Marcus

Meu coração b**e descontroladamente, e estou tão nervoso que poderia estrangular minha mãe por ter contratado essa garota inconsequente, insensata e muito jovem para o meu gosto. Embora ela tenha sido babá de uma criança da mesma idade de Bianca por três anos, não é esse tipo de babá que desejo para minha filha.

— Quero que fique bem claro que não tolero irresponsabilidade quando se trata do bem-estar da minha filha. Ela é a coisa mais importante da minha vida, e não vou permitir que alguém coloque em risco a segurança e a rotina dela.

Seus olhos de um verde vívido estão bem fixos nos meus. Sua boca de lábios carnudos se abre, mas nenhum som sai.

Quero que ela sinta na pele minha fúria, e para deixá-la ainda mais nervosa, torno-me ainda mais intimidante ao dar um passo em sua direção.

Dio! De perto ela é ainda mais bonita.

Os cabelos castanhos dourados têm um brilho que me lembra o sol do meio-dia.

Egípcia?

Eu a imaginei tão diferente.

Estou surpreso dela ser dona de uma beleza tão exuberante.

Sinto imediatamente um desejo excêntrico de provocá-la e, para isso, desço vagarosamente meu olhar por seu corpo, desde os cabelos cheios até os pés descalços.

Jade

Meu coração acelera e o suor frio escorre pela minha testa enquanto Marcus me encara intensamente. Sua determinação em proteger sua filha é evidente, e seus olhos verdes parecem querer desvendar meus pensamentos. Sinto-me nervosa e desconfortável, e meu rosto cora involuntariamente. Allah! Esse homem quer me intimidar, mas não posso permitir.

Decido encará-lo de volta e ergo o queixo, dando um passo em sua direção. Estamos tão próximos que posso sentir sua fragrância masculina, e devo admitir, é maravilhosa. Seus cabelos castanhos negros brilham sob a luz, e sua beleza me surpreende. No entanto, devo manter o foco em Bianca e na minha missão como babá.

Allah! É tão difícil encarar seus olhos tão penetrantes.

— Eu trabalho duro, senhor Ricci. Cuido de Bianca com todo o meu coração, mas também preciso de momentos de descontração para manter o equilíbrio emocional.

Seus braços musculosos se cruzam, e sua expressão permanece séria e intransigente, exalando uma aura dominante.

— Equilíbrio? Uma babá responsável precisa ter disciplina e respeito pelos horários. Como posso confiar que você levará sua função a sério se chega tarde e descalça?

Minha frustração aumenta, mas devo escolher minhas palavras com cuidado. Explicar que tenho necessidades pessoais não parece ser a melhor abordagem. Opto por outra estratégia, ciente de que não posso perder meu emprego e, acima de tudo, não quero falhar com Bianca novamente.

— Senhor Ricci, este não é meu comportamento habitual. Hoje foi uma exceção. Prometo a você que não acontecerá novamente.

Ele balança a cabeça, ainda desconfiado.

— Você não é a pessoa indicada para cuidar da minha Bianca!

Allah!

— Por favor, senhor Ricci, não tire isso de mim. Bianca está começando a interagir comigo, e eu a amo como se fosse minha própria filha. Essa conexão é algo especial para mim. Por favor, senhor Ricci, não faça isso. Não agora que Bianca começou a interagir comigo! Eu demorei muito tempo para conquistar a confiança dela.

Sua respiração se agita e ele esfrega o rosto rígido.

— Bianca está interagindo com você?

— Sim, Bianca está começando a interagir comigo. É maravilhoso ver essa conexão se formando entre nós.

Seus olhos escrutinam os meus. Ele se aproxima e pega meu braço, e um sorriso sádico surge em seu rosto, como se quisesse me testar:

— Non cercare di intortarmi!... Não tente me enganar! Bianca demora um bocado de tempo para pegar confiança nas pessoas. Você está me dizendo isso para permanecer no emprego!

— Não, não é verdade! Eu estou sendo honesta.

Marcus parece analisar minha sinceridade por um momento, e a tensão entre nós é palpável.

— Eu espero que sim, porque se algo acontecer com a minha filha por sua negligência, eu não terei piedade.

Respiro fundo, tentando manter a compostura diante daquela ameaça.

— Eu entendo, e acredite, não quero colocar Bianca em perigo. Ela é uma garotinha especial, e meu compromisso é cuidar dela com todo o meu coração.

Ele assente brevemente, mas sua desconfiança ainda é visível. Minutos, que mais parecem horas, os seus olhos ficam nos meus.

— Está bem, observarei você com minha filha amanhã. Se, de fato, Bianca estiver se dando bem com você, eu a manterei como babá. Porém, sua vida noturna acaba aqui! — diz, decidido.

Allah! Por que é tão difícil ele acreditar nas minhas palavras de que essa foi a última vez que saí?

Sinto o peso de seu olhar, meu corpo treme por inteiro, mas o encaro sem me mover, porque somente os peixes mortos descem a favor da correnteza, e eu estou determinada a montar as peças deste quebra-cabeça.

Respiro fundo, ganhando coragem.

— Antes de ir, gostaria de saber se tentou entender o comportamento de Bianca. Porque ela é assim tão arisca, tão fechada com as pessoas. Já tentou levá-la a um psicólogo?

Silêncio.

Completamente congelada no lugar, eu observo Marcus dar um passo em minha direção. Seu rosto extremamente masculino se aproxima do meu, sua respiração sopra em meu rosto:

— Minha filha sofreu um grande trauma quando tinha três anos. Ela testemunhou a morte de sua mãe, vítima de um tiro direcionado a mim. O sangue jorrou de sua jugular, tingindo todo o vestido branco dela de vermelho, assim como o de Bianca, que estava no colo da mãe no momento do incidente. Isso responde à sua pergunta sobre por que minha filha é tão retraída?

Paralisada por alguns instantes, fico emocionalmente confusa, minha mente embotada, incapaz de me mover. Tento controlar minhas emoções diante do relato, mas falho miseravelmente. Estou tremendo por inteiro enquanto o encaro em choque. Um nó do tamanho de um punho se forma em minha garganta.

Marcus continua:

— Não há terapia que seja capaz de apagar essa imagem da mente daquela criança. Apenas o tempo e muito amor podem amenizar tudo isso. É por isso que não quero nenhuma garota inconsequente cuidando da minha filha!