Mavie NeumannHoras haviam se passado desde que Ghost tinha ido trabalhar, e quando digo trabalhar, é resolver tudo o que precisa no calabouço. Isso já soa normal para mim.Apesar de eu não querer ver nada diante dos meus olhos, nada mais soa tão estranho mas sim assustador.Eu estava sentada na cama de um jeito que me deixava desconfortável, porém, sem vontade alguma de me levantar.Lembrar do que aconteceu na casa do Cleveland me deixou em choque. As palavras ditas com raiva e revelações ainda me chocam quando começo a pensar a respeito, especialmente a parte onde encaixa Saymon.O homem que me criou a vida inteira era apaixonado pela minha mãe, conheceu meu pai e ainda assim, suportava tudo para ficar perto dela. Depois da sua morte, ele me salvou de ser maltratada pelo Cleveland, que, por incrível que pareça, era sangue do meu sangue, mesmo que em grau diferente.Será que a Ghost Máfia era inimiga da máfia russa antes de eu e Vincent termos nascido?Por que será?Passando a língua
Vincent BlakeAlgo está errado.Eu não deixaria isso passar facilmente.Me encostando na cadeira, engoli em seco conforme ouvia a resposta da mulher que acabou de voltar de um momento intenso em sua vida. Eu já sabia que Martha era uma mulher solitária há mais de 20 anos, pois havia colocado um detetive em busca do seu passado, mas isso não quer dizer que o que ela diz nesse momento seja inteiramente a verdade.— Não seja ridícula.Lembro de ter dito isso, enquanto sentia meu coração palpitar no peito. É como se, no fundo, eu lutasse para acreditar. Algo que eu queria fortemente mas que não via saída. Não tinha como isso acontecer de verdade, certo?De repente, me pego preso a uma conversa que tive com a senhora horas atrás.— Estou falando a verdade, Blake.A expressão no rosto da senhora à minha frente era séria. Não existia sombra de dúvidas, o que me deixa encabulado com a situação. Se fosse real, meu pai nunca iria deixá-la em paz, então não me resta mais dúvidas e espalmo as mão
Vincent BlakeAndando de um lado para o outro, meus pensamentos se embaralham em minha cabeça quando eu perguntei.— Você tem certeza que não sabe absolutamente nada?Engolindo em seco, Lian negou com a cabeça e respondeu com uma expressão neutra.— Não. Eu só lembro que você estava chorando, então eu tirei você de lá e depois...Batendo com as mãos espalmadas sobre a mesa, eu gritei alterado.— Não quero saber do que lembra.Eu segurei seu olhar e prossegui.— Quero saber do que você sabe.Me olhando de lado, Lian franziu a testa e respondeu após soltar um longo suspiro.— Vincent, eu sei que foi trágico, ela talvez não merecesse aquilo...Eu ri do seu comentário, não acreditando que ele estava falando daquela forma.— Talvez não merecesse?Neguei com a cabeça enquanto o fuzilava com os olhos, pois a essa altura, se eu tivesse um fuzil em mãos, com toda certeza o corpo dele estaria perfurado agora.— A mamãe vivia ao meu lado, sempre disponível para nós, como você pode dizer que "tal
Mavie NeumannOlhando para a aliança que brilha em meu dedo anelar da mão esquerda, sinto minha garganta se apertar com a ansiedade que só cresce em meu peito.Faz dois dias que Vincent não volta para casa e, sinceramente, estou apavorada. Dona Martha não tem notícias dele, vejo os soldados e seguranças parados em seus postos como se nada estivesse acontecendo, enquanto minha angústia parece me sufocar.Apertando minha têmpora, fecho meus olhos enquanto sinto um aperto no peito, temendo o pior.Engolindo em seco, decidi me afastar da sala de visitas e ir para meu quarto, sob o olhar preocupado de dona Martha, quando a porta foi aberta devagar e virando meu rosto cheia de expectativas, encontrei Lian e logo soltei o ar que ficou preso em meus pulmões.Semicerrando os olhos em minha direção, Lian perguntou, não deixando minha reação passar batido.— Aconteceu alguma coisa?Olhando em volta, ele arqueou uma sobrancelha e prosseguiu.— Por que sinto que estou interrompendo algo?Negando c
Mavie NeumannParando a alguns centímetros de distância, fiquei na ponta dos pés e me aproximei o suficiente para sentir sua respiração tocando em meu rosto. Espalmando as mãos contra seu peitoral, me curvei e tomei a iniciativa, sentindo meu corpo tremer pela saudade. Pela vontade de beijá-lo. Meus lábios foram sedentos contra ele, primeiro um toque aveludado e gentil, depois a urgência das nossas mãos entrelaçando nossos corpos, como se estivéssemos pegando fogo juntos. Uma saudade que estava se alastrando por todo meu peito, até que senti suas mãos subirem em direção à minha nuca. Suas mãos se encaixaram em meu maxilar e, de repente, a língua de Vincent invadiu e dominou minha boca com maestria, me empurrando enquanto sentia seus dedos subirem pelo meu cabelo, ele me derrubou na cama, e caí com a respiração presa na garganta e se arrastando por cima de mim, Ghost me beijou mais uma vez. Sua mão de repente apertou minha cintura, me mantendo no lugar, enquanto ele se esfregava em m
Mavie NeumannO sol estava atravessando a cortina do quarto e refletindo diretamente em meus olhos, e quando fiz menção de me virar para o outro lado, fui abraçada forte por um corpo quente e grande.Vincent estava dormindo ao meu lado, com um lençol sob seu quadril, seus braços estavam me envolvendo, quase como se me prendessem no lugar e sorrindo, virei meu rosto para ele, e enfiei meu nariz em seu pescoço, depositando um beijo leve, ele se encolheu um pouco e pareceu apertar mais os seus braços e murmurou.— Esse é o melhor jeito que já fui acordado em anos.Sorri ao ouvir seu comentário e o olhei, e abrindo seus olhos, Ghost murmura.— Você vai continuar me surpreendendo assim todos os dias?Eu passei a língua pelos lábios em um sorriso de lado e respondi.— Qual foi o momento que surpreendi você, Ghost?Me virei na cama e fiquei de bruços, e se apoiando no travesseiro, Ghost sorriu e acariciou meu braço e respondeu.— Ontem enquanto eu te fodia.Soltando um suspiro, ele se mexeu
Mavie NeumannJá faz 3 horas que Ghost saiu, e eu ainda estou sentada na poltrona do nosso quarto, pensando no teor da conversa que tivemos. Eu já sabia que aquela explosão com a Martha não tinha sido em vão; algum motivo o instigou a fazer aquilo, e me contou cada mínimo detalhe.Sentado na cama, Ghost se acomodou na cabeceira e mexeu em meu cabelo enquanto começou a falar. — A morte da minha mãe até hoje é algo que mexe demais comigo. Nunca cheguei a uma prova concreta de que ela fazia tudo o que meu pai dizia.Observei seu pomo de adão sacudir enquanto ele engolia em seco, e enrolando uma mecha do meu cabelo, ele prosseguiu. — Não tem como alguém ser doce com uma pessoa e ser tão horrível com outras.Mordendo o lábio, eu disse. — Na verdade, você é assim, Ghost.Ele sorriu de lado e disse.— Eu enfiei sua cabeça dentro do barril d'água quando nos conhecemos, Mavie, e apesar de fazer isso e muito mais com todos à minha volta, nunca mais voltarei a colocar um dedo em você daquele
Vincent BlakeNo momento em que cheguei ao calabouço, tudo estava uma bagunça. Homens feridos, corpos espalhados e muito sangue. Tirando minha arma do coldre, atravessei o longo corredor passando por cima dos corpos e encontrei um dos meus soldados ao telefone; assim que me reconheceu, finalizou a ligação e guardou seu celular.— Senhor, Blake, fomos atacados de surpresa.Arqueando minha sobrancelha, me aproximei dele com as mãos fechadas em punho e questionei.— Quem fez isso?Ele engoliu em seco e respondeu.— Foi uma rebelião, Senhor.Enraivecido, senti a fúria atravessar meu peito, como normalmente acontecia quando algo me tirava do sério. Indo em direção ao quarto onde meu pai estava, atravessei o corredor escuro, exceto pelas únicas lâmpadas incandescentes que restaram, e chutei a porta que abriu facilmente, encontrando vários feridos e corpos sem vida espalhados.— Eu realmente pensei que iria acabar com essa porra sem explorar o meu pior.Ouvindo passos, virei-me para a porta