“Fechei os olhos e pedi um favor ao vento: Leve tudo que for desnecessário. Ando cansada de bagagens pesadas... Daqui para frente levo apenas o que couber no bolso e no coração.” (Cora Coralina)
“Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências.” (Pablo Neruda)
“Tente mover o mundo - o primeiro passo será mover a si mesmo.”
“Não espere por uma crise para descobrir o que é importante em sua vida.”
“O que faz andar o barco não é a vela enfunada, mas o vento que não se vê...” (Platão)
“Temos a capacidade e a responsabilidade de escolher se nossas ações seguem um caminho virtuoso ou não." (Dalai Lama)
─ Ei, está aí? Sísifo? Acorda! Vamos pular ou não? ─ Exclamou o “Outro”. Sísifo voltou para o presente, olhou mais uma vez o celular e as mensagens. Perguntou. ─ Quem exatamente você é? ─ Por qual motivo quer tanto pular comigo? ─ Eu sou aquele que está com você desde quando nasceu. Sempre estive ao seu redor. Você sempre cultivou minha amizade e me deu forças para te ajudar. Assim como sempre te ajudei a enfrentar todo mal que te afligia. ─ Não entendo. Eu refleti sobre algumas coisas que aconteceram. Não entendo por que disso tudo. O conselheiro me aconselhou a fazer essa regressão no passado e refletir sobre minhas ações. Chamou-me para juntos investigarmos os reais motivos que me trouxeram até aqui, até agora. Fiquei intrigado, de verdade. Estou inclinado a ir ao seu consultório e investigar isso. ─ NÃOOOOOOOOOO! Você me prometeu que jamais iria conversar com aquele velho novamente. Lembre-se, você vai completar 18 anos semana que vem e se
Sísifo chega no local que o endereço que recebeu indicava. Uma casa simples na cor branca. Com cercas baixas e um portãozinho de grade. Se quisesse poderia até pular, nem precisava arrombar. Seguindo pelo corredor uma passagem em pedra conduzia para a porta da frente dessa casinha. Do lado direito, um jardim lindo, flores de diversas espécies e até algumas orquídeas, várias rosas, samambaias e cipós alastrados por toda parte. Um gramado baixo, bemcuidado,com um banco de jardim no meio de tudo isso, um paraíso. Do lado esquerdo era o oposto. Não tinha nada plantado, o terreno não possuía grama e era pura terra. Desarrumado, não possuía nada, tudo seco e estranho. Aquele garoto perturbado achou diferente todo aquele cenário, o “Outro” ao seu lado disse: ─ Assim que você cruzar esse portão eu nãovou estarmais com você. Tem certeza que quer entrar aí? No final a escolha é sua, sobre tudo que faz nessa terra. Mas u
Sísifo e aquele homem elegante conversam por horas comendo biscoito e tomando chá. Hora ou outra, o rapaz cheio de problemas mentais, chora. Falar de suas emoções é muito dolorido. É reviver o passado e sentir tudo novamente. ─ Eu não quero falar mais disso, conselheiro. Não quero lembrar o passado, quero esquecer, esquecer essas dores e sensações. ─ Murmurou. ─ Meu jovem, veja bem. Você já viu um lutador de Box, Jiu-jitsu ou Karatê? ─ Questionou o homem de barba grisalha. ─ Claro que sim, na TV. ─ Pois bem!Para eles chegarem em um campeonato e dar tudo de si, eles tiveram que treinar duro. Dia após dia, batalhas duras até dominarem a arte. Tudo na vida é aprendizado, depende do ângulo que você enxerga. Depende de qual lado da arquibancada você se senta. As dores são necessárias, eu sei, por isso sofri tantas delas, dores terríveis, que não desejo a nenhuma pessoa. Passei fome, apanhei, fui humilhado, espancado e torturado d
No outro dia bem cedo, Sísifo está de pé às cinco horas da manhã. Acordou até seu pai que trabalha às sete. Sua mãe ficou feliz em ver seu filho animado pela primeira vez em anos. Comentou: ─ Está tudo bem, meu filho? Vejo que está animado, algo de especial? ─ perguntas de felicidade e curiosidade. Enquanto tomavam café. ─ Mamãe, estou ótimo! Pela primeira vez em anos, me sinto bem. Quero continuar me sentindo assim. ─ Aonde vai tão cedo assim, Sísifo? ─ Questionou o pai, com seu jeito durão, mas também impressionado. ─ Tenho um compromisso agora cedo, fiquem tranquilos, é coisa boa. Estou resolvendo meus fantasmas, arrumando meu passado. ─ Acabando de dizer, acabou de comer um biscoito, virou a caneca de café e saiu apressado. Seus pais ficaram para trás sem entender o que estava acontecendo. Seu pai comentou com sua mãe: ─ Do que ele está falando, mãe? Sabe de algo que não sei? ─ Confuso e curioso. É a prim
Não demorou muito e os dois se aproximaram do seu destino. O conselheiro ficou na esquina olhando de longe. O rapaz foi tocar a campainha, uma pessoa atendeu o interfone bem rápido. ─ Olá, boa tarde, deseja falar com quem? ─ Uma voz feminina. ─ Meu nome é Sísifo, preciso conversa com Himeros, pode chamá-lo, por favor? ─ Até poderia, mas ele não mora mais aqui. Teve uma briga com o pai e saiu de casa. Mais alguma coisa? ─ Para onde ele foi? Você é a mãe dele? ─ Não sei. Não me meto na vida dos patrões. Sou apenas a empregada da família. ─ Ao responder, Sísifo se lembrou da namorada do Himeros. É filha da empregada. Com muito custo e gaguejando por medo de uma resposta áspera, perguntou. ─ Existe um boato que ele namora sua filha, é verdade? ─ Quem te disse isso? Lógico que não, jamais. Minha filha só vive para estudar para ter um futuro que eu não tive. Vou aí fora para a gente conversar. Aguarde um mo
Atravessaram a cidade de um lado para o outro. Uma longa caminhada, até que chegaram à casa da princesa. Como de costume o homem de branco ficou na esquina. E o rapaz foi bater palmas uma vez e novamente. ─ Já vou. ─ Gritou uma voz feminina. ─ Abriu a porta e era a própria. ─ Sísifo? É você mesmo? Nossa! Quanto tempo. Estava morrendo de saudades. ─ Veio depressa e deu lhe um abraço. ─ Há muito tempo queria saber onde você estava. Como me achou? ─ Não foi difícil encontrar seu endereço, visto que você não mudou. Vim lhe pedir perdão. Pelo sofrimento que causei a você e ao Himeros. ─ Com vergonha e sem jeito, mas a coragem fazia seus lábios não pararem quietos. Falava tudo que vinha do seu coração e sua mente obedecia aos comandos da sinceridade. ─ Eu sempre me perguntei o motivo pelo qual você fez aquilo com ele. Saiba que eu nunca contei que foi você, nem pra ele. ─ Com uma expressão séria. ─ Eu fiz porque te amava, profunda
Sísifo se levantou bem cedo, como vinha fazendo nos últimos dias. Tomou café com os pais. Seu pai o indagou. ─ Está arrumadinho, vai sair cedo novamente. O que anda aprontando? Está de namoradinha? Se arrumar algum filho terá que cuidar sozinho, já cuido de você, já deu. Vai ter que trabalhar se engravidar alguém. Por mim já estava trabalhando, sua mãe que estraga. ─ Marido, deixa o menino em paz! Você é muito ignorante, nem deixa o menino falar, tira conclusão precipitada e ameaça o garoto. Pelo amor de Deus. ─ Interrompeu com raiva, levantou-se foi até o rapaz e o abraçou. ─ Fica tranquilo, meu filho. Mamãe está aqui. O rapaz se levantou saiu sem dizer nada. Magoado e com o coração doendo. Se queixando do motivo pelo qual seu pai sempre lhe tratou mal. ─ Parece que nem sou filho dele… Ele sempre me tratou mal. Por quê? O que eu fiz de tão ruim para ele? Está difícil… Caminhou até a casa do conselheiro de cabeça baixa. Como de co
Certo dia, um jovem índio Cherokee chegou perto de seu avô para pedir um conselho. Momentos antes, um de seus amigos havia cometido uma injustiça contra o jovem, e tomado pela raiva, o índio resolveu buscar os sábios conselhos daquele ancião.O velho índio olhou fundo nos olhos de seu neto e disse: ─ “Eu também, meu neto, às vezes, sinto grande ódio daqueles que cometem injustiças sem sentir qualquer arrependimento pelo que fizeram. Mas o ódio corrói quem o sente, nunca fere o inimigo. É como tomar veneno, desejando que o inimigo morra.” O jovem continuou olhando, surpreso. O avô continuou: ─ “Várias vezes lutei contra esses sentimentos. É como se existissem dois lobos dentro de mim. Um deles é bom e não faz mal. Ele vive em harmonia com todos ao seu redor e não se ofende. Ele só luta quando é preciso fazê-lo, e de maneira reta.” ─ “Mas o outro lobo… Este é cheio de raiva. Algo insignificantepodeprovoc