre o envolvimento de sua mãe naquilo tudo, mas era preciso. Como ser prático com um assunto desses? Eu não me sentia muito apto para aquilo, era muito mais fácil lidar com a razão do que com sentimentos. Nunca fui muito bom com isso.Chegamos ao quarto, Helen assistia desenho animado com Li. Olhou e logo notou que minha feição era de preocupação:— Aconteceu alguma coisa, Matt?— Muitas coisas, Helen... Precisamos conversar. Charlie, leva a Li para tomar um sorvete no restaurante do hotel?— Claro! Vamos, Li?— Quem é esse menino, tio Matt?— Esse é um bom menino, Li. Pode chamá-lo de tio Charlie.— Oba! Vou tomar sorvete com o tio Charlie! Viva!Dei um sorriso e perceb
Sei que todos torcem por um final feliz... Mas muitas coisas aconteceram, e tive a certeza de que nem sempre as coisas acontecem como gostaríamos... A essa altura, acho que cheguei até a entender um pouco Peter Donovan.Depois de tudo esclarecido, Dakota presa e Katerine morta, tomei todas as providências para que Charlie tivesse o que era dele por direito. Fizemos um exame de DNA e constatamos que ele era de fato meu irmão.Continuei empresariando sua carreira. Charlie se tornou um astro internacional, assim como eu esperava que fosse desde o início. Aqueles fatos funestos não nos afastaram, pelo contrário, foi bom saber que tinha um irmão. Tornamo-nos íntimos e muito unidos.A partir da explosão da carreira dele, fui adiante com a decisão de passar para Helen a presidência da metalúrgica, assim como já havíamos conversado. Ela havia topado, e depois de alguns
Não saímos juntos naquela tarde... Assim que decidi que iria vender as ações da metalúrgica, Helen resolveu ficar sozinha.Não pensem que sou insensível ou coisa assim, sei que Helen adorava o trabalho dela, assim como eu adoro o meu, mas como eu já disse, quando propus que ela ficasse à frente dos negócios da metalúrgica, nunca imaginei que isso teria uma importância maior do que nós dois. Sei que presidir uma empresa daquele porte exigia muito tempo, assim como gerenciar a carreira de Charlie... Não estava sendo egoísta, apenas queria Helen comigo. Nós tínhamos muito dinheiro, não era necessário que ela estivesse tanto tempo longe de mim.Ela me pediu que saísse do quarto, estava com dor de cabeça e queria ficar sozinha. Eu abaixei meu olhar, suspirei fundo e saí... Saí mesmo. Subi na moto e comecei a pilotar