Mariana Saí da sala de Ethan soltando fumaça pelo nariz, como diria tia Celina, mas era exatamente daquela forma que eu me sentia naquele instante, realmente fervendo de raiva, borbulhando mesmo. Mesmo com o rosto terrivelmente inchado, eu tinha saído de casa para ir pessoalmente a empresa do Ethan, após procurar no Google pelo endereço correto, com o único intuito de dizer a ele, cara a cara, o que eu achava do fato dele ter mandado um presente indesejado para a minha casa, sem o meu consentimento. Lembrar do momento em que chegaram em minha casa com uma cama para me entregar, a mando de Ethan Constantino, renova toda a minha ira, tamanha foi a ousadia daquela grande cretino de querer controlar até mesmo a cama onde eu dormia em meu quarto. O quarto é meu, a casa é minha e ele não tem que se meter em assuntos dos quais ele não tem nada a ver. Jamais aceitaria alguém que se metesse dessa forma em minha vida, sem uma conversa antes, sem diálogo algum, apenas fazendo aquilo que des
Murilo Aquele estava sendo um dia bastante movimentado no escritório, e passei toda a manhã reunido com a equipe jurídica e o Marketing da empresa, tentando encontrar meios de minimizar todos os estragos que declarações infundadas e caluniosas de um ex-funcionário mau caráter estava causando para a imagem da FERZ. Depois que conseguimos chegar a algum consenso sobre as estratégias que seriam usadas para enfrentar esse momento, foi a vez de me reunir com alguns investidores da região oeste do país e isso me tomou todo o meu horário de almoço. Mas logo que o nosso encontro terminou, a primeira coisa que fiz foi avisar a Arlete para cancelar outros compromissos que ainda tinham em minha agenda para aquele dia, pois eu não iria trabalhar mais naquele dia. Pretendia ir encontrar a Virgínia no shopping, algo que gostaria de ter feito há horas, mas que somente agora estava sendo possível. Virgínia tinha me deixado bastante contrariado naquela manhã, quando liguei para saber como ela est
Arthur Quando a gerente da minha boate entrou em meu escritório no segundo andar para me avisar que tinha alguém insistindo muito para falar comigo, ela não precisou me dizer quem era essa pessoa. Eu já conseguia imaginar perfeitamente de quem se tratava. Após pedir que a Lucy liberasse a entrada dessa pessoa, sem ao menos perguntar quem era, a mulher que vi passar pela porta da minha sala era exatamente quem eu já imaginava que fosse, e constatei que eu estava certo em minha suposição. Mesmo antecipando a visitante inconveniente, eu precisei respirar fundo e me armar de toda a paciência existente em mim, para não gritar com ela por estar fazendo exatamente o que pedi que ela não fizesse, me perseguindo. Pior ainda, vindo ao meu local de trabalho, sem ser convidada e muito menos bem-vinda. — O que você está fazendo aqui, Bruna? — perguntei de maneira grosseira e sem preâmbulos — Eu deixei bastante explícito que você não deveria me procurar. Eu iria deixar claro, mais uma vez, qu
Mariana Depois que contamos para o Joshua sobre a história envolvendo Murilo e Ethan, ele demonstrou ter ficado realmente chocado, pois segundo o que nos disse, jamais poderia imaginar que o amigo iria encontrar um culpado e perseguir essa pessoa ao ponto de se tornar alguém sem escrúpulos e vingativo como ele estava se mostrando ser. — Nós fomos embora do país após o que aconteceu com a minha irmã — contou Joshua — Os meus pais sempre foram completamente focados em trabalhar e se sentiam culpados pela maneira como não tinham tempo para os filhos e acabavam atendendo a todos os nossos desejos. E como vocês devem imaginar, isso é algo completamente errado. — Mas você não parece ter sido muito afetado por isso… — Virgínia apontou de maneira assertiva. Eu também concordava com a minha amiga, pois quanto mais conversamos com ele, mais ele se mostra alguém com muitas qualidades, e a maior delas parece ser o bom senso. — Eu sempre me senti bem acolhido na casa do Ethan, temos a mesma
Ethan Já faz alguns dias que eu não tinha notícia alguma de Mariana e aquilo estava me corroendo por dentro. Eu sinto a sua falta e até mesmo falta de dormir no colchão pequeno e estreito demais para nós dois. E reconhecer isso me fez refletir sobre a ironia da situação, pois eu estava agora deitado em minha cama grande e confortável, extremamente espaçosa, cercado por muito luxo e todas as coisas que o dinheiro pode comprar, mas eu não estava… feliz. Eu poderia alegar que desde que perdi a Beatriz eu nunca mais pude ser feliz, mas eu estaria mentindo de maneira vergonhosa. Eu amava a Beatriz e quando ela estava comigo, eu me sentia realizado e feliz, mas bastava ela se afastar, que eu me perguntava o motivo pelo qual eu aceitava todos os seus defeitos e birras. A verdade é que a perda dela parece ter colocado uma venda sobre os meus olhos, que me fez lembrar apenas dos bons momentos e do quanto eu me sentia feliz quando estávamos juntos. Mas o grande problema é que nós passam
Mariana Mesmo se sentindo bem o suficiente para trabalhar, ainda assim passei alguns dias em casa, de repouso. Não gostaria que nenhuma de minhas clientes me vissem com o rosto daquele jeito e gostaria menos ainda de ter que explicar a todos sobre o motivo daquele hematoma em torno do meu olho. Ainda pior, não desejava de maneira alguma que qualquer pessoa pudesse concluir que foi em decorrência de alguma violência e sem saber a verdade, pudesse sair por aí espalhando mentiras. Apenas quando todo o hematoma tinha sumido do meu rosto, voltei ao trabalho, de onde já estava sentindo muita saudade e quando encontrei a Virgínia bem mais cedo do que costumávamos fazer a nossa troca de horário, pois não suportava mais ficar dentro de casa, pensando besteira. Mas a primeira coisa que a minha amiga pergunta foi algo completamente diferente do esperado. — Imaginei que perguntaria se eu estava melhor — protestei com contrariedade — E você vem me perguntar daquele babaca? Virgínia não se
Ethan Saí da loja de Mariana me sentindo péssimo. Ela tinha me rejeitado sem nem mesmo ouvir o que eu tinha a dizer sobre qualquer coisa, mas ainda assim, eu jamais poderia culpá-la por qualquer coisa. Eu fui realmente um cretino com Mariana e agora estava apenas colhendo os frutos do que plantei, por mais chula que fosse essa baboseira toda. Mas eu ainda não tinha perdido todas as minhas esperanças e lutaria com unhas e dentes para conquistar aquela mulher terrivelmente atrevida, que me conquistou sem se esforçar nenhum pouco para isso. A verdade é que desde que eu a vi descendo as escadas da mansão de Murilo na casa de praia, Mariana tinha conseguido me abalar e derrubar todas as minhas resoluções e o que tinha determinado para a minha vida. Lembrei da minha decisão de ir visitar os meus pais em Campo Limpo, mas eu não poderia sair de São Paulo sem antes resolver algumas situações pendentes e a mais importante delas era ter uma conversa muito séria com Murilo Fernandes. O fato
MuriloO horário do expediente normal de trabalho na empresa já estava chegando ao fim e eu não via a hora de voltar para casa e para a minha mulher, algo que eu sempre aguardava ansiosamente durante todo o dia.Às vezes eu desejava ficar em casa e apenas curtir a Virgínia a sua gravidez, mas ela, como grande cabeça dura que é