O dia seguinte amanheceu coberto por uma névoa espessa, como se a própria floresta hesitasse em revelar seus segredos. Alicia caminhava ao lado de Kael até o Círculo Sagrado — um espaço ancestral no coração da matilha, onde os rituais mais antigos eram realizados.— Eles vão tentar te derrubar — Kael disse, sem rodeios. — O Conselho não aceita facilmente mudanças. Ainda mais quando vêm de uma forasteira.— Eu sou mais do que isso — Alicia retrucou, ajustando o casaco de couro nos ombros. — E vou provar. Nem que eu precise fazer cada um deles engolir o próprio orgulho.Kael olhou de lado, o traço de um sorriso surgindo nos lábios.— Essa é minha garota.Ela o ignorou, mas sentiu o coração acelerar. "Minha garota". Três palavras e o chão parecia ceder sob seus pés. Ele ainda não havia dito o que sentia — talvez nem soubesse ao certo — mas Alicia percebia os sinais. O toque que se demorava. O olhar que se suavizava. O instinto de protegê-la, mesmo quando ela não precisava.Ao chegarem ao
A tensão ainda pairava no ar. O Círculo Sagrado, que antes era um lugar de reverência e poder, agora parecia uma arena de desafios implacáveis. Os membros do Conselho, que observavam Alicia com ceticismo, agora pareciam indecisos, perturbados pelo que acabaram de testemunhar. Alicia havia provado sua força e sua origem — ela não era uma simples humana. Ela era filha da Loba da Lua, e aquela verdade alterava tudo.Kael, ainda ao lado de Alicia, sentiu a mudança. Alicia Blake, a mulher que havia desafiado tudo e todos, agora estava marcada com a herança dos lobos. Seus olhos dourados brilhavam com a intensidade de uma força ancestral, e ele sabia que ela não seria mais a mesma.— Você passou no teste. — Merek disse, finalmente quebrando o silêncio, sua voz mais grave do que nunca. Ele parecia pesar as palavras, com um olhar agora mais respeitoso. — Mas o Conselho não se rende com facilidade.Alicia não disse nada. Ela sabia que a prova que havia enfrentado não era o fim da jornada. Era
A matilha ainda estava em alerta. Mesmo depois de Caelus e a bruxa ancestral se afastarem, uma sensação pesada e inquietante permaneceu no ar. As palavras de Caelus reverberavam na mente de Alicia, e, embora ela tentasse se concentrar na reunião com o Conselho, a presença dele parecia seguir seus passos como uma sombra, sempre ali, esperando por uma oportunidade para atacar.Kael estava ao seu lado, o olhar fixo à frente, mas seu corpo estava tenso, como se cada músculo estivesse preparado para reagir a qualquer ameaça. Ele sabia o que Caelus representava, e sabia também que o exilado não seria facilmente derrotado. A bruxa ao lado dele, com seus olhos vermelhos e presença inquietante, só tornava a situação mais complexa.— A luta vai ser mais difícil do que pensamos. — Kael disse baixinho, sem desviar os olhos do horizonte.Alicia não respondeu imediatamente. Ela estava absorvendo as palavras de Caelus, tentando entender o que ele realmente queria dizer. Ele havia mencionado o poder
A noite se estendeu sobre o território da matilha como uma capa escura, espessa e densa. O vento cortante que passava pela floresta parecia trazer consigo murmúrios e ecos de tempos antigos, como se a própria terra estivesse sussurrando segredos esquecidos.Dentro do grande salão onde o Conselho se reunia, Alicia estava imersa em pensamentos. As palavras da bruxa ainda ecoavam em sua mente: "Ela será a chave para destruí-lo." Mas o que isso realmente significava? O poder de Caelus era inegável, e ela sentia a tensão crescente dentro de si. Algo em seu interior, em sua linhagem, estava despertando — mas não sabia exatamente como usá-lo. E isso a deixava ainda mais vulnerável.Ao seu lado, Kael permanecia em silêncio, observando o comportamento de Alicia. Ele sabia que ela estava se preparando para algo maior. A luta contra Caelus não seria apenas uma batalha de forças físicas, mas uma batalha de mentes, de escolhas. E ele não tinha dúvidas de que Alicia era mais forte do que imaginava.
O campo de batalha estava silencioso antes do vendaval. Cada árvore parecia tensa, as folhas murmurando com o vento, mas o som da luta ainda estava distante. Alicia e Kael estavam posicionados à frente da matilha, observando a linha de árvores onde a escuridão parecia se engolir. Era como se a floresta estivesse se preparando para um evento sobrenatural.O céu estava claro, a lua cheia brilhando com força, iluminando a noite com uma luz prateada. Mas, ao invés de oferecer segurança, ela parecia mais uma espectadora de um conflito mortal, uma lembrança de que o destino estava observando tudo com olhos implacáveis. E nesse momento, o destino de todos estava prestes a ser selado.Alicia podia sentir o poder da matilha ao seu redor, mas também sentia o peso crescente da responsabilidade. Caelus não era apenas um Alfa exilado; ele era uma força da natureza, uma tempestade prestes a desabar sobre tudo o que ela conhecia. E a bruxa ao seu lado, com seu olhar frio e insaciável, era o tipo de
O campo de batalha era um caos. O som de garras cortando carne, o uivo dos lobos em luta, e o clangor das lâminas chocando-se no ar, misturavam-se em uma sinfonia de violência que parecia não ter fim. Alicia e Kael estavam no centro do tumulto, rodeados por aliados e inimigos, e no entanto, uma linha invisível os separava de tudo isso. O verdadeiro confronto estava diante deles, esperando para acontecer.Alicia sentiu o peso da luta nas costas. Sua alma estava conectada à lua, ao sangue da loba ancestral que corria em suas veias. Mas a cada golpe desferido, a cada movimento seu, ela sentia uma dor crescente. O poder da lua estava ali, ao seu alcance, mas ela não sabia como canalizá-lo por completo. Ela precisava de mais.— Alicia! — Kael gritou, sua voz rouca, cheia de urgência, enquanto derrubava um dos guerreiros de Caelus. — Agora!Ela o olhou, os olhos dourados brilhando como se a própria lua estivesse refletida neles. Kael era sua rocha, a base sobre a qual ela se apoiava, mas el
A batalha ainda reverberava pela floresta. O som dos uivos e das lâminas cortando o ar já não eram tão intensos, mas a tensão no campo de batalha persistia, como uma tempestade prestes a eclodir. Alicia, embora vitoriosa em sua luta contra Caelus, ainda sentia o peso da guerra que se aproximava. Algo estava prestes a acontecer, algo que ela não podia controlar. Ela sentia isso em cada fibra do seu ser.Kael estava ao seu lado, sua presença protetora inconfundível, mas seus olhos estavam fixos na figura que surgia nas sombras. A bruxa, que até agora havia se mantido à margem, finalmente fez seu movimento. Seus passos silenciosos, quase como uma dança sombria, fizeram com que o ar ao redor deles ficasse ainda mais denso. O cheiro de ervas e magia negra parecia envolver a todos, criando um clima de presságio.Alicia sentiu seu coração acelerar. Não era apenas a batalha com Caelus que a fazia tremer, mas algo que ela ainda não conseguia compreender totalmente. Ela sabia que a bruxa estava
O ar explodiu com um estrondo quando a magia da bruxa colidiu com a energia da lua. Raízes se ergueram do chão como serpentes, envoltas em sombras, tentando prender Alicia e Kael enquanto a bruxa flutuava alguns centímetros acima do solo, os olhos vermelhos brilhando com uma fúria antiga. A floresta inteira parecia conter o fôlego.Kael avançou primeiro. Um rugido selvagem rasgou sua garganta quando ele assumiu parcialmente sua forma de lobo, os olhos prateados incandescentes. Ele saltou contra a bruxa, garras estendidas, pronto para dilacerá-la. Mas ela já estava esperando.Com um gesto sutil, quase preguiçoso, a bruxa invocou um escudo feito de ossos e sombras. A barreira repeliu Kael com uma força brutal. Ele caiu pesadamente contra uma árvore, o tronco rachando com o impacto, mas ele se levantou, cuspindo sangue, os músculos tensionados em pura fúria.Alicia ergueu os braços, canalizando a força da lua. Uma onda prateada varreu a clareira, cortando raízes, dissipando feitiços. A b