Eduardo Chego em casa ainda irritado com Lily. Pego Bella no colo, sentindo seu peso aconchegante, e a levo diretamente para o quarto. Cuidadosamente, arrumo-a na cama e fico ali, observando-a dormir. “Ela se parece tanto com a Savana”, penso, com um nó se formando na garganta. A saudade e a dor se misturam em um turbilhão de emoções.Vou para o meu quarto, e paro em frente ao quadro de Savanna. Seu sorriso, que costumava iluminar meus dias mais sombrios, parece agora uma lembrança dolorosa. Ela sempre estava lá, com seu sorriso, para me amparar nos dias difíceis, aqueles em que eu chegava em casa não querendo ver nem falar com ninguém. “Seu sorriso era como o sol em um dia nublado”, eu costumava dizer.Sinto uma lágrima solitária deslizar pelo meu rosto, dou um sorriso triste, repleto de saudade. Então, um desconforto estranho começa a se instalar em mim. Sinto como se ela estivesse ali, me observando, me julgando por tentar seguir em frente com outra pessoa.— Não me olhe assim! — G
EduardoNão conseguia mais dormir; a imagem de Savanna sangrando não saía da minha cabeça. O medo e a dor que senti no pesadelo ainda me assombravam. Levantei-me lentamente, o suor frio escorrendo pela minha testa, nem a conversa com Stella me acalmou. Decido tomar outro banho, na esperança de afastar o pesadelo dos meus pensamentos.Após o banho, fui para o meu escritório. Lá, um retrato de Savanna pendia na parede, em frente à minha mesa. Não era tão grande como o do quarto, mas ainda assim tinha um tamanho significativo. Ela estava linda num vestido verde, o sorriso mais discreto, mas ainda assim poderoso. O quadro, com sua imagem, emanava uma graça que parecia envolver todo o ambiente, tornando a sua presença dolorosamente real.Ao olhar para ele, senti um aperto no coração, uma mistura de saudade e culpa que quase me sufocava. As memórias inundaram-me, cada detalhe do seu rosto trazendo à tona um turbilhão de emoções. A saudade era quase insuportável, uma dor que parecia corroer-
BellaEu estava no parque com a mamãe, e tudo era tão bonito. As flores coloridas estavam por toda parte, e borboletas dançavam ao nosso redor. A mamãe parecia um anjo de tão linda, ela estava usando um vestido que ia até seus pés na cor branca, me empurrando no balanço, e eu ria alto, sentindo o vento bater no meu rosto.— Mais alto, mamãe! — Eu gritava, e a mamãe ria junto comigo.Após brincar no balanço, nos sentamos em uma toalha de piquenique xadrez verde e branca. A mamãe tirou sanduíches, suco de laranja e biscoitos de chocolate da cesta, todos do jeitinho que eu gostava. — Esses são meus favoritos! — Digo olhando as guloseimas sobre a toalha. — Olha, mamãe, um coelhinho! — Eu disse, apontando para um coelho branco que pulava perto de nós. A mamãe sorriu e acariciou meu cabelo, seus olhos estavam cheios de amor.— Sim, querida. É lindo, não é? — Ela disse, sua voz suave e reconfortante.Depois do piquenique, caminhamos de mãos dadas até o lago, onde lindos patinhos amarelos na
EduardoFinalizamos a ligação, mas fiquei nervoso porque ela estava linda com aquele vestido colorido e uma jaqueta jeans por cima. Essa maldita semana vai demorar a passar. Desço na cozinha, como um lanche frio de presunto e queijo, me sirvo uma dose de whisky e volto para o quarto, mas prefiro ficar na varanda, estava uma noite agradável. Não demora muito meu celular começa a tocar.Respiro fundo antes de atender a chamada de vídeo, tentando organizar meus pensamentos. Dou um gole no whisky, sentindo o líquido quente descendo pela garganta, e atendo a chamada.— Oi, Princesa, — Digo, tentando manter a voz calma apesar da agitação interna.— Oi! Como você está? E a Bella? — Ela sorri, e meu coração dá um salto. — Estou bem, só um pouco sobrecarregado com o trabalho, e a Bella já está dormindo. — Respondo, tentando não deixar transparecer o quanto a saudade me afeta, e quanto a minha conversa com a Bella, prefiro não contar por telefone.— Você parece cansado, — Ela observa, seu olh
StellaCombinei com Paloma que quinta-feira de manhã, faremos um tour por Milão, já que nós duas estávamos no turno da noite, eu disse que me recusava a ir para casa sem antes conhecer um pouquinho de Milão. Como combinado às sete e trinta nós duas estávamos na porta principal do hotel com nossas mochilas, tênis, shorts, camiseta e boné. Estava fazendo muito calor esses dias.Minha câmera abre mostrando o sol brilhante de Milão. Confesso que sou uma turista curiosa e animada, ainda bem que Paloma é como eu! Caminhamos pela Piazza del Duomo, admirando a imponente Catedral de Milão, entramos para tirar fotos.— Uau, que magnífica! A Catedral é ainda mais impressionante pessoalmente!— Stelinha, estou de boca aberta, compensou deixar o rim para entrar! — Ela diz sorrindo.— Exagerada, o ingresso não foi tão caro assim! — Tivemos que abafar a risada com nossa mão, já que uma senhorinha olhou feio para nós duas.— Mas valeu a pena sendo euro, é simplesmente perfeita. A arquitetura dela é d
StellaRetorno ao hotel em silêncio, com a certeza de que era o meu pai. Paloma não me questiona, deve estar achando que estou cansada, o que também não é mentira.Entro no meu quarto, tomo um banho ainda pensando naquele homem. Decido ligar paro o Léo.— Oi, meu amor, está tudo bem por aí? — Pergunto assim que ele atende.— Oi, está, sim, estou feliz demais, acredita que devolveram minha moto! Do nada o policial chegou com ela na casa dos nossos pais e o pai veio deixar a moto aqui em casa, já que estou morando oficialmente com a Emma.— Nosso maninho, estou muito feliz por você! Ela está detonada? — Pergunto fazendo uma careta.— Não, até parece mais nova para dizer a verdade. Que louco né! — Ele diz pensando no que falei.— Quando papai entregou para você? — Pergunto.— Agora pouco. — Ele responde.“Quem era aquele homem, então? Ele era idêntico ao papai”. — Penso.— Está tudo bem Stella? — Léo pergunta.— Sim, eu só estou cansada. No final de semana já estou voltando e prometo ir
Stella Quando chegamos, fomos recebidos pelo Michael, e a carranca que o Eduardo ficou quando ele me abraçou apertado, daquele jeito que levanta a pessoa, foi a melhor.— Que bom que você chegou, não aguentava mais o Eduardo reclamando. — Sorrio e o Edu mostra o dedo do meio para ele. Entrem, minha mãe está doida para te conhecer. Dado você já é de casa.Entro com um pouco de vergonha, mas Eduardo segura firme na minha mãe e me olha sorrindo.— Relaxa, ela vai te adorar. — Ele beija minha bochecha e chegamos à sala onde Bella brincava com uma moça loira, linda por sinal, ela parece a boneca Barbie, sorrio com simpatia, ela faz cara de nojo levanta sem me cumprimentar e sai da sala, Bella corre e me abraça.— Estava com saudades, tia, achei que tinha ido embora. — Ela diz olhando com aquelas burcas verdes para mim. Me abaixo para ficar na sua altura e digo:— Prometo que só vou embora quando você e seu pai não me quiserem mais ao lado de vocês. — Digo intercalando o olhar entre eles.
EduardoEssa semana sem Stella está sendo uma tortura. Ela não sai dos meus pensamentos.Hoje me encontro com o senhor Buick para encontrar com o delegado do caso dos marginais que agrediram Leonardo. Ver esses criminosos presos será um alívio. Depois, temos uma reunião para discutir o que ele já descobriu sobre o pai de Stella.— Chloe, estarei fora a manhã inteira, só volto após o almoço. Qualquer emergência, procure Michael. Se necessário, ele entra em contato comigo.— Quer que eu reserve um almoço a dois em algum restaurante? — Ela pergunta com um sorriso de lado que me irrita. Se ela não fosse tão competente, já a teria despedido.— Abotoe seus botões. Aqui é um ambiente de trabalho, não de lazer com os amigos. Eu me viro com o almoço. — Saio sem me despedir, pois Buick já me espera.Alguns minutos depois, Ernandes estaciona em frente à delegacia. Sigo direto para a sala do delegado.— Bom dia, senhor Hoork. Estávamos à sua espera. — Buick diz ao me ver. — Senhor Hoork, este é o