NICHOLASO miserável chorava.— Senhor Nicholas, peço perdão. Fiz isso porque achei que era a única maneira de trazer você de volta para perto de seu pai. Eu via o amor que você sentia por aquela jovem, mas acreditava que, se não agíssemos, você se distanciaria dos negócios da família. Não sabia que ela estava grávida, muito menos que você a amava tanto. Naquela época, vocês dois ainda eram muito jovens…As palavras dele eram como lâminas cortando minha paciência.— Repugnante! — cuspi as palavras, sentindo minha fúria crescer. — Acha que saber disso agora faz alguma diferença?Minhas mãos tremiam, meus punhos cerrados.— Pai, se você não mandar esse homem embora, eu mesmo darei um fim nisso.Minha voz estava tão alta que minha garganta ardia. O ar parecia pesado, carregado de rancor.— Se ele continuar aqui, você nunca mais verá sua neta. Entendeu? Eu exijo que ele saia desta casa!Meu pai me encarou, seu rosto rígido, mas com um brilho de incerteza nos olhos.— Meu filho… ele não ag
SARAHNicholas ultrapassou todos os limites. Agora, não há mais volta. Estou decidida a desaparecer. E, desta vez, ele não conseguirá me encontrar.Não sei exatamente como será minha vida daqui para frente, mas uma coisa é certa: vou voltar para Recife.Amo Nicholas, mas estou esgotada. Seu ciúme doentio e a falta de confiança nos destruíram. Ele insiste em ver Felipe como uma ameaça, como se eu já não tivesse provado inúmeras vezes que nunca houve nada entre nós. Isso não é amor. É uma obsessão sufocante.Mas o que realmente me fez tomar essa decisão foi Alexander. Sempre senti repulsa por ele, e agora, sinto medo. Ele se tornou uma sombra ameaçadora, convencido de que, de alguma forma, ainda ficaremos juntos. Sua obsessão atingiu um nível assustador quando tentou me forçar a entrar no carro. Ele apertava meu braço com violência, seus olhos brilhavam de um jeito insano. Se Nicholas não tivesse chegado a tempo...Ainda tremo ao lembrar.O pior é que Nicholas também perdeu o controle.
SARAH Não podia acreditar no que estava acontecendo. Nicholas teve a audácia de falar tudo aquilo para mim e, logo depois, correu atrás daquela mulher?! Como ele pôde?Minha indignação só aumentou quando o telefone tocou, e, para minha surpresa, era Catharina. A voz dela veio carregada de veneno:— Você é uma maldita aproveitadora! Acha mesmo que pode tirar o Nicholas de mim?Ela falava como se fosse a dona dele, como se eu fosse apenas um obstáculo em seu caminho. Mal sabia ela quem eu era. Mal sabia ela que eu sou a mãe da filha dele.— Aproveitadora? — rebati, contendo a raiva que ameaçava transbordar. — Sou a mulher que teve um filho com ele. E você, quem é?O silêncio do outro lado foi quase palpável. Por um breve momento, imaginei seu rosto se contorcendo em surpresa. Então, ela confessou, sem o menor pudor:— Eu estou com ele porque quero ser a esposa do CEO mais desejado da Espanha. O sobrenome dele abre portas, e eu não vou desperdiçar essa oportunidade.O sangue ferveu em m
NICHOLASO vazio ao meu redor é insuportável. Acordei e procurei por Sarah e nossa filha, mas não encontrei nenhum sinal delas. Meu peito se comprime em uma angústia sufocante. Algo está errado.Tento ligar para Sarah, mas as chamadas caem direto na caixa postal. Tento Emma, minha irmã, e o mesmo acontece. O silêncio na casa se torna um ruído ensurdecedor. Vou até o quarto delas, meu coração martelando contra o peito. Quando abro o armário, a verdade me atinge como um soco no estômago: as roupas sumiram.Ela me deixou.A dor é imediata, dilacerante. Levo uma das mãos ao rosto, tentando conter a explosão de sentimentos. Sento-me no sofá, um copo de uísque firme nas mãos, buscando um alívio que não vem. Meu olhar vagueia pela sala, parando na porta. Estou prestes a sair para confrontar minha irmã quando o interfone toca. Meu coração dispara.Será Sarah?Corro até a porta, a esperança me impulsionando, mas meu entusiasmo morre assim que vejo um homem desconhecido parado ali. Ele tem um
NICHOLASMas então, no silêncio das madrugadas, quando o peso da solidão se torna insuportável, um pensamento sombrio me atinge: talvez fosse mais fácil se eu simplesmente não estivesse mais aqui. Talvez Sarah seguisse em frente, encontrasse alguém inteiro, alguém que pudesse amá-la sem carregar o peso da culpa e da limitação.Mas... só de imaginar outro homem ao lado dela, tocando-a, amando-a como eu amei... Meu peito aperta. Meu sangue ferve.O som da porta se abrindo me tira desses pensamentos. Emma entra, os olhos carregados de indignação.— Nicholas, você precisa parar com isso — ela dispara, os braços cruzados. — Sarah quase veio para a Espanha te procurar, mas eu menti. Disse que você estava em uma viagem de negócios.Meu coração martela.— Você fez o certo — murmuro.— Fiz? — Ela ri, irônica. — Sua filha pergunta por você todos os dias! Você tem ideia do que está fazendo com ela? Lunna já se sentiu abandonada uma vez. Agora, está acontecendo de novo!Fecho os olhos, a culpa se
NICHOLASO tempo passou, mas a angústia dentro de mim continua. O avanço na minha recuperação deveria ser motivo de comemoração, mas cada dia longe de Sarah e da nossa filha pesa como uma sentença. Os médicos elogiam minha determinação, mas a verdade é que não tenho outra escolha. Estou lutando por elas, porque viver sem as duas é insuportável.Sei que Sarah está magoada, e com razão. Fui um tolo. Deixei o ciúme cegar minha razão e permiti que um homem desprezível se infiltrasse entre nós. Como pude ser tão ingênuo? Deveria tê-lo afastado antes que ele envenenasse ainda mais nossa relação. Agora, o preço que pago é amargo: a distância.Minha mala está pronta, e minha decisão, tomada. Vou atrás delas. Emma me disse que Sarah se sente traída, machucada, e esperava que eu a procurasse imediatamente. Meu silêncio apenas aprofundou a ferida que causei. O que ela não sabe é que, durante todo esse tempo, estive preso entre a dor física e a urgência de consertar tudo.Minha filha também deve
NICHOLAS Minha assistente organizou a passagem, e tudo estava pronto para minha viagem. Mas uma sensação estranha me acompanhava: algo me dizia para não contar a Emma que partiria hoje. Talvez fosse o medo de desapontá-la mais uma vez, talvez o receio de enfrentar a dor de me despedir sem dizer as palavras certas. A verdade é que eu estava fugindo das consequências do que sempre deixei para depois.Chegando em casa, fechei a porta atrás de mim e organizei as malas com uma calma forçada. Isabel ainda me olhava com aquele olhar de esperança, esperando algo que eu sabia que não viria. Ela continuava acreditando no retorno de Sarah e nossa filha, mas eu, com minha visão realista, não conseguia ver isso como algo possível. Sarah jamais voltaria para a Espanha. Ela amava a liberdade mais do que qualquer coisa. Mesmo tendo um restaurante com seu nome aqui, sei que ela nunca o aceitaria, e toda a papelada estava intacta, jogada em algum canto, como uma promessa vazia.Quando o avião finalmen
SARAHA casa é linda. Enorme. Um presente do meu sogro, nas proximidades da costa. O lugar é encantador, mas tudo o que vejo quando olho pela janela é a imensidão do mar, que só me lembra o vazio que Nicholas deixou em mim. Eu me permiti acreditar que seria um novo começo, mas ao invés disso, estou presa em um lugar luxuoso e solitário, como uma prisão dourada. Minha filha, Emma e até meu sogro tentaram me convencer a ficar, mas cada pedaço dessa casa me faz sentir a ausência de Nicholas mais forte do que nunca. Sinto que o oceano é mais acolhedor do que as paredes dessa mansão.Já faz meses que estou aqui, e Nicholas ainda não me procurou. Nem uma palavra, nem uma mensagem, nada. A dor de ser ignorada é pior do que qualquer palavra amarga. Eu, que sempre acreditei no nosso amor, agora me vejo sozinha, carregando não só o peso da minha solidão, mas também o peso de uma gravidez que, ao mesmo tempo, me traz alegria e me arrasta para uma tristeza profunda. Estou esperando um bebê. Um fi