Comecei a ir para escola, normalmente. Apesar de sempre a Oizus me aconselhar a fugir ou ficar em casa. O Vidar mudou de turno também e o “Outro” se afastou um pouco. Normal de sua parte fazer isso. Turno novo, turma nova, professores diferentes, direção da escola diferente. Até parecia outro colégio. Tudo normal. Seguia aula após aula. Comecei a me esquecer das coisas do passado. E passei a gostar de uma garota. Ela sempre conversava comigo me dando atenção em tudo que falava.
Aquele jeito de olhar dentro do meu olho me agradava bastante. Sempre comprava balinhas e bombons e levava para ela. Estava começando a viver normalmente, aqueles sentimentos ruins que eu sentia foram desaparecendo aos poucos.
Mas como tudo na vida é uma balança, pesos são lançados em ambos os lados e o ciclo da vida decide qual será o mais pesado. Foi assim em mais um episódio da minha vida. Nessa turma havia um garoto muito popular, tanto com as garotas quanto com
Os dias foram passando e a admirável Helena ficou distante de mim. Eu tentava me aproximar e ela me ignorava, se afastava e não me dava mais atenção. No fundo da sala aquele desgraçado do Himeros ria na minha cara, lançava palavras ao vento aleatoriamente para me atingir. As aulas que estavam boas agora tinham se tornado tormento. Meu coração se dilacerava. Justamente quando tinha conhecido uma pessoa legal, alguém veio e tirou de mim. Aquele sentimento de perda e derrota tomou meu coração, minha mente não pensava direito. Não conseguia me concentrar na aula, nem responder exercício algum, meu desempenho caiu drasticamente. Eu observava a Helena indo até a carteira dele com desculpa de algum exercício e lhe entregar bilhetes. O desgraçado fazia questão de passar perto de mim embolando os bilhetes e lançando palavras para me atingir. Minha vontade era pular nele e destruí-lo, mas precisava me controlar. Afinal somente ele e eu sabíamos, Caso demonstrasse u
Sísifo destruído se arrastava para casa. O menino que andava olhando para o céu, passou a olhar para frente em linha reta e agora só sabe caminhar olhando para o chão, visualizando seus pés. Quase tromba com um carro parado porque não conseguiu vê-lo cinco metros à frente. Seus pensamentos perturbando seu raciocínio. Olhos lagrimejando, coração cortado. Não sabia se chorava pela humilhação que sofrera ao ver a menina que estava a amar nos braços de outro. E o pior, ele tinha consciência que ela havia sido usada para destruí-lo, moral e psicologicamente. Caminhando, rangendo os dentes a ponto de até morder a língua, punhos enrijecidos, tremendo o corpo todo. Sua mente trabalhavao mais rápido possível, uma confusão de pensamentos. Da tristeza e humilhação passou imediatamente para raiva e ódio. Quase chegando em casa, vozes familiares convocam sua atenção. ─ Ei, Sísifo, vem aqui. ─ gritou o “Outro”. ─ É, Sísifo, precisam
Estou cansado de ser humilhado, desde novo todos me jogam para baixo, dizem coisas terríveis de mim. É sempre um ciclo, uma época eu vivo e outra que me destrói. Eu não estou aguentando mais. Por que todos tendem a me humilhar em público? Por que todos se sentem bem em me causar dor? Durante toda a minha vida eu nunca fui feliz! Até hoje eu não sei o que é o sabor da felicidade. Vejo as garotas e garotos da escola, saem para beber Ruke cola, comer pizza, tomar sorvete, vão para eventos, festas e eu nunca sou convidado. Sempre excluído, tento ser legal com todo mundo. Porém, sempre tem uma pessoa para me destruir. Será que minha aparência é tão repulsiva assim? A Helena parecia gostar de mim, não sei, será que confundi as coisas? Confundindo ou não o Himeros percebeu algo entre nós e tratou de aniquilar. Como um deus grego que raptava as mulheres dos mortais. Há uma parte da mitologia grega na qual os deuses se comportam como mortais, passíveis dos mesmos s
Pela primeira vez minha mãe não precisou me acordar, e ainda me levantei antes do despertador tocar. Surpreendi até meu pai. Tomamos café juntos, me arrumei e fui para escola. Aquele sentimento bom, de vitória ainda pairava no meu coração. Fiz justiça, sou um justiceiro contra os valentões opressores. Ainda pensava na namorada do maldito. Como pode alguém ser obrigado a ficar com outra pessoa sem consentimento? Comecei a questionar o fato de às vezesminha vida não ser tão difícil assim.Existem pessoaspassando talvez coisas bem piores. Meu coração pleno e sereno. Minha mente não me acusava, pela primeira vez, corpo, mente e coração estavam unidos. Aquela coisa no meu cérebro que sugava minha vontade emeus sonhos haviaevaporado. Estava leve, caminhando até a escola. Tinha esperanças da Helena ainda falar comigo, e torcia para um dia a namorada do maldito Himeros ter forças para meter o pé na bunda daquele impres
Sísifo, triste, cada vez mais caminha em direção ao abismo. Não vê propósito em nada, fica no quarto o dia todo. Não quer estudar, não quer sair de casa, não conversa com quase ninguém, apenas com os pais. Até o gosto de assistir um filme, ou uma série que tanto o agradava, perdeu o encanto. Nada chama sua atenção. Seus pensamentos somente questionavam suas ações, não sabia lidar com tanta pressão. Não entendia os motivos pelos quais a vida sempre o cobrava com juros altos, não conseguia compreender as relações entre pessoas. Pouco a pouco ele foi desenvolvendo um comportamento antissocial extremista. Sua mãe lutava para ajudá-lo, mas ele nunca se abria para diálogo. Fechado e calado, sem amigos, nem conhecidos, ninguém para lhe realizar uma visita, ninguém para lhe dar o ombro para chorar e desabafar as mágoas. Aquele pobre garoto problemático, com mente e imaginação extremamente fértil, estava sem ideias e forças para pensar em como lidar com as
Sísifo chega em casa para almoçar, sua mãe com aquela refeição maravilhosa que enche os olhos e faz salivar. Uma mestra na arte culinária, fazia com gosto e paixão. Começou a dialogar amigavelmente com um sorriso gracioso irradiando amor. ─ Meu filho, volte a estudar. Você é tão lindo e inteligente, já passou tempo demais. Eu dei o prazo que pediu para pensar e refletir no que quer da vida. Dois anos é muito tempo, não aguento mais seu pai me acusando que te protejo nem se lamentando que falhou. Você mudou muito, anda somente de preto, até sombra no olho e esmalte preto está usando. O que aconteceu com você? Só ouve músicas estranhas. ─ E lhe entregou uma travessa de salada. Sísifo ouvia, mas nem ligava, comendo e somente balançando a cabeça. Parecia que somente seu corpo estava ali e sua mente em outro lugar, sempre aéreo, fora de sintonia. ─ Filho, estou falando com você, olha para mim. ─
Eu não sei como, mas retornei para escola mais uma vez, depois de tantos trancos e barrancos. Jamais pensei que retornaria. Minha mãe pediu tanto. E meu pai me ameaçou. Escutava direto ele jogando ameaça para minha mãe que iria me expulsar assim que eu completasse dezoito anos. Não sabia o que pensar, muito menos como reagir. Achei melhor naquele momento atender ao pedido da minha mãe, mesmo sabendo que isso não ia dar em nada. Estudar à noite até parecia ser legal. As pessoas seriam mais adultas. Naquele estágio da minha vida eu nem parecia o mesmo. Transformei-me em algo que hora ou outra alimentei. O mal que estava dentro de mim, eu libertei. Era uma sombra que caminhava sem destino, vagando pela terra sem propósito, onde o vento me levava, onde as circunstâncias me guiavam. Eu olhava o passado como se estivesse assistindo a um filme e tinha dó do protagonista. Ele sofria demais enunca ganhavanada de bom. Jus
Quando chegou a hora de ir para a aula, já estava pronto. Sempre fui metódico com horários e compromissos, continuamente pontual. Odeio quando as pessoas marcam algo comigo e não cumprem ou se atrasam. Lá fui eu, mais uma vez, em uma nova tentativa. Mesmo obrigado, tentava agradar minha mãe. Eu gosto de estudar, amo aprender e sou apaixonado por leitura. Sempre lia livros, principalmente de filosofia. Estudar é mágico, ruim são os alunos. Aproximando-me do estabelecimento público, percebi onde estava me metendo. Alunos usando drogas, escorados nos muros do colégio. Gente correndo de um lado, roda de pessoas bebendo álcool, ea meu vertinha até um casal transando no escuro. Que caos! Passei perto daquilo tudo e fui direto para a secretaria. Ninguém. Tudo vazio. Chamei, chamei e nada. Olhei, vasculhando dentro da sala e avistei a secretaria mexendo no celular usando fone de ouvido. Chamei gritando, aí sim ela me ouviu. Veio com mau gosto e