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CAPÍTULO 1

Acordo com o barulho estridente do meu despertado. Minha cabeça está latejando, merda, tenho que parar de ficar chorando até altas horas da madrugada.

Olho para o despertado e são 6 h, hoje é o penúltimo dia depois férias, depois de mais quatro meses naquele inferno que o povo persiste em chamar de escola.

Me levanto e sigo para o banheiro, tomo banho, lavo meus cabelos, começo a cantarolar Crazy in Love da Beyoncé, usando o vidro de shampoo como microfone como se fosse uma verdadeira cantora.

Mas, na verdade, me chamo Melissa Medeiros, vivo em São Paulo, tenho 17 anos, moro com minha mãe, meu pai e ela são divorciados.

Tomo meu banho tranquila, enrolo a toalha em meu corpo e coloco outra em meu cabelo, entro no meu quarto, fecho a porta e vou à procura de uma roupa, coloco a blusa da escola e uma calça jeans preta, tiro a toalha do meu cabelo e vou para a frente do espelho.

Passo o pente em meus cabelos castanhos claros na medida dos ombros, me olho no espelho, meu rosto é redondo, tenho uma boca carnuda assim como todos falam, meus olhos são grandes da cor mel, puxados mais para o preto, não me acho tão feia.

Termino de pentear os cabelos, pego o rímel e passo em meus cílios, destacando meus olhos, passo uma maquiagem básica e saio do meu quarto.

– Tchau, filha – minha mãe diz quando entro na cozinha.

Ela sabe todos os meus segredos, até os mais obscuros. A Mia é a minha melhor e única amiga, mas tem coisas que não conto para ela, tipo que sou apaixonada pelo pai dela há mais de cinco anos.

Chego na escola e vejo o carro do pai de Mia parado na frente da escola, ela me olha de longe, dá uma risada e me chama para ir até onde ela está. Ando com o coração na mão até o carro do pai dela. Mia está do lado de fora e seu pai está dentro do carro, dou um beijo na bochecha dela e aceno para o pai que me dá um sorriso que me faz derreter.

– Ai que saudades de você. – Ela me abraça quase me deixando sem ar. É engraçado ela estar com saudade, já que nós vimos há dois dias, mas não reclamo, estava morrendo de saudades dela também. – Vamos lá pra casa depois que sairmos da escola hoje? – Não percebi que encarava o pai dela, tento me controlar, mas faz uma semana que não o vejo. O pai de Mia tem 35 anos, ele é lindo, tem cabelos loiros, uma barba rala, seus olhos de uma cor de topázio, corpo atlético, sua voz deixa qualquer mulher excitada.

– Amiga! – Mia chama a minha atenção, fico envergonhada.

– Desculpa, o que você disse?

– Se quer ir à minha casa? – pergunta indo até o seu pai e beijando o seu rosto.

– Sim – digo e aceno para o Logan, ele retribui com um sorriso e deu partida no carro.

Seguimos para o pátio da escola e vi o Allan e Ryan, Mia namorava a Allan. Sabia que Ryan tinha uma queda por mim, mas o ignorava, o único que eu queria não me dava bola.

– Oi – disse.

– Oi – os dois responderam.

Mia se atirou nos braços de Allan, resolvi puxar assunto com Ryan, já que odiava ser a vela e Mia e Allan iam demorar para acabar com o agarramento em que se encontravam.

Eu e Ryan seguimos para sala, ele estava falando algo, mas eu nem ao menos o ouvia, meus pensamentos estava em Logan e o que ele estava fazendo agora.

Entramos na sala e eu sentei na última cadeira ao lado da janela.

Passado um tempo, os alunos começaram a entrar na sala e depois entrou o professor João, que começou com a sua aula de química, aula esta que eu uso para pensar em tudo o que iria fazer.

#Logan

Deixo Mia em frente à sua escola.

A amiga dela, a Melissa, era meio estranha, a garota ficava me encarando o tempo inteiro, isso era muito desconfortável, seus grandes olhos cor de mel pareciam saber tudo o que eu pensava e fazia às escondidas. É estranho, já que seus olhos seguram os meus como a gravidade, ela me hipnotiza.

Chego à empresa, não sou muito sociável, por isso sigo para o elevador sem ao menos dar bom dia para as pessoas que trabalham na minha editora. Tenho amigos que trabalham comigo, mas somos muito profissionais aqui – quase nunca. Nós sempre saímos juntos, quando a minha esposa Lara faleceu, eles enfrentaram a barra que era cuidar de uma bebê.

Saio do elevador e já vejo a minha secretaria Lúcia, ela tem uns 40 anos,  é ótima no que faz, e sempre me dá conselhos, é como uma segunda mãe.

– Bom dia, Lúcia.

– Bom dia, Logan, chegaram mais dois manuscritos e você tem uma reunião às quatros.

Aceno com a cabeça e entro no meu escritório.

Me sento e ligo o computador, leio os e-mails que Lucia passou para mim e vejo um de Renata.

Renata: Amor, vamos sair hoje, fiz reservas em um novo restaurante que abriu, eu adorei a semana passada, já estou com saudades.

Beijos.

Renata é uma mulher linda, apesar de ser mimada. Ela sabe fazer um homem feliz na cama, ela alimenta um sonho de que irei casar com ela, mas sou direto, já disse umas mil vezes que não vou e nem quero casar com ela., Mia não a suporta, na verdade, Mia não suporta ninguém além de mim, alguns amigos meus, aquela amiga inseparável dela e mais dois garotos que não vem em casa, já deixei bem avisado quanto a eles muito perto da minha filha.

Apago o e-mail, Renata já está alimentando muitas esperanças quantos a nós, já avisei que nosso lance só é sexo.

Começo o meu trabalho, adoro trabalhar nesta empresa, demorou muito para que pudesse realizar o meu sonho, agora as Editoras Limas são conhecidas em quase todo o país.

#Melissa

Depois de quase sete horas sentada em uma cadeira, tendo que ficar prestando atenção nas coisas que cada professor explicava, eis que toca o sino da escola. Em menos de dois segundos já coloquei todo o meu material na minha bolsa.

Me levanto da cadeira e ia em direção à porta quando alguém segura o meu braço, já sei que é a Mia.

– Mel... você quer que eu vá te buscar com meu pai mais tarde? – Todas as pessoas próximas me chamam assim.

– Não precisa, eu vou a pé, você mora na rua de cima da minha casa, Mia – digo enquanto saímos da sala de aula e seguimos para a saída da escola.

– Você quem sabe, vem, vamos para casa com meu pai.

Mesmo ficando como uma boba na frente do Logan, eu iria, estava muito sol e nem pagando recusaria uma carona.

– Tudo bem, vamos.

Começamos a falar da aula de hoje, Mia, sem dúvidas, era a pessoa mais louca que já conheci, mas a amo, eu amo muito essa minha amiga louca.

Saímos da escola e vejo o carro do pai de Mia parado no estacionamento, ele está muito lindo, tirou o paletó e ficou apenas com a camisa social e o resto do terno, e agora óculos de sol. Ele estava chamado atenção das alunas e aquilo me deixava muito brava.

– Como foi hoje na aula, filha? – ele pergunta abraçando Mia.

– Foi bem, pai – fico olhando para ele, analisando seu corpo, seus cabelos bagunçados, seu sorriso.

– Como você está, Melissa? – ele pergunta e sem ao menos que eu espere, ele me puxa e me abraça. Quase nunca ele fazia isso e, neste momento, senti que meu coração perdeu várias batidas, seu cheiro me embriagando.

– B-bem – digo gaguejando assim que ele me solta.

– Então vem, vamos – ele diz e abre a porta para que pudéssemos entrar.

Ele vai fazendo perguntas para Mia o caminho inteiro até a minha casa.

– Tchau, amiga. – Beijo a bochecha de Mia e dou um tchau para o Logan.

Pego a chave na minha bolsa e entro, vejo a dona Ellen, a empregada da minha casa. Desde que sou pequena ela trabalha aqui, faz muito tempo, ela não tem filhos, por isso, me trata como uma.

– Nanã, cheguei – grito.

– Estou aqui, minha filha – ela grita de volta, deixo a minha bolsa no sofá e sigo para cozinha.

– Hum, que cheiro bom.

– Menina, vai tomar um banho que irei terminar o seu almoço.

– Tá bom, nanã. – Beijo a bochecha dela, saio da cozinha, pego a minha bolsa e subo para o quarto.

Entro no banheiro e começo a tomar o meu banho, hoje está muito quente.

Termino o banho e saio do banheiro, escolho uma lingerie verde-clara e uma blusa branca com o nome "Loyal", que mostra a minha barriga. Escolho uma legging azul-escura e uma sandália rasteira de dedos e desço, estou morrendo de fome.

Nanã fez arroz, frango grelhado e uma salada de brócolis.

Como tudo, assisto um pouco de televisão e dou uma olhada nas redes sociais, recebo duas mensagens de Mia perguntando se já estou indo, mando uma de volta avisando que estou saindo de casa.

– Nanã, vou a casa da Mia, tchau.

– Tchau, menina – ela grita.

Saio de casa e vou indo devagar, não quero me cansar.

Não sei o que Mia quer falar comigo, não sei por que ela não disse na escola ou por mensagem.

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