Charles olhou para Melody, ainda adormecida:
- Durma bem, meu amor... – Deu um beijo na bochecha dela.
Ele foi em direção à porta. Enlacei meus braços em seu pescoço e o beijei:
- Amo você, “el cantante”.
- Reze para eu conseguir me mante firme e forte ao lado da sua irmã... Sabendo que você está tão próxima de mim... – Me apertou contra si.
- Ela é muito dissimulada. Precisamos ter cuidado com ela.
- Eu sei... – ele me deu outro beijo – Amo você, “garotinha”.
Abri a porta e fiquei olhando-o até que ele entrasse no quarto da frente. Eu não tinha certeza se estava agindo certo. Mas precisava de tempo para entender melhor o que acontecia de fato com aquela família, da qual um dia fiz parte.
Desci para o café com Melody em torno das nove horas. Estavam tod
J.R, Calissa e Charles não tinham olhos para mais nada a não ser a pequena. Mariane, por sua vez, tentava disputar a atenção com ela.Em torno de 10:30 minutos descemos para a praia. O guarda-sol já estava montado com as cadeiras confortáveis sob ele. Nem parecia que houve tempestade no dia anterior. O sol estava forte, embora encoberto por nuvens em alguns momentos, o que dava uma sensação de alívio.O mar estava mais calmo e as ondas fracas. A água clara e límpida. Melody vestiu seu biquíni branco de corações. Recebeu dos avós um conjunto para brincar na areia, composto de baldinho, pazinhas e moldes em formato de animais aquáticos. Andava na areia como se fosse a dona de tudo. E era... Inclusive do coração de todos os presentes.Assim que nos aproximamos do mar, ela tentou correr. A segurei, rindo:- Espera aí, doci
- Do que você está falando? – Perguntei à minha mãe.- Da forma como vocês dois se olham... Como se conhecessem um ao outro por uma vida inteira... – Ela acompanhou meu olhar para dentro do mar, junto de Charles e Melody.- Eu não estou entendendo... Onde quer chegar. – Fiquei nervosa.- Pode continuar fingindo que não me entende... Eu mesma fico na dúvida se entendo tudo às vezes. Sei que há pontas soltas para todos os lados... E todas levam à Melody.A olhei, o rosto sereno, falando de um jeito meigo. Eu creio que já fui como ela um dia, antes de ser destroçada, ainda grávida, e jogada para fora de casa. Satisfeita com o que tinha e achando que era feliz porque usufruía do dinheiro de uma forma fútil e nada me faltava. Mal sabia que me faltava uma vida de verdade.Hoje eu não me contentava com pouco. E não me referia à dinheiro. A nova Sabrina Rockfeller queria ser feliz, por inteiro. E esperou muito tempo por este dia. E não deixaria nada intervir no seu momento.- Nesta parte tem
Guilherme balançou a cabeça e virou as costas, parecendo satisfeito com o que o pai havia feito. Ainda com a mochila nas costas, entrou pela porta principal, pelo visto decido a ficar desta vez.- Ponha uma coisa na sua cabeça: eu gosto dele. – Mariane quase gritou.- Assim como gostava de Colin? – ri debochadamente – Por que não ficou com meu noivo depois que lhe deixei os restos? Não é disso que você gosta?- Sabemos que há uma grande diferença entre Colin e Charles.- Sabemos? – Arqueei a sobrancelha.- Você sabe que sim...- Claro que sei... – me aproximei dela e olhei nos seus olhos – Charles daria a vida por mim... E não vai tocar num fio de cabelo seu, enquanto eu estiver por perto. E você sabe o motivo, não é mesmo?Ela me olhou confusa.- O motivo é que ele me ama... E sempre me amou.- Fique longe do meu caminho. Eu sou louca por este homem... E capaz de qualquer coisa por ele.“Inclusive colocá-lo injustamente na cadeia para depois soltá-lo e se fazer de salvadora?” Não, nã
- Às vezes me parece que tudo é um sonho... E vou acordar amanhã e Charles não vai mais estar conosco.- Você merece isso, Sabrina.- Eu sei... – Comecei a rir.- E o que vai fazer com Rachel?- Vou abrir um processo contra ela ou a porra da família. Sei que meu nome não vai sair da lama, mas o dela vai entrar junto. Menina mimada e egoísta.- O que deu em você, afinal? Como deixou o garoto fazer aquilo na sala de aula?- Isso foi resultado de uma mulher há mais de cinco anos sem sexo... Só isso.Ela riu:- Só faltou subir as paredes?- Acho que subi algumas vezes... Literalmente.Melody usou um de seus vestidos rodados para a noite de Natal. Ela amava se vestir bem e receber elogios. Assim como eu, detestava prender os cabelos. O rostinho estava levemente queimado do sol. Pus um hidratante infantil específ
- Se você foi um bom garoto, creio que sim.- Você é ridículo.- Guilherme, não! – Falei seriamente.Ele me olhou e percebi que estava nervoso. Achei que bater de frente e enfrentá-lo poderia ser pior. E eu não queria que ele dissesse aos demais sobre a paternidade de Charles com relação à Melody, pois não sabia se J.R e Calissa estavam a par da verdade.- É Natal! – Tentei fazê-lo ao menos ter um pingo de sentimento.- O nosso primeiro Natal em família... – encarou novamente o pai – Posso apostar que vai querer levar sua linda mulher à nossa casa nas demais datas festivas, afinal, vão querer ver Melody, não é mesmo? – Olhou na direção de Mariane.- “Nossa casa” quer dizer de você e Sabrina? – Charles pôs as mãos no bolso da jaqueta preta, f
Olhei para o meu menino, que virou os olhos em outra direção quando percebeu que eu o observava. Suspirei, temeroso. Não tinha certeza se algum dia ele deixaria aproximar-me.Os Rockfeller decidiram que os presentes seriam entregues antes do jantar, devido à ansiedade de Melody.Enquanto ela abria os vários embrulhos, cheguei perto, sorrindo enquanto minha filha falava sem parar, agradecendo cada presente e dizendo o que faria com eles. Foram muitos brinquedos, todos dados pelos avós.Eu não gostava de J.R. E o sentimento era recíproco. Embora fizesse parte da J.R Recording e talvez o artista atualmente que mais lhe rendia, ele não parecia se agradar com minha presença, nem mesmo na gravadora. E nunca fez muita questão de esconder. Claro que até então eu não me preocupava tanto porque não sabia da relação dele com Sabrina. Agora a antipatia dele me intrigava.Mariane também nunca fez questão de me levar à casa dela quando começamos a nos envolver. Eu fazia menos questão ainda.- Agora
Guilherme aproximou-se e pôs o braço sobre os ombros delicados dela, me encarando.- Há um presente para você debaixo do pinheiro. – Falei.- Não me interesso por nada que venha de você.Aquilo me feriu profundamente. Mas estava calejado. Respirei fundo e segui:- Não quer nem saber o que é?- Não.- E se for o dinheiro que quer tirar de mim, todo numa caixa?- Não quero numa caixa. Quero todo o processo judicial junto.- Não me importo... Não é minha intenção fazer o processo se prolongar. Darei o que for determinado pelo juiz.Ele me olhou, silenciosamente, talvez não esperando por aquilo. Eu mal começava a ganhar dinheiro com minha música e Kelly já queria tudo que achava que fosse de direito do filho. E sim, ele tinha a parte dele. Por que eu diria não? Já sofri coisas muito piores do que perder grana.Para mim, que nunca tive nada, qualquer pouco era muito. Não me importava com a pouca quantia que me sobraria.- Qual é o presente? – Sabrina perguntou, indo ao pinheiro.Entreguei
Por incrível que pareça, o jantar foi tranquilo e até agradável, de certa forma. Depois de comermos a sobremesa, nos dirigimos novamente para a sala principal, onde estava o pinheiro e os vestígios do que seria uma noite de Natal em família, não fosse um passado horrível que nos afastava. A porta que dava de frente para o mar foi aberta e um ar fresco entrava.Um dos garçons passou oferecendo Champagne, em taças de cristal. Yuna pegou uma e eu recusei.- Vueve Clicquout não é mais sua bebida favorita irmã? – Mariane perguntou, certamente me observando o tempo todo.- Não... Gosto de tequila. – Expliquei de forma seca.- Podemos providenciar tequila, não é mesmo? – Ela perguntou ao garçom, que confirmou com um gesto de cabeça.- Ela não quer beber... Você não ouviu? – Charles disse rispidamente.- Não quer e não deve – Yuna provocou, olhando para minha irmã enquanto sorvia o líquido do copo – Esta coisa é boa... Explica um pouco de suas atitudes no passado.Nós duas começamos a rir, s