A noite se estendeu sobre o território da matilha como uma capa escura, espessa e densa. O vento cortante que passava pela floresta parecia trazer consigo murmúrios e ecos de tempos antigos, como se a própria terra estivesse sussurrando segredos esquecidos.Dentro do grande salão onde o Conselho se reunia, Alicia estava imersa em pensamentos. As palavras da bruxa ainda ecoavam em sua mente: "Ela será a chave para destruí-lo." Mas o que isso realmente significava? O poder de Caelus era inegável, e ela sentia a tensão crescente dentro de si. Algo em seu interior, em sua linhagem, estava despertando — mas não sabia exatamente como usá-lo. E isso a deixava ainda mais vulnerável.Ao seu lado, Kael permanecia em silêncio, observando o comportamento de Alicia. Ele sabia que ela estava se preparando para algo maior. A luta contra Caelus não seria apenas uma batalha de forças físicas, mas uma batalha de mentes, de escolhas. E ele não tinha dúvidas de que Alicia era mais forte do que imaginava.
O campo de batalha estava silencioso antes do vendaval. Cada árvore parecia tensa, as folhas murmurando com o vento, mas o som da luta ainda estava distante. Alicia e Kael estavam posicionados à frente da matilha, observando a linha de árvores onde a escuridão parecia se engolir. Era como se a floresta estivesse se preparando para um evento sobrenatural.O céu estava claro, a lua cheia brilhando com força, iluminando a noite com uma luz prateada. Mas, ao invés de oferecer segurança, ela parecia mais uma espectadora de um conflito mortal, uma lembrança de que o destino estava observando tudo com olhos implacáveis. E nesse momento, o destino de todos estava prestes a ser selado.Alicia podia sentir o poder da matilha ao seu redor, mas também sentia o peso crescente da responsabilidade. Caelus não era apenas um Alfa exilado; ele era uma força da natureza, uma tempestade prestes a desabar sobre tudo o que ela conhecia. E a bruxa ao seu lado, com seu olhar frio e insaciável, era o tipo de
O campo de batalha era um caos. O som de garras cortando carne, o uivo dos lobos em luta, e o clangor das lâminas chocando-se no ar, misturavam-se em uma sinfonia de violência que parecia não ter fim. Alicia e Kael estavam no centro do tumulto, rodeados por aliados e inimigos, e no entanto, uma linha invisível os separava de tudo isso. O verdadeiro confronto estava diante deles, esperando para acontecer.Alicia sentiu o peso da luta nas costas. Sua alma estava conectada à lua, ao sangue da loba ancestral que corria em suas veias. Mas a cada golpe desferido, a cada movimento seu, ela sentia uma dor crescente. O poder da lua estava ali, ao seu alcance, mas ela não sabia como canalizá-lo por completo. Ela precisava de mais.— Alicia! — Kael gritou, sua voz rouca, cheia de urgência, enquanto derrubava um dos guerreiros de Caelus. — Agora!Ela o olhou, os olhos dourados brilhando como se a própria lua estivesse refletida neles. Kael era sua rocha, a base sobre a qual ela se apoiava, mas el
A batalha ainda reverberava pela floresta. O som dos uivos e das lâminas cortando o ar já não eram tão intensos, mas a tensão no campo de batalha persistia, como uma tempestade prestes a eclodir. Alicia, embora vitoriosa em sua luta contra Caelus, ainda sentia o peso da guerra que se aproximava. Algo estava prestes a acontecer, algo que ela não podia controlar. Ela sentia isso em cada fibra do seu ser.Kael estava ao seu lado, sua presença protetora inconfundível, mas seus olhos estavam fixos na figura que surgia nas sombras. A bruxa, que até agora havia se mantido à margem, finalmente fez seu movimento. Seus passos silenciosos, quase como uma dança sombria, fizeram com que o ar ao redor deles ficasse ainda mais denso. O cheiro de ervas e magia negra parecia envolver a todos, criando um clima de presságio.Alicia sentiu seu coração acelerar. Não era apenas a batalha com Caelus que a fazia tremer, mas algo que ela ainda não conseguia compreender totalmente. Ela sabia que a bruxa estava
O ar explodiu com um estrondo quando a magia da bruxa colidiu com a energia da lua. Raízes se ergueram do chão como serpentes, envoltas em sombras, tentando prender Alicia e Kael enquanto a bruxa flutuava alguns centímetros acima do solo, os olhos vermelhos brilhando com uma fúria antiga. A floresta inteira parecia conter o fôlego.Kael avançou primeiro. Um rugido selvagem rasgou sua garganta quando ele assumiu parcialmente sua forma de lobo, os olhos prateados incandescentes. Ele saltou contra a bruxa, garras estendidas, pronto para dilacerá-la. Mas ela já estava esperando.Com um gesto sutil, quase preguiçoso, a bruxa invocou um escudo feito de ossos e sombras. A barreira repeliu Kael com uma força brutal. Ele caiu pesadamente contra uma árvore, o tronco rachando com o impacto, mas ele se levantou, cuspindo sangue, os músculos tensionados em pura fúria.Alicia ergueu os braços, canalizando a força da lua. Uma onda prateada varreu a clareira, cortando raízes, dissipando feitiços. A b
A floresta estava em silêncio. O campo de batalha, agora manchado de sangue e cinzas, parecia ter parado de respirar por um instante. Alicia e Kael se ergueram, seus corpos recuperados pelo poder de Alicia, e a luz da lua parecia refletir em suas peles como uma bênção. A energia da lua ainda pulsava em seus corações, mais forte do que nunca, e os dois estavam prontos para finalizar a luta, eliminar a bruxa e encerrar aquela guerra infernal.Kael estava ao lado de Alicia, a respiração agora mais calma, a dor de antes substituída pela força renovada. Seus olhos fixaram-se na bruxa, que se mantinha no topo da pedra, com um sorriso cruel no rosto. Ela ainda estava envolta em uma aura de sombras, sua magia negra girando ao redor dela como serpentes ameaçadoras.Mas não havia mais medo nos olhos de Kael. A morte estava atrás deles, mas a vida estava à frente, com Alicia ao seu lado, mais poderosa do que ele jamais imaginara. Ele sabia que aquilo era o fim. Não haveria mais fuga.Alicia sent
O cheiro da chuva pairava no ar. Pesado, úmido, misturado ao perfume fresco da terra e ao toque metálico de algo prestes a acontecer.Alicia não sabia o que a havia levado até ali — à estrada esquecida que cortava os limites da floresta. O céu estava encoberto por nuvens escuras, e a lua, mesmo escondida, lançava um brilho pálido que pintava o caminho com sombras inquietas. Cada passo que ela dava parecia guiado por um instinto que não era seu… mas que, ao mesmo tempo, sempre estivera ali, adormecido.Ela se abraçou, esfregando os braços com as mãos frias. O casaco fino não era o suficiente para o vento que atravessava a noite como um sussurro antigo. Ainda assim, ela não parou.Desde a infância, carregava aquela sensação incômoda — como se algo nela estivesse deslocado do resto do mundo. Os médicos chamaram de ansiedade, os amigos de drama, e sua mãe… sua mãe nunca explicou nada. Apenas desviava o olhar sempre que os olhos de Alicia refletiam o brilho amarelo sob certas luzes. Como se
Alicia correu. Sem destino, sem pensar. Seus pés mal tocavam o chão da estrada de terra, como se a pressão do ar e o peso de seus próprios pensamentos a levassem mais rápido do que seus músculos podiam suportar. O som das batidas fortes de seu coração ecoava em seus ouvidos, abafando tudo ao seu redor. Mas o que ela não conseguia ignorar era o calor de Kael — uma chama quente e inclemente que parecia queimar atrás dela, em cada passo que dava.Ela se viu novamente na cidade, as ruas iluminadas por postes de luz amarelada, a confusão mental ainda martelando sua cabeça. "Ele... o que foi aquilo? O que está acontecendo comigo?" Pensamentos se atropelavam, mas havia algo que não podia negar: o lobo dentro dela, o que ele representava, o poder. A dor da marca ainda ardia, como se fizesse parte de seu corpo agora. Um peso a mais, um fardo ou talvez um presente, ela não sabia.No entanto, algo dentro dela não queria ceder, não queria ser marcada. Não queria ser parte desse jogo. Ele podia se