Certo dia começaram a acontecer coisas que me deixaram bastante abalado. Os garotos que sempre chegavam nela, agora passaram a receber atenção demorada. Logo, tinha um, dois, três rapazes ao seu lado conversando. Eu nem tinha coragem de chegar perto dela com eles. Isolei-me e ficava vendo de longe. Nos intervalos ela parou de andar comigo e ficava na roda com eles conversando, e eu sempre observando de longe. O tempo passou, ela parou até de assistir algumas aulas para ficar na roda com eles conversando. Entrava, deixava a mochila e saia. Só voltava na hora de ir embora. Isso foi dilacerando meu coração. Eu, a essa altura, estava gostando muito dela. Sentia falta de sua companhia. Ela mudou do dia para a noite. Não entendia o porquê dela fazer isso. Na verdade, sabia. O universo mais uma vez tinha conspirado contra mim. Mais uma vez cuspiu na minha cara e pisou no meu coração. Jogou-me na lona com locaute.
Haveria um concurso de poesia na escola qu
Se uma árvore cai na floresta e ninguém está perto para ouvir será que faz um som? Se um ser humano despenca de suas capacidades mentais será que faz um som? Um ser humano perde o sabor da vida, será que faz um som? O sofrimento em silêncio é um veneno, que enfraquece o ser humano assim como uma infestação de cupins enfraquece uma árvore e a derruba no meio da floresta. A nobre professora em sua casa começa a ler a poesia de Sísifo, reconhecendo que não era bem uma poesia. Muito longa, porém dizia muito.Edesaba a chorar. Ela dizia o seguinte;
Nem sei como, não faço ideia.Não sei ao certo como tudo isso começou.Eu era alguém que acreditava no bem.Tinha meus desejos, meus sonhos,a garra de viver e o repulso dos derrotados.A triste realidade é que eu sempre fracassei.Em algum momento na grande jornada da vida,ocorreram eventualidades que me fizeram estremecer.Comecei a dar ouvidos a influências que jamais deveriam ter audiência.Sofri algumas humilhações que não deveriam ser respondidas com estatura.Perdi coisas que jamais poderiam ser perdidas.A mente me cobra, o sentimento castiga e minha vontade não existe.Sou um barco a navegar no mar da tristeza.Afogado por um hiato que chega de imediato.Por muito tempo eu tentei, mas sempre fracassei.Fui impedido de cumprir tudo que imaginei.Eu sei, às vezes foram tão longe que causei a dor da pessoa que mais amei.Me destruí e magoei as pessoas que mais amei.Afastei de mim tod
“Fechei os olhos e pedi um favor ao vento: Leve tudo que for desnecessário. Ando cansada de bagagens pesadas... Daqui para frente levo apenas o que couber no bolso e no coração.” (Cora Coralina) “Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências.” (Pablo Neruda) “Tente mover o mundo - o primeiro passo será mover a si mesmo.” “Não espere por uma crise para descobrir o que é importante em sua vida.” “O que faz andar o barco não é a vela enfunada, mas o vento que não se vê...” (Platão) “Temos a capacidade e a responsabilidade de escolher se nossas ações seguem um caminho virtuoso ou não." (Dalai Lama)
─ Ei, está aí? Sísifo? Acorda! Vamos pular ou não? ─ Exclamou o “Outro”. Sísifo voltou para o presente, olhou mais uma vez o celular e as mensagens. Perguntou. ─ Quem exatamente você é? ─ Por qual motivo quer tanto pular comigo? ─ Eu sou aquele que está com você desde quando nasceu. Sempre estive ao seu redor. Você sempre cultivou minha amizade e me deu forças para te ajudar. Assim como sempre te ajudei a enfrentar todo mal que te afligia. ─ Não entendo. Eu refleti sobre algumas coisas que aconteceram. Não entendo por que disso tudo. O conselheiro me aconselhou a fazer essa regressão no passado e refletir sobre minhas ações. Chamou-me para juntos investigarmos os reais motivos que me trouxeram até aqui, até agora. Fiquei intrigado, de verdade. Estou inclinado a ir ao seu consultório e investigar isso. ─ NÃOOOOOOOOOO! Você me prometeu que jamais iria conversar com aquele velho novamente. Lembre-se, você vai completar 18 anos semana que vem e se
Sísifo chega no local que o endereço que recebeu indicava. Uma casa simples na cor branca. Com cercas baixas e um portãozinho de grade. Se quisesse poderia até pular, nem precisava arrombar. Seguindo pelo corredor uma passagem em pedra conduzia para a porta da frente dessa casinha. Do lado direito, um jardim lindo, flores de diversas espécies e até algumas orquídeas, várias rosas, samambaias e cipós alastrados por toda parte. Um gramado baixo, bemcuidado,com um banco de jardim no meio de tudo isso, um paraíso. Do lado esquerdo era o oposto. Não tinha nada plantado, o terreno não possuía grama e era pura terra. Desarrumado, não possuía nada, tudo seco e estranho. Aquele garoto perturbado achou diferente todo aquele cenário, o “Outro” ao seu lado disse: ─ Assim que você cruzar esse portão eu nãovou estarmais com você. Tem certeza que quer entrar aí? No final a escolha é sua, sobre tudo que faz nessa terra. Mas u
Sísifo e aquele homem elegante conversam por horas comendo biscoito e tomando chá. Hora ou outra, o rapaz cheio de problemas mentais, chora. Falar de suas emoções é muito dolorido. É reviver o passado e sentir tudo novamente. ─ Eu não quero falar mais disso, conselheiro. Não quero lembrar o passado, quero esquecer, esquecer essas dores e sensações. ─ Murmurou. ─ Meu jovem, veja bem. Você já viu um lutador de Box, Jiu-jitsu ou Karatê? ─ Questionou o homem de barba grisalha. ─ Claro que sim, na TV. ─ Pois bem!Para eles chegarem em um campeonato e dar tudo de si, eles tiveram que treinar duro. Dia após dia, batalhas duras até dominarem a arte. Tudo na vida é aprendizado, depende do ângulo que você enxerga. Depende de qual lado da arquibancada você se senta. As dores são necessárias, eu sei, por isso sofri tantas delas, dores terríveis, que não desejo a nenhuma pessoa. Passei fome, apanhei, fui humilhado, espancado e torturado d
No outro dia bem cedo, Sísifo está de pé às cinco horas da manhã. Acordou até seu pai que trabalha às sete. Sua mãe ficou feliz em ver seu filho animado pela primeira vez em anos. Comentou: ─ Está tudo bem, meu filho? Vejo que está animado, algo de especial? ─ perguntas de felicidade e curiosidade. Enquanto tomavam café. ─ Mamãe, estou ótimo! Pela primeira vez em anos, me sinto bem. Quero continuar me sentindo assim. ─ Aonde vai tão cedo assim, Sísifo? ─ Questionou o pai, com seu jeito durão, mas também impressionado. ─ Tenho um compromisso agora cedo, fiquem tranquilos, é coisa boa. Estou resolvendo meus fantasmas, arrumando meu passado. ─ Acabando de dizer, acabou de comer um biscoito, virou a caneca de café e saiu apressado. Seus pais ficaram para trás sem entender o que estava acontecendo. Seu pai comentou com sua mãe: ─ Do que ele está falando, mãe? Sabe de algo que não sei? ─ Confuso e curioso. É a prim
Não demorou muito e os dois se aproximaram do seu destino. O conselheiro ficou na esquina olhando de longe. O rapaz foi tocar a campainha, uma pessoa atendeu o interfone bem rápido. ─ Olá, boa tarde, deseja falar com quem? ─ Uma voz feminina. ─ Meu nome é Sísifo, preciso conversa com Himeros, pode chamá-lo, por favor? ─ Até poderia, mas ele não mora mais aqui. Teve uma briga com o pai e saiu de casa. Mais alguma coisa? ─ Para onde ele foi? Você é a mãe dele? ─ Não sei. Não me meto na vida dos patrões. Sou apenas a empregada da família. ─ Ao responder, Sísifo se lembrou da namorada do Himeros. É filha da empregada. Com muito custo e gaguejando por medo de uma resposta áspera, perguntou. ─ Existe um boato que ele namora sua filha, é verdade? ─ Quem te disse isso? Lógico que não, jamais. Minha filha só vive para estudar para ter um futuro que eu não tive. Vou aí fora para a gente conversar. Aguarde um mo