Meu corpo flutuava sobre um campo repleto de rosas azuis; o aroma e a brisa eram incríveis. Não desejava sair dali, experimentava uma paz avassaladora, como se aquele fosse meu lugar. De repente, um ruído distante rompeu o cenário, passos apressados e uma voz chamando de longe.Meu corpo virou-se em todas as direções em busca do dono daquela voz, mas em vão. A ausência desencadeou uma angústia, substituindo a paz que permeava meu ser. Fiquei nesse estado até avistar o que parecia ser a forma de uma mão enorme e transparente, delicadamente segurando meu braço e me puxando para longe. Sentia-me leve, como uma boneca de pano guiada por mãos invisíveis, enquanto o campo, as rosas, a brisa e o perfume se distanciavam. Foi então que percebi que aquilo não era real, e eu estava retornando à minha realidade.Meus olhos estavam pesados; tentei abri-los, mas sem sucesso.— Por que ela não acorda, Estela?Ouvi a voz alterada de Lucian ao meu lado; suas mãos seguravam uma das minhas com firmeza, e
___ Nunca imaginei que encontraria você aqui. - Seus olhos negros e intensos fixavam-se em mim.Ele estava surpreso.— Bem, eu moro aqui. — Me afasto dele.— Aqui? — Suas pupilas cresceram. — Por quê?— Porque meu companheiro vive neste palácio, então...— Companheiro? Você o encontrou? — Seu semblante ficou sério, parecia irritado.— Sim.Ele respira fundo.— E quem é ele?— Eu. — Lucian surge ao meu lado. Quando o olhei, sua mandíbula estava tensa, e seus punhos cerrados com tanta força que os dedos já começavam a ficar brancos.— Lucian. — Santiago rosna, e assim como meu noivo, ele cerra os punhos."Eita."" Alguém me ajude"— O que está fazendo aqui, Aurora? — Lucian pergunta, mas não desvia os olhos de Santiago; seus olhos dourados em chamas. — Você precisa descansar, nosso filho precisa...— Filho? — Santiago o interrompe e olha para minha barriga; surpreendentemente, um pequeno sorriso se forma em seus lábios. — Aurora, há alguma chance dessa criança ser...— Ser o quê? — Lucia
Aurora...Saí do escritório com minhas energias renovadas. Enquanto ascendia as escadas, os acalorados debates entre Celina e Denise ecoavam da cozinha. Decidi evitar o conflito e prossegui, uma vez que meu cansaço era palpável. Ansiava por meu leito, mas a brisa suave da noite exerceu seu encanto, conduzindo-me até a varanda, onde aprecio o ar puro.Do meu ponto de vista, conseguia ver as luzes da arena acesas, assim como meus amigos treinando uns com os outros. Não estavam muito distantes; o vento trazia os ruídos de suas risadas e conversas até mim....A madrugada já tinha chegado há algum tempo, mas ninguém parecia ter planos de ir dormir. Por outro lado, eu estava totalmente concentrada, observando a floresta ao redor. Os barulhos dos animais noturnos me transmitiam paz e felicidade, como se meu bebê também desfrutasse disso.Fechei os olhos, mas os abri rapidamente ao ouvir um barulho atrás de mim. Parecia que alguém havia esbarrado em algo. Olhei rápido, mas ninguém estava ali.
Uma semana depois.Uma semana depois da morte de Lianca, ficamos mais atentos aos detalhes. Dante não parou de se culpar um segundo, apesar de todos afirmarem que ele não tinha culpa. Reuniões incessantes e treinamentos intensificados ocorriam. As bruxas reforçaram a magia na entrada da alcateia para protegê-la dos humanos, enquanto nos preparávamos para a defesa.Comuniquei a Lucian minha suspeita de que sombra poderia ser seu pai. Ele já desconfiava disso desde que a bruxa nos informou que sombra é um ser não vivo, mas não compartilhou para evitar preocupações, o que não foi muito eficaz. Além das reuniões, também auxiliei a noiva de Oscar, que está internada desde que foi encontrada. Mesmo utilizando meu dom de cura, precisei proceder com cautela devido à quantidade de substâncias em seu corpo.O humano ainda se adaptava à ideia da amiga estar morta. Alma fazia o possível para animá-lo com abraços e doces, e ele tentava escapar dos apertos da loba. Essa é a cena que estou presencian
A noite já estava chegando, os humanos não davam trégua, mas os sobrenaturais também não recuavam. Tanto eles quanto nós estávamos interessados em um final sangrento. Cada humano que se aproximava de mim, eu matava de maneira mais dolorosa possível.— Aurora, cuidado! — Lídia gritou.Quando olhei para trás, percebi que dois humanos se aproximavam de mim.— Você é tão linda que seria desperdício matá-la. — Disse um deles.Eles apontaram armas para mim, mas não me intimidei. Caminhei lentamente até eles, fixando o olhar nos seus olhos. Os dois se entreolhavam incrédulos.— O que são capazes de fazer sem essas armas? - Inclinei a cabeça para o lado - Confesso que estou curiosa.Fiz flutuar suas armas; os dois se entreolharam e tentaram correr. Dei um giro nos ares e caí na frente deles.— Como suspeitava, sem essas armas, vocês não são nada. Nem ao menos tentaram lutar como homens, seus covardes! - Enfiei minhas garras em seus corações e comecei a arrastá-los sem pressa para o meio da gue
Aurora...Ao chegar no prédio do governo, os sobrenaturais já estavam reunidos do lado de fora, aguardando a ordem para atacar.- O que faremos, filha? - Indagou meu pai.Olhei para ele e os demais, declarando:- Ataquem, sem nenhuma piedade!Uma reverência precedeu minha explosão na entrada daquele lugar. Ao ingressarmos, os humanos que trabalhavam em seus computadores tentaram escapar, porém as panteras e os lobos os estraçalharam.As bruxas permaneceram do lado de fora, junto a uma parte dos sobrenaturais. Certamente, os humanos tentariam escapar, mas estávamos bem preparados para isso.Um numeroso grupo de humanos armados avançava velozmente em minha direção.Sorri com um canto da boca e, apenas fechando a mão, fiz seus crânios explodirem.- CADÊ O MEU LOBO? - Rosnei, fazendo as mesas tremerem. Os computadores e os papéis que estavam sobre elas caíram.Caminhei pelo meio do banho de sangue causado pelos lobos e panteras. Uma porta no final do corredor me chamava. Sentia o cheiro do
Lídia...A alcatéia inteira aguardava os supremos com ansiedade; todos lançavam olhares de ódio a Isabel. Tive que criar uma barreira de magia; caso contrário, ela não estaria viva quando Lucian e Aurora chegassem. Eles ficaram para trás para dar algumas ordens no palácio, mas viriam assim que concluíssem.Sentei-me em um dos bancos da praça, exausta, assim como os outros que aguardavam ansiosos pelo desfecho da situação. Abner e Natália juntaram-se a mim; ambos pareciam esgotados.— O que vocês acham que Aurora e Lucian vão fazer com essa Isabel? — perguntou Abner, enquanto passava as mãos pelos chifres.— Torturar. — respondeu Natália, esparramada no banco onde estávamos sentados.— Torturar, desmembrar e matar. — Disse, mexendo nos meus cachos que caíam sobre os olhos.— Credo. — exclamou Abner. — Ainda bem que não sou eu no lugar dela.— Tenho o mesmo pensamento. — concordou Natália.Rimos descontraídos.— Lídiaaaaaa.Ouvi a voz de Felipe e, ao me virar, o vi correndo em minha dire
Cinco meses depois.Se passaram cinco meses desde que nossas vidas voltaram ao normal. Os seres sobrenaturais não mais se misturavam com os humanos; uma barreira mágica separava os dois mundos. Pelos noticiários, soubemos que Leonard e sua gangue foram considerados loucos. A existência de mutantes, de acordo com psicólogos humanos entrevistados pelo jornal local, era uma invenção criada pela mente de um psicopata para encobrir seus crimes.Essa notícia foi benéfica para nós, já que nossa existência permaneceria algo fantasioso para a humanidade remanescente lá fora. Eles estavam tentando se multiplicar, pois durante o governo de Leonard, ele afirmava que as crianças morriam de uma doença contagiosa ao nascer. No entanto, a verdade era diferente. Após a morte daquele criminoso, as crianças que nasciam não mais morriam, levando a polícia a concluir que Leonard era a "doença" que as matava. Entre os humanos, ele e sua equipe ficaram conhecidos como os piores e mais cruéis psicopatas da hi