Romeu dirigia-se à frente do palácio, onde ficavam os portões principais, e eu o acompanhava. No entanto, distraía-me no caminho, deslumbrada pela beleza do lugar que não tive a oportunidade de apreciar quando cheguei. Um extenso caminho conduzia aos portões, com um grande jardim meticulosamente cuidado dos dois lados. Lírios brancos e rosas vermelhas ocupavam boa parte, formando um enorme buquê.Encontrávamos frequentemente empregados indo e vindo do palácio, vestidos com trajes de linho branco, movendo-se em sincronia como se ensaiados. Em suas mãos, transportavam cestas contendo roupas, frutas e flores em jarros, enquanto outros carregavam ervas e hortaliças.Ao passar pelo magnífico jardim, deparávamos com uma espécie de garagem dividida por um grande portão prateado, que estava aberto. Ao fechar-se, formava a imagem de grandes cavalos reluzentes. No entanto, algo mais chamou minha atenção um pouco mais adiante.- Aquilo é...- Carruagens? Sim. - Romeu interrompeu-me, notando meu f
— Tem certeza de que é aqui? - Perguntou Romeu, olhando em volta da densa floresta.— Sim.Eu me concentrava em preparar a bússola, enquanto Romeu observava atentamente todos os meus movimentos. Seus braços estavam cruzados envolta do peito.Coloquei as presas para fora e mordi meu pulso. O sangue que escorria, deixei que caísse sobre a bússola, fazendo-a destravar causando um barulho irritante. A pequena flecha que tinha em sua superfície começou a rodar sem parar, até que por fim, ela me deu uma direção. Senti um alívio no peito, pois temia que isso não desse certo.— O que fica naquela direção? - Perguntei ao homem, que estava boquiaberto com a rapidez do objeto.— Fica a região das montanhas... ninguém nunca vai até lá.— Então, muito em breve, terá uma visitante.— Você pretende ir até lá?— Eu não tenho escolha, Romeu. - Olhava para a direção que a flecha apontava.Voltei a olhá-lo.— Por que você? - Seu olhar era pesaroso.— Porque tudo que está acontecendo é culpa da minha mãe,
Quando Lídia chegou, imediatamente busquei uma das fotos que tenho com Vanessa.— Essa aqui, estava lá também? — Mostro a foto ao humano.Ele observa por um tempo, através de seus óculos de grau tortos e embaçados.— Não, essa não estava lá.De repente, a frustração me atingiu como um balde de água fria.— Tem certeza? Olhe bem. - No fundo, ainda mantinha a esperança de que ela estivesse por perto.— Eu tenho absoluta certeza.Passo os dedos pelos cabelos e respiro fundo, tentando conter as lágrimas.— Aurora, chega. - Lucian volta a se aproximar de mim.— Não, eu dou conta.Ele se afasta um pouco.— Ícaro, tudo isso que você falou diante de todos nós, é verdade?Escondo habilmente as mãos nas minhas costas, evitando que ele perceba a magia que estou realizando.— Sim, senhora, é tudo verdade. - Ele diz com a voz um pouco trêmula, mas me encara profundamente. Sinceramente, eu estava querendo muito acreditar em suas palavras.Mostro minhas mãos, que agora refletiam uma luz azul.— O que
— É por isso que estamos aqui — disse Lucian. — Vamos organizar o melhor plano e acabar com a relação entre sobrenaturais e humanos.— Você vai romper o trato? - questionou Lídia.— Para romper algo, precisa existir, e essa tal paz nunca existiu. Estão nos usando como querem há muito tempo, e isso acaba agora.Lucian mantinha uma postura firme, seu olhar sombrio.Lá fora, caía uma forte chuva com raios e trovões assustadores. O vento açoitava os vitrais, e as gotas d'água desciam por eles, formando listas que se curvavam em seu fim. Havia murmúrios entre alguns presentes, outros permaneciam em silêncio, encarando um ponto qualquer enquanto afundavam em pensamentos.— Tem razão, Lucian. - Disse Romeu, mantendo os cotovelos sobre a mesa enquanto massageava as têmporas com os dedos.O ar dentro da sala tornava-se pesado. Lobos, panteras, vampiros e bruxas estavam completamente irritados pela traição dos humanos.— Quem é o responsável pelos homens das sombras? - Virei-me novamente para o
Estava terminando de prender as presilhas no cabelo para segurar a trança que havia feito quando ouvi alguém bater na porta.— Aurora?Lídia me chama.— Entre, Lídia.Pouco tempo depois, ela abre a porta. Em suas mãos, traz uma bandeja variada e bem recheada de café da manhã.— Bom dia.— Bom dia, Lídia - sorrio diante do exagero de coisas que ela trazia - por que tanta coisa?Levanto-me e vou até a mesa, onde ela estava terminando de alinhar o que segurava.— Ordem do Lucian - ela olha para a bandeja - ele fez questão de passar na cozinha bem cedo e ajudar Alma a preparar tudo isso aqui.Dou uma espiada na bandeja repleta de frutas, pães, suco e...— Doce?— Doce de batata é o seu favorito, não é?Cruzo os braços.— Sim, mas doce não é algo que costumo comer de manhã.— Terá que comer hoje.— Acho que posso fazer esse esforço.Rimos juntas.— Ah, já ia me esquecendo - ela diz.Olho-a confusa.— Esquecendo de quê?— Só um minuto - diz ela antes de correr para o lado de fora do quarto,
Depois de passar toda a manhã dentro do quarto em uma conversa com Lídia, ela me levou para um passeio a cavalo pela alcatéia. Posso dizer que foi agradável conhecer outras partes da alcatéia que eu ainda não tinha visto. Lembro que, ao saber que Lucian conduziria a cerimônia de apresentação da luna na alcatéia do meu pai, cogitei a ideia de que sua escolha fosse devido ao tamanho maior e à capacidade de acomodar mais pessoas. No entanto, hoje percebi que minha teoria estava errada. Segundo Lídia, Lucian só ficou sabendo da cerimônia depois de organizada por sua companheira, e o motivo de ela ter escolhido justamente a alcatéia do meu pai é desconhecido.Passei o resto do dia na companhia de Alma e Lídia. Lucian, Dante, Romeu, Felipe e Oscar estavam terminando de ajustar os planos para nossa missão na sala de reuniões, junto com o humano. Embora tenha pensado em ir até lá, pois isso é mais responsabilidade minha do que de todos ali, fui impedida.Lucian já havia se antecipado e deu ord
No início, questionei-me quem poderia tê-lo informado, mas depois lembrei-me da conversa que tive com Romeu na floresta; como são amigos, ele deve tê-lo informado.— Não sei, não passou pela minha cabeça contar.Realmente, não tinha pensado em abordar esse assunto.Ele acaricia minha bochecha com o polegar.— Acharei um jeito de ajudá-la.Com sua resposta, percebi que ele não sabia toda a história, o que me deixou aflita. No entanto, decidi não esconder a verdade; afinal, nosso destino não é ficar juntos.— Tem um jeito, Lucian. Um único jeito.Dessa vez, levantei a cabeça para olhá-lo. Ele não disse nada; seus olhos me fitavam atentamente, esperando que eu continuasse.— Minha loba despertará quando eu encontrar meu companheiro e for reivindicada por ele.Ele fechou a expressão ao ouvir-me e apertou-me de maneira dolorida.— Acharei outro jeito. Não será de ninguém, a não ser minha.Sua boca estava a centímetros da minha; senti a ameaça em cada palavra.— Não tem outro jeito.— Sempre
Aurora...Já estávamos todos fora das carruagens e caminhávamos formalmente em direção ao local onde ocorria o baile. Havia dois guardas na entrada da mansão, com um aspecto antigo; eles se inclinaram para reverenciar Lucian, que segurava firmemente minha mão, mantendo uma postura orgulhosa ao meu lado.Ao adentrarmos, algumas pessoas no salão principal dançavam uma música lenta, enquanto outras estavam de costas para a entrada, envolvidas em conversas. Mal chegamos, Felipe, Romeu e Dante foram puxados para dançar, enquanto Lídia e Lianca permaneciam ao nosso lado. Vez ou outra, eu percebia Lianca me olhando de cima abaixo, mas a ignorei.— Supremo! - Um homem de estatura média e longos cabelos, semelhantes aos de Dante, se aproximou.— Como vai, James? - Perguntou Lucian ao cumprimentá-lo com um aperto de mão.Ao lado do homem, estava uma mulher de cabelos curtos e grisalhos, que imaginei ser sua esposa, e um belo homem de cabelos lisos, com chances de ser seu filho, devido à semelhan