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Capítulo II

                                                

Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você.” Tentei entender coisas que não poderiam ser entendidas, além de me entregar a sentimentos e pensamentos que não mereciam atenção total. Fui estrangulado, esmagado, o vazio está dentro de mim, ao meu redor. Não vejo valor nem sentido em nada, religião, política, amor ou ódio, muito menos na sociedade, eu repulso os humanos. Minha vontade passou a ser a inexistência. Acho, me recordo de alguns golpes fatais que me empurram cada vez mais perto desse buraco negro. Hoje estou só o espaguete. A luz que estava em mim foi toda absorvida, extraída, restando agora somente esse corpo… Vejamos. O primeiro golpe foi alguns anos atrás, não lembro a data certa, no entanto, eu fazia a nona série do ensino fundamental. É isso!

Juntos entramos para escola. Cheguei na sala e me sentei na primeira fileira. Minha mesa ficava ao lado da porta, primeiro da fila. Aos poucos todos foram se acomodando, cada um no seu lugar, até que a sala encheu. Eu nunca fui de ter muitos amigos. Sempre conversei e mantive contato apenas com as pessoas que falam comigo. Nunca fui de sair puxando papo com todos. Passou um tempinho e o professor entrou. Fez uma cara ruim, até nesse momento tudo normal. Passou tarefa no quadro e depois de um tempo saiu. A sala, para variar, virou uma bagunça. Normal, era só o professor sair e a baderna começava. Todos falavam alto, cadeiras criavam asas, livros viravam bumerangues no ventilador e eu sentado na minha cadeira copiando quieto no meu canto. O professor entrou, fez uma cara ruim, olhou para mim, olhou para a classe. Bateu a mão com muita força no quadro e disse gritando ─ SILÊNCIO! ─ Os alunos se assustaram, se sentaram e se calaram. E para mim, foi como colocar o pé no inferno, como na divina comédia. Ele já foi logo dizendo em seguida:

Da forma que ela apareceu, saiu, sumiu do nada. Eu por estar sem forças e nem pensando direito, nem consegui acompanhá-la até o portão. Muita falta de educação da minha parte, por sinal. Escutei meus pais na cozinha conversando a meu respeito. Meu pai mandou me chamar para comer na hora certa e minha mãe o mandando me deixar em paz. Olhei no relógio, exatamente 22h50. Levantei-me, passei por eles e disse que iria comer depois que tomasse banho. Minha mãe muito observadora notou minha tristeza e queria, porque queria saber o motivo.

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